Living in Hell - Fanfic Interativa escrita por Saulo Poliseli


Capítulo 9
Capítulo 09 - Audácia e Covardia II




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Mark e Dave estavam em uma casa esperando por algum de seus amigos. Mark estava em pé olhando a rua pela janela o tempo todo, e Dave estava sentado no sofá perto de uma lareira que os dois tinham acendido minutos atrás.

Ainda chovia forte. Harry e o pessoal do furgão ainda não tinham chegado na cidade e isso já estava deixando Mark preocupado, e a situação de Seward e Anne também o deixava preocupado. Mark não parava de olhar pra rua, esperando que alguém do grupo aparecesse por ali.

– Você é do Texas, certo? – Perguntou Mark. Os dois não tinham falado nenhuma palavra desde que saíram do hospital, e Mark queria começar uma conversa para distrair um pouco.

– Sim... Nasci em Houston e cresci lá – Suspirou Dave, olhando para o fogo – E você?

– Kansas, Hartford. Como era seu relacionamento com sua família? – Mark sabia que assuntos como esses era delicado, mas ele queria conversar de qualquer forma.

– Era boa... ótima na verdade. Nunca tive problemas com meus pais e irmãos. Tínhamos uma fazenda e cada um tinha um trabalho pra fazer nela, eu trabalhava com a administração depois de ter me formado em Economia.

– Sempre quis morar em uma fazenda. Na época da escola eu já pensava em me alistar para o exército, imaginando que seria melhor ficar em um campo de batalha do que na mesma sala com minha família – Mark continuava olhando pra rua – Meu pai estava sempre bêbado e batendo em mim e na minha mãe, meu irmão mais velho sempre conseguia fugir. Minha mãe era a única que gostava de mim naquela casa, sempre me apoiava e me dava conselhos... mas um dia ela morreu espancada pelo meu pai, e eu quase matei ele naquele dia... meu irmão me impediu. Aquele desgraçado... – Riu nasalmente, parou de falar por alguns segundos e então retornou a falar: – E o pior é que meu pai não foi preso, ele foi absolvido pela justiça. Eu tinha dezessete quando isso aconteceu.

– E o que aconteceu com seu pai e irmão? – Perguntou Dave.

– Não sei. No dia que minha mãe morreu eu fui morar com um tio, irmão da minha mãe, e depois disso eu nunca mais tive notícias deles. Morei um ano com ele, trabalhava em uma biblioteca para ajudar a pagar contas e comprar coisas para a casa. E quando completei dezoito anos eu me alistei, minha mãe ficaria orgulhosa, ela sempre falava pra eu não seguir o exemplo do meu pai.

Ao terminar de contar um pouco sobre o seu passado, Mark pôde ver no vidro da janela o seu reflexo com lágrimas escorrendo pelo rosto. Ele secou as lágrimas e ficou quieto por um tempo, Dave não viu que Mark chorava porque o ex-soldado estava de costas para ele.

[...]

Harry dirigia o furgão diretamente pra cidade, ao chegar na mesma viu a picape de Dave estacionada e parou o furgão ao lado dela. Ele e todos que estavam no furgão desceram do veículo, e antes de começarem a caminhar para dentro da cidade, Nadin disse:

– Harry, olhe... "Essa cidade pertence aos Retalhadores, fiquem longe daqui" – Repetiu o que estava escrito na placa.

– Retalhadores?

– Deve ser o nome de algum grupo de sobreviventes – Disse Ariel.

– Será que Mark, Dave e Seward não viram essa placa? – Perguntou Nadin, ainda olhando pra placa.

– Não sei... talvez eles tenham visto mas mesmo assim entraram na cidade pra cuidar da Anne – Disse Harry, olhando para o prédio branco com uma cruz vermelha no topo – É um hospital. Se ele realmente viram a placa e mesmo assim entraram na cidade, foi uma escolha perigosa, e um ato de coragem.

– Mas se eles não entrassem na cidade, Anne não teria chances de sobreviver – Voltou a dizer Ariel.

– É verdade. Vamos entrar, fiquem todos atentos – Disse Harry.

– Harry, espere – Disse Nadin, segurando o braço dele – Você tem que falar com a Sam, acho que você é melhor que o Mark com as palavras.

– Tudo bem, eu falo com ela.

E então Nadin soltou o braço dele e foi junto com o grupo para dentro da cidade. Harry chamou a Sam e ficou parado, esperando que todos se afastassem enquanto ela se aproximava dele.

– Toma, fique com isso – Harry entregou sua faca para Sam – Tem muitas pessoas ruim aqui fora e você pode precisar disso, mas vou tentar fazer com que não precise – Sam assentiu.

Harry imaginava que Sam iria recusar e reclamar de alguma coisa, e já estava preparando algum argumento para convencê-la, mas não foi necessário. Ele caminhou junto com ela para dentro da cidade, seguindo o grupo que estava à frente.

– Então, de onde você é? Digo, aonde nasceu? – Perguntou Harry.

– Califórnia.

– Não gosta de falar do passado? – Harry olhava pra garota – Se quiser eu falo sobre mim primeiro.

– Não, tudo bem. Nasci e vivi boa parte da minha vida na Califórnia. Meu pai era dono de grandes empresas na região e minha mãe uma advogada famosa – Sam ia continuar falando, mas respirou fundo e ficou quieta novamente.

– Eu nasci em Belmond, Iowa. Sou filho único, meu pai era professor de ciências e química, e minha mãe era empregada doméstica, ambos morreram em um acidente de carro quando eu tinha treze anos – Harry viu que Sam o olhava e parecida estar interessada na história dele, e então continuou: – Depois disso, fui morar com meus avós paterno. Quando me formei na escola, fui imediatamente fazer uma faculdade pra ser professor, mas escolhi ser professor de filosofia... eu não gostava muito de ciências e química para seguir o caminho do meu pai. Ele nunca soube disso – Riu baixo e de forma curta.

– Pelo menos você se tornou um professor igual ao seu pai, aposto que ele ficaria orgulhoso – Disse Sam, e o rapaz assentiu – Meus pais não tinham tempo pra ficar comigo e eu sempre me sentia sozinha, na verdade eu me sinto sozinha até hoje.

– Por isso você não se envolve com o pessoal? – Perguntou Harry, e a garota balançou a cabeça positivamente – Agora eu entendo...

O grupo chegaram no hospital e entraram, andaram pelo local e não acharam ninguém. Mark e Dave estavam na casa, Seward foi sequestrado e o corpo de Anne não estava deitado na maca.

[...]

– Cara, eu vou me deitar um pouco... se eles não aparecerem, me acorda daqui algumas horas que eu fico de vigia – Disse Dave, indo para um quarto.

Dave abriu a porta do quarto e foi surpreendido por um movimento rápido, ele não conseguiu ver de onde veio esse movimento e foi cortado no antebraço direito, mas teve reflexo para que o corte não fosse profundo. Ele gritou com a dor e ao ouvir o grito, Mark correu rapidamente em direção do quarto e chutou com força a porta que estava meia aberta, a porta bateu em uma garota que caiu no chão e Mark teve tempo para desarmá-la e segurá-la.

O Texano foi até uma cômoda e pegou um pano limpo para colocar em seu antebraço machucado. Mark continuava segurando a garota e forçando o rosto dela contra o chão, levantou uma mão e quando ia dar um soco nela, a garota falou:

– Por favor, me desculpe! Eu não sabia que essa cidade tinha dono!

– Dono? Como assim? – Perguntou Mark, sua mão estava parada no alto.

– Eu juro que não vi a placa! – A garota chorava desesperadamente.

– Que placa?! – Mark não estava entendendo nada, imaginou que a garota estava inventando isso e tentando enganá-los.

– Você não viu? A placa avisando que essa cidade pertence aos Retalhadores... Espera aí, vocês não são eles? – A garota olhava para os dois, parecia que estava mais calma agora.

– Retalhadores? O que é isso? – Perguntou Dave, cuidando do seu machucado e olhando pra garota.

– Eles se denominam de Retalhadores. É um grupo que agem como bárbaros, eles estupram as mulheres, escravizam as crianças e matam os homens. Essa cidade é deles.

Mark viu no corpo da garota várias marcas e hematomas, o olhar dela mostrava claramente o desespero e sofrimento que passou.

– Dave, vá até a janela e fique de vigia... eu vou conversar com essa garota.

[...]

– Não tem ninguém no hospital – Disse Clark, após todos eles andarem por todos os corredores e olharem todas as salas.

– O que vamos fazer? – Perguntou Wendy pra Harry, e ele respondeu:

– Nadin, você leva a Wendy, Clark e Michael. Eu vou com Ariel, Chelsea e Sam. Temos que nos separar, encontrar os outros e... espera, cadê a Sam? – Harry olhou em volta e não viu a garota no hospital, ele caminhou até a porta dos fundos e viu a garota no meio da rua, sozinha – Vocês esperam aqui, eu vou buscá-la.

Harry foi caminhando em direção da garota, ela foi até uma casa e entrou. Ele ouviu um barulho de motor de uma moto, olhou para trás e fez sinal pra Nadin e o grupo se esconderem dentro do hospital, e então correu para casa que Sam entrou. Mas ao entrar na residência a garota não estava mais lá, Harry viu que Sam estava nos fundos de uma casa que ficava há uns vinte metros de distância da casa que ele estava. Ela estava de costas e ele não podia gritar porque a pessoa que estava na moto poderia ouvir.

O barulho da moto parou, indicando que o motoqueiro estacionou por ali perto. Harry viu que Sam também ouviu o barulho da moto e se escondeu, ela se abaixou e se encostou sobre a parede da casa, quando virou de frente para Harry, ele fez sinal pra que ela entrasse na casa e fizesse silêncio. E ela obedeceu.

Sam entrou na casa e foi para um quarto, mas ao chegar no quarto tinha um homem lá. Alto, musculoso, cabelo médio e bagunçado, seu visual era de um motoqueiro clássico, estava fumando um cigarro e folheando uma revista pornô. Quando o homem viu a garota, apontou a arma pra ela e ordenou que ela entrasse no quarto.

– Está com mais alguém? – A voz do homem era rouca e grave.

Sam começou a tremer, lembrou do que Harry tinha falado pra ela alguns minutos atrás: "Tem muitas pessoas ruim aqui fora", e esse homem na frente dela com certeza era uma dessas pessoa. Também lembrou da faca que Harry tinha dado pra ela, tentou pegá-la com movimentos sutis mas o homem percebeu e falou com a voz alta:

– Nem pense nisso ou atiro em você! Agora me responda, está sozinha ou está com mais alguém? – O homem tragou seu cigarro e soltou a fumaça no rosto de Sam, ela tossiu e não respondeu – Se me falar a verdade eu deixo você ir embora.

– Tem mais gente... só um. Ele está em uma casa perto daqui.

Sam estava com medo e não poderia se defender, acreditou no homem e realmente imaginou que ele iria deixá-la ir embora e por esse motivo entregou Harry, um ato de covardia. Sam também imaginou que Harry poderia se defender caso o homem fosse até a casa sozinho.

Ela estava errada. Ao ouvir o que Sam disse, o homem deu um golpe no rosto da garota, fazendo ela desmaiar. O homem foi até a janela do quarto que estava, viu um de seus amigos ao lado da moto e fez sinal para que ele fosse olhar as casas daquela rua. Ele amarrou a garota na cama com uma corda, e saiu da casa que estava para acompanhar o seu amigo.

[...]

– Qual o seu nome? – Perguntou Mark para a garota.

– Elize Bennet, mas prefiro que me chamem de Lizzie.

Lizzie tem vinte anos, é loira com os cabelos que chega até os ombros, porém sempre está preso em um rabo de cavalo, seus olhos são castanhos e tem apenas um metro e sessenta de altura. Veste uma camiseta regata e short jeans curto. Na sua coxa esquerda tem uma tatuagem de caveira colorida.

– Você foi pega por esses Retalhadores? – Ela apenas assentiu – E onde eles ficam? Em que lugar da cidade?

– No centro... lá tem outra barricada igual na entrada da cidade, tem vários guardas nos telhados – Respondeu Lizzie.

– Eles pegaram um homem negro e alto? E uma garota sem a mão esquerda? – Mark imaginou que Seward e Anne tivessem sido pegos por esse grupo.

– Não... quando eu sai de lá não tinha ninguém assim.

– Faz quanto tempo que você saiu?

– Foi hoje de manhã.

– Chegamos nessa cidade de tarde... eles devem estar lá!


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Notas finais do capítulo

Nesse capítulo conhecemos um pouco melhor esse grupo com o nome de Retalhadores, e tivemos mais história sobre o passado de personagens, dessa vez foram Harry, Mark, e um pouco do Dave e da Sam.

A personagem Lizzie é da leitora Lizzie Gates.

E aí, curtiram o capítulo? Vejo vocês nos comentários!



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