All Out War escrita por Filho de Kivi


Capítulo 14
The Man from Tallahassee


Notas iniciais do capítulo

Hei!

Saindo mais um capítulo de All Out War, esse, em minha opinião, está bem legal... A história já começa a se aproximar da saga que dá nome a fic... Isso mesmo, a Guerra está cada vez mais próxima!

Queria agradecer a Menta e Rosie, que comumente comentam por aqui... Muito obrigado meninas, o apoio de vocês é essencial para que a fic siga em frente! Ah, vocês que acompanham AOW e ainda não comentaram, não se acanhem, eu tenho a cara feia mas costumo ser um doce de pessoa hehe... Terei o maior prazer em responder aos seus comentários, tirar dúvidas e ouvir as críticas, que quando construtivas são extremamente benéficas para o crescimento de qualquer trabalho! Então, sintam-se a vontade, vocês estão em casa!

Bom, haverá alguns POV's nesse capítulo, o primeiro de um personagem novo, o segundo... Ah, não vou estragar a surpresa, acho que irão gostar!

Boa leitura!



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O caminho não estava sendo nada fácil. Esgueirar-se por entre os mortos já se tornara uma tarefa corriqueira, porém, os vinte e tantos quilômetros de distância entre o Hill Top e a nova comunidade que já tomava forma diante dos seus olhos, percorrido praticamente por inteiro a pé, fazia com que tudo se tornasse bastante fatigante.

Os longos cabelos negros e a vasta barba que tomava conta de boa parte do rosto e pescoço, escorrendo pontuda com cerca de sete centímetros, ajudavam-no a livrar-se parcialmente do frio, apesar das fortes correntes de vento seguirem castigando qualquer um que ainda possuísse sangue correndo nas veias.

Utilizando os binóculos para observar os portões da próxima comunidade a ser visitada, o distinto homem com seus aparentes quarenta e poucos anos, já começava a planejar em sua mente a forma de abordagem que melhor seria útil. A noite já caía em sua plenitude, e de certo a manhã traria bons fluidos para que o contado acontecesse da melhor maneira possível.

Os negócios com o povo do Garden acabaram sendo satisfatórios, as últimas trocas realizadas, aparentemente trouxeram benefícios para os dois lados. Restava agora saber como seria a recepção do “diplomata” em um local totalmente desconhecido. Desde que eles não fossem uma nova versão dos Salvadores, o saldo já seria positivo.

Olhando para o céu estrelado, que iluminava toda a região com seus pontos incandescentes, o experiente homem, com as marcas do fim do mundo em seu rosto, e as rugas que já começavam a fixar-se em sua testa, pensou por poucos segundos em como seriam as coisas se nada daquilo tivesse acontecido. Em meio a seu rápido delírio, lembrou-se do quanto ele próprio se transformara em um curto espaço de tempo, comparado com seus anos de vida. Não dava mais para voltar atrás, a nova realidade passaria a ser a eterna realidade.

A madrugada correu como um flash diante dos olhos daquele que dormira praticamente sob a relva, espremido dentro de um Ford sedan dois mil e três. O dia já estava claro, e pela altura do sol no topo do céu, o barbudo pôde perceber que estava atrasado. Arregalando os olhos pequenos e levemente puxados o máximo que pôde, o homem ergueu o corpo, ficando na ortostática e sentando-se no banco do motorista.

O cantil retirado de dentro da mochila serviu para matar a sede e despertá-lo de uma vez. A cabeça ainda girava, e definitivamente suas costas ainda não haviam se acostumado a tanto desconforto. Porém, não era a primeira vez que realizava uma tarefa daquele tipo, suas ações externas se tornaram a principal movimentação do Hill Top, fazendo com que sua comunidade conseguisse se manter de pé, apesar de tantas dificuldades... Apesar das ações dos Salvadores.

Atentando-se ao relógio da natureza, ele achou melhor apressar o passo e seguir caminhando, já que sua próxima parada estava a poucos metros de distância, seria preciso apenas transpassar as altas placas de metal que cercavam todo aquele perímetro. Olhando pelo vidro do carro, era possível atestar nitidamente o quanto aquele lugar era valioso, e o quanto o seu potencial era imensurável.

Um forte barulho vindo do vidro traseiro fez desaparecer qualquer resquício de sono que ainda pudesse existir em seu corpo. Totalmente alerta, arrumando rapidamente o gorro vermelho sobre a cabeça, o barbudo voltou o olhar para o local da batida, e pôde aferir que se tratava de um errante, provavelmente algum desgarrado que sentira o seu cheiro. Mais aliviado, ele apenas colocou a mochila nas costas e se preparou para abrir a porta.

O problema é que ele estava errado, não se tratava apenas de um errante. Em poucos segundos, o sedan fora cercado por pelo menos vinte criaturas, que pareciam ter se teletransportado para o local, tamanha velocidade com a qual se aproximaram. Suas habilidades eram extremamente úteis quando o combate se dava em um número justo, ali daquela forma, com aquela quantidade abissal de monstros querendo devorá-lo, era mais provável que ele perecesse caso tentasse encarar todos de uma vez.

Era preciso pensar rápido, encontrar uma forma de sair daquela situação. Alguns já sobiam pelo capô, socando o vidro e o encarando, como se dissessem “Fique aí mesmo, pedaço de carne!”. O sedan não possuía teto solar, o que poderia funcionar como um alçapão de fuga, portanto, o barbudo homem se encontrava literalmente em uma condição onde não havia chances de vitória. Ele inclusive já começava a pensar em abrir a porta e tentar se esgueirar de qualquer forma, talvez assim ele apenas levasse uma mordida em um local que pudesse amputar depois.

Não fora preciso nenhuma medida drástica, o universo, brincalhão como de costume, resolveu dar uma colher de chá para o “diplomata” do Hill Top. Atraídos por conta do som de vozes humanas se aproximando, os errantes passaram a caminhar, modificando completamente o foco de sua caçada, não mais dando atenção àquele que já dava sua morte como certa. De onde estava não era possível identificar o que as pessoas conversavam, porém, pôde ser atestado que se tratava de um homem e uma mulher.

Abrindo a porta do carro cuidadosamente, para não chamar a atenção dos novos visitantes, o homem que subitamente escapara de um mortal ataque passou a observar atentamente a ação daqueles que se aproximavam. O homem era alto, usava um pomposo bigode ruivo, e tinha toda a pinta de já ter feito parte do exército. Ao lado dele caminhava uma mulher negra, com dreds nos cabelos e uma cara amarrada, nas mãos portava uma katana, um excêntrico objeto com o qual o observador jamais havia se deparado anteriormente.

Os mortos que antes o perseguia, agora voltavam-se famintos para o casal, que pela postura demonstrada, não pareceram se espantar nem um pouco com a arapuca. Com uma submetralhadora nas mãos, o bigodudo ruivo apenas deu cobertura para a mulher negra, que habilmente, livrou-se dos monstros pútridos, decepando cabeças e partindo corpos ao meio. Foram poucos segundos de massacre, mas o bastante para provocar um sorriso no rosto do homem que já viajara tanto. Já fazia um tempo que ele não se deparava com pessoas tão hábeis no trato com os errantes como aqueles dois, pelo menos não pessoas de boa índole.

Não haveria melhor oportunidade para fazer o contato inicial, aquela era a sua chance de começar ali as relações com a nova comunidade que encontrara. Erguendo o corpo e caminhando lentamente na direção dos dois, com as mãos espalmadas e os braços erguidos, o barbudo manifestou-se pela primeira vez.

— Ufa! Obrigado! – Ele sorria, tentando passar simpatia em todos os seus movimentos – Se não fossem vocês, eu nunca teria saído daquele carro... Dormir dentro de uma lata velha dessas é moleza, o problema é quando você acorda cercado por esses ‘famintões’ aí...

A mulher negra tomou a frente, erguendo a katana rapidamente e apontando para o pescoço do homem que iniciara o contato.

— Quem é você? O que está fazendo aqui? – Suas feições prosseguiam fechadas, ela o encarava olhos nos olhos, e não parecia disposta a baixar a guarda.

— Calma! – Exclamou o homem – Eu só quero conversar... – Seus olhos se movimentaram rapidamente, estudando o terreno a seu redor – Só que sem uma espada apontada pra minha cara!

Abaixando-se rapidamente, o homem desferiu uma forte joelhada no estômago da mulher negra, que curvou o corpo em dor. Ainda de forma muito veloz, o barbudo conseguiu retirar a katana das mãos de sua portadora, agarrando a mulher que ainda arfava, e tomando-a agora como refém. Segurando-a pelos cabelos e aproximando a lâmina de sua jugular, o barbudo agora estava frente a frente com o corpulento ruivo, que o mantinha firme na mira de sua metralhadora.

falando sério cara, eu só quero conversar! – O barbudo tentava utilizar-se de sua diplomacia, a voz seguia em um tom calmo, e ele tentava não se mostrar ameaçador – É melhor nem pensar em atirar, eu não faço ideia do que aconteceria com a minha mão caso eu morresse subitamente... Dizem que existem espasmos involuntários, não é mesmo?

A mulher tentava se livrar de sua pegada, porém, ele a mantinha próximo a seu corpo, prendendo-a com um dos braços.

— Você dois parecem ser bem esquentadinhos, e isso aqui vai acabar terminando mal... Tem alguém no seu grupo que saiba utilizar a palavra um pouco melhor do que vocês? Eu apenas quero conversar...

Aproveitando-se de um breve segundo de descuido de seu sequestrador, a mulher negra jogou o corpo para trás, desferindo uma cabeçada no rosto do barbudo, que levemente atordoado, acabou largando-a. Ainda com a kanata em mãos, o homem correu rapidamente e se escondeu atrás de um dos velhos carros abandonados que se encontravam por ali, fugindo da saraivada de balas disparadas pelo bigodudo e sua potente arma.

Encolhido atrás de um utilitário enferrujado, próximo a uma grade vala de cerca de três metros, provavelmente cavada pelos moradores da comunidade, já que circundava todo o perímetro, o barbudo tentava recuperar o fôlego. Com o máximo de cuidado em cada movimento, ele passou a seguir silenciosamente os passos do ruivo, que de arma na mão, tentava intimidá-lo para que se entregasse.

— Você pode ser rápido pra caralho, mas sem chances de ser a prova de balas! – Vociferou o bigodudo – Se ainda não tomou nenhum pipoco, saiba, é só questão de tempo! Então é melhor sair...

Aquele era o momento, a brecha fora dada, seria preciso ter muita precisão, um mínimo erro poderia ser fatal. Aproveitando o capô do veículo como apoio, e tomando um grande impulso, o homem barbudo girou nos próprios pulsos e saltou sobre o ruivo que o perseguia, acertando-o com os dois pés em cheio na cabeça.

Caindo no solo e largando a arma que carregava, o bigodudo ruivo acabou se tornando uma presa fácil. Não houve tempo de reação para a sua companheira, os movimentos foram tão velozes, que quando ela se atentou, seu parceiro já havia sido tomado como refém. Agarrando-o pelos cabelos, e posicionando a lâmina da kanata a frente da artéria jugular, o visitante inesperado demonstrava agora uma grande decisão no olhar, suas feições estavam fechadas, e ele encarava sem medo algum a mulher negra que agora o mantinha sobre a mira de uma pistola.

— Eu já estou de saco cheio disso... Ninguém precisa morrer hoje! Então, por um caralho, será que você poderia chamar alguém que queira apenas conversar?

A mulher seguia firme, já havia engatilhado a arma, se atirasse, terminaria com toda a ameaça naquele momento, porém, o dano seria gigantesco. Não valia a pena arriscar a vida do companheiro, o melhor, apesar de degradante, seria atender aos pedidos do solicitante.

— Michonne... – O ruivo rangia os dentes, o ódio transbordava por seus poros – Só chama o Rick... Agora!

NOITE PASSADA...

— Não sei o quanto isso importa, mas... Eu posso até estar me precipitando... Só quero saber onde isso vai chegar, me entende?

Vincent está deitado, o tronco parcialmente recoberto por seu lençol. Ele preenche o lado esquerdo da cama e pronuncia-se de forma calma enquanto admira o teto. O quarto iluminado de forma precária por duas velas, que substituem a iluminação elétrica, poupada após medidas estipuladas por Rick Grimes, dão ao ambiente um ar sereno, como se tivessem sido colocadas propositalmente para aquela finalidade.

— Eu não sou o melhor dos homens para falar qualquer coisa sobre moral, mas, não me leve a mal... Vamos precisar nos acostumar com certos comentários! – Ele sorri brevemente – O mundo acabou e os mortos se ergueram, ainda assim, em um lugar aparentemente fora dessa realidade como Alexandria, ainda temos que nos preocupar com fofocas e insinuações sem sentido...

O médico coloca um dos braços por detrás da nuca, elevando a cabeça.

— Não achei que isso fosse ocorrer... Não acreditei que chegaríamos a estar aqui, tendo esse tipo de conversa... Acredite, não quero criar expectativas em cima de nada, sei que tudo corre no seu tempo específico, eu só acho... – Hall respira fundo – Eu realmente não tenho mais convicção de nada...

— Mas eu tenho!

Rosita ergue brevemente o corpo, recostando-se a Vincent Hall. Recobrindo os seios com uma das pontas do lençol, a latina achega-se ainda mais ao cirurgião, como se o seu abraço significasse mais do que um simples afago.

— Eu tomei coragem Vince... – Os lisos e negros cabelos da bela mulher, caídos sobre os ombros, reluziam ao ser iluminados pelas chamas das velas – Eu não podia mais ficar com Abraham, todo mundo já havia percebido que estava acontecendo alguma coisa entre ele e aquela vadia de cabelo loiro...

Rosita bufa levemente, mostrando descontentamento com ela própria.

— Não consigo sentir raiva daquele filho da puta, não depois de tantas coisas pelas quais passamos... Eu já fiz muitas coisas das quais me arrependo muito, já me deixei explorar para prosseguir viva... Ele nunca me pediu nada em troca, me ajudou muito no começo disso tudo... Ele não era igual aos outros homens!

Vincent virou-se na direção da latina, ouvindo-a enquanto a encarava olhos nos olhos.

— Tudo mudou quando chegamos aqui... Ele conheceu a Holly – Rosita pronunciou o nome da mulher loira como se soletrasse algo escabroso – E parece que esqueceu a pessoa respeitosa que já foi... Durão, mas sempre respeitoso... Ele praticamente esfregou aquela mulher na minha cara! Não dava mais... Vamos seguir caminhos diferentes a partir de agora...

— Corajosa a sua atitude de deixar a casa de vocês... Corajosa e admirável! – Ressaltou o cirurgião.

— Eu sabia que poderia morar com um certo médico com o qual já tinha uma certa intimidade! – Brincou Rosita, que após uma breve pausa finalizou – Vamos tentar levar as nossas vidas sem preocupações... Não precisamos esperar nada, é só ver no que vai dar...

— Você tá certa, é claro... – Um sorriso surgiu no rosto do Doutor Hall – Me lembrei de uma passagem de um livro que estou lendo, onde a personagem...

Hall acabou sendo tomado subitamente por um sentimento que lhe fez palpitar o coração, algo indescritível, como se fosse uma mistura de repulsa e angústia, com cavalares doses de ansiedade. Ele lembrara que vinha evitando os encontros com Leah o máximo que podia, e fez a ligação justamente pelo fato da garota estar momentaneamente com a posse de seu Hunter’s Instinct.

Um sentimento dúbio tomava conta do cirurgião, o seu lado mais racional, lhe exigia que exterminasse com qualquer possibilidade de algum relacionamento amoroso ou sexual com Leah, afinal de contas, moralmente aquilo poderia ser visto como algo horrendo e inescrupuloso. Além disso, Rosita estava disposta a tentar algo com o cirurgião, e mesmo que não viesse a dar certo, seria muito mais saudável de ser lapidado.

Por outro lado, a atração que sentia por Leah Fisher, além de todo o sentimento quase paternal que nutria pela menina o impedia de ter uma conversa definitiva, de determinar qual seria a relação que passariam a ter dali pra frente. Vincent Hall não queria mais ferir ninguém, e não queria mais mentir para ninguém, já havia passado por poucas e boas por conta de covardia e inverdade, e de modo algum queria ver aquele filme se repetir.

— Vince? – Rosita sorria, sem entender a súbita pausa na explanação de Hall – Tá tudo bem? Parece aéreo...

— Não foi nada... – O médico tentou não demonstrar o que o incomodava – Estava tentando me lembrar do que dizia o livro...

Uma batida na porta acabou interrompendo o momento do casal recém-formado. Vincent levantou-se, apesar de Rosita insistir no fato de que ela deveria ir até a porta. Tentando sempre manter sua independência, Hall sinalizou para que ela permanecesse deitada, ele próprio iria atender ao visitante noturno. Encaixando sua perna de pau, o cirurgião levantou-se e, vestindo um casaco, dirigiu-se até o local.

Deveria ser Rick Grimes, já que desde que o seu filho recebera alta, as visitas do xerife tornaram-se comuns, fossem elas para tirar dúvidas sobre alguns comportamentos que vinha identificando no menino, ou para que ele trocasse o curativo de Carl. A recuperação do garoto estava se dando de forma assustadora, mal parecia que ele havia acabado de acordar de um coma, mal parecia que ele havia perdido um olho, e mal parecia que ele possuía um buraco na face quase do tamanho de uma bola de baseball.

Apesar de todas essas notícias boas, Hall percebeu que Rick vinha se preocupando bastante com o fato do garoto estar se comportando de forma fria, distante, como se a sua personalidade estivesse se modificado. Vincent não podia atestar com certeza, mas sua experiência médica atinava para o fato de que sequelas em casos tão brutais de ferimentos cerebrais como esse, são praticamente impossíveis de não existir. Provavelmente a perda de massa encefálica, mesmo que em pouca quantidade, acabara afetando alguma parte do hemisfério direito, talvez responsáveis por estímulos nervosos ligados as emoções.

Todas as teorias que formulara nos poucos segundos que levou para caminhar do quarto até a porta principal, acabaram se tornando inúteis assim que ele atestou a identidade da pessoa que batia em sua porta tão tarde. Leah estava lá, sorridente, com mais uma garrafa genérica de álcool na mão, além de um surrado livro que ele logo reconheceu pela capa.

A menina não se fez de rogada, com o seu já conhecido olhar cínico e insinuante, avançou porta adentro sem ao menos ser convidada. Leah sentia-se muito a vontade naquele lugar, principalmente no sofá onde sentara, que lhe trazia lembranças muito agradáveis.

Vincent não sabia o que fazer, ficou mudo instantaneamente, seu cérebro entrou em choque enquanto ele apenas fechava a porta como se tudo estivesse ocorrendo da forma mais normal e natural possível.

— Nos desencontramos muito nesses dias... – A menina abriu a garrafa, levando-a até o nariz, onde sentiu o forte cheiro de álcool – Não faço ideia do que seja isso, tá escrito em russo, eu acho!

Os olhos arregalados de Vincent Hall ainda tentavam aferir a veracidade do que enxergavam naquele momento. A forma como as coisas estavam ocorrendo, acabaram deixando-o ainda mais em uma situação impossível. O cirurgião já deveria ter aprendido que não há como fugir de nada nesse novo mundo, ele sempre encontra uma maneira de te recolocar frente a frente com os seus demônios.

— Eu tentei vir antes, mas sabe como as coisas estão agora... – Hall reparou na maquiagem de Leah, os lábios ressaltados por um batom vermelho, deixavam-na ainda mais distante da sua imagem de adolescente – Depois que o Goodwin voltou, ficou bem mais complicado... Tem alguma coisa estranha nele, você notou?

Leah Fisher deu um gole na garrafa que trouxera. Após exprimir uma careta que parecia comprimir o rosto, a menina gargalhou antes de prosseguir.

— Talvez seja aquele cara que chegou com ele... O tal de Isaiah, o mudo... Sei lá, olhar pra ele sempre me causa arrepios!

Leah percebeu que a reação de Vincent não fora positiva, o homem ainda prosseguia visivelmente espantado, de pé, próximo à porta de entrada.

— O que foi? – Perguntou de forma sincera – Aconteceu alguma coisa?

Hall respirou profundamente antes de responder.

— Leah... Precisamos conversar...

— Olha só Doutor... – A menina ainda sorria, ela reconhecera o olhar de Hall, o mesmo que sempre antecedia a todas as suas investidas, porém, ela sabia muito bem como todas elas haviam terminado – Eu só vim conversar, como eu sempre venho... É claro que se você quiser que fiquemos mais a vontade...

Vincent precisava terminar com aquilo, botar para fora tudo o que ele planejara inúmeras vezes em sua cabeça. Talvez fosse a oportunidade de finalmente resolver a questão ética que tanto o consumia internamente.

— Isso nunca vai dar certo, tá legal? Não tem como isso funcionar, de nenhuma maneira... – Ele caminhou até o sofá, sentando ao lado dela – É sempre bom, na verdade, é sempre muito bom! E é por isso que é tão errado...

O sorriso no rosto da garota se esvaiu por completo.

— Eu acho que eu confundi as coisas, talvez eu tenha levado o fato de querer proteger você a um patamar alto demais... Só que não dá pra continuar fazendo isso... Não é certo!

As mãos do médico passaram a afagar o cabelo da menina, ele fazia questão de olhá-la nos olhos.

— Eu nunca vou deixar que nada de ruim te aconteça, eu vou cumprir a promessa que a fiz a seu pai! Mas não podemos agir como se essa brincadeira de sexo casual entre um cara de quase quarenta anos e uma garota de quatorze fosse dar certo... Nunca daria... – Hall fecha os olhos brevemente – Não dará...

Leah não reagia, apenas ouvia tudo o que o médico tinha para lhe dizer. A realidade cruel que batera agora a porta de sua consciência, fez quebrar todo o universo que ela cultivara dentro de si. Fisher sentia-se aos cacos internamente, e a cada frase dita, a cada prolongação do discurso de Hall, um novo pedaço parecia ser partido.

— Vince?

Rosita, que estranhara a demora de Hall, além de ouvir um burburinho vindo da sala, resolveu dirigir-se até o local, para atestar do que se tratava.

— Leah? – Indagou a latina, curiosa.

A garota fechou os olhos brevemente, ela era sagaz o bastante para entender o que estava ocorrendo ali. As palavras ditas pelo cirurgião, pareceram tornar-se agora meras desculpas para justificar o seu caso com a latina.

Tentando manter-se forte, Leah Fisher ergueu o corpo do sofá e dirigiu-se até a porta, caminhando a passos firmes e sem demonstrar nenhum abalo. Após abri-la, a menina voltou-se para os dois, encarando-os, lendo-os, gravando aquela imagem em sua cabeça.

— Boa noite Doutor Hall... Boa noite senhorita Espinoza...

O sisudo e sarcástico cumprimento, fora seguido por seu caminhar rápido, dirigindo-se pelas ruas de Alexandria até que não mais pudesse ser enxergada pelo casal que observou a tudo calados. Rosita, que ainda tentava compreender a estranha cena com a qual se deparara, direcionou o olhar para Hall, que encarava a porta com as sobrancelhas arqueadas, em um nítido sinal de preocupação.

— O que foi isso que acabou de acontecer?

Vincent não olhou para Rosita, ele mal conseguia encarar a si próprio.

— Nada... Não foi nada...

*****

Isaiah ainda segurava sua faca de caça firmemente em uma das mãos enquanto subia as escadas. Sentia que o perigo ainda estava a sua volta, e que o sentimento de eterno estado de alerta nunca o deixaria por completo. Ultrapassando cada degrau com o cuidado de um soldado, como se estivesse evitando pisar em uma mina, o homem seguia lentamente por seu trajeto até alcançar o primeiro andar daquela casa.

Goodwin fizera questão de que o amigo morasse junto a ele, Susie e Jacob, e apesar do visível desapontamento da namorada de James, Isaiah concordou sem problemas. Ao adentrar o quarto que agora lhe pertencia, o homem de cabelos loiros sentiu um leve enjoo e um tremendo desconforto, sentia-se como se estivesse enjaulado, como se nada daquilo fosse natural.

A cama arrumada, a estante próxima à janela, o banheiro limpo e com água corrente. A realidade que se mostrava agora presente diante dele era sublime, mas extremamente assustadora. Houve um tempo em que Isaiah-Matti era apenas um homem comum, com um trabalho comum e uma rotina inerente a diversos outros trabalhadores. Não era o caçador que se tornou, não era o bicho-homem que agora mal se reconhecia no espelho, e principalmente, não era o monstro que crescera e se desenvolvera em seu interior.

Aqueles que o conheceram na “outra vida” jamais o reconheceriam em seu atual estado, porém, todos esses já sucumbiram ante o novo mundo. A sobrevivência exigiu mudanças, e as mudanças exigiram um desligamento total com as antigas noções éticas e morais. Os preceitos se modificaram, o mundo virou de ponta a cabeça, mas ainda assim, apenas os mais suscetíveis a adaptações mantiveram-se vivos.

Quase dois anos e meio se passaram desde que tudo se iniciou, mas para Isaiah, uma vida inteira parecia ter corrido diante dele. A expulsão no último grupo do qual fizera parte, antes de ficar vagando na floresta por meses, deixaram sequelas físicas e psicológicas que jamais poderiam ser esquecidas. Lições que apenas o gabaritaram a não mais cometer os mesmo erros.

Ao admirar o próprio reflexo no espelho, Isaiah-Matti refletiu. Estaria ele sozinho ou a aliança com Goodwin poderia gerar bons frutos? Como agir a partir de agora? Alexandria é um porto seguro ou o seu fim já se desenha? As dúvidas que o permeiam fazem sua mente se estripar em busca de respostas. Ainda naquela manhã ele recebera um pedido de James, e pelo teor de suas palavras, já conseguiu perceber quais as intenções do caçador.

As palavras de Goodwin pareceram convincentes, e naquele instante, pouco importava se ele estava se deixando manipular ou não. A ação que viria a impetrar em poucos instantes poderia ser o gatilho para um objetivo bem maior, que implicaria talvez, em momentos de calmaria, finalmente.

Retirando a bandana que cobria parte da face, Isaiah finalmente encarou o próprio rosto, sem medo da imagem que o espelho lhe mostrava. A boca fora rasgada do lado esquerdo, multilada até a altura do osso zigomático, o curativo feito por ele mesmo, ainda doía e latejava, uma dor que nunca o deixaria, que para sempre o lembraria dos momentos de horror que já vivera. A língua ausente, também arrancada à força de sua boca, era mais uma das eternas cicatrizes que o seu rosto carregaria por toda a eternidade.

A imagem bestial, assustadora, do homem que um dia já fora considerado belo, parece combinar mais com a personalidade daquele que carrega tantos pecados, tantos demônios. Sua imagem fisicamente parece condizer com o que ele se tornara internamente, como se fosse o único ali, dentre todos os moradores de Alexandria, que era exatamente o que parecia ser, ou pelo menos como ele mesmo se via diante dos outros. Isaiah-Matti era um monstro, forjado nos confins do deturpado mundo que assumira o controle.

Soltando os cabelos que prendera em um coque, Matti tomou nas mãos uma tesoura, e sem pestanejar, passou a cortar as longas mechas que já alcançavam o meio das costas. Finalizando com uma navalha, o homem fez questão de deixar os fios bem curtos, rente ao couro cabeludo. Aproveitando-se da destreza com o objeto cortante, Isaiah barbeou-se, deixando o rosto limpo, apesar das diversas cicatrizes e do horrendo corte no lado esquerdo da boca.

Após um revigorante banho, Matti vestiu roupas limpas, cedidas por Olivia em sinal de boas vindas. Já fazia um bom tempo que ele não se sentia sereno, o mundo o endurecera bastante, e seu medo mais vigente no momento, era que Alexandria acabasse amolecendo-o. Um descuido, um mísero descuido e ele poderia ser engolido pela imperdoável nova ordem que fora trazida pelos mortos. Isso já ocorrera anteriormente, e as consequências geraram grandes sequelas.

Retirando da mochila um emaranhado de folhas verdes e pilando-as, Isaiah improvisou uma pomada, que utilizou para passar sobre o ferimento maior em sua face, justamente por cima dos pontos mal feitos, improvisados por ele mesmo. Além disso, tomou dois pequenos comprimidos, provavelmente na tentativa de inibir a dor ou uma possível infecção.

A madrugada já estava no seu auge, o silêncio rondava toda a comunidade, e com exceção de Michonne e Tom, que seriam os sentinelas durante toda aquela noite, todos os demais moradores estavam reclusos em suas casas. Furtivo como sempre fora, Isaiah-Matti não encontrou dificuldades em se esgueirar pelas ruas de Alexandria sem ser notado. Ele sabia exatamente que caminho seguir, o plano já estava traçado em sua mente, faltava apenas executá-lo.

Era preciso somente seguir as instruções dadas por Goodwin. Se tudo ocorresse exatamente da maneira que fora pensada, seria rápido e fácil concluir aquela tarefa. Aproximando-se da casa na qual deveria adentrar, Isaiah verificou rapidamente com o olhar as cercanias, certificando-se de que não era observado por ninguém. Uma das janelas laterais estava destravada, assim como Goodwin lhe assegurara que estaria, provavelmente um feito executado por um aliado, como James também já havia lhe dito.

Devagar e alerta, como um silencioso caçador, Matti adentrou a casa, mais uma das mansões de Alexandria, essa porém, afastada da área mais populosa da comunidade. Caminhando pela sala de estar, que encontrava-se às escuras, o furtivo homem dirigiu-se até o corredor principal, que dava acesso aos demais cômodos do andar. Pela fresta de uma porta semiaberta, o portador da enorme cicatriz no rosto, observou atentamente a presença de um homem, sentado a uma cadeira, cabisbaixo, talvez dormindo.

Deslizando os dedos até a cintura, o invasor tocou sua faca preferida, uma genuína especialista em estripar, que já lhe ajudara bastante com o trato de animais, e também de mortos vivos. Lembrou-se, todavia, de todas as instruções que James lhe passara, e do quanto era importante segui-las a risca, só assim o plano inteiro poderia funcionar em sua plenitude.

Decidiu então caminhar na direção do cômodo em que o homem se encontrava, ainda sem saber da presença do estranho no local. Pisando em falso no chão de madeira, Isaiah acabou causando um som estalado, que ecoou devido ao silêncio sepulcral do recinto. Aquele que mantinha a cabeça abaixada até o momento, ergueu o rosto, aparentemente assustado.

— Rick? É você?

Spencer arregalara os olhos, tentando encontrar o autor dos passos pesados que acabara despertando-o. Algemado em uma cadeira, o revoltoso fora detido por Grimes, que prometeu deixá-lo no local até que pudesse retornar ao convívio em sociedade. Recebendo comida e água duas vezes ao dia, o filho único dos Monroe acabou tendo muito tempo para refletir, e após tantas bobagens rondarem sua cabeça, ele finalmente parecia ter percebido o quanto estava vendo Alexandria com um olhar deturpado.

A obsessão que criara por Andrea acabou cegando-o de diversas formas, além de toda a desconfiança que nutriu por Rick Grimes, principalmente após a morte de seus pais, tudo isso fora muito maléfico para a saúde mental de Spencer Monroe. Só que agora, depois de pensar bastante em todas as consequências de seus atos, talvez ainda houvesse tempo para uma redenção, talvez Alexandria ainda precisasse dele. Quem sabe a frase “Unidos venceremos” não pudesse realmente ser válida na prática.

— Rick... – Spencer respirou fundo, ainda direcionando a cabeça na tentativa de enxergar aquele que adentrara a casa onde estava confinado – Eu sei que eu criei muitos problemas... E eu sei o quanto eu tentei te enfrentar, bater de frente com você... Você disse que eu precisava esfriar a cabeça, bom aqui estou eu...

O loiro tentava arrumar o corpo na cadeira, que pendia levemente para o lado direito.

— Acho que eu estou pronto agora... Eu sempre te culpei pela morte dos meus pais, e sempre achei que Andrea deveria ser minha... Vejo as coisas de uma forma diferente agora! Podemos trabalhar juntos, eu posso te ajudar a fazer da nossa comunidade um lugar melhor... – Ele faz uma breve pausa – Só espero que possam me perdoar por toda a merda que eu gerei...

Isaiah assistia a todo o discurso de longe, admirando as palavras que para ele saiam de forma vazia. Na sua visão, Spencer não passava de um louco, alguém que não se encaixaria mais em uma sociedade. Alguém um pouco parecido com ele próprio.

Adentrando o cômodo subitamente, Matti moveu-se de forma veloz na direção de Monroe, que nem sequer teve tempo de gritar, já que em rápidos movimentos, Isaiah amordaçara o homem que se encontrava algemado. Debatendo-se na cadeira, ainda sem entender o que estava acontecendo, Spencer emitia no olhar um desespero brutal, um profundo medo que tomava conta de todo o seu corpo. Ele já sabia o que viria a seguir.

Com um chute potente, desferido contra as pernas da cadeira, Isaiah-Matti conseguiu derrubar o homem loiro, que caiu de costas contra o solo, emitindo um urro de dor abafado pelo pano em sua boca. Utilizando a mesma perna que chutara a cadeira, o invasor passou a desferir diversos chutes contra o rosto de Spencer, partindo o seu nariz e espalhando sangue por toda a sua face.

Abaixando-se na direção do homem, fora a vez de acertá-lo com socos, pelo menos sete seguidos, atingindo-o nos olhos, no nariz já fraturado, e na boca, fazendo com que alguns dentes trincassem. Praticamente desacordado, respirando com imensa dificuldade, Spencer recebera o golpe de misericórdia quando Isaiah juntara as duas mãos envolta de seu pescoço, sufocando-o fortemente, até que perdesse completamente o ar, até que sua vida se esvaísse por completo.

Tudo saíra como planejado, tudo ocorrera da forma que Goodwin imaginara. Spencer estava morto, e aquele era apenas o primeiro passo.

NA MANHÃ SEGUINTE...

— Trouxe esse brinquedinho pra você...

Abraham e Michonne acabavam de sair pelos portões de Alexandria, em mais uma das rondas externas, mais uma das ações diárias estipuladas por Rick. Era essencial verificar constantemente o funcionamento da barreira de carros e das trincheiras idealizadas por Eugene, para atestar se o plano estava saindo como fora desenhado.

— Acha mesmo que eu vou precisar de duas armas? – A samurai que já carregava sua katana nas costas, segurava nas mãos uma pistola dada pelo bigodudo.

— Segurança nunca é demais... Não dá pra adivinhar qual será a próxima merda que o mundo irá despejar sobre nós...

Michonne sorriu, guardando a arma na cintura e prosseguindo com a ronda a pé.

— Então, como foi a sua noite? – Indagou a mulher negra.

O ruivo riu nasalmente.

— Rosita me deixou... Saiu de casa na última tarde, acho que foi morar com o doutorzinho...

— E vai fazer algo a respeito? – Michonne seguia alerta, atenta a qualquer movimento hostil ao redor, sempre preparada para retirar sua espada das costas.

— Não... – Abraham parecia conformado – Não sei como explicar isso, mas acho que foi o melhor para nós dois... Eu e Holly temos uma ligação muito especial... Nunca fui de ficar falando dessas bobagens sentimentais, mas acho que estou gostando dela de verdade...

— Que fofo! – Ironizou Michonne.

— Vá se foder, samurai! – Brincou Abraham, em resposta.

Os dois riram alto enquanto seguiam dirigindo-se pelo perímetro, onde até então não haviam encontrado nenhum errante. Os carros enfileirados, rodeados pelas trincheiras de três metros de profundidade, mostravam-se cada vez mais como uma bela solução para o constante problema com os mortos.

— E então... – Abraham retomou a conversa – Acha que o Rick já decidiu o que fazer com o loirinho? Ele vai mesmo banir o Spencer?

Michonne, que caminhava mais a frente, fora a primeira a fazer a curva, seguindo as placas de metal que os levavam a mais um setor externo da comunidade.

— Talvez... – Respondeu – Ele só vai se pronunciar quando Glenn, Maggie, Heath e os outros voltarem dessa busca de suprimentos... Falando nisso, já se passaram três dias...

Michonne estava preocupada, apesar de saber que o grande grupo que se deslocara até Washington em busca comida, água e medicamentos iria demorar por conta de se tratar justamente de uma audaciosa empreitada, os três dias que se passaram, faziam com que muitos porquês rondassem sua mente. Ela não queria, mas a todo momento pensava no que aconteceria em um âmbito geral, se essa equipe não mais retornasse.

— Não esquenta... – O corpulento homem ruivo aparentava estar sossegado – Esses filhos da mãe estão mais do que acostumados a fazer esse tipo de coisa... Lembra de tudo o que passamos? Lembra do que aconteceu com Dale? Tudo que tivemos que fazer? Não vai ser nada fácil derrubar qualquer um de nós...

[...]

— Tranquem os portões! Não sabemos quantos deles podem haver lá fora!

Rick correu rapidamente assim que fora relatado por Michonne todo o acontecimento ocorrido do lado de fora dos portões. O homem que tomara Abraham como refém, seguia no mesmo lugar aguardando o contato com o líder da comunidade na qual acabara de aportar.

Os problemas pareciam nunca acabar, eles até se esvaiam momentaneamente, porém, sempre retornavam com força total. Com uma .32 na mão esquerda, Grimes seguiu as coordenadas dadas pela samurai, chegando rapidamente ao local indicado.

O barbudo homem o encarou dos pés a cabeça, com um sorriso enigmático no rosto. Rick passou a apontar a arma firmemente, sem desviá-la nenhum milímetro da direção da testa do sujeito.

— Você é o líder? – A espada seguia posicionada próximo ao pescoço do bigodudo ruivo – Deve ser bem foda pra dar ordens para esse grandão aqui!

— Solta ele! – Rick sequer piscava – Eu não vou pedir de novo!

O invasor franziu a testa, encarando Grimes sem temer suas palavras, apesar de saber que o xerife estava decidido a fazer qualquer coisa para proteger os seus.

— Você pode pedir, só não quero esse revólver apontado para minha cara! Sabe como é, não costuma ser muito legal apontar armas para as pessoas... Acho que é até falta de educação... Vamos lá chefe, eu só quero conversar!

Grimes lentamente abaixou sua arma, ao mesmo tempo em que o barbudo começou a recuar a katana da jugular de Abraham. Assim que se viu livre da ameaça, o ruivo tentou desferir um soco contra o rosto do invasor, porém, rápido como já havia demonstrado ser, ele conseguiu se esquivar, acertando uma cotovelada no nariz do ex-militar, que recuou alguns passos para trás.

— Fique onde está! – Rick voltou a apontar a arma para o convidado inesperado – Posso dizer que não quero você em nenhum lugar perto de mim... Armado ou não!

O barbudo sorriu, arrumando o sobretudo que vestia por cima de suas roupas.

— Tudo bem... Acho que podemos cessar com toda essa briga então! Por favor, permita com que eu me apresente... Me chamo Paul, mas sou mais conhecido entre meus amigos como... Jesus...


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Notas finais do capítulo

Gif by Menta, um estupendo presente que recebi, obrigado Imperatriz! Nele podemos ver um pouquinho da confusão mental do Doutor Hall e Leah Fisher hehe...
Ah, também há um linkado no final do capítulo, outro presente de minha querida amiga Menta! Nele vemos Vincent, Tom, Susie, Goodwin, Leah, Amanda e Isaiah...

E então, o que acharam?

Jesus, o badass mais esperado na série de tv acabou de surgir por aqui, então, gostaria de saber a opinião de vocês sobre o início da adaptação desse personagem por esse singelo autor que vos fala...

Vejo vocês nos comentários... Kiitos!



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