Cursed Mistakes escrita por CristinaD, Skorgiia


Capítulo 9
O Orgulho De Ciel Phantomhive


Notas iniciais do capítulo

Olá! Finalmente mais um capítulo após 6 meses! Peço imensas desculpas a todos os leitores e fico extremamente agradecida por continuarem a ler esta fanfiction. Apenas uma coisa irá mudar daqui em diante e é o facto de ser apenas uma das autoras a continuar a história.
De qualquer maneira espero que tenham uma boa leitura!



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Após aquela tarde de diálogos inesperados entre o conde e mordomo o dia seguinte tinha finalmente chegado, e consigo a maioria das dúvidas entre ambos foram esclarecidas. Sebastian sabia agora o que sentia, ou pelo menos entendia o que aquele fervor no peito significava. Contudo o demónio sabia que jogava algo perigoso, algo que o poderia corroer lenta e dolorosamente, por isso o mordomo mantinha-se firme, demonstrava-se pouco interessado por aquela alma, para que o pequeno humano que servia não pudesse testemunhar a fraqueza de uma criatura maligna como ele, cegando-o com beijos e outras carícias. Mesmo após aquela conversa, aquela conversa em que o demónio denunciou algo que o tornou indigno do próprio inferno, porque essas criaturas não são dignas se sentir algo tão puro como amor. Então Sebastian tentava convencer-se a si próprio de que estava errado, de que não poderia amar, a fim de proteger o seu orgulho.

Poucos dias se passaram e mesmo com a troca sentimental de palavras entre o jovem nobre e o demónio de olhos rubros a rotina mantinha-se como se nada tivesse acontecido. Continuando o quotidiano como o habitual, o jovem nobre atendia às aulas de dança de manhã e supostamente às aulas de latim durante a tarde depois de um pequeno intervalo para tratar de assuntos ligados á companhia Funtom.

Mesmo que a rotina aparentasse que tudo estava bem, que nada tinha sido alterado naquela íntima cumplicidade entre mestre e mordomo, os pensamentos confusos do nobre faziam com que este tivesse uma perspetiva turva da situação, que sobre todas as conversas ainda pairava aquele clima estranho mesmo que Ciel já soubesse sobre os estranhos sentimentos de Sebastian e os olhares entre ambos eram ainda sufocantes.

Várias questões ainda pairavam sobre a cabeça do nobre. Perguntava-se se tudo aquilo servia de atalho para que o demónio se deliciasse com a alma de Ciel mais rapidamente mas ao mesmo tempo sabia que o mordomo não lhe mentiria, não lhe podia mentir. E esta era a mesma e única justificação que obtinha quando desconfiava das doces palavras do maior.

O esperado era que Sebastian e Ciel se tornassem ainda mais íntimos, estivessem mais juntos, mais unidos mas ao invés disso o rapaz de olhos bicolores evitava conversas prolongadas com o servo, escapava aos olhares e sorrisos escarnecedores do mesmo. Talvez fosse o seu tão teimoso orgulho que não permitisse que o rapaz corresse para os braços do homem por quem sentia algo. Por isso, já que não tencionava dar o primeiro passo por causa do seu próprio brio, esperava assim o movimento do demónio.

Era óbvio que Sebastian Michaelis não iria deixar o comportamento do seu jovem mestre passar despercebido. A sua expressão era de pura insatisfação sempre que este tentava acabar uma conversa por mais trivial que fosse. Por isso, ao pensar que a sua honra de criatura do inferno já estava manchada o bastante, decidira que era o rapaz desta vez que devia dar o primeiro passo. Esperava assim o movimento do Conde.

O mordomo caminhava agora em direção ao escritório do seu jovem mestre.

– Jovem mestre, a aula de dança aguarda-o – O demónio sorriu provocador quando entrou.

– Não estou com disposição. – Afirmou rudemente enquanto lia os papéis que segurava. – Para além disso tenho documentação a tratar.

Sebastian riu levemente. – É importante que saiba alguns passos de dança. Especialmente para quando for convidado para um baile da Realeza. Além disso, não existe nada a temer jovem mestre, a sua usual professora de dança encontra-se ausente então serei eu, já testemunha do seu fracasso na dança, a ensiná-lo.

O conde pousou as folhas abruptamente na mesa que estava tudo menos organizada. O seu rosto denunciava desprezo e o seu interesse no tema em discussão era mínimo. – Mais uma razão para não querer dançar. Não vou voltar a dançar contigo. – Garantiu, e cruzou os braços, a sua postura roçava a infantilidade.

– Se me permite perguntar, a que se deve essa decisão? – Sebastian perguntou num tom trocista e com uma expressão divertida.

– Deve-se ao facto de tu seres enorme! – Esclareceu irritado. Levou a sua mão à testa, para tentar acalmar a sua impaciência, e suspirou prolongadamente. – Para além disso, tu és muito exigente. Eu preciso de alguém que me ensine, não que me critique constantemente.

– São apenas críticas construtivas, jovem mestre. Este tipo de aulas é de grande importância, decerto que não quer comparecer a um baile da Rainha sem qualquer conhecimento dos passos de dança. Bailes são importantes eventos sociais e o momento da dança é crucial, o jovem mestre não se pode dar ao luxo de ignorar uma dança apenas porque não quis aprender os passos.

Ciel suspirou novamente e uma expressão derrotada dominou o seu rosto. – Parece que não tenho escolha. – Concluiu e levantou-se da cadeira, dirigindo-se até ao espaço mais amplo do escritório. – Que seja rápido.

Sebastian sorriu levemente aproximou-se do jovem nobre. – Espero estar correto em pensar que o jovem mestre sabe o mínimo, como por exemplo, a posição das mãos.

O menor soltou um pequeno “tsc...” e posicionou a mão direita acima da cintura do mordomo. Entregou a sua mão esquerda à do maior, juntando-as. Sorriu satisfeito consigo mesmo, certo de que estaria a prosseguir de forma correta.

Sebastian sorriu em aprovação outra vez. – Já é algum progresso. Agora, é usual ser o cavalheiro começar e guiar a dança. Então por favor… - O mordomo pediu gentilmente que o pequeno começasse.

O primeiro passo foi iniciado e com ele veio um segundo que acabou por terminar com Ciel a pisar fortemente o mordomo. Este suspirou em desaprovação e o pequeno conde soltou a mão do maior de imediato, quebrando o contacto. – Eu não consigo dançar e nunca hei de conseguir. – Disse num tom indiferente, embora se sentisse derrotado por si mesmo ao desistir tão facilmente.

Sebastian arqueou sobrancelha. – Ora? Já a desistir após uma única tentativa? Temo que este não seja o meu jovem mestre. – O mordomo troçou com um sorriso.

Uma expressão descontente formou-se no rosto do pequeno, denunciando o quanto as palavras do demónio o incomodaram. Colocou-se novamente na posição correta e puxou o maior até si, posicionando as mãos no seu devido lugar. O passo foi mais uma vez iniciado, desta vez mais firme, e a postura autoritária de Ciel veio a controlar a dança que, embora não estivesse em perfeita sintonia, não estava mal de todo.

Ao fim de alguns bons passos e de algumas pisadelas nos bons sapatos do mordomo, o pequeno conde deu por terminado a pequena valsa, orgulhoso de si mesmo por ter concluído a sua primeira dança. Agora, aguardava firmemente a avaliação do mordomo, que mantinha a sua expressão neutra após a demonstração.

–Nada mal. – O mordomo sorriu mas logo recorreu à sua expressão autoritária. – Para uma primeira vez. Que vergonha seria se um jovem conde como o senhor atuasse desta maneira num baile, o que iriam os outros nobres pensar? – O mordomo segurou a mão do pequeno e pousou a sua mão na anca do mesmo. – Eu iriei liderar a dança desta vez, por favor apenas siga os passos e preste atenção. – O maior disse, suspirando antes de iniciar a dança, com suaves e elegantes passos, zelando para que o pequeno não o pisasse novamente.

Ciel foi surpreendido pelos habilidosos movimentos do mordomo, sendo arrastado na suave dança que era guiada de uma forma quase perfeita. Os fortes braços do demónio mantinham o pequeno na posição correta, o seu pescoço elegante indicando-lhe a orientação que deveria seguir e a sua mão que pressionava firmemente a cintura do jovem nobre impedia-o de balançar para fora da coordenada valsa que se tornava cada vez mais veloz.

A monótona dança tomava outro rumo, entusiasmando o pequeno conde que se concentrava atentamente em não perder o passo. Os corpos que inicialmente seguiam um caminho tracejado e organizado deixavam-se agora tomar uma direção mais livre e vibrante. O menor foi surpreendido ao dar a primeira volta, pequena, que se seguiu de outra e terminando novamente nos braços do mordomo que continuava a guiar a dança sem nunca perder a postura.

Entre voltas, e os repetidos “élevé”, os passos longos que Ciel tentava acompanhar com o seu pouco equilíbrio, o mordomo decidira terminar a agitada valsa com uma “tour en l’air” que fez o pequeno nobre praguejar mentalmente de como não devia ter comido tanto durante a manhã.

Terminou então, exausto e com a respiração ofegante, uma dança eloquente que nunca pensara vir a ter.

Sebastian olhou para o pequeno nobre que tentava regular a respiração arquejante. – Espero que tenha decorado cada passo. – O demónio sorriu troçando.

O jovem conde estava ainda a recuperar o fôlego, equilibrando-se na secretária de carvalho negro, quando lançou um olhar de desaprovação á ironia do demónio.

A aula de dança não acabara por ali mas longos momentos de lição depois já o jovem conde suspirava de alívio por ter terminado a aula exigente que o mordomo lhe dera. Voltou então para o seu trabalho no escritório, sentando-se na sua cadeira e dando um pequeno suspiro de satisfação ao retornar para aquele silêncio.

Pouco momentos silenciosos se passaram antes de a porta do escritório se abrir violentamente e assustar o jovem nobre.

–Boa tarde, Conde Phantomhive! – O mordomo albino disse ao entrar de rompante no escritório, com um sorriso divertido e olhar provocador.

– Mas o que vêm a ser isto?! Charles Grey? – O rapaz surpreendeu-se e levantou-se ao ver o servo da Rainha.

– A vossa Majestade não recebeu nenhuma carta a relatar os acontecimentos de East End, por isso fui enviado para saber o que o Conde Phantomhive estava a esconder. – O albino troçou e Ciel logo reparou em Sebastian que chegara ao escritório do seu mestre.

Após um longo momento silêncioso Ciel virou as costas, observando agora através da janela alta no seu escritório.

– …Diga à Rainha que tem os meus mais sinceros perdões... – Murmurou sem dar interesse às palavras que pronunciava. – Mas não penso em resolver esse caso… - Continuou e oltou a desinteressar-se pela frase.

Os olhos rubros do demónio que observava o diálogo abriram-se ainda mais de espanto com as palavras do rapaz. Não interferiu mas questionava o porquê do rapaz se ter abdicado de um pedido da Monarca. Ciel nunca a tinha desrespeitado e o nome da Rainha era sagrado de si. Sem que o mordomo conseguisse entender os objetivos do nobre a conversa terminara por ali.

– Foi bom vê-lo, Conde Phantomhive. – O conde Grey disse no final da conversa, virando as costas ao olhar azul e saindo do escritório com o mesmo sorriso provocador de antes.

Sebastian ainda não entendia o porquê daquela resposta. Talvez o susto que o rapaz apanhara naquela noite fora demasiado grande, mas mesmo assim essa justificação não servia na personalidade do seu jovem mestre. O mordomo sabia que Ciel tinha a consciência de que a sua reputação iria baixar significativamente por causa daquela escolha. Aquela escolha que confundia o demónio pois este tinha a convicção que o orgulho e o brio próprio eram tudo para Ciel Phantomhive desde que fora manchado pela morte dos seus pais.


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Notas finais do capítulo

Como deu para perceber esse capítulo está pequeno e eu peço desculpa por isso, está mais pequeno que o normal, que são cerca de 4.000 palavras. A razão não é falta de ideias, muito pelo contrário, este capítulo está mais pequeno porque quero começar os novos acontecimentos que se irão passar no capítulo 10! Quero também desde já avisar que os estudos tiram muito do meu tempo e por isso a postagem de um novo capítulo pode demorar algum tempo sim.
Bj, Skorgiia



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