Living in Hell - Fanfic Interativa escrita por Saulo Poliseli


Capítulo 42
Capítulo 42 - Os Últimos de Nós


Notas iniciais do capítulo

Como esse é o último capítulo da fanfic, eu resolvi deixá-lo grande, com bastante palavras. Espero que gostem.



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O grupo que havia saído para coletar medicamentos para Aaron finalmente acabara de voltar pro shopping. Devon parou o carro e chamou por todos, que ainda estavam dormindo, e desceu do carro. Ele esperou que todos também descessem do veículo para caminhar em direção ao jardim do shopping, que antigamente era um estacionamento. Além dele, Stefan, James, Lizzie, Ariel, Lucy e Tom caminhavam em direção ao jardim.

O céu acima dos sobreviventes estava cinza e repleto de nuvens carregadas. Era aproximadamente cinco horas da tarde, ventava fraco e a temperatura ambiente naquele momento era de 68ºF. Em algumas nuvens mais longe, ao horizonte, era possível ver alguns relâmpagos.

Rose estava no jardim, cuidando de algumas flores que ela cultiva com tanto amor e carinho. Ao vê-la, Lucy suspirou e tomou a dianteira do grupo, caminhando em direção de Rose. Quando a viu, Rose se levantou e olhou pra garota com o rosto inchado e manchado de lágrimas.

— Aaron não resistiu e morreu – Disse ela, com a voz baixa e fraca – Harry e Mark o enterrou no terreno baldio aqui do lado.

Ao ouvir isso, Lucy sentiu um aperto no coração e um nó na garganta. Rose tinha perdido o seu filho e nem sabia que também perdeu o marido. A ex-estudante abaixou a cabeça e ficou quieta por alguns segundos, não sabia o que dizer para sua líder. O restante do grupo também ficou quieto e parado, apenas olhando para as duas mulheres.

Lucy levantou a cabeça e olhou diretamente nos olhos de Rose, a garota também estava chorando. Ela respirou fundo e tomou coragem para falar:

— Sinto muito, Rose – Lucy passou o dorso de sua mão esquerda sobre seus olhos – Owen também morreu. Fomos atacados, ele foi baleado e não resistiu...

Agora quem sentiu um aperto no coração e um nó na garganta, foi Rose. Além disso, quando ela ouviu o que Lucy disse, ela desabou no chão, chorava alto e soluçava. Ver essa cena fez com que Lucy se sentisse ainda pior, e logo ela começou a soluçar também. Lucy caminhou até Rose, se ajoelhou de frente pra Rose e lhe deu o abraço mais forte que ela podia dar. A garota sussurrava algumas palavras no ouvido de Rose, que parecia estar em outro mundo.

O restante do grupo abaixou a cabeça e se retirou do local. E enquanto isso acontecia, os dois homens que haviam seguido eles estavam observando toda essa cena dentro do carro. O carro estava parado em um local que só era possível vê-los se alguém do grupo olhasse para o local fixamente por alguns segundos e com muita atenção, porém, os homens conseguiam ver tudo nitidamente.

— Muito bem, agora vamos pra casa e voltar aqui de madrugada para atacá-los, enquanto eles estiverem dormindo – Disse o homem ao volante, e o passageiro assentiu.

[...]

Harry, Wendy, Emily e Harry Jr. estavam no quarto conversando entre si. Eles estavam falando sobre o futuro de Junior, como ele iria crescer e o que ele iria se tornar quando tivesse maior. Emily falava que o Junior seria professor igual ao pai, enquanto Wendy falava que ele seria um médico, ou melhor, uma pessoa com experiência de medicina apenas lendo livros. Harry gostava mais da ideia de Wendy, mas disse para Emily que ficaria muito orgulhoso e feliz caso Harry Jr. trilhasse o mesmo caminho que ele.

— Você era professor do que, papai? – Perguntou Emily, com seus olhinhos azuis fixos nos olhos castanhos amarelados de Harry.

— Filosofia. É uma matéria que os alunos só passam a estudar no ensino médio, por isso você não conhece – Respondeu Harry, e Emily balançou a cabeça positivamente.

— Eu não era boa em filosofia... sempre achei uma matéria complicada – Disse Wendy, sorrindo enquanto aninhava Harry Jr.

— Eu também achava isso, amor – Disse Harry – Na verdade, eu achava uma matéria chata por ser difícil, sabe? Mas depois eu passei a gostar da matéria.

— Você pode ensinar algumas coisas pra mamãe, papai!

— É uma ótima ideia, querida! – Harry sorriu – Eu posso te ensinar também, as coisas mais fáceis da matéria. Aposto que você vai aprender, você é uma menina esperta, Emily! – Harry colocou sua mão direita sobre a cabeça de Emily e bagunçou os cabelos dela, enquanto Emily balançava a cabeça negativamente com ambas as mãos em seu rosto se escondendo de vergonha.

— Aposto que nossa filha aprenderá mais rápido do que eu! – Disse Wendy, rindo baixo.

Harry também ria. Ele inclinou seu corpo para dar um selinho rápido na sua mulher, e Emily olhava essa cena pois ela tinha aberto espaço entre os dedos. Logo em seguida Emily tirou suas mãos do rosto, cruzou os braços e perguntou:

— Porque vocês fazem isso? – Emily se referia ao selinho.

— Isso se chama beijo, querida – Respondeu Wendy, olhando para sua filha – Quando duas pessoas se amam bastante, elas fazem isso, entendeu?

— Entendi! Então eu quero isso também!

Harry sorriu e riu nasalmente, olhou para Wendy com um olhar "selinho não é nada demais" e ela assentiu pro seu namorado, então ele inclinou seu corpo em direção de Emily e também deu um selinho nela. No ponto de vista de Harry, dar um selinho na Emily era um forma de carinho com sua filha, pois vários pais e mães fazem isso com seus filhos e filhas; e Wendy pensa da mesma forma.

— E aí, gostou, filha?! – Perguntou Harry.

— Seus lábios estão salgados, papai! Argh! – Exclamou Emily. Wendy e Harry caíram na gargalhada.

E o som da gargalhada do casal fez com que Harry Jr. começasse a chorar. Harry olhou para seu filho, o pegou do colo de Wendy e começou a aninhar o bebê, fazendo "shh, shh, shh" com os lábios. Harry balançava seu filho no colo levemente de um lado para o outro, em seguida colocou o bebê que herdou seu nome na vertical, o segurando como se o estivesse abraçando, e o balançou pra cima e pra baixo lentamente. Harry e Harry Jr. se olhavam fixamente.

Enquanto Harry cuidava e aninhava seu filho, Emily engatinhou em direção de Wendy e deitou a cabeça no colo da sua mãe. Wendy tirou os laços capilares dos cabelos de Emily para poder ajeitar o que Harry bagunçou anteriormente.

[...]

Mark, Ariel e Stefan estavam no jardim, não tinha nenhuma outra pessoa perto deles, as duas pessoas mais próximos deles eram Lucy e James, ambos estavam tocando violão e cantando próximos à porta de saída e também de entrada do shopping.

— Então, o que quer falar? – Perguntou Stefan, de forma curta e grossa. Ele estava de braços cruzados e não olhava pro Mark.

— Quero pedir desculpas para os dois – Respondeu o ex-militar.

Ao ouvir isso, Stefan mudou totalmente a postura. Ele descruzou os braços e olhou para Mark com um olhar assustado e incrédulo. A expressão de Stefan era igual ao um personagem de desenho animado com um ponto de interrogação em cima da cabeça. E Ariel apenas sorriu de canto, parecia que ela já esperava esse momento com Mark.

— Como é? – Voltou a perguntar Stefan – O que disse?

— Quero pedir desculpa para vocês dois – Repetiu Mark – O que aconteceu no inverno... O que aconteceu com Ariel, para ser mais preciso – Ele respirou fundo, e olhava nos olhos de Ariel e Stefan – Aquilo que aconteceu com Ariel fodeu com minha mente, cara. E o que é estranho, para não dizer engraçado, é que a Ariel não teve o psicológico abalado...

— Está enganado – Interrompeu Ariel – Acha que eu não fiquei mal depois daquilo? Eu não demonstrei isso em nenhum momento, mas eu passei uns dias mal pra caralho – Ariel suspirou após ter lembrado do acontecimento.

— Entendi. Então devo pedir ainda mais desculpas, pedir perdão, e até misericórdia – Voltou a falar Mark, olhando para sua namorada – Sério mesmo. Em nenhum momento sequer eu falei com você para ajudá-la, pelo contrário, eu briguei e fui grosso com você. Como eu disse, minha mente estava fodida e eu não tava agindo racionalmente... eu agia com muito ódio e sempre estava com raiva – Mark fez uma breve pausa, desviou seu olhar para Stefan e continuou: – E quanto ao Stefan... eu te culpei pelo que aconteceu com Ariel porque você estava escondido e não fez nada... não fez nada porque você não tinha opção naquele momento. Agora eu entendo que se você tentasse fazer algo, todos nós morreríamos porque os filhos da puta que nos atacaram estavam em vantagem e nós estávamos submissos à situação. Enfim, me desculpe.

Ao terminar de falar, Ariel se jogou nos braços de Mark e abraçou com força. Mark abaixou a cabeça e retribuiu o abraço com o maior carinho possível. Em seguida, Ariel ficou na ponta dos pés e beijou Mark com vontade e desejo, ignorando completamente o Stefan ali presente. Por sua vez, Stefan desviou o olhar para não olhar os dois se beijando, ficou em silêncio esperando que o casal se desgrudassem.

Ficou nítido que Ariel perdoou o seu namorado. Mark parou o beijo com selinhos e afastou um pouco seu rosto do rosto de Ariel, e logo em seguida desfez o abraço também. O ex-militar estava sorrindo enquanto Ariel se afastava dele, e então, o sorriso foi embora do rosto de Mark quando ele olhou sério para Stefan, esperando a resposta do mesmo.

— É... admito que nem todo homem tem essa personalidade e coragem que você teve em assumir seu erro e pedir desculpas. Eu te perdôo, cara! – Disse Stefan. E ao ouvir isso, Mark se aproximou dele e colocou sua mão direita sobre o ombro esquerdo do ex-empreendedor – Mas você tem que admitir que eu te dei uma surra, e se não fosse a Ariel, eu teria ganhado aquela luta! – Riu.

— Vamos esquecer isso, ok? Deixemos isso no passado – Mark também ria. Stefan deu dois tapinhas no ombro esquerdo de Mark e assentiu.

[...]

Dave e Nadin estavam caminhando pelos corredores do shopping enquanto conversavam. Além de Harry, Wendy e Emily, a paquistanesa conversava apenas com Dave. Ela mudou muito depois da morte de Benjamin, antes ela sempre participava dos diálogos e decisões importantes do grupo, também sempre expressava sua opinião e seu ponto de vista. Agora Nadin demonstra ser uma mulher solitária e quieta.

Isso também aconteceu quando a muçulmana perdeu sua família durante o apocalipse, ela ficou solitária e quieta até ser acolhida por Mark. Após ser acolhida pelo ex-militar e seu grupo, ela foi voltando ao normal com o tempo.

Na opinião da ex-advogada, Dave é o rapaz mais simpático e carismático daquele grupo, e por isso ela estava conversando normalmente com ele. Depois da morte de Benjamin, o texano era o único capaz de fazer Nadin rir com sinceridade. Harry, Wendy e principalmente Emily, conseguiam fazê-la sorrir, mas rir não. E Nadin sempre agradecia o Dave por fazê-la rir.

Claro que Dave ficou sabendo da morte do seu irmão mais novo, Liam. Porém, como Dave não se recordava dele, não ficou abalado como qualquer pessoa comum ficaria, mas de qualquer forma o texano ficou de luto pelo Liam. Na verdade, Liam tinha uma foto deles na adolescência, que sempre carregava em um de seus bolsos, mas não mostrou para Dave porque ele queria que seu irmão se lembrasse por conta própria, e ele iria ajudar o seu irmão mais velho a se lembrar, contando histórias marcantes que os dois tiveram na infância e adolescência. Mas, infelizmente, o desejo de Liam não pôde ser executado.

Dave e Nadin saíram do shopping e foram para o jardim, onde James e Lucy continuavam tocando violão e cantando. Já havia anoitecido e os dois ainda estavam ali, dessa vez tocando e cantando Stairway to Heaven, da banda Led Zeppelin.

— Bela música... – Sussurrou Dave, olhando para James, que assentiu e sorriu enquanto dedilhava o violão.

— Essa música é fantástica – Disse Nadin.

Os dois ficaram ali em pé próximos da dupla musical, conversando e apreciando as músicas que James e Lucy tocavam e cantavam, até que Lucy parou e disse que iria ver como Rose estava. James assentiu e continuou as músicas sozinho.

[...]

Se passou algumas horas e o relógio mostrava que era duas horas da madrugada. Agora quem estava no jardim era Danyel, que estava fazendo a vigia do grupo com uma lanterna na mão esquerda e uma pistola na mão direita.

O restante do grupo estava dormindo, com exceção de Mark que acabara de acordar na cama ao lado de Ariel. Ele sentou-se sobre a cama e viu que o corpo nu da judia não estava completamente coberto, então ele fez questão de cobri-la. Mark levantou da cama e vestiu o seu corpo que também estava nu, logo o ex-militar saiu do shopping e foi fazer companhia à Dan.

— Boa noite – Disse Mark, se aproximando de Danyel.

— Ah, boa noite.

Após se cumprimentarem, os dois ficaram quietos por alguns minutos, pois eles não se conheciam direito. Mark foi até o pé de morangos para comer, em seguida ele se abaixou para aproveitar e pegar algumas frutas que estavam no chão. Enquanto isso, Danyel andava pelo jardim com a lanterna guiando o seu caminho. Alguns postes do antigo estacionamento e luzes na parede do shopping ainda funcionavam, e por isso o lado de fora do shopping não era escuro como o breu.

— Fiquei sabendo que você era soldado também, antes dessa merda toda acontecer – Disse Dan.

— Sim, eu era. Eu me alistei aos dezoito anos... – Disse Mark, que permanecia abaixado e comendo morangos – Foi uma época difícil, porém, divertida na minha vida.

— Te entendo. Eu ainda me lembro que no meu primeiro treinamento... – Ia dizendo Danyel, mas foi interrompido pela morte. Ele levou um tiro de AWP no meio da testa e caiu morto no chão, antes de terminar de contar sua história para Mark.

— Merda! – Mark sussurrou para si mesmo, olhando o corpo de Danyel.

Mark não foi baleado porque estava escondido atrás de um canteiro de arbustos e flores, e embaixo do pé de morango. Ele sacou sua arma e correu para dentro do shopping rapidamente, usando as sombras em seu favor para não ser visto.

— Que barulho foi esse?! – Perguntou Lucy, ainda vestindo o seu pijama – Foi um tiro?

— Sim! Danyel foi atingido e está morto – Respondeu Mark – Pegue as armas enquanto eu vou acordar o pessoal, se é que é possível alguém ainda estar dormindo depois desse barulho.

Realmente, todos tinham acordado depois do barulho do tiro e estavam preocupados e assustados. Mark foi diretamente até o quarto de Harry, viu que o seu amigo já estava em pé e vestindo uma camiseta, Emily estava abraçada com Wendy, que segurava Harry Jr. no seu colo enquanto o mesmo chorava.

— Estamos sendo atacados! – Informou Mark – Vamos, Harry! Precisamos matar esses desgraçados!

Harry balançou a cabeça positivamente, disse para Wendy e Emily que voltava logo, porém não deu um abraço ou beijo nelas, e saiu do quarto correndo. Os corredores do shopping estava uma correria e desespero total. O ex-professor viu Nadin e Dave juntos, foi até eles com Mark ao seu lado, e disse para eles:

— Nadin, vá até Wendy e leve ela, Emily e Junior para uma loja do shopping que seja segura! Dê uma arma para Wendy e fique com a sua também, quero que vocês estejam protegidas o máximo possível!

Harry sabia que Nadin não era boa em combate, e ela já havia demonstrado que sofria com o coice das armas grandes. Além de que Nadin não estava bem psicologicamente para enfrentar inimigos, e foi por isso que Harry pediu esse favor para a paquistanesa.

— E você Dave... – Voltou a falar Harry – Quero que você suba em um lugar que você possa usar o seu rifle com eficiência! Mas só atire quando tiver seguro que a bala será bem aproveitada.

Dave e Nadin concordaram e se separaram para tomar suas posições. Enquanto isso, Lucy voltava pro corredor, onde todos estavam presentes, e jogou uma mala cheia de armas de fogo. A ex-estudante de medicina viu que Nadin estava levando Wendy, Emily e Harry Jr. para um lugar seguro, e pediu para que a muçulmana também levasse e cuidasse de Rose, que estava sem nenhuma condição para batalhar.

— É isso que temos! – Disse Lucy, olhando pra mala – Algumas pistolas e revólveres, pouquíssimas shotguns e o lança-chamas do James, além das armas brancas.

Para ser mais exato, eles tinham oito pistolas, três revólveres, apenas três shotguns, um lança-chamas e onze armas brancas, além do rifle do Dave. E eles se armaram da seguinte forma: Harry com um revólver, shotgun e faca; Mark com um revólver, shotgun e facão; Dave com uma pistola, seu rifle e faca; Stefan com uma pistola, shotgun e facão; James com um revólver, lança-chamas e duas facas; Devon e Tom com uma pistola e faca cada; Ariel com uma pistola e facão; Lizzie com duas pistolas e facão; Lucy com uma pistola e uma faca.

— Tentem não desperdiçar munições, pois não temos muitas – Disse Harry, ajeitando a bandoleira da sua shotgun que estava pendurada em suas costas – Aqueles filhos da puta devem estar melhor armados do que a gente! Teremos que ser mais espertos que eles para vencê-los.

— Tem razão, nós temos... – Ia dizendo Mark, mas ele mesmo se interrompeu e fez um sinal para seus amigos fazerem silêncio – Ouviram isso?

Era som de grunhidos e gemidos vindo do lado de fora do shopping. Logo um mordedor entrou no shopping pela porta, e Mark foi até ele para eliminá-lo com seu facão.

— Merda! Os filhos da puta trouxeram essas malditas criaturas com eles! – Vociferou Mark, irritado.

E ele tinha razão. O grupo que estava atacando Mark e cia tinha trazido os mordedores em um caminhão toco, e havia dezenas de infectados caminhando pelo jardim, além de alguns que estavam devorando o corpo de Danyel.

— Eles devem estar próximos! Vamos nos preparar – Disse Stefan, se referindo as pessoas que estavam atacando eles.

— Não. Eles devem estar usando os infectados como peões, e talvez depois venham alguns humanos sem experiência em combate para nos atacar – Disse Lizzie, com as duas pistolas em suas mãos – É provável que os melhores em combates serão os últimos a atacar – Completou o seu raciocínio vindo, claramente, do xadrez.

— Tem razão – Disse Mark, olhando pra Lizzie – Mas de qualquer forma teremos que ir pra fora do shopping para enfrentar esses caras, ou iremos ficar presos aqui dentro do shopping – Lizzie retribuía o olhar e assentiu.

— Vamos nessa! – Disse James, enfiando uma de suas facas na cabeça de um mordedor que acabara de passar pela porta.

O ex-lenhador foi o primeiro a sair do shopping. Ele correu até um local que não pudesse ver visto por nenhuma pessoa do grupo adversário, e por sorte nenhum infectado viu o James. Depois dele, Mark também foi pro lado de fora do shopping, mas ele foi visto por um infectado, que foi eliminado por uma coronhada da shotgun do ex-militar. Mark também conseguiu se esconder sem ser visto por nenhum inimigo.

— Rendam-se! Rendam-se antes que nós destrua todo esse lugar – Disse uma voz masculina, dono da AWP.

— Já podemos atacar, Matt? – Perguntou um garoto que estava ao lado do dono da AWP.

— Sim. Podem ir, garotos – Respondeu Matthew. O mesmo Matthew que matou Chelsea e Anne, que abusou sexualmente de Ariel, e que teve um confronto de titãs com Mark. Matt, o líder dos canibais.

E como Lizzie pensou, Matt mandou garotos de onze, doze e treze anos de idade na linha de frente para atacar o grupo de Mark. Os garotos tinham apenas uma pistola e faca, e a maioria deles mal sabia como segurar uma arma de fogo da maneira correta, muito menos mirar e atirar. Matthew falava para os garotos que iria dar brinquedos e doces que ele encontrava nas missões de coletas, mas claro que isso era mentira. Infelizmente os garotos acreditavam nisso e por isso obedeciam os pedidos de Matt. Alguns desses garotos tinha recebido um mínimo treinamento com armas, só que era a minoria.

Alguns garotos já foram pegos e mordidos pelos mortos-vivos que estavam ali no estacionamento, no meio dessa batalha. Outros garotos viram seus amigos sendo mordidos e consequentemente mortos, e então começaram a atirar nos infectados, fazendo o serviço que o grupo de Mark teria que fazer. Eles usavam praticamente um pente de suas armas para conseguir eliminar apenas um morto-vivo.

Todo o grupo de Mark estava escondido em um lugar estratégico, e todos estavam prontos e preparados para atirar, caso fosse necessário. Porém, eles ficaram quietos, apenas observando os garotos eliminando alguns infectados, e sendo mordidos e mortos. Ver garotos daquela idade sendo usados como iscas, ou como Lizzie disse, peões igual no xadrez, era algo realmente triste. Sendo que alguns dos garotos eram inocentes e nem sabiam o que estavam fazendo.

Mark se descolou de onde estava, indo para um dos cantos do estacionamento e se escondendo atrás de um carro abandonado. Agora que o jardim foi completamente destruído pelos infectados e pelos garotos, podemos dizer que esse local em que todos estão voltou a ser um estacionamento.

Todos os garotos, menos um, foram mortos pelos mordedores, ou por alguma bala perdida de outro garoto que estava atirando. O garoto que sobreviveu tinha doze anos e estava sem munição. Ele correu para fugir de um mordedor que o estava perseguindo, e esse mordedor foi executado por um tiro de Matt usando sua AWP, porém o garoto não viu essa cena e continuou correndo, até que encontrou um estranho.

Era Mark. O garoto levantou sua arma e apontou na direção de Mark, puxou o gatilho pois havia esquecido de que estava sem munição, e quando o ex-militar ouviu o "click" da arma sem munição, agiu rápido para imobilizar o garoto.

— Me solta! Me solta, droga! – Disse o garoto, se mexendo enquanto estava deitado e preso sobre o chão.

— Quieto, garoto. Quem são vocês? Estão em quantos? – Perguntou Mark, mas o garoto ficou quieto – Como chama o seu líder?

— Matthew – Respondeu o garoto – Agora me solta!

— Porque está me atacando? Esse Matthew que mandou você me atacar? – Perguntou novamente, e o garoto apenas assentiu – Você é muito novo pra estar fazendo isso.

Mark pensou na duas maiores possibilidades do Matt ter persuadido o garoto a fazer essas coisas, uma delas era que Matt ameaçava o garoto e por isso ele obedecia o líder, o que estava errado; e a outra, era que Matt oferecia recompensas que era do interesse de um garoto com aquela idade, o que estava certo. Então, pensando nessas duas coisas, Mark tentou fazer o garoto se render e parar de obedecer as ordens de Matthew.

— Garoto, você não pode fazer essas coisas que o Matthew pede. É errado. Não fizemos nada contra vocês, e ele quer nos matar – Disse Mark, mantendo o garoto imobilizado sobre o chão – Somos inocente, entende isso?

— Não importa! Eu vou continuar obedecendo o Matthew porque ele disse que vou ganhar brinquedos e doces depois que todos vocês estiverem mortos!

Ao ouvir isso, Mark descobriu que uma de suas teorias estavam certas, e percebeu que o garoto não tinha mais volta, que não tinha jeito de convencer o garoto que Matthew estava errado, que ele estava fazendo coisas ruins, e também percebeu que o cérebro do garoto estava corrompido.

Mark suspirou, sabia o que tinha que fazer. Tinha que matar aquele garoto. Mark não queria fazer isso mas não tinha opção, pois se o soltasse, o garoto iria continuar lutando contra o seu grupo. O ex-militar olhava com dó pro garoto, imaginando as coisas cruéis que Matt o obrigou a fazer, além da infância e inocência que o garoto perdeu.

Mark colocou seu revólver na nuca do garoto, e o mesmo percebeu o que o ex-militar está pensando e fazendo, e logo começa a suplicar por sua vida desesperadamente. O garoto começa a chorar e a se debater no chão, porém, Mark o ignora. O ex-militar coloca seu dedo sobre o gatilho, desvia o olhar e desliza o dedo até pressionar o gatilho, e então dispara um tiro na nuca do garoto que estava chorando diante dele.

Muito sangue jorra pela lataria do carro que estava ao lado dos dois, pelo chão e pelas roupas de Mark. O som do disparo ecoa pelo estacionamento e parece ecoar dentro da cabeça de Mark, tal som se mistura com as súplicas do garoto que ele acabara de matar, som esse crescente, quase ensurdecedor. Ele olha para sua roupa, para sua pele, seus braços, todos manchados pelo sangue do garoto. Mark tenta se limpar, em vão, há manchas que não nos deixam, sejam interna ou externamente.

— Mas que merda, cara! O que você fez?! – Perguntou Stefan, que estava há alguns metros de distância e viu o ex-militar executar o garoto.

— Ele estava contra nós... eu tive que fazer isso... – Respondeu Mark, nitidamente abalado com a situação. Stefan viu que Mark estava abalado e por isso não fez mais perguntas.

— Eu te entendo, Mark. Mas volte ao foco, cara! Ainda tem infectados aqui perto, mas todas as crianças estão mortas – Informou Stefan, e Mark assentiu em forma de agradecimento.

Enquanto isso, do outro lado do estacionamento, Matt levantou um braço e depois o apontou em direção do shopping, e esse era o sinal para o seu grupo atacar. Vários homens corriam rapidamente e muito bem armados, a maioria deles tinha pelo menos uma pistola, enquanto alguns tinha algo a mais, como shotgun, facas e rifles, além de que tinha um homem com uma M4A1 nos braços, e outro homem com uma AK-47. Porém, também tinha homens que só estavam com uma faca ou taco de baseball nas mãos.

Dave estava com seu corpo deitado em cima de uma "casinha" de tubulações que tinha junto à parede do shopping, e esse lugar era perfeito para Dave atirar com seu rifle, pois o texano estava escondido pelas sombras e nenhum inimigo conseguia vê-lo ali. Então Dave pôde eliminar dezenas de inimigos sem nenhuma dificuldade.

Lizzie, Ariel, Lucy e Tom estavam juntos atrás do carro que Devon tinha consertado, e logo alguns inimigos os avistaram ali e atiraram contra eles. As garotas conseguiram se jogar no chão e desviar dos disparos, mas o Tom não conseguiu fazer isso e foi atingido um pouco a cima do peito, quase no ombro. Tom arfou de dor, e quando seria aniquilado pelos canibais, as garotas se levantaram e fizeram vários disparos contra eles, os eliminando.

— Ah, droga... Você está bem, Tom? – Perguntou Lucy, se aproximando do rapaz.

— Sim, obrigado. Ainda consigo combater esses desgraçados! – Respondeu Tom.

— Certo – Lucy assentiu, e voltou a sua concentração para o campo de batalha.

O som dos disparos era constante naquele momento, e esse som poderia ser ouvido há milhas de distância, que com certeza iria alcançar vários infectados e atraí-los para o local. Gritos de dor, de desespero, de sofrimento, de angústia, de agonia, e o som da morte também estava presente ali.

Harry, James e Devon estavam juntos, um de costas para o outro e atirando nos canibais que avistavam. Eles fizeram uma formação para que cada um cuidasse das costas e do ponto cego do outro, e isso estava surgindo efeito, pois eles estavam eliminando vários inimigos. Harry usava a sua shotgun, James usava o seu lança-chamas para queimar os inimigos, e Devon usava a sua pistola.

— Muito bem, rapazes! – Disse Devon – Agora vamos... – Ia completando a sua frase quando foi interrompido com uma pancada na nuca.

Devon tinha se separado dos seus amigos sem que percebesse, e essa pequena distância que ele criou foi suficiente para um canibal nocauteá-lo. Mas antes do canibal matá-lo, James percebeu que Devon tinha sido interrompido e viu o rapaz caindo nocauteado no chão, e deu um tiro com seu revólver na cabeça do canibal.

— Merda! Ele está desmaiado! – Disse James, olhando para Harry.

— Leve-o para um lugar seguro, eu vou seguir em frente e procurar alguém para fazermos a mesma formação que nós fizemos! – Disse Harry. James assentiu concordando, jogou o Devon, que possui o corpo magro, sobre seu ombro esquerdo e recuou no campo de batalha com seu revólver na mão direita.

Harry continuou caminhando, agora com o triplo de atenção porque James e Devon não estavam com ele para protegê-lo. Logo o ex-professor encontrou Mark, só que Stefan não estava mais perto dele, pois o ex-empreendedor foi atrás de um homem que estava armado com uma AK-47, e Stefan disse para Mark que iria pegar aquela arma para ele.

— Ei – Chamou Harry – Como está?

— Bem, por enquanto... – Respondeu Mark – E você? E o resto do pessoal?

— Devon está desmaiado, mas não levou um tiro... – Informou Harry.

— Eu vi o Tom ser atingido. Ele deve estar bem porque continua lutando, olha lá – Disse Mark, apontando para o rapaz.

Depois de tantos relâmpagos e trovoadas, a chuva começou a cair de forma amena sobre os infectados que andavam e gemiam pelo estacionamento, e sobre os sobreviventes que estavam batalhando. Harry e Mark ficaram de costas um para o outro e continuaram a eliminar os inimigos, que diminuía a cada minuto que se passava. Tudo estava ocorrendo bem até o momento. Até o momento.

Tom acabara de levar outro tiro, dessa vez foi um tiro de Matt com sua AWP, e a bala atingiu o canto da barriga de Tom, um pouco acima da cintura, próximo do rim. O rapaz caiu no chão e não conseguiu se levantar, então as garotas que estavam com ele, o arrastou para trás de um carro para não ser atingido novamente. E enquanto elas faziam isso, por poucos centímetros que um tiro de AWP não atingiu a Ariel.

Dave estava com Matt na sua mira, mas no instante que o texano puxou o gatilho, ele percebeu que seu rifle estava sem munição. Então ele teve que descer do local que estava, e após fazer isso, Dave sacou sua pistola e levantou a mesma. Antes dele dar seu primeiro passo em direção à batalha, um morto-vivo saiu de dentro da "casinha" e mordeu o braço esquerdo de Dave.

— Filho da puta! – Gritou o texano – Filho da puta! Desgraçado! Maldito! – Dave gritava enquanto descarregava o seu pente na cabeça do morto-vivo – Não! Não... não, não, não!

As gotas da chuva se mesclavam com as lágrimas que escorriam pelo rosto de Dave. Ele arregaçou a manga de sua camiseta e viu a mordida em seu braço esquerdo, quase na altura do ombro, onde tinha uma tatuagem do formato geográfico de Texas e escrito "The Lone Star State" logo abaixo.

— Que merda, cara... – Sussurrou James, que voltava pro lado de fora do shopping após recolher Devon em um local seguro dentro do mesmo – Sinto muito.

Dave ficou em silêncio e balançou a cabeça positivamente. Ele recarregou sua pistola e caminhou em direção à batalha, seguido por James logo atrás dele.

Enquanto isso, Stefan realmente conseguiu o que tinha dito para Mark, o ex-empreendedor havia matado o homem que tinha uma AK-47 e pegou a arma para ele, mas para conseguir isso, Stefan teve que desfazer do restante das munições que tinha na sua shotgun e abandoná-la. E com uma AK-47 em mãos, Stefan passou a fazer uma chacina com dezenas de vítimas.

E o homem que tinha uma M4A1 nas mãos estava escondido nas sombras. Este homem estava esperando ver alguém para atirar, e a pessoa que apareceu na mira foi Harry. O homem disparou vários tiros em Harry, que não pôde fazer absolutamente nada. Tardiamente, Mark, que acompanhava Harry, surgiu na frente do canibal e deu quatro tiros na face do rapaz que acabara de atirar em Harry. O ex-professor caiu no chão, o seu peito e barriga estavam completamente vermelhos de sangue, e este sangue escorria pelo chão, se misturando com a água da chuva.

Mark se ajoelhou na frente do seu amigo, largou a shotgun no chão e segurou as duas mãos de Harry, que estava à beira da morte, com nenhuma força para resistir. Harry apertou as mãos do seu amigo, olhou diretamente nos olhos de Mark, e sussurrou:

— Wendy... Emily... Harry Jr.... cuide deles, por favor...

— Não, cara. Você vai se livrar dessa e cuidar deles você mesmo – Mentiu Mark. Ele sabia que era impossível Harry conseguir sobreviver depois de ter recebido tantos tiros de uma arma de grande porte.

— Eu vi você chorando naquele dia que segurou o Junior... – Harry falava com a voz baixa e fraca, parecia estar se esforçando para falar – Você deve ter uma história envolvendo um bebê e por isso chorou...

— Sim, realmente tenho – Disse Mark. Ele não conseguiu conter as lágrimas e chorava – Eu tive um filho antes de me alistar para o exército e perdi ele... Por isso eu não quis segurar o Harry Jr. no colo naquele dia, mas depois eu acabei me rendendo...

— Então eu peço para que você cuide dele, já que não pôde cuidar do seu... – Disse Harry, da mesma forma que antes – Obrigado por tudo, Mark.

Harry fechou seus olhos e parou de apertar as mãos do seu amigo, chegando ao seu limite e se entregando para a morte. E com isso, Harry não iria poder ensinar filosofia para Wendy e Emily, e nem ver o seu filho, Harry Jr., crescer, se tornar uma criança, adolescente e etc, infelizmente. Mark ainda segurava as mãos de Harry, assentiu quando ouviu as últimas palavras do seu amigo e passou a chorar ainda mais.

Mark se lembrou do seu passado ao contar para Harry sobre o filho que perdeu. Mark nunca havia contado essa história para ninguém em toda a sua vida. O ex-militar teve um filho com a sua namorada na época, antes mesmo de Mark se alistar para o exército, o bebê se chamava Jason, e ele nasceu após a morte da mãe de Mark, quando o mesmo morava com um tio. Então, o irmão dele, Derek, e o pai não sabiam disso, apenas o tio dele sabia, obviamente. O bebê nasceu com uma doença grave no coração, e Mark, junto com seu tio e namorada, não conseguiam pagar a cirurgia da criança. Mark teve a oportunidade de ser promovido onde trabalhava na época, mas perdeu a oportunidade porque saiu para beber em uma noite, no dia seguinte se atrasou para chegar no local de trabalho e acabou perdendo uma reunião importante, e consequentemente perdeu uma oportunidade de ser promovido. Perdendo a oportunidade, naturalmente não passou a ganhar mais dinheiro e esse foi o motivo dele ter perdido o pequeno Jason, que só tinha um mês de vida. Claro que Nadin não sabia disso quando disse para Harry, ainda na madeireira, que o ex-militar mudava a sua personalidade e se culpava quando acontecia algo ruim com alguém do grupo, mas é por causa dessa história que o Mark fica diferente e estranho quando acontece algo com alguém que ele ama e não consegue proteger esse alguém. Esse é o real motivo. Ter perdido o seu filho com uma idade tão precoce, fodeu com a mente de Mark.

— Olha só quem temos aqui... o namorado da garota que me fez um boquete! – Era Matt que se aproximava de Mark, apontando sua AWP para o mesmo – Ah... que pena você ter perdido o seu amigo. Está chorando? Que viadagem – Matt dizia de forma sarcástica, como de costume.

Mark soltou as mãos de Harry e se levantou, ao ouvir e ver o líder dos canibais ali na sua frente, instantaneamente as lágrimas pararam de correr pela face do ex-militar, e uma expressão de ódio tomou o lugar da expressão de tristeza. Mark franziu suas sobrancelhas, semicerrou os olhos e fechou os seus punhos. Matthew riu ironicamente ao ver essa mudança de expressão em Mark, ele caminhou para perto do ex-militar e parou há apenas um metro de distância.

— Cadê sua namorada? Senti saudade dela – Disse Matt.

Mark viu que a distância que separava os dois era curta e fez um movimento arriscado. Ele usou a sua explosão muscular para correr, ou melhor, dar apenas dois passos, na direção de Matt e jogar o peso do seu corpo, usando o ombro direito, em cima do canibal. Mark chutou a AWP de Matt para longe e em seguida os chutes eram direcionados no próprio Matthew, que tentava se levantar para se defender.

— Não consegue se levantar? Que viadagem – Disse Mark, provocando o líder dos canibais – Vou esmagar você!

Mark ia se ajoelhar sobre o corpo de Matt para dar vários socos no rosto do mesmo, porém, antes dele fazer isso, Matt segurou o tornozelo do ex-militar e o puxou, e como Mark não esperava por isso, acabou perdendo o equilíbrio e caiu no chão. Logo o canibal estava em cima do ex-militar, fazendo exatamente o que o mesmo havia pensando em fazer.

Matt distribuía golpes fortes no rosto de Mark, que usava os seus braços para bloquear as ações de Matt e se defender. Mark recebeu socos no nariz, que quebrou com certa facilidade, no supercílio, que cortou também com facilidade, e por causa disso o ex-militar estava sangrando bastante.

Mark conseguia bloquear os que seriam os golpes mais perigosos de Matt, e quando estabeleceu a sua defesa, o ex-militar contra-atacou com uma cabeçada na testa do canibal, que ficou atordoado por alguns segundos, e esse tempo foi o suficiente para Mark conseguir se afastar e voltar a ficar de pé. Ele olhou à sua volta e viu que não tinha nenhuma arma por perto, e então resolveu que iria matar o seu oponente usando as suas mãos.

Matt também se levantou e montou sua guarda de luta, esperando Mark vir atacá-lo. Os dois ficaram se encarando por alguns segundos, e quem tomou a iniciativa da luta foi o ex-militar, que se aproximou lentamente do canibal e começou a dar golpes no mesmo. Matt conseguia se esquivar de alguns golpes, mas a maioria ele recebia a pancada, e poucas vezes contra-atacava.

Mark tinha o controle da luta, até que Matt jogou sujo sacando uma faca da bainha que tinha escondida em seu cóccix, e o canibal conseguiu cortar o peito e antebraço direito do ex-militar. Porém, Mark conseguiu dar um golpe forte no pulso de Matt, que com o impacto e contração muscular, soltou a faca. Mark podia pegá-la do chão, mas não fez isso, ele realmente queria matar Matt com seus próprios punhos.

Mark correu em direção de Matt e pulou em cima do mesmo, segurando a cintura do canibal para derrubá-lo no chão e ficar em cima dele, porém, o que Mark não esperava, era que os dois iriam cair em um barranco que tinha ali. Mark não viu o tal barranco por causa da chuva que caía do céu e do sangue que saía do seu supercílio e passava na frente de seus olhos.

Ambos rolaram barranco abaixo e quando finalmente chegaram em solo plano, porém lamacento, ficaram deitados por cerca de um minuto. Ambos estavam exaustos e esgotados, mas ainda assim eles levantaram para continuar lutando, e agora, definitivamente, o vencedor conquistaria a vitória usando os punhos, pois não tinha nenhuma arma de fogo ali embaixo, e nenhum objeto que podia ser usado com arma branca, como um pedaço de madeira, por exemplo.

Os dois estavam ofegantes, só que com certeza Matt estava mais que o Mark, e o ex-militar percebeu isso, e iria usar isso como vantagem. Mark passou o seu antebraço esquerdo, que não estava machucado, em seus supercílios para limpar o sangue que saía dali, e em seguida ele caminhou com a guarda levantada na direção de Matt, que tinha uma expressão de medo em seu rosto. Isso demonstrava a sua falta de confiança em si mesmo, pois ele sabia que Mark era melhor no combate corpo-a-corpo.

Os dois continuaram trocando socos, chutes, joelhadas, cotoveladas, e todos os tipos de golpes imagináveis, até que acabou o gás de Matt e ele cedeu. Mark viu que o canibal não tinha mais resistência para lutar, caminhou até ele, que se mantinha de pé mesmo completamente sem energia. Mark colocou as palmas de suas mãos sobre as orelhas de Matt, segurou o cabelo do mesmo com seus dedos e puxou a cabeça de Matt para baixo, na direção de seu joelho, que foi de encontro ao rosto do canibal. Mark deu esse golpe seis vezes, até que Matt desmaiou.

Em seguida, Mark soltou o cabelo do seu oponente, deixou que ele caísse inconsciente na lama, e para finalizar, pisou com toda a sua força restante no rosto do Matt, esmagando como havia dito que faria. Depois disso, após ter usado toda a sua energia que lhe restava, Mark também desmaiou e caiu sobre a lama.

Enquanto os dois batalhavam, todos os infectados e canibais que estavam no estacionamento havia falecido. Mas antes disso, Ariel sofreu um corte profundo na sua coxa esquerda, e isso foi obra de um canibal que enfiou uma faca no local, e Lucy perdeu a sua mão direita por causa de uma mordida de um infectado, ela mesma teve que cortar sua própria mão para não ser infectada. Lucy usou os medicamentos que tinha coletado para usar em Aaron pra estancar o sangramento do seu pulso direito.

Após o término da batalha, os sobreviventes foram para dentro do shopping atrás de Wendy, Emily, Harry Jr., Nadin e Rose, que não tinham lutado. Todos os cinco estavam bem. Depois disso, o grupo foi até Devon, que havia desmaiado durante a batalha, e viram que ele estava acordado e bem. Tom, que havia sido baleado duas vezes, estava fraco, porém, estava vivo. E Dave, que foi mordido, ainda não tinha se transformado e estava junto com o grupo.

— Temos que sair desse lugar – Disse Lizzie – Com certeza vários infectados ouviram o tiroteio e logo estarão aqui.

— Onde está Mark e Harry? – Perguntou Stefan, olhando em volta.

— Vamos procurá-los, mas teremos que ser rápidos para sairmos daqui o quanto antes – Disse James, saindo de dentro do shopping e caminhando pelo estacionamento – Ah, droga...

— HARRY! – Berrou Wendy, ao ver o corpo do seu namorado – NÃO! POR FAVOR, NÃO FAÇA ISSO COMIGO! – Ela berrava enquanto chorava, com o Harry Jr. também chorando em seu colo.

Todos os sobreviventes que estavam ali presenciando essa cena, abaixaram a cabeça, e alguns choravam junto com Wendy. Eles ficaram em silêncio, apenas ouvindo o desespero de Wendy.

— Wendy, eu sinto muito... – Disse James, se abaixando ao lado da garota – Temos que matar o cérebro dele, se não... você sabe.

— Não! O Harry não vai se transformar! – Disse Wendy, querendo que isso fosse verdade – Ele não pode se transformar!

James continuou conversando com Wendy, com o coração apartado no peito e com vontade chorar, mas ele se manteve forte para fazer com que Wendy também fosse forte naquele momento. Ele levou cerca de cinco minutos para convencê-la, e ele conseguiu isso dizendo:

— Temos duas opções para fazer – Disse James, olhando para Wendy e para o corpo de Harry – A primeira é não matar o cérebro dele e deixá-lo aqui, e a segunda é matar o cérebro dele e dar à ele um enterro digno.

— Tá bom... Mas eu faço – Disse Wendy, entregando Harry Jr. no colo de James e pegando uma faca para matar Harry, definitivamente.

Wendy tremia e chorava descontroladamente enquanto aproximava a sua faca em direção da nuca de Harry. Ela colocou sua mão esquerda sobre a testa e olhos de Harry enquanto enfiava a faca na nuca do seu namorando usando a mão direita. Quando ela tirou a faca da nuca dele, ela sentou-se sobre o chão largando a faca da sua mão, e agora ela soluçava enquanto chorava.

— Não achamos o Mark... – Informou Stefan – Procuramos ele por toda parte e não o achamos – Completou, olhando para Ariel, que estava de cabeça-baixa e segurando o choro.

O motivo deles não terem visto Mark no barranco, era que o corpo dele estava coberto de lama e isso o camuflava. Além de que ainda não tinha amanhecido, apesar de faltar apenas uma hora para isso, e isso dificultava ainda mais a possibilidade de alguém encontrá-lo.

James entregou Harry Jr. no colo de Wendy novamente, e então colocou o corpo de Harry em suas costas para carregá-lo.

O carro que Devon consertou havia recebido muitos tiros e por isso o veículo não tinha mais utilidade para o grupo, o que significava que eles teriam que seguir viagem a pé. E assim foi feito. O grupo deixou o shopping, e também o Mark, para trás.

Enquanto eles caminhavam pelas ruas da cidade, Ariel disse sobre a gravação que ouviu no rádio do carro. E o grupo decidiu que ir para North Hopeville era a melhor opção que eles tinham, pois eles estavam sem comida, sem água, sem abrigo e com pessoas gravemente feridas.

Após o grupo andarem por cerca de vinte milhas, James avistou um cemitério e foi até o local para fazer o enterro de Harry. O dia amanheceu, porém a chuva continuava caindo do céu cinza, só que nesse momento era uma chuva fina e fraca. No cemitério, James encontrou uma pá e começou a cavar um túmulo para Harry, mas ele não fez esse trabalho sozinho, Wendy entregou Harry Jr. no colo de Emily e foi ajudar o James a fazer o túmulo.

Depois de Wendy, Emily era a pessoa que estava mais triste e que mais chorava por causa da morte de Harry. A inocência da garota fazia pensar que o seu pai não podia morrer após ser mordido, ela pensava que Harry era, de alguma forma, imune à infecção.

[...]

Enquanto isso, em outro lugar da cidade, um homem caminhava sem direção e sem nenhum objetivo. Suas roupas estavam ensopadas por causa da chuva, além de estarem rasgadas e sujas. O homem estava desarmado e completamente vulnerável, ele também estava todo machucado e sangrando, era claro que ele havia participado de uma luta, e qualquer que fosse a luta em que aquele homem esteve, se saíra vivo, quem lhe machucou daquela forma devia estar morto, por que não poderia estar pior que ele. O homem estava fraco mas ao mesmo tempo estava forte, forte por não ter desistido e por continuar lutando pela sua sobrevivência, agindo diferente de algo que ele havia dito para uma mulher, com nome de flor, anteriormente. Esse homem atende pelo nome de Mark Phillips.

[...]

Se passaram duas semanas desde o enterro de Harry, e agora o grupo estava próximo desse lugar chamado North Hopeville. Muito próximo, na verdade.

North Hopeville era uma outra cidade, que ficava setenta e sete milhas de distância do shopping que o grupo estava morando. Em todo o redor dessa cidade havia um buraco cheio de veículos abandonados, cercas com arame farpado, estacas de madeira, tinha um muro com aproximadamente quatro metros de altura, tudo isso para impedir que os infectados e humanos com más intenções chegasse perto. O lugar tinha três entradas diferentes, e nelas tinha uma espécie de ponte de asfalto que dava acesso ao portão, pois ao redor do restante havia o buraco. E é claro que o lugar tinha guardas fazendo vigia vinte e quatro horas por dia.

— Parem! Quem são vocês? O que querem? – Perguntou uma voz feminina em uma das torres de vigilância.

— Somos apenas sobreviventes – Respondeu Stefan – Ouvimos falar sobre esse lugar, North Hopeville, no rádio de um carro, e então viemos para cá.

— Certo. Venham até o portão, deixem suas armas no chão e se afastem alguns metros – Disse a garota. Ela tem o corpo magro, pele branca, cabelo longo e loiro, e olhos azuis. Seu nome é Isabela.

O grupo obedeceu, colocando as poucas armas que tinham perto do portão e se afastando do mesmo. Então, o portão se abriu e dele saiu dois rapazes para recolher as armas. Um deles tem o corpo um pouco acima do peso, pele branca, olhos castanhos, cabelo com o corte social também castanho e barba por fazer da mesma cor, ele segura o cano da arma com a mão direita e a mão esquerda fica próximo do gatilho, demonstrando que ele é canhoto. Seu nome é Luck. O outro rapaz tem a pele morena, cabelo de tamanho médio e negro, barba apenas no buço e queixo, seu corpo é magro, tem os olhos castanhos escuro. Seu nome é Wellington.

— Vocês não precisarão de armas aqui – Disse Luck – Apenas os soldados e policiais têm porte de arma aqui. Temos médicos, cientistas que estão tentando descobrir a cura, agricultores, cozinheiros, professores para as crianças, bombeiros e até mesmo prefeito.

— Em breve vocês terão um trabalho e ajudarão a nossa cidade ficar ainda mais forte – Disse Wellington, olhando para os sobreviventes – Temos muitas casas vazias. Sejam bem-vindos!

E então, James, Stefan, Dave, Tom, Devon, Nadin, Ariel, Lizzie, Wendy, Harry Jr., Emily, Rose e Lucy entraram pelo portão e puderam ver com os próprios olhos que o trio estava falando a verdade. A cidade tinha de tudo, além de várias casas, tinha hospitais, hortas com variadas plantações, escolas, diversos estabelecimentos, como mercados, bares, docerias e etc. A cidade era imensa e tinha muitos habitantes, e um deles, que o grupo vieram a encontrar depois de anos, era Mark Phillips.


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Notas finais do capítulo

E esse é o fim da fanfic, galera. Eu queria agradecer todos vocês, queridos leitores, por terem acompanhado a fanfic desde o início até o fim, por terem comentado os capítulos, por terem recomendado a fanfic, por terem me elogiado e feito críticas construtivas. Não sei o que dizer para vocês, só tenho a agradecer mesmo. Eu poderia escrever um discurso aqui, mas não vou fazer isso porque sou ruim com esse tipo de coisa, e seria um pouco chato, na minha opinião.

É isso. Espero que esse final marque vocês de alguma forma. Sei que no futuro eu vou ler de novo a minha fanfic e pensar que poderia ter escrito mais coisas, e coisas diferentes pra fanfic, mas atualmente eu estou satisfeito com ela. E espero que vocês também estejam e fiquem satisfeito com ela.

Enfim, vejo vocês nos comentários!



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