Nurarihyon no Mago: After Story escrita por kagomechan


Capítulo 12
Muito à decidir


Notas iniciais do capítulo

prometi que não ia deixar essa fic demorar demais para postar coisa de novo e, como prometido, eis o novo cap



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O kimono preto que Rikuo vestia era a prova da escuridão que também estava em seu coração. Aquela cena não podia deixar de lembrar Rikuo do velório do próprio pai tantos anos antes. Na época, quando Rihan morreu, Rikuo não passava de uma pequena criança que pouco entendia das coisas que aconteciam. Agora, no entanto, entendia tudo perfeitamente. Entendia o peso que cada lágrima que derramava, entendia a dor que cada youkai vindo de várias partes do Japão mostravam no rosto ou não mostravam quando tinham claramente ido até ali apenas por educação. O jovem líder do clã Nura apertou as mãos com força tentando impedir que as lágrimas rolassem pelo seu rosto, mas não conseguia, ninguém do clã conseguia. Todos, desde sua mãe até Gyuki tinham derramado várias lágrimas ao tentarem encarar a morte de Nurarihyon.

A mesma sala onde tinham feito o velório de Rihan agora estava cheia de youkais e também de alguns humanos para o velório de Nurarihyon que seguia todas as tradições japonesas. Os amigos de Rikuo estavam lá e Yura fez questão de ir também. Rikuo mal ouvia as palavras de pêsames daqueles que iam prestar as últimas homenagens ao criador do clã Nura.

Ao término da cerimônia, com o coração ainda pesado, Rikuo se sentou no alto da cerejeira como gostava de fazer. Ficou lá fitando as estrelas pensando no avô e também no pai. Mas, naquele dia, pensava principalmente em Nurarihyon e em todos os momentos que tinha partilhado com o idoso youkai.

Do chão, quieta e discreta, Tsurara e Yura olhavam para Rikuo. Yura iria dormir na mansão Nura para pegar o trem no dia seguinte de volta para Kyoto. Ela com certeza não achava que sua visita para Tokyo teria que ser antecipada para algo tão triste. Apesar de sua presença ali, ela e Rikuo não discutiram o que queriam discutir. Com um suspiro, as duas garotas voltaram para seus quartos deixando Rikuo sozinho em sua dor. Ele ainda vestia o kimono negro do velório que logo estava tão negro quanto o céu e notava como não tinha se preparado ou imaginado esse momento. Claro, Nurarihyon era velho, tão velho que Rikuo talvez tenha considerado o centenário youkai praticamente imortal. Independente da preparação ou da falta dela, lágrimas rolavam pelo rosto de Rikuo até pingarem em suas roupas.

Rikuo bem queria se entregar para o luto por mais um tempo. Especialmente quando se viu livre dos deveres escolares não só pela chegada das férias, mas também pela escola saber da morte de seu avô que havia sido praticamente um pai para ele já que Rikuo era muito pequeno quando Rihan morreu. No entanto, tinha assuntos urgentes para tratar e, foi exatamente por causa deles, que reuniu os youkais mais influentes do clã para uma reunião urgente.

— Entendo que a mais recente perda foi extremamente impactante para todos. - disse Rikuo ainda um tanto abalado sem forças de olhar para qualquer um dos generais do clã Nura, apenas fitava o chão - Entendo também que alguns dias mais de luto serviriam bem para a moral do clã, mas não posso deixar de notar como a morte de meu avô não foi um mero acidente ou uma eventualidade decorrente da passagem do tempo. Kimiko…

Rikuo pronunciou o nome da tal amiga de Kuroumaru que havia tentado salvar a vida de Nurarihyon. Um convite especial foi feito para que ela estivesse agora ali presente na reunião sentada ao lado de Kuroumaru. Afinal, Kuroumaru ainda não era um membro do Conselho do clã. Contudo, seu pai, Karasu Tengu, tinha o posto mais alto no Conselho depois do próprio Rikuo. Principalmente agora com a morte de Nuraruhyion.

A jovem youkai, desacostumada à presença de muita gente, ainda mais gente importante, se via intimidada presente em uma reunião tão importante para o clã yakuza-youkai.

— S-Sim? - disse a jovem.

Discretamente, Kuroumaru segurou em sua mão e ela abriu um sorriso trêmulo para ele notando que ele estava tentando acalmá-la e dar forças para que ela pudesse falar mais calmamente.

— Obrigado por ter vindo. - disse Rikuo tentando abrir um sorriso pequeno para a jovem notando que ela estava nervosa - Sei que Tokyo não é exatamente tão perto de onde mora e que o ambiente também não lhe é familiar.

— Essa é a youkai que tentou curar o Nurarihyon-sama? - perguntou o youkai de um olho só, Hitotsume.

— Sim. Convidei ela e Kuroumaru para participarem para que tenhamos mais relatos quanto ao incidente - disse Rikuo - Kimiko, pode, por favor, dar sua opinião quanto às feridas que tentou curar?

A jovem afirmou com a cabeça duas vezes e se concentrou como se tentasse lembrar da cena tal como ela encontrou.

— Eram indiscutivelmente feridas causadas por um objeto cortante. Mas algo grande, não tão pequeno como uma simples faca de cozinha. Algo maior, como uma espada ou uma kusarigama. - disse Kimiko - Sim, tinham ferimentos causados por outras coisas, como impacto ou contusões, mas os que causaram a morte eram claramente cortes profundos causados por armas.

O grupo estremeceu ao ouvir com detalhes sobre o estado de uma pessoa tão querida para eles mas, acostumados à brutalidades do tipo, tentaram resistir para seguir com a reunião.

— Rikuo-sama, está afirmando então que Nurarihyon foi assassinado? Que todo o acidente do trem-bala foi só um disfarce? - perguntou o youkai de longos e finos bigodes negros, Daruma.

— Estou - disse Rikuo.

— Além disso - disse Kuroumaru começando a falar - O estado em que encontramos o vagão onde estava Nurarihyon-sama continua provas de uma luta.

— Alguém que mata um líder, mesmo o ex-líder, do clã Nura deve sair impune! - exclamou Zen.

— Concordo com você - disse Rikuo - Exatamente por isso que convoquei essa reunião. Para sugerir que utilizemos todo o poder do clã Nura para descobrir quem foi e tomar as devidas providências.

— Alguns dos humanos presentes do trem devem se lembrar de algo. - disse Shoei - E o trem deve ter câmeras de segurança também.

— O fato que esse indivíduo ou indivíduos se sentem no direito de atacar o clã tão diretamente prova que eles tem um problema e sério conosco. - disse Karasu Tengu - Mesmo que a busca por relatos dos humanos e pelas filmagens das câmeras não levem à nada, existe a alta probabilidade de quem tramou isso planejar um outro ataque contra o clã.

— E se o motivo for simplesmente uma vingança diretamente contra Nurarihyon-sama? - perguntou Tsurara.

— Existe essa probabilidade. Vamos torcer para que não seja o caso - disse Gyuuki - Um segundo ataque ajudaria a encontrar mais pistas. Contudo, isso também leva outras coisas em questão.

— Sim - disse Karasu Tengu - Primeiramente, reforçar a segurança do senhor, Rikuo-sama.

— Já imaginei que fossem dizer isso - disse Rikuo soltando um pesado suspiro.

— Felizmente está em época de férias escolares. Não precisamos nos preocupar com a sua segurança enquanto estiver na escola - disse Karasu Tengu.

— Será que podemos botar como objetivo achar esse maldito antes do final das férias? - perguntou Zen com um sorriso negro.

— Estamos de acordo com a busca do responsável então? - perguntou Rikuo.

Todos os outros concordaram com a cabeça e rapidamente passaram a discutir planos, estratégias e quem cuidaria das investigações. Rikuo se propôs a liderar as investigações, mas descobriu que praticamente todos eram contra a ideia. A responsabilidade então caiu para Gyuuki. Rikuo não tinha nada contra Gyuuki liderar as investigações. Tinha uma estranha história de inimizade e aprendizado com o youkai e agora o respeitava bastante. Ele havia estado ao lado de Nurarihyon por vários anos e tinha ajudado bastante seu avô, seu pai e ele mesmo. Além disso, Gyuuki concordou em atualizar Rikuo de cada novidade e deixar o jovem acompanhar as investigações contanto que não fizesse nada imprudente.

— Temos outra questão a tratar também, senhor. - disse Karasu Tengu um tanto desconfortável soltando um suspiro antes de continuar a falar.

— Temos? - perguntou Rikuo um tanto perdido já que tinham concordado em postergar os demais assuntos para quando esse se resolvesse.

— Não acha melhor deixar isso, o que quer que seja, para depois? - perguntou Shoei.

— Tenho minhas dúvidas e, por causa de minha preocupação, acho melhor falar disso agora - disse Karasu Tengu.

— Sendo assim… - disse Rikuo - Kuroumaru, Kimiko, obrigado pela presença de vocês.

Entendendo a dispensa, os dois fizeram uma breve reverência e saíram da sala. Rikuo seguiu os dois com os olhos. Suas olheiras mostravam seu cansaço e a noite mal dormida. A vermelhidão destes mostrava as lágrimas derramadas pelo avô que ele até agora lutava para segurar entendendo que não ficaria bom chorar em plena reunião do clã.

— Entendo que não é um assunto que combina com como a reunião se seguiu, - disse Karasu Tengu - mas acho que deve ser mencionado mesmo assim.

— O que é? - perguntou Rikuo.

— Bem, já peço perdão por revirar memórias tristes mais antigas mas… - disse Karasu Tengu abaixando o olhar para o chão - Com a morte de Nurarihyon-sama temos agora dois líderes seguidos que foram assassinados. Independente de qual motivo. Por mais que no nosso meio seja um tipo de morte no mínimo um tanto esperável, muitos já estavam com a confiança de que Nurarihyon-sama iria morrer de velhice.

— Onde quer chegar Karasu Tengu? - perguntou Rikuo.

— Uma coisa era com Nurarihyon-sama ainda vivo. - disse Karasu Tengu - Caso alguma coisa acontecesse com o senhor, ainda teria ele. Com algo acontecendo com Nurarihyon-sama, assim como foi o caso, ainda tínhamos o senhor, Rikuo-sama.

— Entendo onde quer chegar, Karasu Tengu - disse Daruma dando um pesado suspiro - Algumas vezes levantamos a mesma problemática para Rihan antes do senhor nascer, Rikuo-sama.

— Talvez isso tenha, no final das contas, piorado a situação com a senhorita Yamabuki - disse Hitotsume.

Uma parte de Rikuo já estava entendendo onde eles queriam chegar, mas ele não aceitava ainda por completo. A menção da primeira esposa de seu pai, Yamabuki, deu à essa pequena sensação que crescia dentro de Rikuo quanto ao assunto da conversa ainda mais certeza. Yamabuki, uma linda youkai que se casou com seu pai anos antes até de a mãe de Rikuo nascer, acabou o abandonando diante da pressão de gerar um herdeiro e nunca conseguir. Depois de míseros 50 anos tentando ter filhos, se achando estéril, ela foi embora deixando Rihan para trás.

— Vocês realmente estão querendo chegar onde eu acho que estão? - perguntou Rikuo um tanto surpreso.

— Rikuo-sama, você tem que gerar um herdeiro - disse Karasu Tengu.

— O-O QUE!?! - exclamou Tsurara enquanto Rikuo se achava sem palavras.

— Faz todo sentido.. - disse Gyuuki - Queria, preferivelmente, não passar pela mesma situação que passamos entre a morte de Rihan-sama e Rikuo-sama aceitar o posto de terceiro herdeiro.

— Jovem demais. - disse Daruma afirmando com a cabeça.

— Quanto antes melhor, Rikuo-sama - disse Karasu Tengu - Entendo que dado os acontecimentos recentes não seja a melhor hora para mencionar isso mas…

Rikuo levantou a mão esquerda enquanto enterrava o rosto na mão direita. Karasu Tengu parou de falar imediatamente ao entender o sinal para que parasse enquanto Rikuo soltava um pesado suspiro. Era muita coisa pra lidar no momento. A chegada das férias ajudava, claro, mas ter que lidar com a morte do avô, seu plano da zona neutra que teria que ser pausado enquanto lidava com a morte do avô, todas as problemáticas padrões do clã, os amigos que já não falava direito desde do fatídico dia embora tenha trocado uma ou duas palavras durante o velório, a pressão da escola para que os alunos escolhessem uma universidade e dessem tudo de si no ano seguinte, o último ano… era muita coisa para lidar.

Mesmo que os assuntos padrões do clã tivessem sido deixados de lado por causa do luto, Rikuo também não conseguia parar de pensar sobre eles. O clã Nura era composto de vários clãs menores de youkais, e às vezes eles vinham até Rikuo com algum problema para resolver quando o líder do sub-clã em questão não podia resolver por conta própria. E ainda tinha todos os deuses que o clã Nura cuidava dos templos. Cuidar dos limites do território do clã. Relações diplomáticas com outros clãs. Sem falar que, a essa altura, a escola já esperava que ele tivesse noção do que faria depois da escola. Tinha certeza que nas primeiras semanas de aula depois das férias iria receber o formulário para que preenchesse indicado seus planos A, B e C para o futuro para que a escola melhor encaminhasse ele para esses planos ou fornecesse demais conselhos. Afinal, se tinha uma coisa que a sociedade japonesa botava muita pressão, era no caminho da formação acadêmica e a excelência na mesma. Prova disso era a alta taxa de suicídios nos dias que saíam os resultados das escolas e universidades mais renomadas do país.

— O recado foi anotado - disse ele depois de uns segundos em silêncio - Pensarei sobre o assunto.

Um breve gesto com a mão foi o suficiente para que todos entendessem que a reunião estava terminada. Os youkais lentamente saíra da sala de reuniões enquanto Rikuo permaneceu lá, pensativo, com o queixo na mão, pensando sobre tudo que tinha que resolver sem notar que Tsurara não havia saído da sala.

— Rikuo...- disse Tsurara finalmente tirando Rikuo de seus devaneios.

— Tsurara. Foi mal, não vi que tinha ficado aqui ainda - disse ele abrindo um sorriso sem graça.

— Está tudo bem? - perguntou ela meio insegura.

— Sim… quer dizer… o máximo possível considerando tudo que está acontecendo. - respondeu ele sem conseguir evitar um rápido olhar para onde Nurarihyon sempre se sentara ao seu lado durante reuniões como aquela.

— Muito com o que pensar né? - disse ela segurando na mão dele.

— Sim - disse ele pegando a mão dela e então lhe dando um leve beijo nas costas das mãos. - Obrigado por se preocupar comigo - disse ele abrindo um leve sorriso.

Todas essas ações fizeram com que a garota corasse terrivelmente. Contudo, ela não desviou o olhar. Ela o manteve e aproveitou para sentar ao lado dele.

— Sempre vou me preocupar com você - disse Tsurara.

— Imagino que quase teve um treco com o que o Karasu Tengu disse. Foi por isso que ficou para trás? - perguntou ele.

— R-Rikuo! Não me acuse assim! - disse ela dando um leve soquinho no ombro dele - Obviamente tive um treco com o que ele disse, mas não foi por isso que eu fiquei para trás.

— Porque foi então?

— Só queria checar se estava bem.

— Já disse que estou.

— Seus olhos dizem o contrário. Por isso fiquei - disse ela.

— Estou só cansado e… bem… bem pra baixo com tudo que está acontecendo. - disse Rikuo soltando um suspiro e, já que a sala em estilo japonês fazia com que ele tivesse ficado sentado no chão a reunião inteira, ele aproveitou-se disso para deitar no chão de olhos fechados - Ainda não consigo lidar com tudo isso. Mas vou melhorar.

— Assim espero - disse ela se aproximando e dando um beijo em sua testa - Qualquer coisa que precisar, só falar.


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Notas finais do capítulo

o que acham? sugestões? opiniões? será que ganho um oizinho dos leitores fantasmas tbm?



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