Sasuke kun, era realmente ele? Meus olhos não acreditavam no que via, meu coração batia tão rápido que a qualquer momento seria capaz de sair pela minha boca. Depois de semanas sem vê-lo, ele finalmente estava ali, nos encaramos por alguns segundos, seus olhos me fitavam, porém nada expressavam, ele continuava frio como sempre. Fiquei feliz, mas ao mesmo tempo surpresa pela sua volta, embora ele houvesse prometido que voltaria.

Fui tirada de meus pensamentos pelos seus braços fortes que me puxaram pelo pulso para trás de si, o grande mar de ônix que antes estavam fixos em mim, agora fitava o homem logo á frente. Sua expressão era fria e vazia, aquilo fazia meu corpo tremer, por um curto período de tempo vi o mesmo Sasuke de antes sempre frio e cruel, sem piedade alguma.

Ele avançou alguns passos indo em direção ao outro ninja, esse ainda permanecia parado.

– O que quer aqui na aldeia da folha? – perguntou ele em seu tom frio de sempre.

– Hora, hora, se não é o último Uchiha vivo. – sua voz estava cambaleante devido à bebida.

– Responda! – disse Sasuke ignorando suas palavras, eu apenas observava tudo em silêncio.

– E o que um nukenin como você está fazendo aqui? Que eu me lembre, você traiu Konoha, não?

– Isso não é assunto que lhe desrespeite, agora fora daqui. – ordenou.

– Cale a boca! – gritou. – Ainda não resolvi os meus assuntos com a mocinha ali, apenas irei embora quando conseguir o que quero. – sorriu para mim de forma maliciosa.

– Só por cima do meu cadáver. – fiquei surpresa pelas palavras de Sasuke, ele realmente se preocupava comigo?

– Quer mesmo brigar, Uchiha? Se fizer isso irá se arrepender. – falou sorrindo.

– Não Sasuke kun, não faça isso, lembre-se do que o Kakashi sensei falou. – disse preocupada, Sasuke havia sido culpado por muitos crimes, se ele matasse aquele homem, com certeza os Kages não o perdoariam, esse ninja era de outra vila e perseguir ninjas forasteiros era uma missão dada somente a ambus, não a um ex nukenin.

– É melhor você ouvir a princesinha. – sorriu. – Agora saia que eu tenho algumas coisas a tratar com a pupila da velha Tsunade. – disse se aproximando de onde eu estava, vendo a sua aproximação, Sasuke pegou-me pelo braço mais uma vez, protegendo-me dos olhares maliciosos que aquele homem dirigia para mim.

– Não ouse aproximar-se. – disse seriamente, o ninja forasteiro o ignorou vindo em minha direção, Sasuke previu imediatamente os seus movimentos, vendo-o aproximar-se partiu com toda a sua força para cima dele o pegando pelo pescoço. – Eu falei para não se aproximar. – segundos após ouviam-se apenas gritos vindos daquele homem, Sasuke com certeza o havia colocado sobre um genjutsu, seus gritos causavam-me pânico, tampei meus ouvidos na tentativa frustrada de não ouvi-lo, ele gritava desesperado.

– Pare Sasuke kun! – gritei, ele parou por alguns segundos, os gritos daquele homem não eram mais ouvidos, seu rosto estava suado com uma expressão de pânico no olhar, Sasuke levantou-o mais uma vez ainda pelo pescoço e jogou no chão de forma bruta, rapidamente uns de nossos ambus chegaram.

– Sasuke san? – perguntou o ambu surpreso. – Vejo que já está de volta.

– Este ninja estava vagando por Konoha sem permissão. – falou referindo-se ao homem que se encontrava no chão com uma expressão de medo nos olhos.

– Eu me encontrei com ele, estava lhe seguindo, mas o sujeito é bem astuto e conseguiu escapar das minhas vistas, irei levá-lo imediatamente ao sexto Hokage. Com licença, Sasuke san, Sakura san.– dizendo isso ele desapareceu com aquele ninja, deixando- nos a sós naquele local.

Sasuke ficou parado por alguns instantes, ainda se encontrava de costas para mim, ele virou-se vindo de forma irritada em minha direção.

– Você não faz ideia das coisas imundas que ele planejava fazer com você, vi isso quando o coloquei sobre o genjutsu. – disse ele irritado.

– Sasuke...

– O que você fazia aqui sozinha no meio da noite? Deveria estar em casa dormindo. – falou ainda mais irritado.

– Eu saí com os meus amigos.

– E por que aquele dobe não foi levá-la em casa? – perguntou se referindo ao Naruto.

– Ele precisou acompanhar a Hinata, ele agora namora com ela. – Sasuke estava com muita raiva.

– Se eu não houvesse chegado...

– Se você não houvesse chegado eu teria me defendido sozinha, pare de me tratar como se eu ainda tivesse 12 anos de idade, não sou mais aquela garotinha fraca que necessitava da sua ajuda e da do Naruto, eu cresci, já se esqueceu que lhes ajudei a derrotar Madara? – soltei tudo de uma vez, não iria suportar vê-lo me tratando com uma garotinha indefesa novamente.

– É mesmo? Duvido muito que você fosse bater em alguém que não estivesse em seu juízo perfeito, você é muito boazinha, Sakura.

– Eu daria o meu jeito, sou uma shinobi. – retruquei, ele estava com muita raiva, podia-se ver tal sentimento em seus olhos. Ele olhou-me por um instante e logo depois se sentou naquele banco. Fiquei o observando por um tempo ainda em choque pelo seu comportamento, por que ele estava tão irritado? Aquele homem não havia me feito mal algum, fui tirada de meus pensamentos pela sua voz mais uma vez autoritária.

– Não vai sentar?

– Hã? – perguntei surpresa.

– Vai ficar aí, em pé a noite toda? – Sasuke continuava o mesmo insensível de sempre.

– Ah sim... Quero dizer não, eu vou sim me sentar. – dizendo isso me sentei um pouco afastada dele. Ficamos em silencio por um tempo, não ousaria falar com ele estando naquele estado, porém tantas perguntas rodeavam a minha mente, gostaria de saber por onde andou durante todo esse tempo, o que fez, o que o havia feito voltar, mas aquela não era uma boa hora para questioná-lo, ele com certeza se irritaria.

– Desculpe... – falou apoiando os cotovelos sobre os joelhos, logo em seguida cruzando as mãos e encostando-as sobre o queixo. – Eu não deveria ter falado dessa maneira com você.

– Tudo bem. – falei.

– Vem, vou te levar em casa. – falou levantando-se.

– Não precisa...

– Irritante. – dizendo isso me puxou pelo braço indo em direção a minha casa, Sasuke realmente nunca mudaria, o surpreendi parando no meio do caminho. O vento tocava meu corpo fazendo meus pelos eriçarem, abracei-me fortemente na tentativa de repelir o frio, naquele ritmo eu acabaria doente, percebi Sasuke fazer um pequeno movimento para logo em seguida jogar-me sua capa, fiquei surpresa pelo seu ato. O clima gélido era tão grande que acabei ficando com dor de cabeça. Vesti sua capa sentindo o calor de seu corpo ainda presente nela, o seu cheiro também estava lá... – O que foi? – perguntou, tirando-me de meus devaneios.

– Por que voltou? – por fim disse, ele nada falou, apenas observou-me por uns instantes e depois disse.

–Konoha é a minha casa agora. – fiquei feliz pelas suas palavras não contendo as minhas lágrimas, ele estava novamente de volta, dessa vez para ficar.

– Sempre foi. – falei sorrindo, senti uma enorme vontade de abraçá-lo, mas preferi não fazê-lo, ele não iria gostar. – Eu senti a sua falta, Sasuke kun. – falei enxugando as lágrimas.

– Eu também senti muita falta... da vila. – sorri tristemente, tive tanta esperança de que ele dissesse que havia sentido minha falta.

– Tudo será diferente agora Sasuke kun, eu prometo. – disse sorrindo para ele.

Era difícil de acreditar que estávamos realmente ali, naquele mesmo local onde há alguns anos atrás ele me deixou desacordada, me sentia tão perdida, não tinha a menor ideia de como agir diante dele, mantive-me o mais natural possível de maneira alguma queria demonstrar os meus sentimentos por ele, Sasuke sempre deixou bem claro que não sentia nada por mim.

– Por um momento pensei que não fosse mais voltar. – falei.

– Mas estou aqui, como vê. – bufei, Sasuke continuava o mesmo frio de sempre.

– O que irá fazer agora que voltou?

– Não sei, talvez dar continuidade ao clã Uchiha. – disse olhando-me nos olhos.

Lembro-me da vez em que ele citou querer reconstruir o clã, ainda éramos crianças na época, achei que depois de se tornar um nukenin ele houvesse desistido desse sonho, mas agora vejo que o sustentou durante todos esses anos, porém me perguntava quem poderia ser a escolhida para tornar esse sonho realidade? Sem dúvida não era eu.

– Espero que consiga, você merece ser feliz, Sasuke kun. – respondi sorrindo, ele apenas encarou-me ainda sério, baixei um pouco o meu rosto. – Nossa, é meio estranho... – falei não contendo o riso.

– O que é estranho? – perguntou-me confuso.

– Nós nunca conversamos assim, por muito tempo, a não ser naquele dia em que você foi... Embora. – ele olhou-me e disse.

– Obrigada... Obrigada por nunca desistir de mim... Nem você e nem o Naruto. – era a segunda vez que ele agradecia, Sasuke estava tão... Mudado.

– Sabe que nunca iríamos te abandonar.

–Podemos ser amigos? – amigos? Então o Sasuke apenas me queria como uma amiga? Baixei um pouco o meu rosto, triste pelo que ele me disse, não era isso que eu gostaria de ouvir de seus lábios, mais fui forçada a olhá-lo novamente ao sentir o toque de suas mãos segurando as minhas, o olhei confusa. – Você me acompanhou durante tantos anos, mesmo quando eu fui embora você e o Naruto continuavam a me perseguir. Desde que o clã Uchiha foi extinto e eu acabei tendo vocês como companheiros de time, vocês passaram a ser pessoas importantes em minha vida. Obrigada, por tudo, vocês realmente são grandes amigos. – eu apenas sorri.

– Você também é um grande amigo Sasuke kun. – sorri para ele sinceramente.

– Sério? – falou sorrindo e soltando minhas mãos. – Eu tentei matá-la, não creio que eu seja um bom amigo.

– É... – pensei. – Você tentou me matar. – sorri. – Mas já salvou minha vida diversas vezes e isso é o que importa. – fitei novamente os seus olhos. – Tente esquecer o passado e recomeçar do zero, nós estamos aqui para te ajudar. – agora havia sido a minha vez de tocar as suas mãos, queria de alguma forma confortá-lo, passar-lhe confiança, dar-lhe razão para continuar e principalmente queria acolhê-lo para que não fosse embora, nunca mais. Não me importava com quem ele fosse reconstruir o clã, tê-lo perto de mim, mesmo que não sendo em uma vida conjugal, já era o bastante para que eu fosse feliz, se ele estivesse feliz, eu também estaria.

Meus olhos cada vez mais mergulhavam naquele mar de ônix, querendo pôr luz naquela escuridão que parecia não ter fim, meu coração batia em um ritmo acelerado, eu queria sair dali, quebrar aquele contato visual, tinha medo de acabar beijando-o e sofrendo mais uma vez pela sua rejeição, porém eu não tinha mais controle sobre o meu corpo.

–Sasuke kun você voltou! – nossos olhos desviaram-se ao ouvir a voz daquela ruiva irritante, agradeci mentalmente por ela ter chegado, ela aproximou-se do Sasuke o abraçando e logo em seguida lhe dando um... beijo, o beijo que eu não tive a coragem de dar.

– Me larga Karin. – disse ele incomodado pela atitude da ruiva.

– Mas Sasuke kun, eu estava morrendo de saudades. –soltei uma pequena risada pelo fora que ela havia levado, antes ela do que eu, eu por fim disse.

– Eu preciso ir, meu pai está a minha espera. – o fitei por um instante. – Até mais, Sasuke kun.

– Eu irei acompanhá-la. – disse abandonando Karin e vindo em minha direção.

– Não precisa, você ainda tem que falar com o Kakashi sensei sobre a sua volta, não quero incomodá-lo, nos vemos depois, Sasuke kun.

– Tem razão, vamos. – falou me acompanhando, eu parei por um instante, ele não havia me ouvido quando eu falei que iria sozinha? Ele olhou-me como se entendesse o que eu queria dizer e disse. – O hokage mora por aqui, não? – realmente o hokage morava perto da minha casa.

– Sasuke kun, me espere, eu também vou. – gritou aquela ruiva enjoada, eu sinceramente não a suportava.

Andamos em silencio pelas ruas de Konoha, pelo menos eu e Sasuke, Karin pendurava-se a todo momento no pescoço do Uchiha, aquilo estava me irritando, não parava de falar um só minuto, dizendo o quanto sentiu sua falta e dizendo-lhe que o perdoava por tudo que ele havia feito a ela. Finalmente chegamos em frente a minha casa, entreguei sua capa e agradeci logo em seguida entrando, fiquei com um pouco de receio em deixá-lo sozinho com a ruiva, aquela garota era muito oferecida, mas eu não poderia simplesmente sair seguindo-o pelo resto da noite.

Entrei em minha casa, a escuridão reinava nela, lembrei-me das palavras de Sasuke perguntando-me se poderíamos ser amigos, aquilo de fato destruiu qualquer esperança que restara em meu coração, precisava a todo custo conformar-me com o que ele decidiu, tê-lo como um amigo até que não seria ruim, Sasuke havia voltado, nos ajudado a derrotar Madara, tê-lo de volta na aldeia da folha confortava o meu coração, além do mais eu não poderia ser egoísta, sempre foi o seu maior desejo restabelecer o clã, então que fosse feita a sua vontade, como uma verdadeira amiga eu iria apoiá-lo, seja qual fosse a sua decisão. Entrei em minha casa e encontrei o meu pai me esperando.

Papai, sussurrei. Ele parecia uma criança dormindo sobre aquele sofá, subi até meu quarto, e peguei um dos lençóis que se encontravam no guarda roupa, para enrolá-lo. Aquela noite estava realmente fria, antes de sair do quarto dei uma olhada no espelho, minhas bochechas estavam rosadas, toquei o meu nariz, este se encontrava gélido, encostei o lençol sobre ele na tentativa de aquecê-lo, surgiu efeito mais logo passou, um desejo imenso de enrolar-me entres as cobertas surgiu, desci para sala onde se encontrava papai e o cobri com o lençol logo voltando para o quarto e finalmente realizando o desejo de aquecer-me.