Transcendente escrita por Wina Hayate


Capítulo 9
Capítulo 9 - Apresentação


Notas iniciais do capítulo

Olha só o que trago para vocês! Tá meio atrasadinho eu sei, mas é que estava em uma briga interna comigo mesma sobre como seriam as coisas nesse capítulo hehe
Queria agradecer a Anne Mayle pelo seu review lindo *-* E bem, queria dizer que Bi, Anne e Rafa vão gostar desse capítulo. Peço desculpas por demorar tanto para chegar nesse ponto da história u.u
Mas vamos lá!
P.S.: Queria pedir desculpas também pelos erros, não tive tempo de revisar.



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Anne soltou um suspiro de alívio após a porta ser fechada e se escorou nela. As mãos de Ethan faziam um leve cafuné, o rapaz tomou coragem e a beijou na cabeça.

– Fique calma, ele nem se quer desconfiou – Anne percebeu o que ele estava fazendo logo ficando vermelha.

– Como sabe?

– Tenho certeza absoluta que ele não pôde sentir.

– Ethan... Ele já bebeu do meu sangue.

– Eu sei – ele olhou sério para ela, Anne até estranhou seu olhar e o suspiro seguido – Eu sei.

Os dias passaram rápidos, Ethan continuava a ser professor dela, explicando tudo o que ela precisava saber daquele mundo até o dia D. Já era noite do dia do baile, Anne terminava de se arrumar, ela se questionava se era realmente necessário aquilo. O seu vestido azul bebê em detalhes brancos e dourados caia formosamente em seu corpo, realçava cada curva e canta canto de seu corpo e seus ombros quase desnudos, o espartilho a deixava sem ar, porém sua postura havia melhorado com aquele item. Vestido vitoriano, ela sorriu com escárnio... Da última vez que vestira um daquele era muito pequena, tão pequena que sua mente só relembrou de flashes, lembrou-se de sua avó, uma moça muito bonita e um homem tão bonito quanto a mulher, junto deles havia um menininho que sorria sempre. Não era nada nítido e concreto, não se lembrava de rostos somente dos sorrisos e do vestido perolado que ganhou.

Anne terminava de colocar o último prendedor no cabelo, prendedores de pérolas. Ela admitia que Ethan tinha certo bom gosto, o vestido era lindo e sua máscara branca com delicados detalhes dourados era simplesmente fascinante, para ela aqueles detalhes rodopiantes da máscara lembravam rastros de fadas. As batidas ecoaram no quarto e a porta se abriu fazendo seu protesto de sempre.

Seus olhos cravaram em Ethan, ela podia jurar que aquele figurino vinha diretamente do passado, o terno negro de tecido luxuoso desenhado discretamente com leves símbolos quase que imperceptíveis, percebeu que por baixo do terno havia um colete vinho e uma gravata negra contornava seu pescoço. O cabelo estava tão escuro quando o céu que se estendia do lado de fora da casa, entretanto, longe do visual normal, o cabelo estava jogado para trás deixando algumas mechas caídas na testa e outras roçando em sem rosto.

– Boa noite Anne – ele a olhava deslumbrado com a cena – E eu pensando que nada no mundo deixaria você mais bonita do que já é – ele sorriu de canto deixando o coração dela palpitando loucamente.

– Obrigada – ela desviava o olhar – Você está muito elegante e ... Bonito.

– Obrigado An. – ele avançou na direção dela e segurou nas mãos dela vestindo o par de luvas brancas rendadas – Agora sim está pronta – Ethan levou uma das mãos aos lábios dando um beijo.

– Sinceramente? Eu não sei nem como te agradecer por tudo o que fez comigo – seu rosto estava corado fitando os brilhantes orbes azuis.

– Vamos? – Ethan entregou a máscara a ela e posicionou o braço esperando para que ela se encaixa-se.

– Vamos.

Sua mão pousou no braço dele e desceram a escada rumo ao seu destino. O carro negro parou de frente para a mansão que Anne tanto conhecia. Segundo Ethan, o baile seria no salão de festa da casa. Ela o conhecia muito bem, já passou muitas tardes deitada lá olhando para o teto pintado com serafins.

– Lembre-se, a regra de um baile de máscaras é se manter anônima, não importa quem seja.

– Até com você? – ele hesitou em confirmou com a cabeça.

– É, até comigo – eles andavam na direção da casa – Infelizmente e tome cuidado com o Keita.

– Vai ser difícil não falar com você – Anne colocava a máscara e o olhava.

– Não disse que não é para falar, só não me chame pelo nome e finge que não me conhece – ele sorria colocando sua máscara negra com pontas finas nas laterais que desciam para suas bochechas.

– Entendi – ela acenou confiante e viu ele se aproximar sussurrando

– E hoje no final da noite será apresentada, não se esqueça que é Alícia Vignoli.

– Sim senhor capitão.

Passaram pelas portas marrons e logo foram guiados a passarem pela porta dourada do salão de festas. As escadas de mármore estavam cobertas em parte por um tapete vermelho e o lustre de cristais estava mais brilhante do que o comum, magia? Talvez.

– Senhorita me dê licença, tenho que resolver alguns assuntos com o anfitrião – Ethan se curvou para Anne e desceu a escada rapidamente lançando um olhar para ela no final da escada.

Ela suspirou, talvez essa era sua chance de procurar por seu amigo Kerberus, desceu a escada e procurou por Ethan, mas o perdeu de vista e caçou Kerberus com o olhar, não o encontrando. Viu vampiros de todos os jeitos, suas roupas eram extravagantes, tudo bem que o tema clássico da festa ajudava com o glamour, mas aquilo era inimaginável para ela.

O salão estava abarrotado de gente, mas foi aí que percebeu que não tinha apenas vampiros ali, moças muito bonitas cantavam as músicas da festa junto de uma orquestra, as vozes eram tão doces e delicadas que ela entendeu que não poderiam ser humanas. Pela lida nos livros que dera, entendeu que eram sereias. Próximo ao palco enxergou um grupo de garotos que deveriam ter sua idade, suas orelhas pontudas, suas tatuagens brilhantes reluziam toda a luz no salão e os olhos multicoloridos denunciavam que pertenciam ao Reino das Fadas.

Seu sensor de perigo ligou e repetiu mentalmente: “Não aceite nada deles e nem dance com eles”. Havia lido e aprendido que era assim que eles atraiam suas presas, seqüestravam e levavam para o Reino das Fadas transformando em escravos.

Não reconhecia ninguém pelo cheiro e nem pelo rosto, as máscaras mantinham suas funções fielmente. Odiava multidão, aquilo a deixava perdida e deslocada, mas ela sabia que ao fundo do salão havia uma sacada e era para lá que iria. Próximo ao seu destino pode ver Ethan conversando animadamente com Keita e Kerberus próximo a escada, um sorriso lhe escapou ao ver Kerberus, ela o considerava um irmão mais velho, era sempre tão gentil e carinhoso. O irmão que sempre quis. Concentrou-se no que estava fazendo e foi na direção da sacada sentando em um dos puffs gigantes que continha ali. A luz da vela na mesa de centro iluminava seu rosto levemente. As estrelas brilhavam naquela noite chamando atenção de Anne, decidiu que ficaria ali admirando-as.

– Estão lindas essa noite não estão? – a voz sedosa preencheu a varanda atraindo o olhar dela.

– Estão sim – Anne levantou indo para perto dele.

– Será que a senhorita me daria um pouco do seu tempo? – os olhos azuis vibrantes a fitavam.

– Claro que sim Eth- o dedo indicador foi parar nos lábios dela a calando.

– Shhh – Ethan a envolveu pela cintura – Sem nomes, sem identidades essa noite.

– Me perdoe senhor – Ethan guiava os braços dela para envolver seu pescoço e voltava a abraçar pela cintura.

– O que acha de uma dança?

– Aqui? Mas quase não dá pra escutar a música daqui, senhor. – ela se entregava enlaçando realmente o pescoço dele.

– Não tem problema – Ethan pegou o celular no bolso e colocou suaves sons de violinos para tocar deixando o objeto na murada da sacada.

Nenhuma palavra foi dita dali em diante, eles se comunicavam dançando lentamente. Os violinos deixavam o lugar mais aconchegante, ela conseguia ver aquela névoa de novo nos olhos dele, não conseguia distinguir que tipo de sentimento ele estava tendo naquele momento. Estavam escuros, nebulosos e brilhosos. Seu hálito quente batia na sua bochecha causando arrepios. A música entorpecia ambos impedindo que vissem a proximidade que estavam naquela altura das notas musicais.

Os dedos de Ethan afundaram na cintura dela fazendo força, querendo mostrar a ela seu toque por cima do tecido grosso e sedoso. Ele se aproximava perigosamente dela, ambos já não sabiam mais onde estavam, o local pareceu se desmanchar e só ter eles ali.

– Sabe, tem uma moça morando comigo – começava ele a sussurrar próximo ao ouvido dela – Ela é muito parecida com você, gosto dela, admiro muito sua coragem, bondade e fé, é uma moça muito forte, amo seu sorriso e o brilho daqueles olhos lilases, você acha que ela pode gostar de mim? Quer dizer... Ela não é uma sangue-puro, mas que diferença faz?

– Eu acho que ela gosta de você, já tentou dizer isso para ela? – o estômago da menina se embrulhava, tremia como se estivesse numa montanha russa, ele estava ali na sua frente, falando que gostava dela.

– Não, acha que devo tentar senhorita?

Ethan aproximou seu rosto, estavam tão próximos que em um sutil movimento os lábios poderiam se tocar. E foi o que aconteceu quando ela maneou a cabeça positivamente, os lábios dele tocaram os dela suavemente com medo de quebrá-la e machucá-la. Anne suspirava no beijo e entrelaçava seus dedos trêmulos no cabelo negro incentivando-o. Era o que ele precisava para avançar, não precisou pedir passagem, ela já havia concedido deixando-o explorar cada recanto de sua boca.

Ela não acreditava no que estava acontecendo, seus pais sempre reclamavam de sua lerdeza, mas isso era demais! Como não percebeu que ele gostava dela? Bem, os seus sentimentos ela sabia claramente, sabia que ele provocava as mais diversas reações nela, reações deliciosas.

Morgan beijava com cuidado, com delicadeza e sutileza. Conseguia passar, mesmo com um ritmo lento, o quanto a desejava e o quanto se deleitava em saber o sabor que ela tinha. Os pés de ambos não se mexiam mais, a música terminara e um pigarro foi ouvido pelos dois, obrigando-os a se afastarem.

– Então... Acho que está na hora do mais novo membro do submundo ser apresentado não acham? – era Keita com seu sorriso falso.

– Claro, claro – Ethan recuperava o fôlego, não acreditando na coragem que teve, deu um rápido olhar percebendo as bochechas coradas de Anne e sorriu discretamente – Vamos senhorita.

A mão de Ethan enlaçou a dela a guiando para dentro do salão, ela não conseguia falar por estar com vergonha, mas não esqueceu de pegar o celular dele e guardar dentro de um bolso interno que havia no vestido.

*~*~*~*

Não seria hoje, não seria amanhã, mas em um futuro muito próximo. Tirá-la dele sem ter um sentimento não teria graça alguma. Seria sua vingança contra a família
Morgan, por tudo aquilo que fizeram com sua família “em nome da paz e convivência”. Aquilo era balela para Keita. Não acreditava nessas coisas de paz. O mundo é cruel, arranca tudo o que há de bom de você, aprendeu isso desde muito pequeno.

Estava guiando seu amigo e Alícia para o alto da escadaria de mármore, seria finalmente apresentada, como o território de Paris era dele, era sua obrigação apresentar a nova moça para a sociedade.

– Boa noite meu caros, bom, agradeço imensamente por comparecerem ao baile – ele sorriu tirando a máscara e todos fizeram uma reverência – Mas hoje será um baile especial, hoje temos uma nova irmã.

As mãos esguias de Keita a tiraram de Ethan e a trouxe para seu lado, o albino deu uma volta tocando os ombros dela com certa delicadeza e puxou suavemente a fita de sua máscara entregando na mão da mulher.

– Meus caros, apresento-lhes Alícia Vignoli, palmas, por favor.

Todos bateram palmas inclusive Keita e Ethan. Alícia fez uma singela e delicada reverência e pôs sua máscara novamente indo para o lado de Ethan.

– Que a festa continue e que a diversão perdure até o amanhecer.

Os caninos brancos reluziram e todos voltaram a festejar. Tanto Alícia quanto Ethan se retiraram dali, ela parecia alterada e nervosa, indo para a porta principal do salão.

– Ethan? – era a voz de Kerberus que impedira os dois.

– Kerberus, como está? – sua voz era calma, mas atrás de si Alícia parecia incomodada com a situação.

– Estou melhor, um pouco triste, mas melhor.

– Sinto muito por tudo – ele realmente sentia pelo seu amigo, queria poder ajudá-lo, mas isso significava dar Anne de mãos beijadas – Bem, tenho que ir, só vim mesmo pra Alícia ser apresentada.

– Ethan, posso falar como Kerberus em particular? – perguntou Alícia mexendo nas próprias mãos em um ato de nervoso.

– Claro, com licença – ele a fitou sorrindo e se retirou do recinto esperando-a do lado de fora.

– Escute – ela procurava desviar o olhar, sabia que reconheceria seus olhos – Sinto muito pelo o que aconteceu com sua amiga, mas talvez ela esteja em um lugar melhor.

– Acha que ela morreu senhorita Vignoli? – a voz dele era carregada de sofrimento.

– Não! Digo... Não acho que tenha morrido, mas quem sabe... Talvez... Ela esteja feliz agora por não estar presa a seu irmão.

– Como você sabe sobre isso? – os olhos azuis a vasculhavam intrigados.

Alícia o olhos nos olhos, os olhos lilases brilhantes e sorridentes. Em um gesto sutil ela arrumou o óculos dele que caía e deu um sorriso deslumbrante colocando o dedo indicador nos próprios lábios dizendo silenciosamente: “Não conte a ninguém” e se retirou do local com toda sua sutileza atravessando aquelas portas douradas, deixando para trás Kerberus surpreso e catatônico.

– É ela – ele arfou, mas se conteve no lugar dando um singelo sorriso, era um segredo e não contaria a mais ninguém.


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