How To Save Two Lives escrita por Mor Sega


Capítulo 2
Capitulo 1: All The Lonely People


Notas iniciais do capítulo

Pessoas lindas, recém chegadas ou recém voltadas, sejam bem-vindas, essa história é antiga e acabei dando uma reformulada nela.
Aqui está a playlist completa da primeira fase e as músicas do capitulo vão aparecer no começo e no fim junto das citação das músicas, boa leitura.

Bjos, bjos.

Parte I: http://8tracks.com/sem-nome/how-to-save-two-lives-parte-i



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“Todas as pessoas solitárias, de onde elas todas vêm?
Todas as pessoas solitárias, de onde elas todas são?”

— All The Lonely People (The Beatles)

~~X~~

Era a quarta ou quinta vez que saia da torre negra onde Hans estava instalado. Ainda não encontrara a oportunidade perfeita, mas sabia que tinha de falar com Elsa, não podia acreditar que a rainha deixaria um homem para morrer sozinho em um deserto de gelo. Conhecia a rainha bem demais para saber disso.

Brienne deixou o local com o coração saltando no peito e uma promessa ainda quente em sua cabeça: Voltaria para buscar o jovem ruivo assim que possível, em verdade, era ainda a mesma promessa que fazia desde a primeira vez e ela já começava a pesar sobre seus ombros.

Sabia que era um tanto quanto cruel manter alguém daquela forma, mas nunca pensara que poderia ser tão terrível como a imagem de Hans quando ela o deixou, com um sorriso doentiamente melancólico estampado no rosto magro e peludo demais, implorando para que pudesse acabar com aquele tormento.

Olhando para trás, pode ela mesma experimentar aquela sensação. Sabia como era estar sozinha, se sentir esquecida e, o pior, estar presa e descuidada, mas principalmente sabia o que acontecia com uma alma enquanto ela apodrecia em uma prisão no meio do nada, qualquer tempo era o suficiente para uma vingança bem planejada.

~~X~~

Ana e Kristoff estavam nos jardins conversando animada sobre qualquer assunto que Elsa não conseguia decifrar da janela de seu escritório. Sobre a mesa estavam alguns papéis que decidira analisar melhor quando chegasse lá, mas de repente essa vontade morreu quando se sentou à mesa e passou a remexê-los. Não leu nada que não fosse por cima, havia tantas reclamações com as quais não queria ocupar a cabeça no dia que tirara para passar única e exclusivamente com a irmã, mas não planejara ser jogada para escanteio.

— Vossa graça – chamou Gerda da porta, com certa pressa, entrando na sala com os passos tic-taqueando no piso enquanto o corpo redondo balançava de um lado para o outro demonstrando – A rainha Wanda das Ilhas do Sul.

— Quem? – perguntou Elsa franzindo a testa e aproximando as sobrancelhas.

— A rainha – falou novamente se aproximando – Kai disse que a carta dela foi entregue em suas mãos.

Elsa, então, começou a vasculhar os papeis revirados em sua mesa até encontrar um envelope selado em cera ciano, estreitou os olhos e então pode identificar o selo. Sim, era das ilhas do sul – Eu nem ao menos olhei a carta – respondeu se apressando olhar pela janela que dava para o porto onde um barco com as velas da mesma cor e com o mesmo carimbo do selo estava desembarcando sua comitiva que era coroada por uma senhora magricela de cabelos arruivados, mas marcados pelos fios grisalhos que despontavam aqui e ali. – Meu deus, o que ela faz aqui?

Mas a criada apenas encolheu os ombros indicando que não sabia do que se tratava. Elsa correu para ajeitar a trança no pouco de reflexo que conseguia na janela – Gerda! Faça sala para ela, diga que já desço.

— Sim, rainha Elsa. – assim que a empregada fechou a porta atrás de si, a rainha pegou a carta e violou o selo no mesmo instante.

Não prestou atenção no conteúdo, no entanto, apenas correu os olhos pelas linhas e pegou uma ou outra palavra no ar como Hans, pessoalmente e desculpas.

Depois disso, solto-a em algum canto e caminhou a passos apressados para a porta e correu pelos corredores com os saltos da sandália batendo delicadamente no chão de taboão.

~~X~~

Chegou ao castelo e entregou o cavalo para um cavalariço qualquer que estava por lá. No caminho, pensará em tudo o que a impedia de falar com Elsa e não conseguiu encontrar qualquer motivo. Sua certeza apenas se expandiu quando viu o barco com as velas de um azul claro com um símbolo que conhecia de seus estudos.

— Anna! – chamou ao vê-la de longe, sentada ao lado do futuro marido e a mesma se virou de imediato.

— Brien – respondeu ela – Onde esteve?

— Fui visitar um lugar – disse simplesmente, logo voltando para o assunto que era de seu maior interesse – Mas preciso falar com Elsa, você a viu?

— Sim, ela disse que tinha muito trabalho para ficar aqui conosco – disse com um olhar um pouco triste. – Acho que está no escritório.

— Obrigada – respondeu olhando para o casal e entendendo perfeitamente o que a jovem rainha pensava. Não deferia ser fácil estar próximo de um casal com tanta sincronia como Anna e Kristoff, por mais feliz que fosse, ainda era fácil se sentir deslocada – Vou procura-la lá então.

Os corredores pareciam completamente vazios quando entrou no castelo, não se importou com isso, afinal tinha coisas mais importantes a fazer do que se preocupar com o sumiço de todos que mais cedo ou mais tarde teriam de voltar.

Pos um pé sobre o primeiro degrau, mas antes que pudesse continuar sua subida, fora surpreendida pela voz forte de Kay na antessala do conselho.

— O que estão fazendo? – perguntou ele um pouco irritado com alguma coisa que acontecia e isso chamou a atenção de Brienne para o local – A rainha está em uma reunião de estado que pode decidir o destino do reino.

— Nós só queremos saber do que se trata – respondeu um dos mais jovens, não podia ter muito mais que quinze anos e um rosto muito claro coberto de sardas combinados com um cabelo castanho em forma de tigela deixando a parte de trás mais curta que o resto do cabelo e uma franja reta sobre os olhos.

— E sua mãe? – perguntou o velho chefe de estado.

— Saiu quando a rainha mandou – respondeu deixando para pontuar logo depois – papai.

— Kai – corrigiu o homem – Agora todos de volta para seus afazeres. Todos vocês. – disse enquanto observava todos saírem aos poucos, então abraçou o rapaz e sussurrou – Preste atenção ao seu dever. – e antes de deixa-lo ir bagunçou os cabelos escuros.

O homem se afastou da porta logo após o filho e os outros empregados, mesmo assim, Brienne se aproximou com cautela, cuidando quem poderia estar por perto, mas não havia ninguém. Suspirou satisfeita e tocou uma das maçanetas que virou com facilidade e se abriu.

~~~X~~

A rainha desceu correu pelo corredor e desceu as escadas deixando um rastro de gelo pelo caminho. Elsa espalmou as mãos contra a porta de carvalho delicadamente trabalhada e está logo foi tomada por uma camada fina de gelo. Respirou fundo e tentou acalmar o coração que palpitava de forma inconstante.

Havia passado os últimos meses todos com a preocupação da sentença de Hans e mesmo que Rayne, o príncipe regente das Ilhas do Sul, lhe garantisse que o irmão mais jovem teria a pena mais apropriada e que, de maneira alguma, haveria guerra entre os dois reinos, mas agora Wanda estava lá e ela era a rainha, qual valiosa poderia ser a palavra do primogênito perante isso?

— Majestade? – chamou um rapaz, era um jovem de cabelos escuros e olhos castanhos que reconheceu como o filho de Kai e Gerda – Está tudo bem.

Ela respirou fundo mais uma vez antes de prosseguir – Sim, Joram! – respondeu fazendo o gelo retroceder – Obrigada por perguntar, mas agora já pode voltar ao seu trabalho.

Ela correu as mãos até as maçanetas de metal e, com um último ímpeto de coragem, empurrou as portas que se abriram para revelar a rechonchuda Gerda com a rainha Wanda em preciosas sedas de um azul semelhante ao vestido de Elsa e sentada em uma das cadeiras do conselho, então a mulher se ergueu ficando da altura da loira.

— Vossa majestade – disse a mais jovem fazendo uma reverencia – Por favor, sente-se. – pediu gesticulando com a mão para depois chamar a governanta que lhe cuidara desde a infância – Poderia nos deixar a sós, por favor.

— Ah! – exclamou como se só então percebesse que não era adequado escutar a conversa assim. – Sim! Claro! Majestades – disse fazendo uma reverencia desajeitada antes de sair.

Só então a rainha das Ilhas do Sul voltou a se sentar, acompanhando o movimento da mais jovem.

— Espero que esteja gostando da estadia – desejou a anfitriã.

— Estou aqui há pouco tempo, minha rainha – disse a outra colocando as mãos sobre o tampo da mesa – Mas, infelizmente, não vim aqui para desfrutar da hospitalidade do povo de Arandelle.

— Acredito que seu assunto seja um pouco mais preocupante – disse Elsa, já assumindo que a mulher não lhe viera convidar para o casamento de um dos 12 filhos restantes ou mesmo para o julgamento final de Hans.

Mas antes mesmo que ela pudesse começara a falar a porta da direita rangeu sobre o chão e se abriu para revelar os volumosos cabelos de Brienne.

— Minha rainha – disse com uma reverencia – Estive lhe procurando desde que cheguei.

— Agora não é uma boa hora – resmungou entre dentes, a jovem assentiu, mas a mais velha pareceu não gostar muito de ser interrompida e nem ao menos apresentada, de modo que Elsa se corrigiu assim que percebeu o erro – Majestade, essa é Brienne de Ealdor, minha dama de companhia, Brienne essa é a rainha Wanda das Ilhas do Sul. – disse e então se voltou para a rainha – Podemos voltar ao assunto?

— A sim!– disse se voltando para a rainha – O assunto é bastante sério sem sombra de duvidas, prefiro que não haja interferências...

— Sinto muito – respondeu a jovem de cabeleira castanha se retirando e fechando a porta de madeira atrás de si.

— Então! – puxou a rainha se sentando na cadeira do outro lado da mesa de estratégia, não era um lugar ameaçador, mas Arandelle também nunca fora um país militar para precisar de um grande exército. – Onde estávamos.

— Eu vim falar, como disse na carta, – acenou a mulher ao perceber como a rainha parecia desconfortável com a conversa e o tom um pouco mais sério que havia tomado – Eu vim conversar com a senhorita sobre os acontecimentos de alguns meses.

— Sim, a senhora falou de Hans em sua carta – Elsa não queria arriscar à ira da mulher falando do filho, mas a verdade é que era tudo o que ela podia se lembrar.

— Sim! Vim me desculpar pelas ações dele, eu juro – disse com os olhos que pareciam ser de uma transparência incrível e mostra a alma da mulher, mas ainda assim, algo incomodava a rainha. – Mas também vim lhe pedir clemência.

— Clemência? – a palavra pegou a mais nova de surpresa, não entendia porque aquela mulher poderia sair de seu arquipélago e viajar milhões de milhas para pedir algo que Elsa não podia lhe oferecer.

— Sim! – ela respondeu resignada e com os olhos transbordando certeza, mas logo essa certeza pareceu se derreter ao ver a expressão confusa no rosto de sua anfitriã – Não estou pedindo que o liberte de sua pena! Deuses, isso seria impensável, pergunte a sua amiga, mas peço que lhe abrande a pena, apenas isso. O deixe cumpri-la mais perto de casa.

— Eu... – Elsa disse com a testa franzida, as mãos formando punhos sobre a mesa para tentar conter o poder que parecia tentar escorrer de si com toda aquela confusão – Eu sinto muito. Não sei o que a senhora está pensando, mas Hans não está aqui.

— Então está dizendo que meu... – ela pareceu parar alguns segundos e pensar antes de soltar o nome que procurava, mas logo continuou – Meu Manfred é um mentiroso?

— Não! – disse a loira erguendo as mãos no ar e gesticulando para tentar acalmar a senhora – De forma alguma, eu nem ao menos o conheço.

— Exato, você não o conhece – disse a rainha apontando o dedo para a rainha que, apesar de constrangida, não disse nada – Não diga que ele está mentindo sobre meu pobre Hans.

— Eu não quis dizer isso – falou voltando a se concentrar, colocando os dedos esticados sobre o tampo da mesa de carvalho – Eu sinto muito, eu só... – ela fez uma pausa tentando pensar em quando foi a última vez que receberam um navio das Ilhas - Não me lembro de um prisioneiro nos últimos navios, acredito que...

— Rainha Elsa, – disse a outra, também controlando a respiração, como se temesse perder a calma – Eu governei ao lado de meu marido por muitos anos e no lugar dele em tempos de guerra, quando ele se ausentava – ela começou a contar – Sei que não é fácil manter um reino e não a estou julgando por isso. – ela falou com tanta calma e compreensão que Elsa quase sentiu-se envergonhada por desconfiar dela, mas não deixou que isso a afetasse,não depois de Hans – Talvez alguém tenha recebido meu filho, um militar ou alguém que fosse responsável por prisioneiros de fora. Às vezes delegamos funções sem realmente estarmos cientes disso, eu sei, não a julgo – insistiu ela – Mas meu filho não está em qualquer uma das Ilhas e o documento de deportação está aqui, assinado e selado por Rayne, você sabe quem é este não? – ela disse escorregando um papel por sobre a mesa para a rainha – E diz que você ficou responsável por julgar e punir Hans.

Elsa correu os olhos o mais rápido possível pela folha tentando entender o que havia ali, mas a única coisa que via de verdade era a frase que dizia. “Fica, a partir de então, acordado que a rainha Elsa de Arandelle se responsabiliza pela pena do príncipe Hans, 13° na linha de sucessão ao trono”.

Não havia como negar, Hans estava lá.

~~X~~

“Eu gostaria de ser como os jovens descolados

Pois todos eles parecem se encaixar”

— Cool Kids (Echosmith)


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e quero agradecer, especialmente a Amorita e a Vtmars que, não só favoritaram, como comentaram. Brigada suas lindas, espero que tenham gostado. XD