Ela disse, Ele disse escrita por Beandrader


Capítulo 31
Inevitável




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/603035/chapter/31

"A primeira fase vai ser constituída de comidas veganas. Os chefes terão que apresentar pratos saudáveis que possam satisfazer, e que sejam livres de gorduras". Dizia o email que eu recebi, explicando como funcionaria o tal concurso culinário. A verdade é que eu mais que tudo queria ganhar. Iria me esforçar e dar tudo de mim pra vencer aquela disputa e ganhar a vaga de estagiária na cozinha do Alex Atalla. Depois de ler o email com mamãe ao meu lado repassando cada informação, como endereço e horário e trajes adequados, fomos almoçar fora. Mamãe havia me dito que gostaria de conversar comigo sobre a possibilidade de eu ganhar aquilo. Chegando a praça de alimentação do shopping - que era o nosso lugar - ela me deixou pedir alguma besteira, visto que devido a dieta rigorosa que eu seguia, ainda não podia comer qualquer coisa.

– Filha...você sabe que a gente veio até aqui pra falar sobre...

– Sobre o concurso, eu sei, e mãe, eu quero te dizer que eu vou ganhar, ou fazer de tudo pra que isso aconteça - ela me olhou inquisitiva e eu sacudi a cabeça fingindo ofensa - não mãe! Não vou trapacear, não me chamo Bianca! - falei e o sorriso divertido no rosto da dona Dandara desapareceu. Mamãe insistia que minha prima/irmã estava mudando, e que ela merecia o benefício da dúvida, não que eu acreditasse ou aceitasse, mas ela nunca desistia de colocar isso na minha cabeça.

– Então eu acredito que você possa ganhar...por isso quero te fazer uma proposta! - ela voltou a expressão animada e bateu palminhas animadas.

– Nossa que animação é essa dona Dandara? - falei ansiosa

– Eu tenho uma tia...que mora em Berlim na Alemanha, ela trabalha como médica por lá e há um bom tempo eu não falava com ela, mas ela me ligou semana passada querendo saber se eu não podia tomar conta do apartamento dela em São Paulo, porque ele por estar sozinho tinha sido assaltado...- a medida que ela falava, eu não duvido que minha expressão tenha sido no mínimo cômica porque mudou de ansiedade pra surpresa e de surpresa pra alegria - filha...filha - enquanto eu viajava nas ideias de tudo que eu poderia viver minha mãe estralava os dedos na minha frente me despertando do sonho - Isabella ta me ouvindo?

– O-ooi mãe...claro que tô! - assenti com a cabeça e com um sorriso maior que meu rosto

– Então o que você acha dessa ideia? - ela perguntou apreensiva

– Eu quero ir pra São Paulo!

(...)

– Como assim você vai embora? - enquanto eu pintava minhas unhas, Maria Antônia andava de um lado para o outro no meu quarto. Aposto que logo logo eu poderia visitar o Japão, porque ela estava abrindo um buraco no chão.

– Eu não vou embora...- terminei de limpar um dedo com o palito e levantei a cabeça tentando explicar pela milésima vez que a minha mudança era apenas uma possibilidade, já que ganhar não era uma garantia, mas como sempre ela não me deixou falar, e tentar, foi inútil.

– Ah não! Você só vai pra São Paulo abandonar sua melhor amiga, porque é isso que você adora fazer, me matar do coração! - ela falou e eu franzi a testa de imediato tentando me lembrar quando foi a última vez que eu a deixei preocupada.

Flashback On

Eu estava lá deitada. Olhando pra aquelas paredes brancas que me sufocavam. Minha vontade era me afundar na cama e sumir tamanha era a minha vergonha e o meu desespero por ter chego aquele ponto. Pedro e mamãe haviam saído e eu estava sozinha, olhando pro teto, e tentando não me sufocar na minha própria aflição da situação em que eu tinha me metido. Logo ouvi algumas batidas na porta e dizendo pra que quem quer que fosse entrasse, logo me deparei com TomTom na porta, entrando com todo o cuidado, e com os mesmos olhos castanhos sorridentes de Pedro. Ela se aproximou da cama e me deu um beijo na cabeça logo em seguida sentando na cadeira ao meu lado na cama.

– Hey amiga...como você está? - ela sussurrou, e segurou minha mão com um sorriso fraco

– Já estive melhor mas...nem sei o que podia ter acontecido se não tivessem me trazido pra cá...

– Chega Isabella! Cabou a auto piedade...você não precisa disso! Você só precisa parar de me dar sustos e me matar do coração! - ela falou com as mãos na cintura me dando um olhar intimidador. Eu engoli em seco e empurrei de volta as lagrimas que queriam pular pra fora dos meus olhos, que ultimamente eram o que mais saíam.

Flashback Off

– Você me inscreveu nesse concurso Maria Antônia! Não pode reclamar se eu passar...você me incentivou a levar isso pra frente, tanto é que eu...- engoli em seco me lembrando do que eu ia falar, ia falar dele, do irmão de Tomtom, mas ele era um assunto proibido. Falar sobre ele era fora de cogitação para mim.

– Que você terminou com meu irmão por causa disso...Bella você não acha que ta exagerando nisso tudo não? - Tomtom suspirou e eu tirei os olhos das minhas unhas quase prontas pro drama dela.

– Não tô exagerando não! Ele falou coisas horríveis e a gente ter terminado não tem nada a ver com o concurso e sim com as acusações que ele me fez...fora que ele terminou comigo! - resmunguei e acabei borrando minha unha azul.

– Ele ta triste Bells...meu irmão ta sofrendo, dessa vez de verdade! - TomTom estava ajoelhada na minha frente segurando minhas mãos, mas nem aquela espécie de súplica iria me fazer mudar de ideia...não iria.

– Ele terminou comigo Maria Antônia! E se você for ficar insistindo em falar da gente, é melhor ir embora então...porque eu não quero falar disso! - ela balançou a cabeça em negativo várias vezes e retrucou

– Não amiga...desculpa, eu não quero te fazer ficar mal...eu prometo que paro! - ela falou beijando os dedos em sinal de promessa e segurar o riso foi inevitável. Como esquecer Pedro também seria.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!