Ficamos conversando por um tempo, mas logo as pizzas chegaram, chamei as mocinhas no quarto e Emily chegou primeiro que todos. Sentamos ao redor da mesa e cada um se serviu como quis, de vez em quando Oliver pegava na minha mão por debaixo da mesa o que me deixava ainda mais nervosa e Emily não tirava os olhos de Oliver e esse por sua vez era só sorrisos para ela, de vez em quando uma careta que fazia minha pequena rir com a mãozinha na boca cheia, confesso que não conhecia esse lado de Oliver e só me fez amá-lo ainda mais. Após muita conversa e Roy implicando com Emily dizendo que ía comer tudo antes dela, Dig e Lyla resolveram irem embora, Thea e Roy precisaram ir porque ainda passariam pela boate. Emily começou a coçar os olhinhos, mas não se entregava mesmo eu insistindo que ela estava com sono:

– Oivé, você dosta de desenhos? (Oliver, você gosta de desenhos?)

– Gosto, pequena. Qual o seu preferido?

– Fozen!! (Frozen!)

Tentei mil vezes fazer sinal pra Oliver sobre o perigo que o cercava mas ele nem ligou:

– Vamos assistir?

Nem preciso dizer a empolgação de Emily, nos acomodamos no sofá com Emily entre nós, mas mal começou o filme e a pequena já estava dormindo no colo de Oliver, ele nem perguntou nada, pegou e levou para o quarto, depois voltou para sala enquanto eu trocava sua roupinha. Quando voltei para sala, resolvi pegar um pouco de vinho para nós dois e levei para ele que me esperava no sofá:

– Parece que você já sabia que ela ía adormecer?

– Thea sempre dava trabalho pra dormir quando eu começava a me arrumar pra sair, aí eu prometia assistir filme com ela e pronto, poucos minutos e eu já estava livre. Speed sempre foi agitada, mas com o tempo eu aprendi a lidar com ela melhor até que nossa mãe...

Senti um pouco de nostalgia em sua fala então beijei seu rosto, ele se virou e começou a me beijar, tirou a taça de vinho das minhas mãos e começou a acariciar minhas costas e depois minha nuca. Ficamos assim um bom tempo até que os beijos e as carícias foram se intensificando e um som baixinho vindo do quarto de Emily nos despertou e decidimos parar com um enorme sorriso no rosto. Oliver me puxou para seu peito e ficamos assistindo um filme de ação que passava na tv, de vez em quando nos beijávamos mas sem muita pressão, apenas como um casal de apaixonados. Casal, há alguns dias atrás isso era praticamente impossível para nós e hoje eu já vejo a possibilidade de ter uma família... Felicidade me define. Depois que o filme acabou, Oliver decidiu que já era tarde e que era melhor me deixar descansar, eu até insistir, mas claro, ele sempre vence:

– Nos vemos amanhã?

– Uhum!

– Acha que Emily gostou de mim?

– Tá brincando? Emily está caidinha por você. Aliás, mais uma coisa que temos em comum: bom gosto!

– Sei...

– Quer me falar alguma coisa? Você tá daquele jeito que está com mil pensamentos e nenhuma palavra...

– É que... Que... Porque ela não me chama de tio?

Realmente não havia reparado esse detalhe, mas percebi o quanto aquilo parecia importante para Oliver, amanhã conversarei com a minha pequena.

– Não sei Oliver, mas você não deve ligar pra isso, não vai demorar muito para vocês se tornarem ainda mais próximos e tenho certeza que ela gostou de você.

– Certo, precisa de tempo né?

– É!

Ele me beijou intenso e depois saiu me desejando boa noite e bons sonhos, e ah, com certeza, eu terei. A noite foi ótima, descansei como nunca, por cansaço, mas também de alívio por tudo estar dando tão certo. O dia amanheceu e escutei alguém mexendo na cozinha, levantei assustada e quando cheguei vi uma cabeleira loira abaixada revirando o armário. Quando fomos fazer compras, eu resolvi deixar a parte debaixo do armário com biscoitos e outros lanches para ficar mais acessível a Emily:

– Mocinha, porque não me acordou?

Perguntei dando beijos em sua cabecinha e fazendo cosquinhas em sua barriga, ela se levantou dizendo:

– Mamãe você tava soando? (Mamãe, você estava sonhando?).

– Não que me lembre, mas porque a pergunta?

– Putê você tava indo! Assim ó! (Porque você estava rindo! Assim olha).

Emily pôs os dedos nas laterais da boca e alargou um sorriso exagerado e isso me fez gargalhar, peguei ela e coloquei no seu banquinho, depois servir cereais com leite pra ela enquanto colocava a cafeteira para funcionar. Depois que comemos, a levei a casa de Lyla, é aniversário de Sara e eu prometi que ajudaria com os preparativos, só espero que Emily se comporte. Chegando lá, Dig nos recebeu e levou Emily para brincar com Sara no quarto e me disse que Lyla estava na cozinha:

– Então, por onde começo?

– Cadê Emily?

– Tá no quarto brincando com Sara.

– Comece me contando como foi ontem depois que saímos!

– Sabia que ía perguntar!

Disse com um sorriso enorme e depois falei da tática de Oliver para Emily ceder ao sono, mas expliquei que estamos indo com calma, depois ela me deu uns legumes para cortar já que a decoração só íamos fazer a tarde. Adiantamos todos os aperitivos, doces e lanchinhos, paramos para dar comida as nossas pequenas e depois a colocamos para dormir, Dig foi pegar o bolo na confeitaria e então começamos a decoração. Lyla resolveu o tema de borboletas, cortamos muitas de várias cores e resolvemos prendê-las em um varal pelo jardim mas era necessário que fosse alto para os adultos não ficarem incomodados, Lyla trouxe uma escada e eu fiquei prendendo enquanto ela recebia alguns presentes, quando me abaixei para pegar uma borboleta acabei deixando escorregar e quando tentei pegá-la de volta, a escada balançou e eu senti a queda, só que antes de chegar ao chão, braços muito forte me seguraram:

– Meu herói!

– Sempre!

Oliver me beijou na testa e eu olhei com confusão franzindo a testa, foi quando ele apontou com os olhos para a entrada do jardim e lá estava um par de olhos azuis piscando freneticamente assustada com o que via, quando Oliver me soltou, ela veio em minha direção, a peguei no colo e a beijei no rosto. Assim, eu esperava receber um beijo de volta, só que ao invés disso, Emily aproveitou a proximidade, passou o braço no pescoço de Oliver e pulou pros braços dele. Deu um beijo estralado e disse:

– Oivé, vamu bintar! (Oliver, Vamos brincar!).

– Claro, pequena... do que você quer brincar?

– Queio bintar no baianço! (Quero brincar no balanço!)

Oliver deu um beijo na bochecha dela e já iam saindo em direção aos brinquedos quando reclamei:

– Hey, e eu? Não ganho nada é?

Emily começou a rir e cochichou alguma coisa pra Oliver que depois cochichou de volta pra ela e vieram até mim, eu só entendi quando chegaram perto e começaram a me dar muitos beijos, um de cada lado, em meio as gargalhadas, Emily perguntou:

– Adóia tá bom? (Agora tá bom?).

– Hum, deixe eu pensar... Tá sim, podem ir brincar!

Oliver colocou Emily no pescoço e saíram direção ao balanço, continuei meu trabalho, pois sabia que em melhores mãos, Emily não podia estar. A festa correu normal, Thea chegou para nos ajudar a servir, todos estavam se divertindo. Roy ficou brincando de pega pega com as crianças enquanto Dig e Oliver ficaram responsáveis por manter os outros pais ocupados, claro, Oliver não é pai, é só uma forma de dizer, não que eu não queira que ele seja, Deus sabe como quero mas... enfim, de vez em quando eu olhava para Emily e via Oliver em alguma brincadeira com ela. Depois que já estavam todos servidos, resolvemos nos sentar na cozinha para descansar um pouco, Thea, Lyla e eu estávamos mortas. Emily, que só sabe correr, chegou me assustando pedindo água e logo atrás vinha Oliver:

– É preciso ter treinamento de soldado para acompanhar essa pequena.

– Ainda bem que você tem muito mais que isso, nem maninho?

Oliver sorriu com a provocação de Thea e Emily me chamou num canto da cozinha como se quisesse contar um segredo:

– Mamãe, Oivé é seu amido? (Mamãe, Oliver é seu amigo?)

– Sim, meu anjo, ele é meu melhor amigo!

Olhei pra Oliver que nos olhava com um sorriso imenso:

– Mas porque está me perguntando?

– É te... séia te êie é meu amido também?(É que... será que ele é meu amigo também?).

– Não sei, você pode chama-lo de tio!

– Nom, tio nom! (Não, tio não).

– Porque não? Você não gosta dele?

– Dosto munto! (Gosto muito)

E ela abriu os braços o máximo que pode, então devolvi:

– E por que ele não pode ser seu tio?

– Putê, êie é difeiente... eu dosto mais dêi do tê dos ôtos! (Porque, ele é diferente... eu gosto mais dele do que dos outros!).

E depois fez sinal de silêncio, como um segredo que não deve ser contado, quando pensei em falar, vi Emily fazendo sinal para que Oliver viesse até a gente, quando ele se abaixou, ela perguntou:

– Oivé, você té sê meu amido? (Oliver, você quer ser meu amigo?).

Oliver demorou um pouco para entender e depois respondeu:

– Não!

Emily baixou a cabeça tristinha e eu já ia esmurra-lo quando ele sorriu e levantou a cabeça dela:

– Eu já sou seu amigo, mas eu quero ser seu MELHOR amigo!

Emily riu desajeitada e respondeu:

– Ai Oivé, você já é, bobinho! (Ai Oliver, você já é, bobinho).

E depois o abraçou, Oliver a levantou e girou fazendo-a gargalhar. Depois colocou no chão e ela saiu correndo para os brinquedos:

– Tá vendo? Por isso que você não pode ser apenas “tio”!

– Confesso que não esperava por isso, mas não vou perder a oportunidade de passar isso na cara de Jonh e Roy.

– Oliver?

– Sério Felicity, os dois não param de passar na minha cara que ajudaram no quarto de Emily e que ela chama eles de tio e tudo mais!

Oliver fez cara de chateado, ver o herói da cidade chateado com uma bobagem daquela me fez perceber o quanto que Emily e eu estávamos nos tornando importantes na vida dele, aproveitei a ausência de Emily e o enchi de beijos fazendo ele relaxar. As pessoas começaram a se despedir e resolvemos começar a arrumar a bagunça, os homens ficaram bebendo em torno na churrasqueira e olhando as crianças, quando terminamos, nos juntamos a eles e assim ficamos os casais. Emily insistiu para dormir com Sara e eu finalmente aceitei quando Lyla disse que eu podia ficar no quarto de hóspedes. Coloquei Emily para dormir e voltava pro jardim, quando Oliver me surpreendeu nas escadas, me pegou nos braços e me levou para o quarto de hóspedes, por mais que eu falsamente tentasse interrompê-lo, claro, não tenho forças contra Oliver, ele me deitou na cama e assim ficamos nos beijando e acariciando. Oliver avançava nas caricias e suas mãos se tornavam mais pesadas enquanto passeavam por minhas pernas, eu já não sentia medo algum que alguém pudesse nos atrapalhar e comecei a provocá-lo com beijos em seu pescoço e maxilar, por um bom tempo ficamos até que começamos a ouvir os outros sentindo nossa falta. Nos recompomos e resolvemos voltar para o jardim, havia um enorme sorriso em nossos rostos e claro, as provocações eram constantes "será que nunca vão se acostumar?" e em meio a conversas e risadas percebo o quanto aquilo era raro para todos nós, parecíamos e provávamos de algo novo, a felicidade estampada no rosto de Oliver me fascinava e ele percebia já que fazia questão de me dá uma piscadela entre uma risada e outra, Roy contava suas aventuras enquanto "ladrãozinho de bolsa de menina riquinha", era como ele gostava de provocar Thea já que se conheceram assim e Thea aproveitava para provocar Oliver em como ela sempre chegava primeiro que ele embora ele se defendesse dizendo que deixava para vê-la feliz justificando seu apelido "Speed", com pouco tempo vejo aquela pessoinha arrastando um lençol, achei que viria em minha direção, só que não, foi para os braços de Oliver, ele a aconchegou cobrindo com o lençol e ela adormeceu de novo. Jurava que iam ficar tirando brincadeiras, mas um momento tão lindo assim, ninguém se atreveu. Bem tarde, Oliver resolveu voltar junto com Thea, nos despedimos e ele me deixou com um gosto, gosto de quero mais todos os dias.

Entrei pro quarto, tomei banho e quando já ia me ajeitar pra dormir Emily chega e deita do meu lado, faço carinhos em seus cabelos e canto uma música que minha mãe cantava pra mim, ela adormece e vejo meu celular vibrando, mensagem de Oliver:

– “Sei que ainda não está dormindo porque depois do dia de hoje eu também não consigo dormir tão fácil, mas preciso que saiba que você e Emily me fazem feliz e eu quero essa felicidade pro resto da minha vida. Quero tentar de novo: aceita sair pra jantar comigo?”

Respondi a mensagem com um enorme sorriso:

–“Sempre!”

E então me aconcheguei na minha maior alegria e adormeci escutando sua respiração.