Between The Bars escrita por Primadonna


Capítulo 1
Unique


Notas iniciais do capítulo

Olá, amores ♥
Eu já estava querendo escrever algo com Harry Potter faz muito tempo, e quando vi o desafio do mês acabei incorporando a ideia juntando uma das minhas músicas preferidas. Confesso que fiquei meio insegura, mandei para várias amigas e inclusive pedi pra beta me dar a opinião.
Acabou que gostei do jeito que ficou. Espero que gostem também ♥



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Drink up, baby, stay up all night

— Por Merlin, Lily, assim não dá! — James vociferou. Automaticamente, seu punho encontrou-se com a parede exterior da lateral do bar de bruxos em que estavam naquela noite, excedendo seu limite.

Aquela era a décima terceira briga na semana. Mais uma vez, Lily havia tido um ataque de ciúmes que tirou James do sério. Desde o mês passado, a bruxa parecia ter perdido a confiança em si mesma e no marido. Era como se cada detalhe que nunca fora relevante agora começasse a ser uma peça indispensável.

James não sabia o que fazer. Ele já possuía todo o estresse do trabalho para engolir, e a sua bagunça, que nunca havia incomodado Lily antes, agora era motivo para uma discussão todas as noites. Já havia tentado de tudo, começando por ficar quieto até levá-la a lugares que ela adorava e que ele nunca iria. Mas aquela fora a gota d’água. Ela resolvera achar que ele tinha olhos para outras mulheres enquanto a única coisa que o fazia bem durante todo o dia, era vê-la assistindo o noticiário dos trouxas, enquanto fazia um delicioso suco de abóbora.

Lily, por sua vez, não sabia o que estava acontecendo. Ela se sentia cansada demais, queria poder jogar a terceira das Maldições Imperdoáveis na primeira pessoa que visse e sentia o estresse correr por suas veias. Quase como involuntariamente, ela descontava aquilo em James. Quando as suas brigas e discussões estúpidas acabavam — sempre com o bruxo indignado pelos absurdos que ela dizia e com ela chorando —, sentia-se mais estúpida ainda.

— Estamos assim há um mês, Lily. Eu não consigo mais aguentar tudo isso. Você está brigando comigo todos os dias por… — James voltou a falar, recuperando a sua calma. Um nó se fechou na garganta de Lily; ela sabia o que estava por vir. — Eu nem sei o porquê! Acho melhor… Olha, vá para casa. Fique sozinha um tempo, pense nisso tudo. Quando você se resolver, nós nos resolvemos.

— O quê? — Ela sussurrou, as lágrimas começando a embaçar seus olhos. — James…

I'll kiss you again between the bars

— Está tudo bem. Eu vou ficar com Sirius. Apenas se resolva. — ele suspirou, dando um beijo em sua testa e saindo daquela fenda entre dois bares. Provavelmente acenderia um cigarro e o fumaria até chegar na casa de Sirius. Lily odiava quando ele fumava mas ele sentia uma necessidade extrema naquele momento.

— Merda! — xingou baixinho enquanto o choro tomava posse de seu rosto. A ruiva se encostou na parede do bar oposto. Olhou para o céu inglês coberto de nuvens acinzentadas, ainda começando a noite.

Ela não poderia ficar ali. Não sabia como, mas arrastou-se até o passeio movimentado e lotado de pessoas para poder ir para casa. Ela limpou o rosto com as mangas do casaco que usava, esbarrando em qualquer corpo que atrapalhasse a sua passagem. Respirando pesadamente e tentando engolir todas as suas lágrimas, chegou ao seu lar, onde entrou e bateu a porta com força. Ignorou a sua coruja que piava alegremente da cozinha e subiu correndo as pequenas escadas que levaram-na até o segundo andar e, consequentemente, para seu quarto.

The potential you'll be that you'll never see

Voltando a chorar, ela se jogou na cama. Não estava chorando porque havia brigado com James, embora tivesse feito aquilo a semana toda. Estava chorando porque não entendia o que estava acontecendo, e só percebera a gravidade de sua mudança de humor agora, com James finalmente deixando-a. Lembrou-se de cada briga que tiveram e de suas atitudes mesquinhas. Como ele havia aturado ela o mês inteiro daquele jeito? E como ela havia se comportado assim?

Ela analisou pela primeira vez tudo aquilo. Primeiro, havia surtado porque havia tropeçado em algo que James deixara pelo caminho, mesmo com aquilo sendo frequente. Depois, havia começado a sentir ciúmes de quando James saía com Remus, Sirius e Peter. Eles possuíam um programa frequente de irem à um bar ou assistir quadribol na casa de um deles sempre, mas como um tapa na cara, Lily começou a sentir uma certa desconfiança, como se houvesse alguma mulher no meio dos Marotos. Tudo bem que James possuía, sim, amigas mulheres, mas ela nunca havia se preocupado antes. Por que agora, depois de dois anos casados?

As brigas começaram a ficar mais frequentes e por motivos bobos. Até por causa de um filme eles haviam brigado! O que nunca mudava era o fato de que, em noventa e nove por cento das vezes, Lily era quem começava.

A ruiva se sentou na cama, passando as mãos trêmulas pelos cabelos enquanto soluçava alto. Queria entender, acima de tudo, o que estava acontecendo consigo mesma, como James havia dito: se resolver. Ela não sabia o que aquela mudança de humor toda significava e estava não só afetando-a fisicamente como também psicologicamente.

— Parece que você entrou na TPM e ficou… Vai ser difícil achar uma poção que te faça melhorar — sua melhor amiga, Marlene, dissera outro dia. Estava afetando até mesmo as pessoas ao redor.

Lily respirou fundo, tentando se acalmar. As lágrimas agora diminuíram, embora seu nariz continuasse entupido. Levantou-se e foi até o banheiro, observando o rosto avermelhado e inchado. Ali, olhando para a sua própria face, se perguntou:

— O que eu estou fazendo?

A resposta não veio. Ela não sabia porque estava sentindo ciúmes, porque estava cansada. Ela apenas sabia que o resultado disso fora a perda de James. Ele havia pedido separação — mesmo que fosse por algum tempo. Independente daquele tempo, ele também pensaria em tudo o que aconteceu. Lily adorava Sirius com todo o seu coração, mas sabia que o amigo apoiaria a escolha do seu marido.

With the things you could do, you won't but you might

Lily sentiu o estômago embrulhar e começou a fraquejar novamente. Apoiou as mãos na bancada da pia, fechando os olhos. Ela havia perdido James. O homem que a fizera feliz desde as épocas de Hogwarts, que fora seu companheiro e porto seguro em todos os momentos. Mesmo quando ele estava exausto após o trabalho, estava ali, acolhendo-a em seus braços e ouvindo-a falar sobre o seu dia com toda curiosidade possível. Ela poderia ter o tratado melhor, mas não fora tão inteligente assim. Ela só tinha certeza de uma coisa: aquela não era Lily Evans.

Nunca havia chorado tanto assim e a sensação de estar vazia era inédita. Sempre mostrou-se uma mulher forte e decidida, segura de si. Aquele mês havia bagunçado a sua vida, a vida de James. Ela agora estava sozinha, assim como ele, enquanto as sensações e novas manias emocionais estavam se fixando. Ela sabia que aquilo não mudaria tão cedo.

Levantou o rosto mais uma vez, respirando lentamente. Ela ligaria para James, pediria desculpas e diria para que ele fosse embora de sua vida. Iria sugerir que ele encontrasse uma boa mulher — talvez uma das suas colegas de trabalho, maravilhosas bruxas — e que começasse a sua vida novamente. Por que?

Porque Lily amava James Potter. Aquele garoto rebelde que vivia com a gravata frouxa havia tomado o seu coração desde o primeiro contato. Mesmo quando ele estava recebendo sermões na detenção, Lily achava-o fofo e nada havia mudado em todos aqueles anos além do sentimento que se alimentava intensamente, nunca saciado. Se ela estava fazendo mal a James junto com ele, ela preferia não estar.

Aquilo era pelo próprio bem de James e também para o dela. Não queria ver James sofrer, especialmente por sua causa. Se ela sofreria? Como um prisioneiro de Azkaban. Sentiria toda a dor e ausência em seu peito, especialmente quando o visse com outra mulher. Mas ficar feliz em saber que ele estava feliz… Era tudo que ela queria.

Por um instante, a bruxa parou de pensar e focou em outra coisa. Sentiu todo o corpo tremer e um ronco alto sair do estômago. Logo após isso, vomitou por ali mesmo, sujando a pia e o chão. O ato foi tão grosseiro que fez Lily sentir uma dor terrível enquanto toda a cabeça girava. Não teve tempo para parar e pensar porque aquilo havia sido causado, apenas caiu mole no chão.

Waiting to finally be caught

Quando Lily acordou, estava em uma cama estranha com uma agulha enfiada no braço. Sentia a cabeça rodar e teve que piscar várias vezes para enxergar direito.

— Eu não iria te trazer pra cá se seu vizinho trouxa não me visse te arrastando para fora de casa — ouviu uma voz conhecida e se virou com dificuldade. Marlene a encarava com um sorriso no rosto e braços cruzados.

— Onde eu estou? — a voz seca da ruiva saiu pela boca que tinha um gosto horrível.

— No hospital? — Marlene disse o óbvio e logo fechou a cara. — Você deveria ter me contado, Lily. Achei que fôssemos amigas.

— Contado… Ah. — Lily balançou a cabeça confusa. — Eu e James havíamos acabado de brigar e meio que nos separamos — engoliu em seco. — E depois aconteceu isso, não tive tempo de te contar.

— Você e James o quê? Lily, eu não me referia à isso! Como vocês dois brigaram dessa forma? Esquece, eu já chamei ele, está vindo pra cá — a loira disparou as palavras, fazendo com que Lily apertasse os olhos na tentativa de absorver todas as palavras na ordem certa.

— Do que você está falando, Marlene? — a ruiva perguntou, se endireitando na cama. Quando a amiga abriu a boca para responder algo, um médico apareceu com uma prancheta em mãos. Marlene fez uma careta, desprezando o trouxa, e chegou para o lado.

— Senhorita Evans! Você teve muita sorte, sabia? Como está se sentindo? — Perguntou ele.

— Bem, eu acho. Sorte por que? Eu bati a cabeça? — Lily indagou, levantando a mão para passar na cabeça mas fora impedida por Marlene, que apontou para a agulha.

— Por sorte, não — o médico riu como se fosse uma piada. — Seu bebê está bem, é normal se sentir mal nos primeiros meses, a liberação de hormônios é muito gran…

Lily não conseguiu ouvir o que o médico dizia mais. Desde que ele dissera ‘bebê’, seu mundo pareceu parar de rodar. Grávida! Agora toda aquela bipolaridade e estresse haviam sido explicados através de uma palavra. A liberação de hormônios da gravidez carregava a culpa de todo o estresse, cansaço e bipolaridade.

Sem ver, começou a chorar silenciosamente. Estava sentindo uma felicidade tão grande que a mesma transbordou pelos olhos. Estava grávida. Depois da terrível noite que passara, a notícia lhe atingiu como um choque do paraíso. Levou as mãos para cima da barriga coberta pela roupa hospitalar, soluçando cada vez mais.

— Eu estou grávida, Marlene — se virou para a amiga. O médico pareceu confuso e Marlene deixou o queixo cair.

— Você não sabia. — afirmou. Lily concordou com a cabeça enquanto Marlene abraçava-a desajeitadamente. O momento fora interrompido por um barulho alto da porta do quarto.

— Eu vim o mais rápido que pude — a voz de James preencheu o quarto. Marlene se afastou da ruiva assim como o médico, permitindo que o marido visse-a. — Ah, Lily… Eu sinto muito — ele murmurou quando viu a mulher. — Marlene me contou que te achou, queria estar por perto.

— E vai ter que estar o tempo todo — a loira soltou, fazendo com que os dois virassem a cabeça em sua direção. — Conte à ele — puxou o médico para fora do quarto.

— Contar o que? — James se virou para Lily com a expressão confusa, limpando uma lágrima que descia pelo rosto da esposa.

— Eu… Eu acho que me resolvi, James — Lily disse baixo, olhando nos olhos de James. Ele continuou esperando por uma resposta, impaciente. — Toda aquela confusão, ciúmes e humor, eu resolvi.

— Lily, podemos discutir isso depois. Você sabe que eu te amo e…

— Eu sei, eu sei. Eu também te amo, mas não estou falando da nossa briga.

— Então do que está falando, Evans? — Chamou-a pelo sobrenome como costumava fazer em Hogwarts. Acontecia quando James ficava nervoso com ela em todos os sentidos.

— Você vai ser papai.

Keep you apart, deep in my heart


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Notas finais do capítulo

E então? :3 Bom, eu realmente espero que tenham gostado. Pretendo postar mais coisas por aqui, vamos ver.
Obrigada à todas as lindas (Lari, Duda, Isa, Bru, Babs, Ana e todas as outras) que leram primeiro e falaram o que realmente acharam. Amo vocês, muitão!