Estranho Amor escrita por Apolo237


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Em primeiro lugar: eu não shippo valdângelo.
*coro de leitores* - mas então por que escreveu uma ghostfire, Kokoro-san?
Simples, meus caros Watsons: fui influenciada pelas fics deles que li T.T A CULPA É DAS AUTORAS!!!
Mas ficou fofo, vai :3



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Nico sempre parecera estranho para Leo.

E como não pareceria? O garoto era filho de Hades, do Mundo Inferior, com toda a aura assustadora normalmente associada ao submundo e os olhos que pareciam já ter visto tudo de ruim que existia. No começo, Leo sentia arrepios só de estar no mesmo ambiente que o garoto. Era apenas uma reação instintiva, natural. Tudo no irmão de Hazel irradiava perigo, apesar de seu corpo franzino.

Mas se havia uma coisa de que Leo se orgulhava era de sua fácil adaptação. Fora sempre assim que ele sobrevivera: adaptando-se às mais diversas situações, acostumando-se. E uma vez acostumado com Nico, sua opinião sobre este mudou radicalmente.

Havia algo na pele pálida e nas olheiras do garoto que gritava sobre tristeza. Seus ombros estavam eternamente curvados, como ele carregasse todo o peso do mundo em suas costas. Suas mãos eram pequenas e quase tão magras quanto os esqueletos que podiam convocar. Tudo nele era tão triste, tão solitário, que fazia Leo se perguntar do motivo para tanta dor em uma só pessoa.

E foi assim que ele chegou a uma conclusão.

Nico... Era apenas uma criança atormentada.

Sim, era exatamente isso. Ao ouvir a história dele de uma Hazel benevolente (“Não conte pra ninguém que eu te disse tudo isso ou ele vai me matar!”) tudo se tornou óbvio. Nico havia sido forçado a carregar um fardo que nem um adulto normal superaria completamente quando ainda era apenas uma criança imatura.

De onde mesmo aquilo era familiar?

(as chamas engolindo uma oficina,

uma criança eternamente em

fuga)

Ele nem fazia idéia.

Então, superada sua aversão inicial, ele se aproximou de Nico. No começo era apenas para tentar fazer um amigo que realmente entendesse como era se sentir de fora. Mas Leo cometeu um descuido. Ele esqueceu que era humano e não mais uma das máquinas que produzia e consertava, e que ao contrário delas tinha algo extremamente complexo chamado coração. Ele se esqueceu de que havia a possibilidade de se apaixonar.

Claro-Leo já tivera uma paixonite por Jason, então sabia que gostava de... Que era...

(Deuses, até a palavra

era difícil de

dizer)

Mas nunca sequer lhe passara pela cabeça que pudesse se apaixonar por Nico, e muito menos que a recíproca acontecesse.

Não, Leo ainda o considerava estranho demais para... Para que... Argh! Para que alguém –muito menos ele- gostasse do garoto desse jeito. Por mais que sentisse uma sintonia com o filho de Hades, era impossível. Impensável.

(Mas os olhos

aqueles olhos que pareciam

ter mil anos)

As íris dos olhos de Nico pareciam feitas de pura escuridão. Pareciam já ter visto as piores coisas do mundo, as maiores podridões da humanidade e suas maiores vergonhas. Como se tudo o que fosse mau já tivesse sido vislumbrado por ele.

(Mas mesmo assim

Seus olhos – eram

Puros)

Imaculados, sem a menor sombra de profanação. Era irônico, e Leo ria de si mesmo incrédulo sempre que pensava isso, mas o sobrenome “di Ângelo” era bem apropriado ao filho do submundo.

(Sim, Nico parecia um anjo

Um anjo das trevas,

de asas negras)

Pois a tristeza dele era a pura como a de um menino que ainda não conhece o mundo, embora Nico já o conhecesse até demais e conhecido inúmeras de suas piores coisas.

(Pois tudo de ruim

um dia vai para o

submundo)

E o que parecia impossível aconteceu. Leo se apaixonou pelo garoto que antes lhe repugnava. E quando se deu conta disso, seu rosto se tornou púrpura e literalmente ficou em chamas.

Leo percebeu um dia, ao inclinar-se demais para perto de Nico e seus rostos ficarem demasiadamente próximos. A face pálida do Rei Espectral tingiu-se de um leve tom de rosa extremamente bonito – e foi só então, ao fitar as orbes negras tão próximas das suas próprias castanhas, que Leo notou as borboletas esvoaçando em seu ventre e finalmente percebeu...

(ele estava apaixonado por Nico)

Fora nesse momento que seu rosto incendiara-se, e o coração do mecânico foi roubado de vez quando ao invés de dar um pulo para trás assustado, Nico apenas recuou um pouco por segurança e ficou fitando as chamas com fascínio:

-É bonito – murmurara.

(É bonito...)

E mesmo Leo sabendo que ele se referia às labaredas, não pôde conter a esperança (“Talvez Nico estivesse falando de mim”) . Mesmo que não fosse, apenas a coragem que ele tivera de ficar ali tão perto do fogo, observando-o encantado já fora mais do que o suficiente para fazê-lo se apaixonar de novo.

-Cuidado... – foi só o que conseguiu sussurrar.

(Cuidado

Eu não sei se posso me conter)

Mas Nico apenas deu um pequeno sorriso timidamente e tocou com cuidado as chamas. Por um segundo, Leo se sobressaltou pensando que o menino se queimara, mas não – onde a mão franzina tocava, o fogo tornava-se negro e esverdeado.

Chamas fantasmas.

-Vê? – disse Nico – A união de nossos poderes.

E a expressão do garoto naquele momento era tão sincera, tão vulnerável, que Leo pôde ver através de seus olhos puramente negros todo o fardo que Nico carregara durante tanto tempo e o alívio que sentira ao encontrar alguém igual a ele. Alguém que o entendia.

(E naquele momento tudo

Tudo fez sentido)

E Leo não se importou com nada, nem com o que Nico podia pensar dele depois – ele apenas fez o que seu coração ordenava e abraçou o menino, com cuidado para não o machucar. Ele parecia tão frágil. Como se a qualquer momento fosse se partir em um milhão de pedacinhos minúsculos.

O coração de Leo bateu infinitamente mais rápido ao se ver de encontro com o de Nico, que miraculosamente também palpitava em maior velocidade. E então algo que nunca julgara possível aconteceu: o filho de Hades riu, um som tão puro e divertido como a risada de uma criança, e nesse exato momento Leo desejou que Nico risse mais vezes, por que o som era tão melodioso...

As mãos do menino agarraram cuidadosamente a parte de trás de seus suspensórios com força, como se temesse que o mecânico fosse fugir, e ele se aconchegou no calor do mais velho. Leo não conteve um arrepio, que sabia ser menos pelo choque térmico que por ser Nico ali em seus braços.

-Ei, Leo – Nico sussurrou- Você acharia estranho se eu dissesse que estou meio que apaixonado por você?

O coração do mecânico falhou uma batida pouco antes de disparar feito um foguete. De repente, tudo no mundo parecia ter retornado a seu devido lugar, como se o planeta finalmente tivesse voltado a girar na órbita natural, da qual fora arrancado havia tantos anos. Ele se afastou um pouco do menino, com um sorriso contido no rosto:

-É claro que eu acharia – disse, vendo Nico murchar – Desde quando alguém retribui os meus sentimentos?

As orbes negras se arregalaram ao mesmo tempo em que um largo sorriso brotava em sua face. Era um sorriso tão espontâneo e feliz que Leo quase se sentiu culpado por não ter se apaixonado antes enquanto inclinava seu rosto (sem chamas dessa vez) na direção do outro.

E naquele momento, quando seus lábios se tocaram suavemente e com carinho, tudo se encaixou com um clique no lugar certo. Era estranho? Era. Leo sempre acharia Nico esquisito por uma razão ou outra. Mas amar era exatamente isso – conhecer as esquisitices da outra pessoa e aceitar. Aceitar com o coração e até os braços abertos, pronto a dar colo a qualquer momento, por que embora você aceite outras pessoas não farão o mesmo. E entender. Entender, pois todas as pessoas têm suas esquisitices.

Eram exatamente as coisas estranhas em Nico que fizeram Leo amá-lo. E a partir daquele instante em que duas bocas se tocaram ( uma quente, outra fria) com tanto amor, nada mais seria como antes. Tudo mudaria, para melhor ou pior.

Mas, Leo sempre se orgulhou de sua capacidade de adaptação.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Qualquer erro me avisem, por favor.