Living in Hell - Fanfic Interativa escrita por Saulo Poliseli


Capítulo 37
Capítulo 37 - Esperança II




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Um sobrevivente acabara de acordar em um local que não conhecia. Ele se levantou, não conseguia ver nada porque o lugar estava completamente escuro, ele caminhou com seu braço direito esticado em busca de uma parede para apalpar, e quando conseguiu isso, estranhou o que estava apalpando. Parecia ser papéis na parede.

Realmente era papéis que tinha na parede, pois o sobrevivente rasgou um pouco do mesmo para confirmar isso. Sua visão estava se acostumando aos poucos com a escuridão e ele conseguia ver os vultos dos objetos que tinha no local. Parecia ser um quarto com apenas uma cama de casal e mais alguns objetos que o sobrevivente não conseguiu distinguir o que era.

Ele passou sua mão esquerda sobre os olhos, tentando de alguma forma melhorar a sua visão para olhar o local onde estava. Mas logo o sobrevivente desistiu de descobrir onde estava, pois ouviu vozes do lado de fora desse quarto e decidiu ir pra fora do mesmo. Antes de sair do quarto, o sobrevivente pensou na possibilidade dessas vozes serem de inimigos ou de estranhos, então o sobrevivente colocou sua mão direita na sua cintura em busca do seu coldre e arma, mas não tinha nada disso na sua cintura. Mesmo assim, correndo o risco das vozes não serem amigáveis, o sobrevivente escolheu assumir o risco e sair do quarto.

Ao sair do quarto, o sobrevivente não viu nenhuma pessoa no local. Ele olhou ao seu redor e pôde ver que estava em um shopping, e que o quarto onde ele estava era uma loja de joalheria. O sobrevivente caminhou pelo corredor que tinha à sua frente, logo virou pra direita em uma esquina de corredores e continuou caminhando até encontrar uma placa de led escrito "Exit".

Ele foi até a porta de saída e colocou sua mão na frente do seu rosto por causa da forte luz solar. O sobrevivente esperou alguns segundos até que sua visão se acostumasse com a luz solar e então tirou sua mão da frente do seu rosto, podendo olhar o que tinha do lado de fora do shopping.

Era impressionante. O que era um estacionamento antes do apocalipse, se tornou um jardim e horta enorme, com vários canteiros de flores, verduras e legumes. Além de vários barris cheios de água que caía do telhado do shopping quando chovia. O antigo estacionamento era envolvido por uma cerca com arames farpados no seu topo, além de uma cerca elétrica que era mantida funcionando por um gerador. O sobrevivente caminhou nesse imenso jardim até ver uma pessoa conhecida de costas para ele, e ele a reconheceu imediatamente ao ver que a pessoa usava um véu. Era Nadin.

— Bom dia... ou boa tarde, nem sei que horas são – Disse Harry, se aproximando de Nadin.

— Ah, olá Harry. Boa tarde.

— Onde estamos?

— Em um shopping. Esse é o lar de um grupo que encontramos enquanto você estava desmaiado – Respondeu Nadin – Falando nisso, você está bem? Como se sente?

— Sonolento, mas estou bem. Cadê o resto do pessoal? Mark, James, Ben...? – Perguntou Harry.

— O Benjamin... ele... – Nadin tentou responder mas não conseguiu. Ela suspirou fundo e seus olhos lacrimejaram, mas a muçulmana segurou suas lágrimas.

— Ah... me desculpe – Disse Harry, ao entender a situação – Sinto muito, mesmo. Se eu não estivesse desmaiado, talvez eu pudesse ter ajudado... – Harry abaixou sua cabeça, se sentindo um pouco culpado pela morte de Benjamin – Aconteceu enquanto eu estava desmaiado?

— Sim. Por Allah, você não se lembra de nada?

— Não, eu não me lembro... Aquele dia me pareceu como um sonho.

— Literalmente – Disse Nadin, sorrindo de canto.

Harry pôde ver nos olhos de Nadin o quanto ela estava sofrendo com a perda de Benjamin, e ele imaginava a dor da paquistanesa. Ele se colocou no lugar de Nadin, imaginando como ele se sentiria caso perdesse a sua namorada, Wendy. Harry teve vontade de abraçar a Nadin, dizer algumas palavras para tentar confortar a sua amiga, mas ele não fez isso porque pensou que abraça-la seria algo íntimo demais e que ela não iria querer receber um abraço.

[...]

Owen e Rose estavam no quarto onde estava deitado o corpo de Aaron, com a respiração fraca e com os batimentos cardíacos bastante lentos. Owen se mantinha firme e forte enquanto Rose estava sem chão e chorando muito. Aaron não teve nenhuma reação desde que chegou sendo carregado por Liam.

— Eu fiz tudo o que pude, querida – Disse Owen, olhando para o seu filho – Usei tudo do pouco que tínhamos aqui.

— Precisamos de mais! Não podemos desistir – Rose segurava a mão gelada de Aaron. Ela ainda chorava bastante – Temos que pedir pra algumas pessoas desse grupo ir até um hospital.

— Mas querida, não conhecemos eles e... – Ia dizendo Owen, mas foi interrompido por sua esposa:

— Mande a Lucy e Liam acompanhá-los. Vá chamar os dois aqui, tenho um plano.

Owen assentiu e se retirou do local, indo procurar Lucy e Liam. Em menos de cinco minutos ele encontrou os dois e os levaram até o quarto onde estavam Rose e Aaron.

— Querido, pegue a mochila que você guardou todas as armas desse pessoal e deixe com Lucy – Disse Rose – Lucy, você não falará que as armas estão dentro da mochila, apenas você e Liam estarão armados... caso alguém pergunte da mochila, diga que é para guardar os medicamentos que vocês irão buscar. Se as coisas ficaram complicadas, você pode dar as armas para eles, mas se as coisas acontecerem tranquilamente, eles usarão apenas facas, entendido? – Rose fez uma pausa para olhar seu filho e apertar a mão gelada do mesmo – Fiquem atentos.

— Eu vou com eles – Disse Owen – Lucy não terminou o seu curso de medicina quando os mortos se levantaram, então eu tenho que ir para garantir que iremos pegar os medicamentos corretos – Completou, entregando a mochila para Lucy.

— E o Danyel? Ele ficará? – Perguntou Lucy, colocando a mochila em suas costas.

— Sim, ele ficará – Respondeu Rose – Caso eu precise de ajuda, um ex-soldado será uma grande ajuda.

— Certo, e quem iremos chamar desse pessoal para ir conosco? – Lucy voltou a perguntar.

— Isso fica por sua conta, Lucy – Respondeu Rose – Sejam rápidos.

Lucy assentiu e saiu do local, com Liam e Owen logo atrás dela. A garota caminhou até o corredor onde estava a maioria do grupo de Mark, ela chamou a atenção de todos e então disse que precisava de gente pra sair do shopping e procurar por medicamentos. Stefan foi o primeiro a aceitar a proposta.

— Eu também vou – Disse Harry.

— De jeito nenhum – Disse Mark, segurando o braço direito do ex-professor – Você vai ficar e conhecer o seu filho. Além disso, preciso conversar com você.

— Meu filho? – Perguntou confuso – O que... Ah! O meu filho nasceu?! É um menino ou uma menina?!

— Calma, eu vou te levar até a Wendy – Respondeu o ex-militar.

Além de Stefan, mais gente se voluntariaram: Tom, Bernard, James, Ariel, Serena e Lizzie. Formando um grupo de dez pessoas, contando com Lucy, Owen e Liam.

Mark e Harry se retiraram do local. Lucy entregou uma faca de caça ou de cozinha para cada os sete que se voluntariaram, e em seguida caminhou até o portão improvisado que separava essa parte do shopping em que eles dormiam e viviam, para a parte com barricadas e mortos-vivos presos dentro das lojas.

— Espera aí, não vamos receber armas? – Perguntou James.

— Não, vocês irão usar as facas que eu dei – Respondeu Lucy.

— O que?! Isso é um absurdo! – Disse Stefan, indignado.

— Não conhecemos vocês, então não podemos deixar que usem armas de fogo.

— Também não conhecemos vocês! – Protestou Lizzie.

— Como vamos nos defender dos infectados sem uma arma decente? – Perguntou Stefan.

— Nós estamos armados e não tem muitos infectados por aqui perto do shopping – Disse Owen, gentilmente – Não precisam se preocupar.

— Claro que precisamos nos preocupar! Como a Lizzie disse, nós mal conhecemos vocês! – Disse Ariel, com o tom de voz alto.

— Isso é perigoso. Estamos em dez e apenas três armas não será o suficiente para proteger todos nós – Disse James.

— O Owen já disse que não tem muitos infectados por aqui. Já limpamos a maior parte da área – Disse Lucy, calmamente. Ela tinha motivos para se irritar com todos esses questionamentos, mas ela acredita que é preciso estar tranquila para sobreviver em um mundo devastado.

— E se encontrarmos um grupo de sobrevivente? – Perguntou Lizzie.

— Ok, chega! – Disse Liam – Precisamos confiar uns nos outros, ou teremos problemas.

— Certo. Mas se acontecer alguma merda lá fora, a culpa será sua, garota – Disse Stefan.

E então todos ficaram em silêncio e não trocaram mais nenhuma palavra até saírem do shopping.

[...]

— O que você quer conversar comigo, Mark? – Perguntou Harry, caminhando ao lado do ex-militar por um corredor do shopping.

— Depois conversamos. Primeiro você vai conhecer o seu filho – Respondeu Mark.

Ambos entraram em uma loja e lá dentro estavam Wendy e Emily, sentadas em cima de uma cama. A mãe mais nova daquele mundo estava amamentando o seu filho recém-nascido enquanto o aninhava. Harry abriu um sorriso enorme ao ver o bebê no colo de Wendy, o ex-professor foi até a cama e sentou ao lado da sua namorada, que também sorria ao ver o seu namorado acordado.

— Papai, você acordou! – Disse Emily, se jogando em cima de Harry e o abraçando com força.

— Sim, querida – Disse Harry, retribuindo o abraço da garotinha – Fiquei quanto tempo apagado?

— Não sei... acho que mais de dez horas – Respondeu Wendy, terminando de amamentar seu filho – Quer segurá-lo?

— Quero, quero sim... – Disse Harry, desfazendo o abraço para poder segurar o seu filho em seus braços – Como ele chama?

— Harry Jr. – Respondeu Wendy – Achei que seria uma homenagem justa colocar o seu nome nele. Você passou fome só pra manter esse carinha forte e saudável... acho que ele merece o seu nome.

— Harry Jr.? Gostei... – Disse Harry, sorrindo de orelha a orelha enquanto olhava o seu filho – Oi Junior... consegue me ouvir? É o seu papai... – Harry passava a ponta do seu dedo indicador nas bochechas macias do bebê.

— Ele se parece mais com a mamãe, não é mesmo, papai? – Perguntou Emily, se inclinando para olhar o rostinho de Junior.

— Concordo, querida – Respondeu Harry – Ele é a cara da mãe.

— Já segurou o Junior, tio Mark? – Voltou a perguntar Emily.

— Eu? Não... é que... – Mark gaguejava – Eu não me dou bem com bebês... – O ex-militar ficou nitidamente incomodado e desconfortável com a pergunta de Emily.

— Qual é, cara? Segura ele um pouquinho – Disse Harry, se levantando da cama e se aproximando de Mark. Ele tinha percebido a reação do seu amigo com a pergunta.

— Não... Cara, eu... – Mark continuava gaguejando – Melhor não. Sou desajeitado com bebês, sério.

— Querida, posso ficar com o Junior um pouco mais? – Perguntou Harry, olhando para sua namorada – O Mark quer conversar em particular comigo e eu quero ficar mais um tempo com o Junior.

— Tudo bem, amor. Só não vai roubá-lo de mim – Respondeu Wendy, rindo baixo. Harry também riu e assentiu.

E em seguida o ex-professor e o ex-militar saíram do quarto improvisado e foram em um lugar mais reservado, onde ambos ficariam sozinhos e com mais privacidade para a conversa.

— Muito bem, o que você quer conversar, Mark? – Perguntou Harry, ajeitando o seu filho em seu colo.

— Sobre o que aconteceu no inverno... o que aconteceu na casa quando saímos... Vocês foram atacados?

— Sim, fomos atacados por um grupo de loucos. Um cara, acho que era o líder deles, me disse que tinha amigos dele com vocês... Ele também disse que estava nos espiando e esperou nós nos separar para atacar. Pensei que vocês estivessem mortos – Respondeu Harry – Na verdade, todos nós pensamos que estivessem mortos... E o Benjamin e James estavam feridos e iriam morrer se ficassemos lá, por isso não esperamos vocês voltarem e abandonamos a casa. Desculpa, Mark.

Ao ouvir isso, a irritação que Mark sentiu quando encontrou a casa vazia e o sentimento de ter sido traído, não fazia nenhum sentido agora que ouviu as palavras de Harry. O ex-militar suspirou e se sentiu um idiota.

— Eu fiquei puto quando encontrei a casa vazia. Pensei que vocês tinha nos abandonado por causa da nossa demora. Fomos atacados também, e o tanque do furgão foi atingido e por isso tivemos que voltar a apé – Mark fez uma pausa, se lembrando do que aconteceu com sua namorada – A Ariel... ela... Um cara fez Ariel chupar o pau dele na minha frente. Aquela cena fodeu com minha mente, cara. Depois daquilo, eu fui um cuzão do caralho... briguei com Stefan e desde então não nos entendemos mais. Além disso, eu tive uns mal entendidos com a Ariel.

— Porque brigaram? – Perguntou Harry, aninhando o Junior.

— Eu culpei ele pelo que aconteceu com Ariel. É que ele estava escondido e não fez nada, entendeu? Mas agora eu entendo que se ele tentasse fazer algo, nós todos iríamos morrer. Os filhos da puta estavam em vantagem e nós estávamos submissos à situação – Respondeu o ex-militar – E eu tive mal entendidos com a Ariel porque eu estava agindo feito um cuzão, como eu disse... – Mark fez uma breve pausa – Vou falar com os dois quando eles voltarem.

— É o certo a se fazer. Também preciso falar com a Wendy sobre alguns acontecimentos passados... – Disse o ex-professor – Lembra do Zograf Volkov? Então, eu não sei se você viu, mas eu matei aquele cara de uma forma muito fria e cruel – Harry suspirou – Eu o matei daquela forma porque ele estava tentando estuprar a Wendy... e quando eu vi aquela cena, eu agi daquela forma automaticamente, sabe? Eu fiz aquilo pra proteger a Wendy. Então eu sei o que você sentiu e entendo o porque agiu da forma que me falou.

— É... depois que vi aquela cena da Ariel, eu passei a entender você também, cara. Estranho isso, né?

— Muito estranho – Disse Harry – Mas agora você está bem? Está se sentindo melhor?

— Sim... – Respondeu Mark – Quando eu vi vocês vivos, toda a raiva que sentia foi embora. E quando eu vi você eu sabia que tinha que conversar contigo o mais rápido possível, para entender melhor o que aconteceu com vocês e explicar o que aconteceu com nós.

— Entendi. Fico feliz que esteja melhor, cara. E depois que conversar com Ariel e Stefan, me fala qual foi o resultado – Disse Harry e Mark assentiu.

— Posso segurá-lo? – Perguntou Mark, olhando o Junior no colo do ex-professor.

— Ah, mudou de ideia? Claro que pode, cara – Respondeu Harry, entregando o seu filho nos braços do ex-militar – Depois pode entregar ele pra Wendy? Eu preciso ir ao banheiro – Mark assentiu e então Harry se retirou.

Junior se espreguiçou e bocejou no colo de Mark, os olhinhos daquele pequeno bebê estavam fixos nos olhos do ex-militar. Mark abriu um sorriso mas logo começou a chorar enquanto olhava Harry Jr. em seus braços.


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Notas finais do capítulo

Galera, a Carla Rodrigues, dona da personagem Wendy, decidiu manter o nome do bebê como Harry Jr. mesmo. Então eu não vou mudar as Notas Finais do capítulo anterior e nem editar o capítulo quando eu coloquei a anotação "Harry Jr.(*)", para caso se outras pessoas lerem a fanfic no futuro, entender a situação e etc. Expliquei mal, mas é isso. kkkk

O que acharam desse final? Quando eu escrevi essa cena do Mark segurando o Harry Jr., eu lembrei imediatamente do episódio que a Beth entrega a Judith pra Michonne. Ficou parecido, né?

Enfim, vejo vocês nos comentários!