Duas Cores escrita por Biax


Capítulo 3
Férias e Convites Inesperados


Notas iniciais do capítulo

Férias não combinam com amores escolares, a menos que vocês conversem bastante. Na minha época, eu só tinha o msn para conversar, e olhe lá hahahahaha
Boa leitura :v



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/599753/chapter/3

— Anne? Acorda. — Mamãe me cutucou.

—Hm? — murmurei, mais dormindo do que acordada.

— Levanta. Vamos jantar.

— Ok... já vou. — Me sentei na cama, notando que já estava escuro. Levantei e fui jantar e ajudar com as louças, então voltei para o quarto.

Não quero fazer nada, mas também não tem nada pra fazer.

Liguei o notebook e de forma automática, abri a pasta com as fotos da escola, abrindo diretamente as do jardim, onde Lysandre estava. Droga, qual meu problema?

— Anne? — Mamãe chamou, dando um toque na porta. — Vamos ver um filme, quer ver?

— Claro. — Abaixei a tela do notebook e desci, esperando conseguir me distrair.

Mamãe escolheu o filme, nem eu ou papai pudemos opinar. Mamãe wins, como sempre. Ela escolheu um filme chamado “Para Sempre”.

Romances têm um poder incrível de fazer você querer estar apaixonada e eu não sabia se foi bom ou ruim ter assistido. Só soube dizer que fez com que eu pensasse mais nele me olhando hoje.

...

 

O fim de semana passou morto, mas pelo menos passou logo. Coisa estranha eu ter gostado disso.

Indo para a escola, olhava para os lados e para trás, esperando encontrar o dono dos cabelos platinados. Quando cheguei, parei na entrada.

Será que ele está no jardim? Provavelmente...

Meu estômago se mexeu involuntariamente e continuei o caminho para a sala. Sentei e me debrucei sobre a mesa. Um tempo depois, escutei alguém entrando.

— Ei. — Alguém cutucou minha cabeça. — Viu o Lysandre por aí?

— Não. — O som da minha voz saiu abafado.

— Obrigado pela ajuda — falou, de forma irônica.

— De nada.

Peguei um caderno e comecei a rabiscar.

Você é uma idiota, pare de agir assim. Tenho que tratá-lo normalmente, e agir normal também, o máximo que eu conseguir. Certo? Vamos lá. Normal...

— Bom dia.

Normal, Anne, normal.

— Bom dia, Lys. — O olhei. — Hm... Castiel estava te procurando.

— Me procurando? Mas eu estava no jardim... A menos que ele tenha ido quando fui ao banheiro... — Sentou-se.

— Pode ser. — Dei de ombros, voltando a rabiscar.

Lysandre parou de se mexer e eu tive a sensação de que ele estava me observando. Arriscando, dei uma olhada para ele, confirmando o que eu senti.

— O-o que foi? — perguntei baixo, sem querer.

— Você está bem? Me parece desanimada.

Senti-me corando. — N-não é nada... Estou pensando nas férias... — Dei a primeira desculpa que me passou pela cabeça.

— E o que há de errado?

— É... Meus amigos estão longe agora. Eu não conheço a cidade, acho que vai ser entediante. — Ri, sem graça.

Ele apoiou os cotovelos nas pernas. — Nós podemos resolver essas questões, só não poderei substituir seus amigos. — Sorriu, gentilmente.

Ah, Lysandre...

Senti meu rosto esquentando. Encarei meu caderno, envergonhada, e voltei a rabiscar, com um sorriso bobo nos lábios.

— Oi, oi! — Rosalya entrou na sala a todo vapor.

— Olá, Rosa. — Lysandre falou.

— Oi, Rosa. — A olhei. — Ela piscou enquanto passava por mim.

O que foi isso?

— Te achei. — Castiel entrou na sala, de repente. — Onde você estava?

— No jardim, fui ao banheiro e vim para cá.

Ele sentou em seu lugar. — Ah, não te procurei no banheiro.

— Bom, estou aqui agora.

— Ei. — Rosa me cutucou. — Fez o que no fim de semana?

Me virei. — Nada. E você?

— Nada? Como assim? Fiz algumas coisas. Por que não fez nada?

— Porque não tinha nada para fazer.

— Precisamos mudar isso! Onde já se viu não fazer nada.

Dei de ombros.

Poderia ser impressão minha, mas parecia que, às vezes, Lysandre olhava para mim. Claro que não quis confirmar. No intervalo, virei para falar com a Rosa, que  estava mandando uma mensagem no celular.

— Diga, dona Anne — brincou,  sem tirar os olhos do aparelho.

— Hmm... O que vai fazer nas férias?

— Provavelmente viajar, mas não fico muito tempo fora. Por quê?

— Por nada, só para saber.

— Se a casa fosse minha, chamaria você para ir junto — falou um pouco mais alto que antes, e deu uma olhada para o lado, rapidamente.

Olhei para trás, sem entender. No mesmo instante, Lysandre virou para frente, e parecia que estava rindo. Virei para ela, ainda sem entender.

— A casa é dos pais do Lys — sussurrou, se aproximando.

Gelei. — V-você viaja com ele?

Ela riu. — Não. Quer dizer, sim. O irmão dele é meu namorado. Nas férias sempre vou com eles para a casa de campo onde seus pais moram.

Relaxei os ombros. — Ah...

— Desculpe. — Riu. — Queria ver sua reação.

— Não foi das melhores...

— Não mesmo.

— Mas mesmo que chamasse, minha mãe não deixaria, acabei de conhecer vocês.

— Vamos ter tempo para isso. — Sorriu, confiante.

Rosa, parece que te conheço há tanto tempo!

...

Durante todos os dias, conversei normalmente com Lysandre. Não me deixei envergonhar por qualquer coisa, pelo menos acho que tentei. E nos conhecemos melhor, até. Sem perceber os dias passando, as férias chegaram. E a cada dia, acordava mais ansiosa para ir à escola, com borboletas no estômago. Queria aproveitar o máximo que desse, sem ele perceber.

Agora, não sei como serão minhas férias. Hoje é o último dia e ele não comentou mais nada, mas no fundo, ainda acredito no que ele tinha me dito.

Na última aula, todos estavam quase pulando de alegria, e conversavam animadamente. Já eu, não estava tão animada assim.

— Ah, Lys. — Rosa o chamou. — Avise Leigh que vou fazer algumas coisas em casa antes de ir, por favor?

— Claro. Apenas não demore, ele quer ir cedo.

— Não vou demorar, prometo!

O sinal tocou.

— Tchau para vocês. — Castiel falou, levantando-se e saindo.

Que pressa.

— Até logo, meninas. — Lysandre se despediu, indo para fora.

Tchau, Lys...

— Tchau, Anne! A gente se fala — disse Rosa, abaixando e dando um beijo em minha testa.

— Tchau, Rosa.

...

Chegando em casa, larguei a mochila no canto do quarto e desci para a cozinha.

— Quer ajuda? — perguntei a mamãe.

— Não, não precisa. Tudo sobre controle aqui.

— Hm… — Fui para a sala e deitei no sofá.

Já vi que vão ser as melhores férias da minha vida. Talvez Lysandre tenha falado aquilo só para me confortar. Como iríamos sair? Nem tenho seu telefone... se é que ele tem celular.

Julho, passe logo.

...

 

Meus pais gostam de curtir as férias, de sair e viajar. Na primeira semana, fomos a parques, shoppings, cinema, restaurantes...

Ok, foi legal, nos divertimos bastante. Papai sempre pagava algum mico, tipo espirrar enquanto tomava refrigerante, em uma praça de alimentação lotada, ou “assoprar” uma batata frita na cabeça de alguém. Não me pergunte o que ele estava tentando fazer. E mamãe, sempre com a câmera na mão, não deixando escapar nenhum detalhe.

Na sexta, eles queriam viajar para a praia e ficar o fim de semana todo.

— Praia? De novo? — resmunguei, desanimada.

— Que que tem? — indagou mamãe, arrumando a mala. — Você gosta.

— Mas eu não quero ir para lá agora.

Eu admito, eu sempre gostei de praia, mas na última vez que fomos, um cara não saía do meu pé. O nome dele era Dake. Um surfista metido a pegador. No último dia que fiquei lá, ele ficou tão em cima que acabei ficando com ele, para ver se me deixava em paz. Claro que não avisei que era o último dia.

Deve ter ficado com outra assim que fui embora.

— Eu prefiro ficar, tudo bem? Não quero ir.

— Mesmo? Tem certeza?

— Absoluta, mãe.

— Tudo bem, então.

Uhu!

De tarde, eles se foram.

A casa é só minha! Muahaha!

Como se eu fizesse algo além de comer porcarias e ficar de pijama. Bom, já faço isso quando eles estão, então não faz diferença.

Teremos maratona de filmes e muitos salgadinhos e doces. Me estiquei no sofá e dei play, junto de chocolates, salgadinhos e refrigerante. Uma verdadeira noite de gordices.

Escutei uma música tocando. Meu celular... Devia ser mamãe. Assim que peguei o aparelho, estranhei o nome registrado.

Rosa?

— Alô? — atendi, colocando no viva voz.

Uma das grandes virtudes de estar sozinha em casa: você pode colocar a conversa no viva voz que ninguém vai escutar.

Oi, Anne! Finalmente, te liguei umas duas vezes já.

— Desculpe, não ouvi o celular tocando.

Enfim, isso não é importante! — falou animada. — Quer ir em um aniversário comigo?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Festa, festa, festa ~~o~~