Jaula de vidro escrita por Lostanny


Capítulo 1
E era uma bela rosa...


Notas iniciais do capítulo

~> Porque de todos os livros logo "O Pequeno Príncipe"? Vai saber... Não leio tantos livros de ficção como antigamente, assim como ver filmes, apenas K~> Marquei spoilers por causa de mencionar o fim do livro né... Nunca se sabe! KK~> Em terceira pessoa direcionado a Rosa.



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Redoma de vidro estava abandonada. Longe de si. Assim como ela mesma estava longe dele.

Um beijo doce veio e para nunca mais voltar ele partiu.

O sol sempre poderia visita-la. Assim como os baobás e as borboletas. Porém os pés fincados ao chão não a permitiam que fosse mais longe e ela não poderia mais vê-lo.

A Rosa teria que esperar mesmo que não quisesse. Por orgulho ela não deu a ele as palavras que alojadas estavam em seu coração. E a verdade tão fincada em si doeu.

Como às raízes que a aprisionavam a terra elas não seriam libertadas se não quisessem desaparecer para sempre.

Uma vez tão bem cuidada por aquelas mãos a Rosa já estava definhando pelo tempo que passava.

Efêmera. “Aquela que um dia iria desaparecer”. Estava fadada ao fracasso desde o início. Por isso as pétalas tão bem escolhidas e o perfume inebriante. Enlouquecedora aparência banhada pelo sol da vida. Não havia tempo para humildade. Queria e tinha que ser notada. “Iria desaparecer”. A Rosa sabia isso desde o começo de sua existência.

Mas isso não a impediu de querer formar seus laços. Mesmo que tudo o que dissesse fossem mentiras tolas.

A fortaleza de espinhos frágeis a impediu de tocar aquelas macias mãos. “Não queria machucá-lo”. Essa era a verdade que se negou em dizer.

No entanto o que temia eventualmente aconteceu. Tão breve foi a despedida que podia jurar que havia sido um mero sonho.

Porém quando a flor única para alguém acordou ela estava sozinha em um mundo grande demais para si. Não importasse o quanto pedisse as estrelas do céu. Uma hora ela descobriu que era apenas tarde para esperar qualquer coisa.

Algo como seis anos se passou para um astronauta vindo de uma terra longínqua lhe trazer um livro. Pinturas que não chegavam nem aos pés de sua beleza presenteada pelos céus. No entanto considerou aqueles rabiscos coloridos como as melhores visões em que tivera a oportunidade de ter.

Por que era ele. Ou algo que trazia sua essência até ela. Quis tocá-lo. Porém nessa época suas forças já começavam a se esvair. Apenas com sua força de vontade tinha conseguido se manter até ali forte e de pé.

Palavras escaparam daqueles lábios mais antigos que os dela. A aventura do principezinho até os planetas de homens tanto ou até mais solitários que ela; o encontro com o piloto na Terra; a serpente; o desfecho. Não havia porque se surpreender. Apenas concretizava suas suspeitas. Ele não voltaria. Ponto.

Deveria ter desistido ali mesmo. Porém permaneceu onde estava. Como havia sido destinada a fazer ao nascer como uma flor. Não teve coragem depois.

A sua beleza começava a se tornar opaca. O vermelho de suas roupas se tornava acinzentado. Ela se detestava a cada dia que passava, mas não podia desaparecer. Mesmo que soubesse que aquele garoto tão gentil estaria do outro lado para recebê-la.

Tinha apenas muito receio. Tinha vindo de tão longe para chegar até ali. Mesmo que fosse apenas um planeta minúsculo que continha apenas três vulcões e um príncipe. “Devia ter sido destinada para algo grandioso” era o que gostava de dizer a si mesma para se iludir. Porém o tempo começava a passar e uma resposta não vinha. A solidão apenas pesava demais para carrega-la dia a dia.

Os baobás começavam a crescer a ponto de saber mais uma vez que seu tempo não era infinito. Talvez devesse apenas desistir. A Rosa entrou em um sonho. Era melhor que observar o tempo passando e aquele local que havia tanto servido de abrigo em um universo hostil se acabar. Consumido por aquelas plantas. Gananciosas pela vida tanto quanto a Rosa era. Não podia culpá-las. No entanto também não havia nada que pudesse fazer para impedir. Era apenas uma rosa que servia para enfeitar o espaço que se encontrava. Nada mais.

Que utilidade a mais era poderia ter? Era realmente especial? Provavelmente eram apenas outras ilusões que tinha criado para não ficar triste. Porque provavelmente havia outras dela como bem havia sido mencionado naquele conto infantil muito real para si.

Levantou as mãos para o céu. Em seu sonho ele era muito azul, diferente do negro que era acostumada a ver. Do universo.

Devia estar sonhando com aquele conto mais uma vez. Então ali devia ser a Terra. Parentes suas se inclinavam para um lado devido à ação do “vento”. Eram douradas e lembrava muito os cabelos de certo alguém. A Raposa estava lá e se encontrava parada de frente aquela plantação. Seu rosto não se encontrava neutro.

Parecia chorar. Não conhecia aquela criatura. Mas sentia certa ligação com ela para se impulsionar em seu caminho.

Como era incrível e misterioso o mundo dos sonhos! Naquele lugar ela não tinha mais as raízes a prendendo ao chão e ela podia se mover livremente pelo campo. Também não tinha sua aparência de flor, mas uma similar à do pequeno príncipe. Suas pétalas viraram sua vestimenta e assumiram a forma de um vestido cheio de babados. Também voltava a ter a mesma idade de quando tinha encontrado o principezinho pela primeira vez. Algo não mais do que 12 anos humanos. Por isso o vestido tinha um vermelho intenso encantador e não acinzentado.

A agora não mais rosa se aproximou da Raposa que também ganhou contornos humanos. Era um garoto da idade dela com orelhas de raposa e calda. Vestia-se de forma bem mais simples que ela, porém não deixava de ser bonito. Provavelmente tinham ambos a mesma idade do principezinho também. Isso a deixou contente, apesar de fingir tossir para ignorar esse sentimento. Velhos hábitos eram difíceis de largar.

Bem próxima da Raposa que pareceu não notá-la a Rosa tossiu outra vez. A atenção foi conseguida e o garoto virou o rosto em sua direção. E, nossa, ele era realmente bonito! Talvez só não conseguisse ultrapassar a do principezinho que tinha ganhado seu coração. Mas isso era apenas opinião de uma garota apaixonada que provavelmente não devesse ser levada em conta.

Como a Rosa passou um segundo inteiro admirando aquela beleza, a Raposa pareceu ter se aborrecido e voltou a olhar para o trigo. A Rosa chamou a Raposa outra vez, mas dessa vez não foi bem sucedida.

– Ei...! - Rosa disse começando a perde a paciência.

Suas bochechas estavam um tanto cheias e vermelhas de ar e um biquinho tinha se formado em seus lábios. A Raposa então falou, porém sem se virar:

– Não fale comigo. Você não é tão importante para mim para que eu consiga ouvi-la.

– E como posso me tornar importante para que consiga me ouvir? - Rosa perguntou intrigada ao garoto.

– Faça como aquele garoto por quem choro fez: me cative. - Raposa disse como se fosse algo óbvio.

A Rosa pensativa cruzou os braços. Aquele astronauta tinha lhe contado a história toda, então ela devia se lembrar de como seu amor fez para conquistá-la. Tinha que voltar ali, mas sabia que não tinha todo esse tempo. Estava morrendo. Os baobás a qualquer momento iriam rachar o planeta ao meio. E também algo até mais importante que esses dois juntos.

– Eu quero encontrar uma pessoa. - Rosa disse escolhendo as palavras assim como escolhia suas pétalas. - Mas eu voltarei aqui se me for possível.

– Será. Nunca há tempo de menos para ser amigo de alguém.

A Raposa então se virou para a Rosa mais uma vez e sorriu pela primeira vez em muito tempo.

O tempo no mundo dos sonhos era relativo. Era o segundo dia que estava ali, porém nenhum sinal de baobás ou a morte. Talvez fosse mesmo possível conseguir um amigo antes que acordasse para qualquer uma dessas realidades.

Ou era o que pensava.

Ao chegar ao mesmo horário em que tinha aparecido no dia anterior, em um horário onde o sol estava se pondo, a Rosa encontrou a Serpente.

Não havia nenhuma Raposa diante do campo de trigo. Assim como seu príncipe estava muito longe para que pudesse ser alcançado. Essa conclusão a fez se arrepiar, se é que isso era possível para uma flor.

A serpente amarela de veneno mortal se aproximou de si. Porém passou direto. A Rosa sabia bem o motivo. Não era necessário nenhum tipo de ajuda em sua situação. Ela voltaria a sua origem tão logo abrisse os olhos. Isso a entristeceu de verdade dessa vez. Gostaria de ter conhecido as mesmas pessoas que aquele pequeno príncipe teve a oportunidade de conhecer. Isso foi o que seu coração disse pensativo.

Caiu de joelhos sobre o chão e quis chorar.

No entanto ela esboçou um sorriso ao ver como o trigo dourado continuava a balançar.

O que era belo continuaria a brilhar para quem quisesse vê-lo. Nem mesmo o fim de alguém poderia mudar isso. Com isso nas coisas mais comuns qualquer um de bom coração e amargo caminho poderia deixar escapar toda a sua tristeza. Substituindo-a por raios de sol e olhos otimistas frescos. Como o simples vento que bagunçava seus cabelos. Fechou os olhos para aquela visão tão bela.

Então era isso. Era hora de acordar. Eis o início de mais uma separação.

Sua alma se separou daquele corpo fictício.

A Rosa voltou a “origem” de tudo.

As pálpebras que se abriram revelaram as suas íris um novo mundo. Um mundo tão pequeno e isolado quanto o outro. Um lugar que estava mais do que acostumada a ver na verdade. Com um céu negro e três pilhas de esquecimento e nenhum príncipe. Porque ele foi picado por uma cobra e nunca mais voltou a sua sanidade.

“Só mais um encontro”

Talvez fosse pedir demais?


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Notas finais do capítulo

Hum ... Fiquei em dúvida sobre colocar essa última parte. Mas taí de toda forma. Espero que tenham apreciado a leitura. Feliz dia das mulheres! ~muito atrasado, mas ok~ Até ♥