O Hospital tem sido a minha casa nos últimos 2 anos, lar de desespero e alegria visto que era o único local onde eu poderia vê-la. Eu estava sentado no sofá do meu apartamento vendo televisão e aproveitando cada momento, já que era raro eu fazer isso, até que uma ligação do hospital me arrancou dos meus pensamentos e me empurrou para más noticias.

Peguei numa jaqueta aleatória e sai correndo do apartamento batendo a porta e a deixando aberta, não tinha tempo para pensar em fecha-la naquele momento.

Ainda me lembro perfeitamente do dia em que Emma e eu nos conhecemos, ela foi um anjo que caiu na minha vida me tirando da escuridão. Os seus olhos eram verdes e cheios de vida e a sua pele era macia e branca como a da Branca de Neve. Nem o por do sol mais bonito ou a Miss Universo eram pares para a sua beleza.

Caia, literalmente, uma tempestade em cima da minha cabeça enquanto eu corria para o hospital. Chegando lá corri para a zona das visitas e ninguém me impediu, eu já era como parte dos moveis daquele sitio.

Entrei no quarto e logo a vi deitada. Dr. Whale olhou para mim de cima a baixo e logo saiu, não sem antes me tocar no ombro durante longos segundos enquanto me encarava. Andei até ela e me ajoelhei junto da cama colocando o meu braço sobre a sua barriga. O rosto angelical dela estava mais branco que nunca e os seus olhos estavam perdendo vida a cada segundo que aquele câncer a destruía de dentro para fora. Ela se movimentou na cama com alguma dificuldade e se virou para mim forçando um sorriso fraco.

- Killian...

-Emma...- Meus olhos se encheram de lágrimas, era impossível não cair no abismo da tristeza a vendo daquele jeito.

Peguei a pequena mão dela, onde ainda se encontrava o anel que eu lhe ofereci quando a pedi em casamento no seu 27º aniversario, e a encostei no meu peito fechando os olhos e deixando que as lágrimas caíssem, mesmo sabendo que ela se preocuparia e se sentiria culpada.

- Eu juro que vou te amar para sempre, Swan. Você será sempre a minha princesa e eu serei sempre o seu pirata, certo? Por mais que o tempo passe nunca vou deixar de ama-la um só segundo e quando chegar a hora a gente ficará junto de novo, eu prometo.

- Eu...te...amo...capitão...- ela disse alargando o seu sorriso e me fazendo sorrir por uns segundos.

Ela chorava tanto ou mais que eu. Eu ainda não acreditava que tudo o que nós passamos ia acabar daquele jeito. Ela sempre me falou que nunca iria me abandonar enquanto acariciava o meu rosto com as suas mãos delicadas e se aconchegava ao meu corpo entre os lençóis e agora o sorriso que eu tanto amava estava me abandonando para sempre.

Limpei as suas lágrimas com cuidado enquanto dizia um "eu te amo" afogado na minha voz embriagada do choro. A sua mão ia ficando cada vez mais fria enquanto ela apertava as minhas mãos com força tremendo, possivelmente de medo.

-Para sempre? - Ela perguntou.

- Para sempre, Swan. A gente vai se encontrar de novo numa outra vida, eu tenho a certeza disso, e quando isso acontecer a gente vai ter o nosso final feliz como sempre sonhamos.

- Killian...

- Eu vou te levar para sitio em que a gente se viu pela primeira vez. Você ainda se lembra? Foi no parque que ficava perto da sua casa. Eu vou te levar lá e vou voltar a tocar os seus lábios e a sua pele.

- No fim, você foi o único que esteve aqui, nem os meus pais, nem os meus amigos, apenas você...você e os seus olhos lindos que sempre me mantiveram no caminho certo e por isso eu te agradeço, Killian, eu sempre vou te amar. - Ela disse com bastante dificuldade e quase num sussurro inaudível.

Nesse momento ela fechou os olhos e a maquina que estava presa a ela começou a apitar me arrastando para o desespero. Agarrei o corpo de Emma contra o meu enquanto som dá maquina se misturava com o som da minha voz chamando por ela, por aquela que nunca voltaria e que tinha me abandonado.

E com ela nos meus braços mil perguntas vinham na minha cabeça: Como eu suportaria? O que eu faria sem ela? Como ia continuar vivendo? Como vou suportar não sentir o toque dela de novo e viver o resto dos meus dias sem o olhar dela?

E então, naquela manhã, era como se a chova chorasse junto comigo a queda de um anjo.