- Eu... não vou poder voltar. - começou a garota - Prometi para a Maçaneta não voltar a incomodá-la... E ela me parecia ser do tipo que se incomoda fácil... - abaixou a cabeça. Sora presumiu que ela estivesse chorando, então puxou-a pela mão para a árvore onde antes descansara.
  Após sentar Kairi, o garoto-coelho sentou-se ao seu lado.
  - Ninguém realmente liga para o que a Maçaneta fala e logo esquecem as promessas feitas para ela. Eu mesmo devo ter dito milhares de vezes que iria trocá-la de lugar, mas ela continua ali!
  - Não quero fazer isso. Seria tão cruel quanto o que fiz com Roxas e Naminé. Ela só quer descansar de ter de abrir para pessoas que a desprezam. - e levantou a cabeça, mostrando os olhos já vermelhos - Eu vou manter a minha promessa.
  Ficaram em silêncio até Kairi lembrar-se de algo.
  - Sora, o que o Roxas fez para pedir desculpas a você?
  - Bem... Naminé de Março é a minha irmã. Há muito tempo atrás, ela estava passeando por aí e viu Roxas lutando contra o tempo. Ela nunca gostou de brigas, então foi lá tentar parar e Roxas acabou acertando a cabeça dela com muita força. Quando Naminé acordou, ela havia se esquecido de tudo e Roxas, que sempre esteve sozinho, disse para ela que ele era seu irmão. Eu não consegui mudar a opnião de Naminé, então levei o caso ao Rei, que eu sabia ser um bom homem. - Kairi pensou em dizer que o Rei era um bom rato, mas achou melhor não parar Sora - Mas naquela epóca ele havia acabado de se casar com a Rainha Minnie de Copas, que sabia da minha boa habilidade para escrever. Antes que o Rei pudesse fazer algo, ela taxou Roxas como criminoso, e Naminé como sua cúmplice. Se eu não trabalhasse para ela, mandaria os guardas capturarem os dois e cortarem suas cabeças. - Sora deu um profundo suspiro e continuou - Desde então, vivemos assim.
  - E Riku?
  - Riku de Cheshire é apenas alguém sem medo, que insulta a Rainha sem pensar nas consequências.
  - Sora, eu... - ela começou, mas o garoto-coelho colocou o indicador em sua boca, calando-a.
  - Eu tenho de ir agora. Estou atrasado para um chá com minha irmã Naminé e meu gêmeo Roxas. Sei que nada irá me acontecer e que com certeza chegarei apenas alguns minutos depois do marcado, mas... Você poderá nos visitar em sonhos. E tome isso - disse, estendendo seu relógio quebrado - Não para lhe apriosionar, mas para libertar. Tenha uma boa vida, Kairi.
  Sora virou-se e partiu, numa velocidade que Kairi sabia não ser necessária, pois ela não o seguiria. Olhando o relógio em suas mãos, viu o objeto brilhar e desaparecer. "Será que fugiu de volta para seu dono", pensou, "ou foi para onde eu poderei sempre tê-lo, mas jamais tocá-lo?"
  Cansada, Kairi adormeceu. Ao despertar, procurou a toca do coelho que sabia que Sora usava para voltar para casa. A encontrou, mas ninguém saiu de lá, e a própria Kairi não ousava entrar novamente. Chamou o nome de cada um, mas nenhum aparecera.
  Sentindo os olhos encherem-se de lágrimas, Kairi percebeu que estava tarde, mesmo o tempo tendo passado lentamente para ela. "E tenho tantos trabalhos para fazer... Espero que dê tempo", pensou, e em seguida sorriu. "Vai dar. Afinal, eu sou amiga daquele que derrotou o tempo".