Living in Hell - Fanfic Interativa escrita por Saulo Poliseli


Capítulo 39
Capítulo 39 - Esperança IV


Notas iniciais do capítulo

A decisão da Wendy irá aparecer logo nos primeiros parágrafos desse capítulo.



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Harry olhava fixamente nos olhos de Wendy, ele esperava que a reação da sua namorada seria algo negativo, uma discussão verbal, o término do relacionamento, ou até mesmo agressão física. Harry se lembrava muito bem do que havia acontecido com Chelsea quando a mesma o beijou, e por esse motivo ele esperava uma reação negativa.

Porém, para a surpresa de Harry, a Wendy abriu um sorriso e riu nasalmente. O ex-professor arqueou suas sobrancelhas confuso ao ver essa reação da sua namorada. Wendy ajeitou o Junior no seu colo e suspirou antes de falar:

– Não encaro isso com uma traição. Admiro a sua coragem para me contar isso, ainda mais depois do que aconteceu com nós dois e Chelsea – Wendy também olhava fixamente nos olhos de Harry – Querido, você disse que o homem maluco iria matar todos caso você não fizesse aquilo... então eu entendo. Você salvou a minha vida, a vida de Emily e Junior, e todos os outros – Harry respirou fundo ao ouvir isso.

Isso demonstrava um amadurecimento de Wendy, pois na época do vilarejo ela era impulsiva e por isso ela brigou com a Chelsea, e agora, depois de tudo que aconteceu com ela e com seus amigos, ela percebeu que ser impulsiva não era algo bom em um apocalipse.

– Obrigada por me contar isso – Completou Wendy.

Harry apenas assentiu e ficou em silêncio. Ele esticou seus braços em direção do seu filho, Wendy sorriu novamente e passou o Junior de seu colo para o colo de Harry.

[...]

Se passou uma hora desde que Mark e Rose tiveram o diálogo em que a mulher contou a história do seu passado. O ex-militar estava caminhando por um corredor do shopping, Rose o viu e então o chamou para dentro do quarto onde Aaron estava deitado, ainda desmaiado.

– Por favor, sente-se – Disse Rose, fazendo um gesto pra outra cama do quarto – Quero conversar mais um pouco com você.

– Certo. Quer conversar sobre o que? – Perguntou Mark, se sentando em uma cama vazia.

– Sobre seu irmão – Ao ouvir isso, Mark franziu as sobrancelhas e fuzilou Rose com seu olhar – Você me disse que o matou porque se tornou seu inimigo. Mas você não sentiu nada quando o matou?

– Eu tive que matá-lo. Se coloque no meu lugar... você não mataria uma pessoa para proteger seu marido e seu filho? Eu te disse que eu achava que meu irmão estivesse morto porque fazia tempo que não tinha notícia dele, e nós não tínhamos um bom relacionamento... nunca tivemos um bom relacionamento. A única coisa que eu senti, foi surpresa quando eu o reencontrei – Finalmente respondeu a pergunta de Rose – Eu não podia sentir pena de matar uma pessoa que matou alguns amigos meus.

– Eu nunca passei por isso, Mark... – Disse Rose – Por isso estou curiosa e fazendo essas perguntas pra você. Nunca tive que matar ninguém para proteger uma pessoa que amo, e queria entender o que passou na sua cabeça naquele momento, e o que passa hoje em dia.

– Você tem sorte – Disse Mark – Já perdi a conta de quantos tive que matar para sobreviver. A primeira pessoa que eu tive que matar foi logo no começo... foi uma vizinha que eu tinha uma forte amizade – Ele suspirou e continuou: – Meses depois, quando eu montei um grupo e vivia em uma madeireira, eu tive que matar alguns amigos que se transformaram... Nessa época ainda tinha a esperança de que o governo fosse resolver tudo ou que as inúmeras orações teriam resposta.

– Você perdeu a esperança? – Perguntou Rose, e Mark balançou a cabeça positivamente – Então porque você continua lutando para sobreviver? Não podemos perder a esperança, Mark. Não faz sentido perder a esperança e continuar lutando para sobreviver. Temos que acreditar que um dia esse mundo volte a ser como era antes, nem que isso demore décadas – Rose olhou para Aaron e continuou: – Sei que não sou a única que pensa assim... porque? Porque mesmo preocupados e com medo, com tanta morte à nossa volta, com tantas perdas, porque continuamos? Já perdemos amigos e família, e isso nos traz dor o suficiente para desabar, nos fazer desistir. Mas mesmo assim, continuamos em frente, sobrevivendo – Rose fez uma breve pausa, voltou a olhar Mark e completou: – Ainda tenho esperança que, antes do mundo voltar ao normal, iremos construir um local seguro, e então poderemos finalmente parar de sobreviver, e começar a viver.

– Eu gostaria de pensar da mesma forma que você. E respondendo sua pergunta... eu continuo lutando para sobreviver pelos meus amigos e não por mim. Se eu não tivesse amigos, ou se um dia eu perder todos eles e ficar sozinho, eu iria desistir e tirar minha própria vida... mas enquanto ainda tenho amigos, eu continuo lutando.

– Ótima resposta, Mark – Disse Rose, abrindo um sorriso – Pessoas como você, com esse tipo de pensamento, são líderes excelentes. Não é à toa que você é o líder deles... você é uma pessoa admirável.

[...]

– Merda! Corram! Corram, caralho! – Gritou Lucy, fazendo um gesto pro seu grupo olhar o viaduto e verem os faróis automotivos em cima da ponte.

Todos do grupo olharam pro viaduto e viram os faróis, eles correram o mais rápido possível até chegar onde Lucy estava, e isso deu tempo o suficiente para os proprietários dos carros atirarem neles. Um dos tiros acertou a cabeça de Serena, que caiu no chão já sem vida, enquanto outro tiro acertou as costas e atravessou pelo peito de Owen, fazendo o idoso manchar a sua camiseta de sangue.

Mesmo sangrando e sentindo uma dor enorme, Owen continuava correndo até conseguir sair do raio de visão dos atiradores, assim como todos fizeram. Depois de terem conseguido escapar, o grupo parou de correr para procurar uma casa para entrar, mas a maioria das portas e janelas estavam bloqueadas e inacessível, até que Lizzie encontrou uma porta aberta e chamou todos para entrar no local.

Com o dia acabando e a luz solar indo embora com ele, a iluminação da casa estava era muito baixa. Liam e Lucy acenderam uma lanterna para melhorar a iluminação, os dois andavam pela casa procurando por alguma coisa para colocar Owen sentado ou deitado, porém não tinha nenhum sofá ou cama no local. Tom encontrou uma cadeira velha de madeira e arrastou para perto do idoso, pra que o mesmo pudesse sentar.

– Lucy... Lucy... – Disse Owen, com a voz baixa e fraca – Você precisa... os remédios pro Aaron...

– Sim, os remédios... – Disse Lucy, se aproximando e se abaixando na frente de Owen para poder ouvi-lo melhor – Quais os medicamentos que Aaron precisa?

Owen estava com ambas as mãos em seu peito, tentando inutilmente estancar o sangramento. Se passou apenas dois minutos desde que ele foi atingido, mas esse tempo fez com que ele perdesse muito sangue e ficasse mais fraco. Owen aproximou a sua boca da orelha de Lucy e disse todos os medicamentos que Aaron iria precisar, e em seguida, não resistiu e acabou falecendo, sentado com as duas mãos em seu peito.

Uma lágrima escorreu nos olhos de Lucy e a garota engoliu em seco. Ela se levantou, olhou para Liam e os dois retiraram o corpo de Owen da cadeira, o colocando deitado no chão, em seguida os dois pegaram um lençol de cama velho e sujo e cobriu o corpo de Owen. Eles não tinham tempo e nem condições de fazer um enterro ou até mesmo uma despedida, então eles fizeram isso para simbolizar o enterro.

Lucy sacou sua pistola do coldre e foi até uma janela que pudesse ver o viaduto, ela olhou pra ponte do viaduto e viu que os faróis automotivos não estavam mais lá. Logo em seguida ela, e todo o grupo, ouviram o barulho do motor dos carros, e sem pensar duas vezes, Lucy desligou a lanterna logo depois de Liam ter desligado a sua.

A garota levou seu dedo indicador nos lábios em forma de pedir silêncio, depois ela fez um sinal para que todos se escondessem em algum lugar. Stefan, Ariel e Lizzie se esconderam dentro do banheiro da casa, enquanto o restante, Tom, James, Liam e Lucy se esconderam nas sombras. Mas antes de se esconder, James colocou a cadeira que Owen estava sentado sobre a porta de entrada, encaixando a madeira da mesma sobre a maçaneta da porta.

Logo a maçaneta estava se mexendo, uma mão do outro lado da porta estava tentando abrir a mesma, sem sucesso, pois a cadeira impossibilitava que a porta fosse aberta. A pessoa que tentava entrar na casa era insistente, pois não tinha desisto mesmo vendo que a porta não abria. Um tranco é ouvido. A pessoa do lado de fora da casa havia dado um tranco com seu ombro, tentando arrombá-la.

– Scott! Venha aqui! – Disse uma voz. E logo em seguida os trancos pararam, fazendo o grupo suspirar aliviado.

Lucy olhou para os três que ficaram junto com ela na sala de estar e escondidos nas sombras, ela esperou que cada um deles a olhasse e então a garota fez sinal com a mão para que eles continuassem escondidos e em silêncio. Em seguida, Lucy olhou pro banheiro, que estava com a porta entreaberta, a garota viu que Stefan estava ali olhando pra ela e então fez o mesmo sinal.

Cinco minutos depois que a voz chamou o rapaz que tentava entrar na casa, James se levantou e olhou pela janela discretamente, ainda se mantendo nas sombras para que ninguém do lado de fora o visse ali. James voltou a se abaixar, andou lentamente e silenciosamente até outra janela que ficava do outro lado da casa, se levantou para olhar pela janela.

– Está limpo – Sussurrou – Não vejo ninguém... nenhum filho da puta está ali fora. E os carros não estão mais aqui na rua, eles devem ter ido embora.

Todos ouviram o que James disse e saíram de onde estavam escondidos, se espreguiçando e respirando fundo de alívio. Stefan se aproximou de Lucy e se posicionou na frente da garota, a encarando com um olhar sério.

– Se eles tivessem entrado aqui, acha que você e Liam iriam conseguir nos defender sozinhos? – Perguntou, nitidamente irritado – Eu acho que não!

– Mas eles não entraram, não é mesmo?! Então fica de boa aí.

– Ficar de boa? Por pouco a porta não foi arrombada! Você está errada e não quer admitir isso! Se eles conseguissem arrombar a porra da porta, nós estaríamos todos mortos! Assim como o Owen! – Disse Stefan, encarando Lucy – Você não conseguiu proteger ele, não é mesmo?!

– Cala a boca! Não fale assim comigo! – Disse Lucy, retribuindo a encarada.

– Foda-se essa merda! Eu vou pegar a arma do Owen... não posso confiar em você e no Liam – Stefan se afastou de Lucy e se aproximou do corpo de Owen, se abaixando para pegar a arma do mesmo.

– Não posso deixar você fazer isso – Lucy apontou sua arma na direção de Stefan – Não posso confiar em você.

– Não pode confiar em mim?! E quanto a minha confiança, e a confiança que meu grupo tem em vocês? Isso não conta?! – Perguntou Stefan.

– Vocês confiaram em nós no momento em que decidiram ficar conosco no shopping, vocês sabem que ficar no shopping é melhor do que fora dele – Respondeu Lucy – Vocês não arriscaram nada... enquanto nós estamos arriscando tudo ao manter vocês conosco. Vocês ainda têm que ganhar nossa confiança, se não gosta disso... vocês podem ir embora assim que voltarmos pro shopping.

– Estamos arriscando nossas vidas ao andar aqui fora desarmados – Disse James, de forma séria e fria – Uma faca não é o suficiente para enfrentar aqueles filhos da puta que estavam na nossa porta minutos atrás! E quero te lembrar que já perdemos três pessoas!

Lucy ficou sem argumento depois de ouvir isso de James, ela apenas ficou quieta e saiu da casa. Lucy pensou que revelar que tinha armas na mochila naquele momento seria um erro, pois geraria mais discussão e conflito entre eles, então ela pensou em algo rápido e preciso para sair dessa situação de urgência, e isso era uma qualidade e capacidade que ela tinha. Lucy chamou Liam para perto dela e então pediu em voz baixa para que ele não falasse para os outros da mochila, e ela aproveitou para contar o seu plano para ele enquanto caminhavam.

O plano de Lucy era simples, ela pediu que todos a esperasse pois ela queria ir ao banheiro, o que era mentira, pois ela não estava precisando fazer suas necessidades. Lucy ligou sua lanterna e entrou em uma casa, e dentro dela procurou por algo para colocar as armas, e ela encontrou uma mala empresarial vazia, ela tirou as armas da sua mochila e colocou dentro da mala, em seguida procurou por alguns suprimentos na casa para colocar dentro da mochila, para ela não ficar vazia. Lucy achou apenas feijões enlatados e barras de chocolate vencido.

Enquanto o grupo esperava, Ariel disse que também precisava ir ao banheiro, mas ao contrário de Lucy, ela estava dizendo a verdade e realmente precisava fazer suas necessidades. Ariel pegou a lanterna de Liam emprestada e entrou em uma casa diferente que Lucy entrou, a judia foi até um quarto primeiro, abriu o guarda-roupas e pegou algumas roupas aleatórias para colocar nas bordas do acento do vaso sanitário e usar de papel higiênico. Enquanto Ariel estava sentada e urinando, ela viu no balcão do banheiro um revólver de calibre 38, que tinha somente três balas. (*)

Ariel saiu primeiro da casa onde estava, voltou para o grupo e devolveu a lanterna para Liam, enquanto todos eles esperando a Lucy voltar. Assim que ela saiu da casa e voltou pro grupo carregando a mala na sua mão, a garota jogou a mala no chão e disse:

– Encontrei isso dentro da casa... então você pode ficar com essa arma – Lucy olhava pro Stefan – E o restante de vocês podem pegar uma arma também, mas eu contei as armas e dois de vocês terão que ficar sem – Completou olhando pra Liam, que a olhava de volta. Liam assentiu pra Lucy, aprovando a decisão e entendendo o plano dela.

De fato duas pessoas do grupo iria ter que ficar sem arma. Ariel disse que não queria uma arma, pois ela já tinha uma escondida. E Tom teve consciência que James, Stefan e Lizzie seriam pessoas melhores com uma arma do que ele.

– Tem munição? – Perguntou Lizzie de forma retórica, pois ela retirou o pente de uma pistola e viu que ela estava carregada – Então quer dizer que os donos pode ser essas pessoas que estavam nos caçando... porque não faz sentido uma pessoa abandonar armas carregadas assim.

– Você tem razão – Disse Tom – Precisamos ser cuidadosos, pois os donos não devem estar muito longe daqui... eles devem estar nos caçando ainda.

– É... mas agora vocês não tem motivos para ficarem reclamando, agora vocês estão armados – Disse Lucy, um pouco irritada – Vamos continuar. Fiquem atentos.

Os sobreviventes voltaram a caminhar pelas ruas, que estavam parcialmente iluminadas com as luzes dos postes que piscavam, além das lanternas de Lucy e Liam. Como essa parte da cidade não estava limpa como a outra, alguns infectados apareciam, mas isso não era um problema ou obstáculo para o grupo, que usava suas facas para eliminar as criaturas.

Depois do grupo terem caminhado cerca de dez ruas, eles avistaram um hospital. Mas antes dos sobreviventes chegarem no local, um dos carros que estava no viaduto virou a esquina e o farol do mesmo iluminou todo o grupo. Logo em seguida, o carro acelerou em direção deles.

– Merda! Corram! Se separarem! – Gritou Lucy, desesperada.


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Notas finais do capítulo

(*) Escolhas para Ariel:

A) Pegar a arma que achou no banheiro e escondê-la.
B) Não pegar a arma.

(**) Galera, coloquei essas frases em parênteses porque a Nymeria, dona da Ariel, irá escolher se ela pegará ou não a arma só nos comentários... por isso coloquei essas duas frases: 1 - Ariel disse que não queria uma arma, pois ela já tinha uma escondida. 2 - Ariel disse que não queria uma arma, pois ela preferiu manter a escolha que fez quando estava no banheiro da casa.
E é claro que eu vou tirar essa anotação (**) e apagar um dos parênteses depois que a Nymeria fizer sua escolha.
Eu fiz isso pois a escolha dela não fez diferença nesse capítulo, mas fará no seguinte.

Sim, eram dois carros que estavam no viaduto! No capítulo anterior teve um trecho com essa narrativa: "Lucy viu dois pares de faróis automotivos acessos em cima do viaduto". Dois pares, dois carros. Um par seria um carro. E nesse capítulo teve um trecho com a seguinte narrativa: "Logo em seguida ela, e todo o grupo, ouviram o barulho do motor dos carros". Não usei plural em motor pois cada carro tem apenas um motor; e em carros usei plural porque são dois. Enfim, eu quis explicar isso porque achei que não ficou claro... acho que ficou um pouco confuso a narrativa.

Esse é capítulo! Espero que tenham gostado.

Edit: A escolha de Ariel foi: A) Pegar a arma que achou no banheiro e escondê-la.
Então a frase do capítulo que permaneceu foi: "Ariel disse que não queria uma arma, pois ela já tinha uma escondida.", e a frase apagada foi: "Ariel disse que não queria uma arma, pois ela preferiu manter a escolha que fez quando estava no banheiro da casa."



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