Colorful escrita por Isabelle


Capítulo 13
Capítulo 12 - Sally


Notas iniciais do capítulo

Eu só espero que não venha mais ninguém
Aí eu tenho você só pra mim
Roubo o teu sono
Quero o teu tudo
Se mais alguém vier não vou notar
— Banda do Mar



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Sally tentava não demonstrar a sua exasperação, ao estar sentada no banco de trás da viatura, enquanto ouvia a risada de Carla ecoar pelo carro, como se ali fosse uma caverna subterranea. Ela olhava para o cerrado com o céu azul de pano de fundo, e suspirava lentamente, deslocada do assunto, querendo entender o porque ela havia deixado Carla ir na frente com Noah.

Ela não tinha acreditado quando estavam preste para ir embora, e Noah havia a convidado para a festa sem mais nem menos. O sangue da garota havia esquentado, e ela tentou não ficar de cara feia, mas era praticamente impossivel disfarçar seu descontentamento. Ela esperava que aquele final de semana, mesmo os dois passando algum tempos juntos, fosse somente para os dois, e não para ela, ele e Carla. Ela parecia um anexo que não cabia na combinação.

Encostou a cabeça no vidro e fechou os olhos, tentando pegar no sono, enquanto eles conversavam, mas só conseguiu ficar com os olhos fechados e conciente, escutando os flertes discarados de ambos. Era como se ela não existisse ali dentro do carro.

Depois de vários quilômetros, eles tentaram a anexar no assunto falando algumas baboseiras, mas ela apenas assentia, e ria algumas vezes ainda deitada com a testa contra a janela do carro. A viagem parecia ter aumentado uns 900 quilômetros de tão demorada que fora. Ninguém ligara o radio, graças a boneca que não calava a boca, e quando Sally sugeriu que ligassem, eles colocaram em uma estação onde só passava jornal.

Revirou os olhos, e esperou.

Quando finalmente chegaram, ela fora a primera a pular do carro. Esperou que Noah abrisse o porta-malas, e pegou sua bagagem. Ele tinha estacionado em seu prédio na esperança que Sally ficaassem com eles no apartamento, mas a garota era esperta demais para perder seus dias naquele apartamento que viraria um puro e completo bordel. Então, assim que colocou as mãos em sua mochila, se pois a andar.

Noah a gritou algumas vezes, e ela somente virou lentamente, olhando bem em seus olhos.

― Não vai ficar conosco? ― Ele perguntou, enquanto Carla a olhava com um olhar de tédio.

Ela encarou bem os olhos de tédio dela, e soltou um suspiro prestes a entrar naquele jogo com aquela vadia. Ela merecia mostrar para ela, que mesmo sabendo que precisava manter-se só amiga de Noah, ela iria entrar naquela briga, e que ela ganharia. Porque ela sabia, nunca admitiria, mas sabia que tinha sentimentos por ele. E se sentia péssima por isso.

Começou a caminhar lentamente de volta, e Noah abriu um daqueles seus sorrisos sarcasticos. Passou quase parando ao lado de Carla, e segurou o passo por um segundo para jogar uma piscadinha para a garota.

Eles subiram até o apartamento, e escutaram a voz de Celly e de Will pela porta, mas não pararam para conversar naquele momento, preferiram guardar aquilo para depois. Entraram, e se depararam com a bagunça total que se encontrava o apartamento do garoto.

Sally olhou para tudo com nojo, e se virou para dar uma bronca nele, mas não esperava que ele estivesse tão perto assim de seu corpo.

― Você tem que arrumar uma faxineira. ― Ela afirmou sentindo a respiração dele em seu rosto.

― Tenho? ― Ele fez um jogo com as sobrancelhas.

― Tem. ― Ela afirmou ainda muito perto.

Eles escutaram um barulho estranho, e olharam para trás. Carla tinha derrubado a mala e uma bolsinha, e Sally revirou os olhos, entrando naquele apartamento que já estava familiarizada, e ficou rodando, tentando saber onde iria dormir.

― Bem damas, ― ele entrou sorrindo e colocou a mala dela na sala, ― Sally você dorme comigo no quarto e Carla, você pode dormir no quarto de hospedes.

Ela olhou como se tivesse levado um susto, e Sally quis rir de toda a situação.

― Noah, você não acha melhor a Sally dormir na sala, vocês se conheceram agora e tudo mais, e nós já nos conhecemos faz muito tempo ...

― Mas, já dividíamos o quarto antes, então creio que não terá problema nenhum, a não ser que você vá abusar de mim. ― Sally olhou para Noah.

― Não prometo nada. ― Noah disse suspendendo as mãos, e Sally sorriu de lado, pegando a mochila e subindo.

Ela ouviu os passos de Noah, e de Carla na mesma sintonia que os seus, e sorriu ao ver a pequena sala, com os dois outros comodos. Ele ajustou Carla primeiro no quarto, enquanto Sally entrou de supetão no seu, e ficou observando suas coisas. Ele tinha um álbum de fotos jogado no chão. Ela sorriu ao folhear e ver todas aquelas fotinhas de quando ele era criança.

Havia um que ele estava em posição de guarda, com uma arma de mentira, e Sally finalmente começara a compreender que aquilo era realmente o que ele queria pra vida. Ela levou um susto quando ele chegou no quarto e pegou o álbum de sua mão com tudo. Seu coração gelou e ela teve certeza que ele estava bravo com ela.

― Você não pode ficar olhando essas fotos ridículas, Bardini. ― Ele exclamou fingindo estar bravo.

― Sempre quis ser um policial, né?

― Sempre quis justiça.

― Vire advogado, não policial. ― Ela disse analisando pela lógica.

― Até parece que eles são justos, e estou fazendo faculdade de direito, e estou por dentro disso. ― Ele disse. ― São eles que julgam, mas posso jogar um deles dentro da cela se eu souber que estão fazendo trabalho sujo. ― Ele deu uma piscadinha.

― Tudo bem então, senhor Policial. ― Ela disse.

― Noah? ― A voz de Celeste surgiu, e eles saíram do quarto para vê-la.

Ela estava usando um vestido rodado de flores, e tinha o cabelo mais curto do que antes. Will estava junto a ela, usando apenas uns jeans, e uma camiseta preta. Amanda deveria estar dormindo, pois não estava junto.

― Que bom que puderam vir. ― Ela disse indo para abraçar Noah, mas desviou e passou os braços por Sally.

Noah ficou com cara de idiota com os braços abertos, e Will começou a gargalhar dele. Noah olhou irritado para Cely, e ela deu um risada, voltando e o abraçando também.

― Ela é mais legal e bonita. ― Cely disse.

― E gostosa, e inteligente. ― Noah completou. ― É, eu sei.

Cely olhou para ele como se ele estivesse sofrendo algum tipo de ataque epiletico.

― Você está elogiando outra pessoa, que não é você mesmo? ― Ela colocou a mão na boca, surpresa. ― Alguém traga um médico.

Eles deram uma risada e Carla surgiu no meio de todos.

― Ei. ― Ela saiu sorrindo com aquele sorriso falso dela, e abraçou Cely e Will de um jeito mais oferecido possível.

Cely fez uma cara de indignação e olhou para Sally, que a compreendeu. Cely olhou para ela de cima abaixo, e Sally viu o olhar que ela dera. Um olhar de fez Sally abrir o maior sorriso de todos.

― Ei, estranha, que se jogou em cima do meu marido, como vai? ― Celly disse em sua sutileza normal, e Noah supriu uma risada.

― O que? Oh meu Deus, ele é seu marido? ― Carla deu uma risada, e Sally sorriu.

Todos eles começaram a conversar, deixando, desta vez, Carla meio a parte da conversa. Sally e Cely se deram super bem, e começaram a ter uma conversa sobre a festa. Logo após, as duas foram para o apartamento para que Sally pudesse a ajudar, e Will e Noah foram buscar algumas decorações.

As duas deram tão certo que descobriram que gostavam do mesmo estilo de musica, e Cely até contou algumas coisas sobre o relacionamento dela e de Will.

― Como se conheceram? ― Sally perguntou enquanto olhava para os dois que estavam montando uma faixa na sala.

Cely soltou um sorriso gigante, e continuou ralando a cenoura.

― Era uma noite chuvosa, eu tava tocando violoncelo, porque fazia aula no conservatório que ele era professor. Ai fiquei lá tempo demais, e ele me assustou quando foi me buscar, e como estava tarde demais, e não passaria mais nenhum ônibus de linha, ele me deu uma carona. E Saly, tudo depois disso, tudo mesmo, na minha vida desandou. ― Ela olhou para Will. ― Ele realmente foi a melhor coisa que podia ter acontecido comigo.

Ela sorriu, imaginando a cena. Era quase mais incrivel, do que quando ela conhecera Noah. Parecia ter acontecido a mil anos aquilo. Naquela noite fria. Naquela noite que milhões de coisas passavam pela sua cabeça.

Sally pousou os olhos em Noah, que agora conversava alguma coisa com Carla. Ela ria de alguma coisa que ele dizia, enquanto ele desenrolava uns fios de alguma coisa. Sally focou em Noah, e soltou um sorriso de lado, continuando a picar o que Cely tinha dito para ela.

― Você gosta muito dele, né? ― Cely perguntou sem olhar para ela.

Sally soltou um suspiro abafado percebendo que gostava dele mais do que pensava. Revirou os olhos brutalmente, e tentou esconder aquele sorriso que se formava.

― Olha aqui, mulher, ― Will disse para Cely, ― Se na festa a fantasia você não usar aquele vestido amarelo, eu te proíbo de ir.

― Numero 1: Você me proíbe de ir na festa que foi minha ideia? ― Ela perguntou como se fosse óbvio. ― Numero 2: Aquilo é uma camisola, entenda isso, estava usando ela quando tivemos a Mandy.

Noah chegou perto fazendo barulho de nojo.

― Cely, que coisa mais desnecessária, não precisava acabar com a minha inocência, eu ainda acreditava na teoria de que bebes vinham com a mamãe garça. ― Ele bufou e Will riu.

― Mamãe cegonha, Noah. ― Sally disse. ― Todos conseguimos ver como você é inocente.

Todos riram dele.

― Bem, nossa primeira expêriencia com festa fantasia não foi muito boa, porque... ― Will fez cara de quem não se lembrava, e Cely revirou os olhos bufando.

― Bem, ele encontrou uma moça, ele foi embora com ela e me deixou lá, ai eu cheguei no apartamento ela estava nua. ― Ela abriu um sorriso, e Will assentiu.

― Isso, amor, foi isso mesmo. ― Ele disse como se fosse a coisa mais normal de todas.

Cely bateu com o pano de prato.

― Mas, você estava com Eric aquela época.

― Porque o Eric não tomava ecstasy e saia transando com qualquer uma. ― Ela disse terminando de ralar a cenoura.

― E Eric nunca iria te amar como eu te amo. ― Ele disse, e ela revirou os olhos. Parecia ser um habito dela.

Will soltou um sorriso lindo e veio beijar Cely. Noah fez cara de nojo, e Carla ficou deslocada, mas eu só ri.

Will era realmente um homem atraente. Aqueles olhos azuis em sintonia com aquele cabelo preto, com a pele bronzeada. Ele tinha um sorriso lindo que com certeza já deveria ter feito ele ganhar pontos com varias garotas, mas no final, ele escolheu aquela baixinha de pele morena, dos cabelos escuros e olhos castanhos esverdeados. Ela era a sintonia perfeita para ele.

― Cely, nossas fantasias já podem ser pegas, você quer que eu vá la agora, ou fique aqui para ajudar? ― Will perguntou, enquanto tirava a camiseta para colocar uma melhor.

Todo o tempo Carla ficou fitando seu corpo, e por mais discreta que ela tentasse ser, parecia que nada escapava do radar de Celeste.

― Acho que você pode ir, Will, pelo menos assim ninguém vai ficar te secando. ― Ela disse, indo verificar o forno que parecia estar assando alguns cupcakes.

Will foi até ela e lhe deu outro beijo, depois disso saiu do apartamento.

Noah conversou alguma coisa com Carla, que a fez sorrir e voltar para o apartamento em silêncio, depois disso ele veio nos ajudar a decorar os cupcakes.

― Ela é aquela sua ex louca que você vivia falando? ― Celeste era uma pessoa bem direta, isso era o que Sally percebeu.

― Sim, é ela mesma, mas ela está diferente, sabe? ― Noah disse e passou um pouco de glacê na cara de Sally. ― Está mais madura.

― Pelo visto, você não. ― Sally disse passando no rosto dele também.

Noah fez cara de bravo, e conseguiu passar mais uma colherada, mas bem no pescoço, que não teve interferencia do cabelo por estar como sempre, preso em um coque. Só que, desta vez, ele foi até ela e lambeu lentamente o glacê, fazendo com que ela se arrepiasse todinha.

Ele soltou um sorriso de lado ao perceber, e ela o empurrou irritada.

― Acho que você tem uma quedinha por mim, não tem? ― Noah disse convencido, e Sally olhou para ele mais convencida ainda.

― Bem, você tá tentando receber um sim meu desde que a gente se conheceu, então, acho que quem tem uma quedinha aqui, é você.

Cely soltou uma risada, e Noah fez cara de irritadinho, mas deu um beijo na bochecha de Sally que o impurrou novamente.

― Mas, voltando ao assunto, vocês voltaram ? ― Cely fora mais sutil desta vez.

― Não. ― Ele olhou de soslaio para Sally. ― Ela está legal, mas não quero voltar, to bem assim.

― Ainda bem, ela é uma oferecida. ― Cely voltou a ser direta, e Sally riu.

Eles trabalharam em uma otima sintonia, todos fazendo cada pedaço de uma determinada tarefa, e em menos tempo do que Cely e Will levariam, tudo estava pronto para o próximo dia. Todos eles tomaram sorvete ao fim do dia, sem Carla, e Sally ficou feliz por realmente ter tido um tempo com aquelas pessoas.

― Sally. ― Noah disse quando eles estavam no corredor, antes de abrir a porta do apartamento.

― Noah. ― Ela fitou ele, e ele a prendeu na parede, grudando seu corpo ao dela.

Um casal saiu do elevador que morava na ultima cobertura que havia ali. Os dois tentavam não rir com os corpos muito próximos. Ele se separaram depois que Sally conseguiu ver a cara de horror dos dois. Eles pareciam ter um pouco mais de idade, mas Sally ainda não entendia o porque ele tinha feito aquilo.

Antes dos dois se separarem, os olhos ficaram grudados uns nos outros. Ambos sentiram aquilo. Aquilo que eles nem sabiam o que causaria um com o outro.

― Eles falaram que da próxima vez que me vissem pegando uma garota seria o estopim, e eles iam se mudar. ― Ele sorriu, e ela riu. ― Bem, acho que temos que ir alugar nossas fantasias.

― É, acho que deviamos chamar a Carla. ― Ela foi, mas ele segurou o pulso dela.

― Amanhã a gente leva ela lá, mas hoje pode ser só a gente? ― Ele disse com aqueles olhos cinzas brilhantes.

― Tudo bem. ― Ela concordou.

Os dois foram até a loja e ficaram horas escolhendo fantasias. Eles vestiam uma, tiravam e colocavam outra. A risada de ambos era o som padrão da loja depois de algumas horas. Ele colocou fantasia de super homem, batman, pirata, enquanto ela se vestiu de mulher das cavernas, menina super poderosa, e princesa do mario.

― Acho que vou com essa, Sally. ― Ele disse saindo do vestiario usando fantasia de policial.

― Eu meto essa mão na sua cara. ― Ela disse.

― Agressiva. ― Ele disse e voltou.

Contudo, no final, ele levou uma fantasia de capitão america, bem colada ao corpo que fez Sally o ficar observando discaradamente. E ela levou uma fantasia de viuva negra, com um vestido preto bem longo. Sally achou injusto, e pegou uma fantasia de minnie para Carla.

Eles voltaram para casa escutando a radio e quando “vamo embora” da banda do mar começou a tocar, ambos começaram a cantar, em completa e profunda harmonia. Os dois, até mesmo depois que eles chegaram, continuaram no carro cantando e escutando musicas juntos. Sem saber, que no outro dia, muita coisa iria acontecer.


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Notas finais do capítulo

Desculpe a demora C:



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