A mais Olimpiana escrita por telljesusthebitchisback
Notas iniciais do capítulo
PASSEI EM FÍSICA
—O que você quer? — Eu perguntei impaciente, com Alexis pronta para atacar, ao lado do meu corpo.
— O que você acha que eu quero? — Ele bufou. — Guerra, dã.
— Não estou a fim de lutar, Ares. — Suspirei cansada, mas ainda em posição de espera.
— Uma pena, soube que você é uma ótima lutadora. – Ele sorriu com escárnio. – Mas não me contaram que você é covarde, ao contrário.
— Te contaram que eu não caio em provocações? E que eu tenho um QI medianamente elevado?- Eu rolei os olhos.
— Me contaram que você é petulante e sarcástica, isso é verdade. – Ele começou a caminhar lentamente, me cercando.
— Te contaram que eu tenho um ego grande? Ambos temos, não?
— Você sabe por que eu ajudei a construir seu brinquedo? — Ele perguntou enquanto caminhava ao meu redor, me analisando. — Alexis, o nome, certo?
— Não vejo motivos. — Murmurei nervosa e ereta, sentindo as órbitas vazias pegando fogo de Ares analisando cada pedaço de mim, me julgando.
— Porque eu nunca vi uma lutadora tão feroz e ágil. E eu esperava que você se tornasse uma de minhas sacerdotisas, queria que ensinasse aos meus filhos seus movimentos, sua rapidez.
— Não vai acontecer. Além do mais, que mortal você conhece que venera o deus da guerra? — Eu ergui uma sobrancelha.
— Garota, não me provoque. — O fogo onde seus globos oculares deviam estar arderam selvagens para mim.
— Estou apenas sendo realista. — Empinei o nariz.
— Como você tem coragem? — Ele parou a minha frente, virando a cabeça, como se estivesse intrigado.
— De que?
— De usar tanto sarcasmo com um deus. De enfrentar o deus da guerra.
—Não é coragem.
— O que é então?
— É isso que emana de você, me irrita. Você me faz usar sarcasmo o tempo inteiro.
— E você adora isso. — Ele chegou perto, estreitando os olhos por trás dos óculos de sol. — Adora ser sarcástica. Se sente poderosa por isso, forte.
— Diga. O que você quer de mim? Algo que esteja dentro da minha sanidade. Servir a você não se encaixa nesse grupo.
— Atrevida. — Ele balbuciou. — Eu quero o raio.
— Eu disse algo que seja sano.
— Para a sua própria sanidade, é melhor me dar o raio. Eu levo para o meu pai.
— Não, obrigada. Eu mesma levo.
— Vai demorar muito. — Ele insistiu, pegando no raio na minha mão.
—Não. — Eu puxei.
— Me dê. — Ele sacou uma espada pingando veneno e apontou para o meu pescoço, puxando o raio. — Sangue de Hidra. — Ele acenou com a cabeça para a espada. — Muito venenoso.
— Vara mágica. — Eu coloquei Alexis em seu pescoço também, indicando com a cabeça. — Muito maneira. — disse cheia de escárnio e abaixei, saindo da armadilha de Ares e girei para trás, tendo algum espaço para tomar um ar.
Ares grunhiu e atacou. Sua espada fez um corte certeiro em meu braço, teria me matado se eu não tivesse pulado para o lado. O corte começou a fervilhar, o veneno da Hidra corroia minha pele, lenta, mas dolorosamente.
— Em poucos minutos seu braço já se foi. — Ele riu. — Vai me entregar o raio agora?
— Você não vai deixar meu pai muito feliz, você sabe. — Eu resmunguei e lancei Alexis como lança.
A lança atingiu o ombro de Ares. Ele gemeu, levantou a mão e arrancou a lança dali, como se fosse flecha de plástico de criança. A perfuração com sangue dourado rapidamente se fechou.
— Você não pode vencer de mim, eu sou o deus da guerra. — Ele olhou com raiva para mim e depois para o meu machucado. Quanto mais seu sorriso malicioso aumentava, mais meu machucado doía. Comecei a gritar desesperada, meu braço estava com um buraco que ficava cada vez mais fundo.
— Desgraçado. — Gritei, caindo ajoelhada no chão.
— Vai ser mais fácil do que eu pensava, talvez você não seja tão durona quanto dizem. — Ele chegou perto do meu corpo ajoelhado e apontou sua enorme espada para o meu peito. Uma gota de veneno caiu na minha coxa, me fazendo gritar loucamente com o ardor.
— Ares. — Uma voz grossa e aveludada chamou firme e irritado atrás de Ares. — Solte já essa espada.
A expressão de Ares a principio foi de medo e surpresa, mas quando ele se virou seu sorriso estava puro escárnio.
— Maninho. — Ele riu. — Desculpe, tudo bem se eu machucar sua mortal? — Ele sorriu mais ainda e sacudiu a lança acima das minhas pernas, fazendo mais veneno cair na minha pele. Meu grito dessa vez foi estridente.
— Aghata... — Apolo olhou para mim com compaixão, sua expressão ficava mais dolorida quando eu gritava.
— Você não pode interferir, Apolo. Saia daqui, ou se você quiser, assista sua mortal sofrer. – Ele apontou a espada para o meu peito.
Mas eu fui mais esperta. Enquanto ele conversava com Apolo, com um enorme esforço levantei o raio e apontei para ele.
Ele apontou a espada para mim. Assim que ele viu o raio na minha mão arregalou os olhos.
— Você não faria. — Ele começou a recuar.
— Faria sim, eu não gosto de você. — Murmurei com raiva e lancei um raio nele. Seu corpo voou para o outro lado do telhado.
Deixei meu tronco cair no chão, eu estava exausta por causa do veneno, desistindo de lutar.
— Aghata, calma. Isso vai passar. — Apolo se ajoelhou ao meu lado.
— Apolo, você não pode ajudar. Ainda estamos em batalha.
— Não diretamente, mas eu tenho uma ideia. — Ele se levantou, ergueu a cabeça e gritou para os céus. — Clio, Tália, Erato, Melpômene, Terpsícore, Polímnia, Urânia e Euterpe, venham.
— Você está chamando as Musas? — Eu perguntei incrédula.
— Sim, elas podem me ajudar aqui.
De repente oito lindas jovens apareceram à minha frente. A primeira estava coroada de louros, tendo na mão direita uma trombeta e na esquerda um livro intitulado "Tucídide". Que eu identifiquei como Clio, a musa da história.
A segunda estava coroada de flores, tocando uma flauta. Euterpe, a musa da poesia lírica. A terceira era Tália, a musa da comédia. Ela tinha uma máscara cômica de teatro na mão, que estava me dando medo, e uma coroa como a de Hera na cabeça.
Todas elas tinham seus símbolos nas mãos. Sorriam simpáticas para mim. Elas eram tão incrivelmente lindas que pareciam irreais.
— Oh, querida. — Uma delas com um véu e toda a roupa branca se ajoelhou ao meu lado, passando a mão em meu cabelo maternalmente. Sua expressão era de preocupação, mas ainda se via que ela era pensativa. Polímnia, a musa dos hinos. — O que aconteceu com você?
— Foi ele. — Uma mulher com o cabelo preto como o céu, um lindo e longo vestido azul-celeste e uma coroa de estrelas apontou para o corpo de Ares no outro lado. — Eu o odeio.
— Urânia, você é a musa da astronomia, você só o odeia porque colocaram o nome romano dele em um planeta, o seu preferido. — A voz desta musa era incrível, quando ela falava as palavras dançavam no ar. Literalmente. Em sua cabeça havia uma coroa de grinaldas, uma lira pousava ao seu lado.
— E você não o acha exatamente gracioso, Terpsícore. – Tália rolou os olhos com o sorriso constante no rosto. — Como você diz, ele não tem o dom da dança. — Ela disse imitando sua irmã dançando.
— Meninas! — Apolo as chamou, elas se calaram na hora. Eu sabia que ele era o regente das musas, mas não imaginava que ele tinha tanto comando. — Preciso que vocês ajudem aqui. Eu mesmo ajudaria, mas não posso interferir diretamente.
— Pode mandar, chefia. — Tália sorriu. Novidade!
— É esse o problema. — Ele apontou para o meu braço verde.
— Ah, meu Apolo! — Melpômene, a musa da tragédia, fez sua clava voar sobre a minha cabeça de tão sobressaltada que ficou quando viu meu machucado. — Oh, meu bem, nós vamos sarar isso, tudo bem? — Ela passou a mão no meu cabelo e sorria toda preocupada para mim.
— Não, eu ajudo. — Uma musa de ar majestoso e com uma coroa de ouro se agachou ao meu lado.
Eu sabia quem era ela. Calíope, a musa da eloqüência. Só que eu não gostava dela, ela tivera um caso com Apolo. Mas isso era imperceptível perto dela, a simpatia emanava dela. Ela tinha mesmo carisma.
Sua mão sobrevoou o meu machucado e ele logo começou a cicatrizar. Ela era incrível.
— Agora se levante. — Melpômene ordenou.
Assim que eu me levantei, elas fizeram mesura. O que eu achei bem estranho.
— Ponha um sorriso nesse lindo rosto, minha deusa. — Tália encostou os dedos nos cantos da minha boca. Involuntariamente eu sorri. — Pronto, agora sim.
— Acho que já acabamos aqui. — Polímnia disse. — Adeus, meu deus. — Elas fizeram mesura a Apolo. — E adeus, minha deusa. — E fizeram a mim.
— Er... Obrigada, senhoritas, por me curarem. — Eu agradeci sem jeito pela mesura.
— De nada. — Elas disseram e puf. Cada uma desapareceu do seu jeito.
— Apolo, o que foi aquilo da mesura e ‘minha deusa’? — Eu me virei para ele com um olhar acusatório e assustado.
— Ah... Aquilo? Não foi nada. — Ele pareceu fugir do assunto.
— Me diga. — Disse firme.
— Eu contei a elas sobre meus planos, bom... Nossos planos. — Ele disse envergonhado.
Nossa, surtei por dentro nessa hora. Mas eu não tive muito tempo. Pois recebi uma pontada nas costas que me fez voar.
— AHAHA. — Ouvi a risada de Ares.
Uma lança estava presa entre minhas costelas, só quando percebi que estava suspensa no minúsculo ‘muro’ entre o telhado e a morte é que comecei a sentir a dor da fisgada. Meus pés não conseguiam encontrar o equilíbrio. Eu estava na beira.
— Ares! — Apolo gritou morrendo de raiva, mas algo o impedia de interferir na luta. As leis antigas.
— Sinto muito. — Ele pegou o raio no chão e apontou para mim. — Na verdade, não sinto não. — Ele riu mais ainda e um clarão tomou conta do telhado.
As ultimas coisas que senti foram: um choque, o vento batendo em meu rosto, a sensação de queda livre e aquele alarme na minha mente. Morte.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Fim.
AHÁ, BRINKS. HAHAHA EU NÃO SOU MÁ!
tenso