Uma gota gorda de sangue deslizou de maneira sinuosa pelo pescoço de pele bronzeada indo em direção a clavícula proeminente e se perdendo no vale entre os volumosos seios da morena ao lado de Razvan, ele se deliciava com a imagem tentadoramente deliciosa a sua frente, aquela mera humana de corpo escultural e cabelos curtíssimos(Tipicamente usados pelas serventes da mansão) era uma das felizardas encarregadas a saciar a fome do líder de todo o clã vampiresco existente, mesmo sendo o filho bastardo do falecido Vlad Tepes ele havia herdado toda a soberania e altivez que era previsto que um primogênito tivesse, Razvan tinha uma história de vida complexa e para muitos ainda incompleta, ela agia como um autêntico herdeiro de um trono, ele nunca herdou um posto de destaque na realeza, mas havia conquistado um que faria até mesmo Vlad Tepes venera-lo.

–Você não vai fazer isso , não é?-Uma voz feminina e condensada em puro asco se pronunciou quando Razvan estava prestes a desabotoar a camiseta da bela morena a sua frente e capturar a gota que havia deslizado por entre seus seios, seus olhos castanhos e um leve toque avermelhado capturou os belos olhos verdes da mulher a sua frente, sua pele escura e os olhos puxados de um tom verde e vivido davam-lhe um aspecto felino e feroz, uma mistura saborosa de algumas etnias, tudo preso em uma carranca de desagrado. Um brilho divertido cintilou nos olhos de Razvan, que havia dispensado a bela moça que “servirá” seu jantar.

–O que posso fazer se você atrapalhou o meu jantar, Meagan?-Perguntou de uma maneira absurdamente calma inclinando-se sobre a mesa de mogno escura talhada com maestria tornando-a imponente demais para o homem preso em uma aparência de 35 anos com ares de distração, talvez fosse mais adequada para a jovem de olhar mortal e posição ríspida.

–Espero que ela seja licenciada.- Meagan sussurrou de maneira acusatória, Razvan estaria em maus lençóis se o conselho se quer imaginasse que ele estava mantendo uma humana escravizada em sua propriedade, os vampiros viviam sobre a corda bamba com o conselho, um movimento em falso e eles voltavam a serem caçados pelas outras espécies, que não excitariam em preparar uma verdadeira “Caça as bruxas” contra os vampiros.-Bom, deixemos esse caso para outro dia, você sabe que eu estou atuando no ministério de investigação criminal ,não é?-Meagan perguntou de maneira formal.

–Não precisa soar de maneira tão formal comigo, Mea, aliás, somos inimigos de longa data, já deveríamos ter uma intimidade maior que isso.-Razvan tentou mascarar sua curiosidade acima do assunto com total indiferença, ele não suportava os membros dos conselhos e as diversas acusações que sua espécie recebia, todos sabiam que os feiticeiros e os vampiros estavam sempre apostos para uma nova batalha. Meagan se inclinou sinuosamente em direção ao homem de cabelos claros em belas ondas bagunçadas.

–Estou tentando manter a profissionalidade aqui Razvan, é melhor cooperar.- Razvan decidiu que aquilo tratava-se apenas de um “aviso”, mas manteve-se alerta, Mea retirou uma pasta vermelha de sua maleta e jogou sobre a mesa fazendo-a deslizar pela madeira até chegar nas mãos de Razvan.

–Hum...vermelho para um caso vampírico, quanta criatividade. -Ele suspirou pesadamente antes de abrir a pasta e encontrar algumas fotografias ampliadas, todas de diferentes pessoas, com apenas duas semelhantes a coloração pálida e opaca e uma grande marca que pegava do inicio do queixo até o final da clavícula, era uma perfeita marca de uma boca grande e repleta de dentes afiados, parecida a de um tubarão. Razvan analisou de maneira critica captando todo o proposito da visita.-Bem, tenho duas hipóteses para o causador disso....Demônio de Nova Jersey ou um novo tipo de Sharknado.-Meagan levantou-se abruptamente sentindo o seu sangue latejar e seu corpo tremer de fúria, como ele poderia ser tão irresponsável nesse momento??

–Razvan isso não é nem um tipo de brincadeira.- Ela rosnou perdendo a postura séria e calma de antes.Em contraponto Razvan levantou-se ainda mais sério e ameaçador, e nem sob tortura Meagan admitiria que aquilo a havia feito tremer.

–Você é quem deve estar de brincadeira, como tem coragem de associar esses ataques a minha espécie, é evidente que nenhum vampiro é capaz de fazer um estrago tamanho desses apenas com uma mordida.

–Os corpos estavam sem sangue, com essa mordida grotesca e....-Meagan parou tentando raciocinar melhor, sem sucesso.

–Eles estão exigindo um culpado não é?-Pressionou Razvan.

–É óbvio, seria simples demais dizer que as analises e fatos apontam para uma aberração vampírica...mas...-Meagan mordeu o lábio inferior demonstrando sua indecisão em relatar aquilo para alguém como Razvan, alguém com quem já teve diversos conflitos no passado, ambos eram imortais, Razvan por causa do sangue vampírico que circulava em suas veias e Meagan por causa da sua excelência em feitiçaria, ambos eram poderosos representantes das suas espécies, mas que por causa do longo histórico conflituoso desconheciam o significado de “Paz” entre os dois.

–Você quer achar o verdadeiro culpado disso.- Divagou Razvan em voz alta, logo após percebendo um repentino brilho de vergonha no olhar da mulher a sua frente.-Se quer pedir meu auxilio a hora é agora.-Razvan induziu maravilhado com a possibilidade de ver Meagan pedir algo a ele, a mulher consternada parou de perambular a passos curtos pelo escritório e pousou os gélidos olhos verdes sobre Razvan.

–Envie-me sua resposta amanhã...-Meagan virou os calcanhares sob os enormes saltos enquanto alinhava seu tailleur escuro e se preparava para sair da sala, antes lembrou-se de algo e deu meia volta.-Ah, lembre-se também de me enviar a licença daquela moça, melhor,a de todos que trabalham nesse lugar. Tenha uma boa noite.-Mea foi sucinta ao sair da porta a passos firmes exalando confiança, Razvan apenas a observou de longe, o andar, a sua postura, o rosto inclinado para cima...mas a única coisa que lhe vinha a sua mente e que seu orgulho não deixaria esquece-lo, era que finalmente Meagan Cohen havia pedido sua ajuda.