— Melody! Eu não vou pedir mais uma vez! — Meu pai gritou. Lá estava eu, escolhendo as minhas roupas de frio. Papai estava com muita pressa. Estávamos atrasados para o nosso voo para as montanhas rochosas.

Com meu papai e seus amigos, todos caçadores, entrei em um tipo de van. Estávamos indo em direção do jatinho de um dos amigos do Papai. Ele nos levaria ao nosso destino, de jatinho!

[...]

Lá estava eu. Sentada dentro do jatinho, balançando meus pés pra lá e pra cá. Já havia se passado muitas horas e, eu ainda estava sentada ali, na maior altura possível. Há algum tempo, eu estaria tão empolgada dentro desse jatinho, minha mãe havia me prometido que eu, ela e papai, um dia iríamos voar para a França, seria a melhor férias de todas. Foi aí que ela faleceu. Nesse exato momento, eu até poderia estar empolgada com essa viagem para ficar na neve lá nas montanhas, mas não estou alegre com o motivo. Só estamos indo pra lá porque meu pai e seus amigos caçadores pretendem matar uma bela quantidade de lobos da neve e isso irá dar um bom dinheiro. E eu? Sou obrigada a viajar com eles. Papai não está me levando por opção e sim porque ele é obrigado, não há nenhum sinal de vida da minha família. Eu só tenho ele e ele só tem a mim. E como sou uma simples criança, tenho que concordar com tudo isso.

Uma das minhas preocupações, é meu pai arriscar as nossas vidas. Para onde estamos indo é muito frio. Ele me disse que viveremos em uma cabana, no meio de uma floresta repleta de neve, na qual viverei eu, ele e seus outros dois amigos caçadores. Meu pai me disse que terei de me agasalhar muito se eu quiser me sentir aquecida. Tudo isso para matar lobos. Sem contar que teremos que comer comida enlatada.

[...]

Após aterrissarmos, eu, meu pai e seus amigos, nos encontrávamos na floresta. Era algo que eu nunca tinha visto. Uma enorme área com pinheiros, árvores de todos os tipos, inundadas por neve. Estava muito frio.

[...]

Lá estávamos nós. Organizando as coisas dentro daquela enorme cabana. Realmente estava muito frio, eu estava chorando por dentro. Meu pai me disse que ficaríamos ali por pouco tempo, para não acabarmos morrendo congelados. A sociedade acha que estamos ali para passarmos as férias, mal sabem eles que é para matar pobres animais. O ruim é que meu pai trouxe todas suas armas com ele, deram um jeito.

Eu não sabia o que faria naquelas próximas semanas. Eu acho que ficaria encolhida em um canto, contando cada segundo para ir embora daquele lugar, será que eu poderia me divertir ali? Como uma simples criança normal?

Após todo o desespero dentro daquela cabana, a organização das armas e tudo mais, eu me senti muito cansada. Resolvi que iria dormir, enquanto papai conversava sobre um ataque ainda hoje. Fechei meus olhos lentamente, até não ver mais nada.

Quando acordei, eu estava sozinha ali dentro. Meus dentes batiam de frio, talvez papai se preocupasse mais com a caçada do que comigo.

Me levantei do meu saco de dormir que ficava dentro da cabana, comecei a abrir as enormes sacolas com grandes cobertores. Haviam casacos também, só que feitos com pele de animais. Resolvi não tocar neles.

Me enrolei em um cobertor, ainda sentindo muito frio. Acho que se eu tivesse cabelos compridos, ajudaria um pouco mais, mas eu usava um penteado muito curto, até as bochechas.

Quase duas horas depois, meu pai não havia voltado com seus amigos. Eu ainda estava sozinha, mas não estava com medo. Eu estava começando a sentir fome. Muita fome. Eu também temia que alguém nos encontrasse. Aliás, imagine se alguém encontra caçadores pela floresta gelada das montanhas rochosas? Por nossa sorte estamos escondidos, bem escondidos, no topo da floresta, em uma cabana bem longe de todos.

Resolvi procurar por meu pai. Ele estava demorando muito. Caminhei até a saída daquela cabana, lá fora só se avistava árvores com muito gelo. Aquilo não era comum para mim.

Comecei a dar leves passos após sair da cabana. O barulho da minha bota afundando na neve era o único que se ouvia. Aquele lugar era muito silencioso. Mas foi aí que ouvi, barulhos assustadores de tiros ecoavam do fundo de algumas árvores. Eu estava apenas alguns metros de distância da cabana, mas acho que nunca havia ouvido tiros tão altos. Isso significava que papai havia começado a caçada.

Concentradamente, fico olhando pelas árvores. Os tiros cessaram. Então, surpreendentemente, quase uma alcatéia de lobos apareceram e estavam correndo em minha direção. Papai deve ter espantado eles com seus tiros, e agora eles corriam em minha direção!