“I remember the day you told me you were leaving

I remember the makeup running down your face”

Apolo correu em direção ao carro, mas era tarde demais.

Ele caiu no chão, ao ver o carro no horizonte, as mãos sobre a face. As lágrimas caindo-lhe pelo rosto.

— Ártemis... — ele murmurou antes de cair de costas no meio da rua.

Flashback/sonho: on

O baile seria dali quatro dias e Apolo convencera Ártemis a ir com ele. Estava feliz e animado, indo buscar a ruiva na casa dela quando percebeu uma figura de cabelos escuros parados na porta da casa de Ártemis.

O rapaz estava na soleira da porta, gesticulando rapidamente. Apolo não conseguia ouvi-lo por estar muito longe, mas percebeu a figura encolhida na parte de dentro da porta.

Ártemis estava sendo segurada pelo sujeito, gritando com ele. Apolo nunca a vira gritar nem com uma flor.

Tomado pela raiva do sujeito de preto, Apolo correu na direção da casa de Ártemis, chegando lá somente a tempo para ouvir.

—... Vá embora, Órion! — Ártemis dizia. — Eu não lhe devo nada, suma daqui!

Antes mesmo do garoto chegar a varanda da casa da amiga, o rapaz de preto saiu. Esbarrando-se nele.

Ártemis, ao vê-lo, arregalou os olhos, colocando a mão na boca.

— É por isso que você está aqui, Bluemoon? — gritou o rapaz de preto encarando Apolo com uma espécie de nojo. — Por está coisa?

— Ei... — Apolo começou a falar, mas Ártemis o puxou pelo braço.

— Vá embora, Órion! — ela gritou. — Saia daqui, avise para Cronos que eu não voltarei nunca mais para aquele lugar!

O rapaz de preto parecia querer discutir, mas ao olhar para Apolo simplesmente balançou a cabeça.

— Isso não acabou, Bluemoon.

E com isso foi embora.

O sonho de Apolo se alterou, as cenas mudando para o pior dia de sua vida.

Apolo estava sorrindo feito um bobo naquele dia. O baile ainda estava fresco em sua memória e Ártemis havia passado o dia anterior inteirinho com ele. Eles foram para aquele ponto alto da cidade, onde ele a levou na primeira vez que saíram.

Depois de muito beijos e carinhos trocados, Apolo estava certo que a pediria em namoro naquela tarde.

Ele estava se arrumando para ir na casa da ruiva quando bateram na porta. Ele estava sozinho em casa, então desceu para abri-la.

Ártemis, com os olhos manchados e círculos negros envolta dos mesmos estava ali. Seu rímel havia saído toda em sua face, e seu nariz estava vermelho. Ela parecia alguém que chorou muito.

— Artie... — Apolo começou, mas Ártemis o calou com um beijo.

Apolo havia descoberto fazia dois dias que amava beijar Ártemis, seus beijos eram castos, puros e gentis... Tão diferentes dos beijos de outras garotas. Mas aquele beijo não parecia com os outros. Aquele beijo parecia algo como uma despedida.

Ártemis teve que interromper o beijo, abraçando-se em Apolo com força.

— Eu... Eu te amo. — Ela disse, fazendo o coração de Apolo pular para fora do peito. — Mas preciso ir. Sinto muito...

Apolo a encarou como se ela falasse grego.

— Você precisa voltar para casa? — ele perguntou. — Tudo bem, eu fico com você e...

— Não, Apolo — Ártemis sorriu, o sorriso mais triste que Apolo já vira. — Eu preciso ir para casa mesmo, para o Texas.

Apolo apenas a encarou, simplesmente sem reação. Ela só poderia estar brincando com ele. Seu coração doeu com as palavras da ruiva tanto que ele pensou que estavam o arrancando do seu peito.

— E quando você volta? — Apolo perguntou, embora soubesse que não era a pergunta certa. No seu intimo, ele sabia a resposta.

Ártemis o olhou como quem lhe pede para sacrificar um amor.

— Não sei — ela beijou novamente ele. — Mas eu volto.

E saiu correndo pela porta aberta. Apolo a viu entrar em um carro preto antes de se tocar de correr atrás dela. E quando o fez, foi apenas para cair no meio da calçada observando ela sumir no horizonte.

Flashback/sonho: off

Apolo acordou em uma cama de hospital.

Seus braços estavam conectados a aparelhos de soro e seu nariz estava com aqueles tubinhos ridículos.

— Ah cara, você deu um susto em todo mundo — a voz de Poseidon se fez ouvir. Ele estava sentado ao lado Atena, no sofá do acompanhante. — Pensaram que você havia entrado em coma...

Atena se levantou para colocar a mão na testa do louro.

— Não faças mais isso conosco, Apolo — ela sorriu fraternalmente, como se estivesse falando com um irmão mais novo. — Você matou-nos de susto.

Apolo queria sorrir para os dois, mas a imagem de Ártemis entrando novamente no carro lhe veio a cabeça.

— Eu... Eu a vi. — Ele conseguiu dizer por fim. — Ela, Ártemis, entrou em um carro e sumiu de novo e...

Atena e Poseidon trocaram olhares como se estivessem escondendo algo.

— Nós... nós sabemos cara. — Poseidon falou por fim.

— Ela... Bem, ela nos pediu para não te contar nada — Atena falou, ao ver os olhos arregalados de Apolo.

— Onde ela está? — ele gritou, antes que conseguisse se conter. — Onde está Ártemis?

Os malditos batimentos cardíacos recomeçaram a bater mais alto.

— Apolo, Apolo se acalme — Atena falou, encarando o monitor. — Se você continuar assim...

— Por que ela fez isso? — Apolo berrou, Atena lançando um olhar desesperado para Poseidon. — Por que ela me abandonou?

Poseidon apertou um botão vermelho ao lado da cama e imediatamente Apolo se sentiu mais cansado. Mas ele lutou contra as pálpebras enquanto gritava com eles.

— Apolo, irmão você precisa se acalmar — Poseidon falou, mas sua voz parecia vir do fundo de um túnel. — Você teve uma queda de açúcar no sangue, precisa se recuperar...

Mas enquanto ele falava outra pessoa entrou no quarto.

Os olhos de Apolo focaram nela uma vez antes de se fecharem.

Ela vestia uma calça jeans colada e uma bata verde água. Seus cabelos estavam na altura dos seios, eles não estavam mais tão cacheados como antes, mas ainda tinham as lindas ondas pelas quais Apolo se apaixonou. Seu rosto ainda era composto por sardas e seus olhos continuavam de um lindo tom prateado.

Sua Ártemis.