Eduarda:

Já fazia dois dias em que dei a luz e não tinha visto os meus filhos, nem uma vez desde que cheguei ao hospital. O doutor Marcos disse que eu precisava descansar do parto que tive e de todo o estresse que tive antes disso, mas estava morta de vontade de pegar meus filhos nos braços, dar de mamar, de paparicá-los, eu os queria por perto.

" - Poxa lek, eu queria que nossos filhos estivessem aqui, sabe? Eu quero paparicá-los, ter eles por perto" - digo emburrada, pois ninguém me escuta dizendo que está tudo bem comigo, que já podem deixar meus filhos no quarto onde estou.

" - Calma mãe coruja, eu tenho uma novidade." - diz Lucas, daquele seu jeito despreocupado, quando pergunto qual, ele continua. - "Os nossos lekinhos, já já estarão aqui. O doutor Marcos disse que você já está bem o suficiente para mimar nossos filhos." - diz, todo sorridente.

" - Você jura Lucas? Tu não tá tirando uma com a minha cara não né? Os lekinhos estão vindo pra cá?" - faço uma pergunta atrás da outra, pois não consigo conter minha felicidade. Parece que se passou uma eternidade desde que os vi pela primeira e última vez, não sabia que eu iria sentir tantas saudades deles. - "Lucas, estou bem assim?" - digo preocupada, olho para o Lucas e eles está rindo - "O que foi? Lucas, pelo amor de Deus, responde." - digo irritada.

" - Mas você não me deixa responder, meu amor, você quer que eu faça o quê?" - diz ele rindo - "Não, eu não estou mentindo, já já nossos lekinhos estarão aqui e você está linda, como sempre Du, não se preocupe." - termina.

Solto um suspiro de alívio, nunca me senti tão preocupada assim antes, tão ansiosa por uma coisa que está prestes a chegar. Dou risada, escuto uma batida na porta e a enfermeira Ana diz se pode entrar para trazer os meus filhos, digo toda empolgada que sim. Ela entra trazendo dois carrinhos do berçário, assim que vejo meus filhos sinto meus olhos se encherem de lágrimas, eles são tão lindos, tão pequenos, tão fofos. Dois anjos que entraram na minha vida e que os amo demais.

" - Aqui senhora Du, essa é a Martinha" - diz Ana me entregando a minha filha, assim que a sinto nos meus braços me sinto tão completa, uma felicidade invade meu coração, me abaixo e deposito um beijo na testinha da minha filha.

" - Oi lindinha, estava com saudades de você, sabia meu amor?" - digo brincando com a sua mãozinha. Estou tão boba com minha filha que a enfermeira Ana tem que chamar minha atenção.

" - Senhora Du, e esse aqui é o Alfredinho" - diz me entregando meu filho, João Lucas vem e segura Martinha, enquanto pego meu filho no colo. Ele é tão pequenino, tão delicado, que tenho medo de pegá-lo. Dou um beijo em sua testa também e brinco com a sua mãozinha. A alegria que eu sinto de olhar ao redor e perceber que ali estão minha família, me faz chorar. Pois me faz pensar em tudo o que eu passei para estar ali com eles e ver todos bem e com saúde. Ana saiu de fininho da sala, nos dando mais privacidade.

" - Olha lek, sinceramente? Acho que agora não poderia ser mais feliz, minha família realmente agora está completa." - digo emocionada.

" - Verdade amor, nossa família está completa agora. E o mais importante, todos nós estamos bem e com saúde." - diz ele, assim que termina de falar, Martinha começa a chorar e eu coloco Alfredinho no berço e pego Martinha, preocupada com o seu choro.

" - Será que eu posso dar de mamar pra ela Lucas? Ninguém me falou nada disso, e pelo visto ela está com fome" - digo preocupada.

" - Espera que eu vou perguntar para a enfermeira." - Lucas saí da sala e minutos depois retorna. - "Ela disse que não tem problema nenhum, disse ainda mais que assim será melhor para os bebês" - diz por fim.

" - Tudo bem então, agora Lucas, você já pode sair" - digo com vergonha dele ver eu dar de mamar para Martinha. Lucas me olha estranho.

" - Eduarda, eu não vou sair daqui, acho a ideia de você dar de mamar aos nossos filhos, linda. Então pode ir perdendo essa vergonha, pois daqui não saio." - diz sentando na cama. Eu fico observando a sua atitude embasbacada, mas logo minha atenção volta para minha filha. Dar de mamar para minha filha, foi uma emoção tanto minha quanto do João Lucas, assim que termino, coloco a cabecinha da minha filha no meu ombro e dou uns tapinhas de leve em suas costas, depois que termino coloco Martinha no berço ao lado do irmão.

Descanso na cama e olho para o Lucas, ele me olha com um olhar fascinado e todo bobalhão, a cena é tão fofa e engraçada que dou risada.

" - O que foi, seu bobo? Parece que nunca viu uma mãe dando de mamar!" - digo rindo. João Lucas tenta se recuperar, mas é nítido que não está obtendo sucesso.

" - Para ser sincero, nunca vi mesmo e se tivesse, não ia ser tão lindo quanto ver você dando de mamar para os nossos filhos." - diz todo pomposo.

" - Você é um idiota mesmo, sabia?" - digo rindo, ele faz ar de magoado e acrescento. - "Mas, é meu idiota bobo" - digo o puxando para um beijo, o beijo começa a ficar mais intenso e tivemos que parar pois a enfermeira Ana já voltou para levar nossos filhos pra berçário de novo. Os pegamos no colo de novo, damos beijos, mimamos e logo eles vão. Uma saudade instantânea me invade. - "Será que um dia irei me acostumar de ficar um pouco longe dos nossos filhos, lek?" - pergunto.

" - Eu não sei você, mas eu não consigo muito mais não. Quando não estou aqui, estou lá no berçário vendo eles." - diz João Lucas rindo.

" - Você é um bobo mesmo, sabia? Vai se tornar aqueles pais bobões" - digo rindo. Nós dois começamos a zoar um ao outro, até que o celular do Lucas começa a tocar, ele atende e logo reparo o quão surpreso ele ficou com a ligação.

" - Oi Vanessa" - assim que esse nome saí da boca do Lucas, um ciúmes toma conta de mim e me controlo, para não pegar o celular das mãos dele e desligar na cara dessa ambiciosa, Lucas não percebe o meu estado de espírito, para ele eu sempre tive implicância com a Vanessa por causa do ciúmes e em parte isso é verdade, mas o que ele não sabia, era que ela me humilhava, só porque eu não era rica e muito menos, por não ser o tipo de pessoa que deveria andar com o João Lucas, ela transformava minha vida em um inferno no colegial e parece que ressurgiu de suas profundezas, para infernizar minha vida, volto a prestar atenção na conversa - "Sim, você ficou sabendo direito, eu me casei e agora acabo de ter filhos.." - percebo o quanto Lucas ficou sem jeito com a resposta da Vanessa e me olha, mantenho o olhar mais neutro possível - "É bem, obrigado Vanessa. Não, infelizmente não vai dar, não. Na empresa? Bom, vou falar com meus irmãos e minha mãe, para ver o que podemos fazer. Não tudo bem, obrigado de novo. Beijos" - Lucas desliga e me olha.

Nunca gostei daquelas mulheres que se sintam inseguras em relação ao namoro/casamento/ficada etc, e não ia ser agora que eu começaria a me sentir insegura, chorona e essas coisas. Sei muito bem como o Lucas é, e o que ele mais gosta é de um bom desafio e ele sabe que eu já sou o desafio dele. Eu tenho ele e eu sei que ele me ama, então por mais que o meu ciúmes fale mais alto, vou tentar controlá-lo.

" - E aí lek, o que ela queria?" - pergunto neutra.

" - Ah, ela queria saber se era verdade que eu tinha casado, e eu respondi que sim" - ele para todo desconfortável e eu não vou pressioná-lo para que continue, pois sei que ele irá me dizer - "Ela disse que era um desperdício isso" - e dá uma risada. - "Depois ela me perguntou se ela poderia trabalhar na Império." - termina.

" - Bem eu acho que ela deve achar mesmo que é um desperdício para ela, que não aproveitou. Deve estar toda mordida, que não conseguiu agarrar um dos herdeiros da Império" - digo com mais hostilidade do que gostaria. Lucas percebeu e ele não conseguiu disfarçar o sorriso e pergunto. - "O quê? Achou tão engraçado assim?"

" - É que é muito fofo ver você com ciúmes, acho que uma das ótimas coisas que inventaram foi o ciúmes, pois dá para perceber se a pessoa ama ou não você de verdade. E ela não conseguiu me fisgar naquela época e muito menos agora, sabe? Estou apaixonado por outra pessoa." - diz.

" - É? Por quem?" - pergunto curiosa.

" - Bem, ela tem cabelos ruivos, sou apaixonado por ela desde que a vi, mas não tinha coragem de assumir meus sentimentos, mas recentemente ela me deu uma notícia que fez o meu mundo se deslocar e entrar no eixo de novo, me deu uma alegria imensa se casando comigo e depois mais uma alegria, ao dar para nossa vida, dois anjinhos, que nesse momento, você não vai acreditar, estão nesse mesmo hospital!" - diz ele rindo, entro na sua brincadeira.

" - Você jura? Nossa ela deve ser muito sortuda, principalmente os dois anjinhos, ouvi dizer, que são os dois bebês mais lindos desse hospital, mas me conta quem é ela?" - digo rindo.

" - Ah ela é bem marrenta sabe? Não aceita receber muito elogio e fica toda boba quando faço declaração, ela se chama Eduarda, já ouviu falar dela?"

" - Sim já ouvi. Nossa que estranho, eu também soube que essa tal de Eduarda se casou com o cara mais convencido de todos, mas se casou por amor, sabe? E tipo, ela sente muito ciúmes dele, mas sabe que ele ama só ela e os seus lekinhos, então meio que não está preocupada com essa tal ligação que ele recebeu" - digo rindo da cara de bobalhão dele.

" - Nossa, eu não sabia que você tinha tanto ciúmes de mim, Eduarda" - diz Lucas.

" - Mas quem disse que eu sinto ciúmes de você, Lucas?" - digo rindo.

" - Ah sua chata, vem cá" - Lucas se aproxima e me beija apaixonadamente.

Sei que somos dois patetas, sei que eu deveria estar morrendo de ciúmes e essas coisas, mas o que eu mais aprendi no casamento de algumas pessoas é que antes de tudo, você tem que ter confiança e isso eu tenho em Lucas, uma confiança que com o tempo ele me mostrou. Por isso, sei que sentirei ciúmes dele com a Vanessa, mas não estou preocupada, afinal eu sei que ele me ama e acima de tudo eu o amo incondicionalmente.