Uma Garota Perdida escrita por Lonely Girl


Capítulo 1
I just wanted to have a normal life...




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Eu me chamo Samantha, tenho 15 anos, sou uma garota como qualquer outra. Pelo menos acho que sou! Bom tenho uma mãe viciada e alcoólatra, um pai que não conheço e um irmão de 9 anos chamado Lucas. Nós moramos em Greenville, na Carolina do Sul, numa casinha bem pequena e simples.Não tenho muitos amigos, pra falar a verdade não tenho amigo nenhum.

Minha escola é cheia de líderes de torcidas, jogadores, playboys, emos e etc. Estou no meu quarto, são 02:00 A.M, já era para eu estar dormindo, mas simplesmente não consigo. Só consigo chorar e me cortar! Minha vontade é sumir, ir pra qualquer outro lugar, mas não posso. Tenho que ficar e cuidar do meu irmão, porque minha mãe só sabe beber, se drogar e se prostituir. Bom acho melhor eu tentar dormir!

Fui deitando minha cabeça de leve no travesseiro, enquanto lágrimas escorriam pelo meu rosto, até que eu consegui parar de chorar e dormir. Acordei com o barulho da chuva e o despertador tocando, era 05:30 A.M, eu entro na escola às 07:00A.M, mas tenho que tomar banho, acordar meu irmão, fazer o nosso café e levar ele até o ponto de ônibus e depois ir pra minha escola. Me levanto da cama, vou para o banheiro e me olho no espelho. Meu rosto está inchado e meus olhos também.

Entro no chuveiro e deixo a água quente cair sob o meu corpo, termino de tomar banho, visto uma calça jeans, uma blusa preta de manga comprida, com uma caveira desenhada, joguei por cima um casaco, pois chovia muito e estava frio, calcei meu all star. Fui até o quarto de minha mãe, ela estava jogada na cama com uma garrafa de vodca junto a ela, fechei a porta e fui pro quarto do meu irmão. Me aproximei da sua cama, ele dormia feito um anjo, Lucas é um menino inteligente, doce e tímido.

—Lucas acorda, você tem aula!-digo num tom calmo e sereno enquanto puxava suas cobertas.

—Ah não quero ir pra escola, deixa eu faltar.-disse ele puxando a coberta.

—Ah mas você tem que ir, ou quer ficar em casa com a Allison?

Allison é o nome da minha mãe, eu não a chamo de ''mãe'' porque não a vejo assim.

—Está bem, eu vou!-disse ele me olhando com aqueles olhinhos castanhos lindos.

—Vai tomar seu banho que eu vou preparar o café.

Sai do quarto dele, desci as escadas e fui para cozinha. Peguei a caixa de cereal e o leite, dois potes e duas colheres. Lucas desceu as escadas, foi até a cozinha e tomamos nosso café.

Olhei no relógio eram 06:00 A.M, o ônibus pra levar o Lucas ia passar dentro de alguns minutos.

—Já terminou?

—Já.

—Então pega a sua mochila, que o ônibus já vai passar!

—Está bem!

Ele foi até a sala, pegou suas coisas e fomos para o ponto. Ainda chovia, mas era uma chuva bem fraquinha, nos sentamos no banco e Lucas disse:

—Você vai trabalhar hoje?

—Aham.-digo enquanto mexia no meu celular.

—Eu vou poder ir com você?

—Porque quer ir comigo?

—Hoje é segunda!

—É verdade!

Segunda é o dia em que Allison leva homens lá em casa. E quando o Lucas está lá, ele tem que ficar trancado em seu quarto e escuta coisas que nenhum garoto de 9 anos deveria ouvir.

Nisso o ônibus chegou, Lucas entrou e eu fui andando pra escola. Era 06:30, tive que apressar o passo pra não chegar atrasada. Cheguei com 15 minutos de sobra, entrei pelo portão, aqueles corredores enormes que parecem um beco sem saída e os alunos olhando pra mim e pensando ''Ah lá vai a esquisita'' e outros insultos, não eu não leio a mente das pessoas como a Ever do livro ''Os Imortais'', mas pela cara que eles fazem já dá pra notar. Vou até meu armário e pego alguns livros. Entro na sala de aula, me sento lá no fundo e dou play na música ''Breathe No More'' do Evanescence, que é uma das minhas bandas favoritas.

PRIIIIIIIIIIIIIIIIMMMMM-o sinal tocou e os alunos foram entrando.

O professor estava lá fora conversando com alguém, parecia ser um aluno novo. Alguns minutos depois ele entrou e o garoto junto com ele.

—Classe atenção!-disse ele num alto e bom tom que fez com que todos se calassem.

—Este é o novo aluno, Kevin Ryan, ele veio da Califórnia. Pode se sentar!

Esse tal de Kevin até que é bonito, mas parece ser meio grosseiro. Ele se sentou ao meu lado, já que era o único lugar disponível, porque ninguém se senta do meu lado.

—Abram seus livros na página 104.-disse o professor.

Peguei meu livro, que estava dentro da mochila, e abri na página. De repente escuto uma voz:

—Ei posso acompanhar com você?-disse ele me olhando e sorrindo.

Eu sorri e assenti. Ele aproximou a cadeira pra perto de mim, e disse:

—Eu sou Kevin e você?

—Samantha!

—Prazer em conhecê-la Samantha!

A aula acabou e deu o intervalo. Fui até a cantina, peguei meu almoço e fui lá pra fora. Me sentei no gramado, coloquei o fone de ouvido, dei play numa música qualquer e comecei a comer. De repente vi alguém sentando do meu lado, era o Kevin.

—Oi!-disse ele se sentando e com um sorriso no rosto.

Devo admitir ele tem um sorriso muito bonito! Mas eu me espantei ao vê-lo sentado bem ao meu lado, ninguém nunca chegou perto de mim.

—O que está fazendo?-digo tirando os fones de ouvido.

—Me sentando ao seu lado, não posso?

—Pode sim, mas porque?

Ele não responde, só da uma risada. Voltei a comer, ele ficou me perguntando sobre a escola e tudo mais, depois me perguntou sobre minha família.

Tá ai um assunto delicado demais, admito que tenho vergonha de dizer que minha mãe é viciada e prostituta e que não sei quem é meu pai.

—Bom eu tenho uma mãe e um irmão.

—Legal.

—E você?

—Eu tenho um pai, já tive uma mãe, mas ela morreu.

—Sinto muito!

—Tudo bem, isso já faz tempo!

Continuamos conversando até que o sinal tocou.

As horas foram passando e já estava quase na hora de ir embora, finalmente o sinal tocou. Todos saíram correndo igual malucos, fui até meu armário e peguei algumas coisas, estava saindo quando Kevin me parou:

—Então o que vai fazer agora?

—Vou trabalhar, porque?

—Ah é uma pena, ia te chamar para darmos uma volta.

Olhei para ele com uma cara espantada, ele riu e disse:

—Calma, não é isso. É que sou novo na cidade e já que você é a única pessoa que eu conheço, achei que seria legal você me mostrar a cidade!

—Eu adoraria, mas tenho que trabalhar!

Ele deu um sorriso e saiu, eu sai também!

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Eu trabalho numa mercearia, como ajudante, faço isso pra ganhar um dinheiro e comprar as coisas lá em casa e pra mim também, Allison ganha dinheiro mas só compra pra ela. Lucas não pode vir comigo, teve que ficar em casa.

Estou preocupada com ele, Lucas é tão inocente para um garoto, também não o culpo. O pai de Lucas é um homem cheio da grana e pombas, mas não quis assumir o próprio filho.

Estou arrumando as prateleiras, quando alguém esbarra em mim.

—Oh me desculpe, garota!-disse um homem que aparenta ter entre 30 e 40 anos, muito bonito, tive a sensação de conhecê-lo de algum lugar.

—Você tem um rosto familiar menina, quem é sua mãe?

Olhei pra ele e disse:

—Sou filha da Allison!

—Allison???????????-disse ele quase gritando e com um imenso sorriso.

Admito que não fiquei surpresa com a reação dele, talvez seja um dos clientes dela ou sei lá.

—E como ela está? Aonde ela mora?

O sorriso em seu rosto parecia aumentar a cada minuto.

—Quem é o senhor? Algum cliente dela?

Ele me olhou assustado e disse:

—Cliente? Não estou entendendo, como assim?

Nisso o dono da mercearia gritou:

—SAMANTHA VOLTE A TRABALHAR!

Eu voltei a olhar ao homem que estava a minha frente e disse:

—Desculpe, preciso voltar ao trabalho!

Dei as costas a ele, que me segurou pelo braço e disse:

—Aonde posso encontrar sua mãe?

—É fácil, só sai por ai perguntando aonde mora a Allison, todos vão saber te responder.

Me virei novamente e voltei ao trabalho, o homem foi embora, achei aquilo tudo muito estranho, se ele não era cliente dela, era o que então?

POV-Kevin

Samantha é bem legal, não entendi porque ela não tem muitos amigos, voltei pra casa depois da escola, meu pai estava sentado na varanda. Meu pai se chama Anthony, ele tem 57 anos e tem uma doença chamada Creutzfeldt-Jakob ou DCJ é uma desordem cerebral caracterizada por perda de memória, tremores, desordem na marcha, postura rígida e ataques epilépticos, e paralisia facial que dá a impressão de que ele está sorrindo.

 

Somos eu e meu pai, e a Annie sua enfermeira, descobrimos a doença do meu pai ano passado, por isso nos mudamos pra cá.

Meus avós morreram e como meu pai é filho único ficou com toda a herança. Entro dentro de casa, tomo um banho e troco de roupa, vou até a varanda e me sento ao lado dele.

—Sabe pai, conheci uma garota hoje!

Ele não diz nada, só faz uns sons que é para eu continuar falando.

—O nome dela é Samantha, ela é muito bonita e inteligente.

—Devia chamá-la pra sair!-diz Annie abrindo a porta e indo para perto de nós.

Eu sorrio e digo:

—Talvez!

Meu pai me criou sozinho depois que minha mãe morreu, ele fez de tudo por mim e agora é minha chance de retribuir, cuidando dele. Sabe me dói muito, pois eu sei que essa doença não tem cura e que logo ele irá...Para um lugar melhor!


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