Jay ignorou a cara de poucos amigos de Voight. Não estava afim de confusão, mas sabia que chegar com a Erin não  passaria batido. 

Seguiu ate sua mesa e esperou que todos se reunissem para que Voigth desse as ordens do dia. A sua frente Erin estava o encarando, mas não parecia ve-lo. A única forma de saber o que se passava com ela era por mensagem. 

J: “ – Sei que tenho uma beleza incomum, mas você me deixa constrangido me encaram assim.” 

O celular dela apitou e quando ela leu a mensagem ergueu os olhos em  seguida. Encontrando Jay olhando para qualquer lugar que não fosse em sua direção. 

Segundos depois ele pegava o celular sem demonstrar nenhuma expressão no rosto. 

E: “Estou pensando se sua mesa é firme para fazer o que tinha me dito ontem.” 

A resposta não era o que ele esperava, sorriu enquanto respondia. 

J: “- Meu foco é a mesa do Hank, mas a minha também tá valendo.” – olhando para Erin e vendo sua feição ainda mais séria. 

J: “- Mencionar seu pai estragou nosso plano né?” 

E: “- Sempre. Só que eu na verdade estava pensando nele antes.” 

J: “Se arrependeu de ir compra as ordens dele?” 

E: “Não, estou arrependida de ter acatado essas ordens desde o começo.” 

Jay não respondeu porque Vogth entrou chamando a atenção de todos ao largar uma pilha de arquivos em cima da primeira mesa ao lado de sua porta. O barulho ecoou por todo o lugar assustando alguns, incluindo Erin. 

— Temos até o final desse dia para encontrar três pistas da ligação desses detentos com o desaparecimento do menino. Quero todos na rua em busca de respostas menos Lindsay e Halstead. Eles são ficar responsáveis pelos arquivos e mandar coordenadas a todos que estão em campo. 

Aquela era uma ordem incomum. Nunca ficavam fazendo trabalhos internos. 

— Estarei aqui também em busca de mais suspeitos, então ao trabalho. 

Lindsay viu um por um saindo até que somente ela e Jay restasse, e Voigth que estava em sua sala. Foi Jay que deu o primeiro passo e foi até a pilha de arquivos. 

— Ele está fazendo isso de propósito. – Erin continuou em sua mesa, indignada. – Ele sabe que estávamos juntos e agora quer me punir. 
— A punição é dupla, Erin. – colocando um montante de arquivos sobre a mesa dela e voltando para a sua. 
— Eu sei. 
— Não se deixa irritar, porque é isso que ele quer. – voltando para sua mesa.

As horas seguiram com muito trabalho, apesar do trabalho interno era como perseguir um bandido por muitos quarteirões de tão cansativo. Jay já estava na segunda demanda de arquivos quando Erin levantou.

— Vou comprar algo para comermos.
— Ok. – voltando sua atenção para um os arquivos abertos sobre a mesa.
— Ei. – se aproximando. – O que foi?

Jay olhou para Erin e pensou se aquele era o melhor momento de falar sobre o que o estava incomodando.

— Estamos brincando com fogo, Erin. – olhando para a sala do Voigt.
— Acho que você deveria ir comigo comprar comida.

Os dois seguiram para a saída sem olhar para Voight, que observava cada passo deles, mas isso não importava naquele momento. Bastou abrir a porta da delegacia para que Erin enlaçasse a mão de Jay sem se importar com quem estivesse olhando.

— Você sabe que a sala dele tem janela para a rua, não sabe?
— Sei, e espero que ele esteja olhando por ela. – apertando sua mão.

Andaram por mais alguns metros antes de Jay parar e soltar a mão de Erin, que o olhou sem entender.

— E até quando vamos ficar provocando seu pai e esperando ele revidar como hoje?
— Não estamos provocando meu pai, Jay.
— Não? Tem certeza.
— Eu quero estar com você.
— Então está na hora de fazer o certo quanto a isso.
— Ele infernizou sua cabeça, não foi? Na conversa que vocês tiveram ontem.
— Resolva seus problemas com ele e deixe o caminho livre para nós dois. Não quero ficar me espreitando por ai com você nem ter que lidar com consequências por estar com minha garota. – se aproximando e segurando sua mão novamente. – Eu vou comprar nosso almoço, volte lá e faça o que tem que fazer. – beijando sua testa e voltando a se afastar.

Erin observou enquanto ele se afastava, mas foi ao olhar para a janela da sala de Voight que encarou os olhos de quem realmente precisava ouvir umas verdade. Por mais que ela devesse sua vida ao pai, não estava disposta a abrir mão de Jay por conta disso. Ainda mais por saber que as regras só serviam para eles e pela primeira vez na vida ela não estava fazendo nada de errado, nada que fizesse mal a si mesma.

Sentindo o coração na garganta, ela entrou na delegacia e subiu as escadas que davam para a inteligência. Aquele era seu lar, mas estava pronta para ir embora se a reação do pai fosse contrária a sua vontade.

Voight estava parada na porta de sua sala, a aguardando. E nada o preparou para o que Erin estava prestes a fazer.

— Desistiu de almoçar com seu namoradinho? – cruzando os braços e encostando no batente da porta.
— Estou aqui como sua agente e não como sua filha, então peço que não fale assim comigo.
— E como quer que eu fale com você, Lindsay?
— Como o adulto que é.
— Tenho regras a serem cumpridas e vocês não estão...
— Não somos os únicos nesse lugar então porque suas regras só funcionam com a gente? – sentindo sua paciência ir embora.
— Não tenho que justificar o que eu aceito ou não, mas você vai seguir minhas regras se quiser continuar aqui. – mantendo o mesmo tom de voz, sem demonstrar que aquela conversa o afetava.
— Então acho que não tenho escolha.

Sem que ele esperasse por isso, ela seguiu até sua mesa e pegou sua arma e seu distintivo. Era visível o quanto aquilo estava sendo difícil para ela, mas no segundo seguinte ela entregava a ele o símbolo de seu trabalho.

— Fique com suas regras, vou encontrar outro departamento para trabalhar onde me respeitem como eu preciso que seja feito. Eu amo o senhor, mas também amo o Jay e não vou abrir mão dele por você não ter a capacidade de lidar com isso.
— Eu só penso no bem dele.
— Não sou o mal entrando na vida do Jay, e não vou me afastar dele porque você quer. Se eu realmente estivesse levando ele para o fundo do poço como você faz parecer eu iria para longe, mas não estou. Quero estar com ele e não será você que me forçará a isso.

Com os olhos cheios de lágrimas por se ver indo embora do lugar onde era feliz, ela se virou, se deparando com Jay a encarando sem acreditar.

— O que você fez?
— Espero você em minha casa. – se aproximando e dando um selinho nele. – Bom trabalho. – saindo escada a baixo e saindo da agência.

O choque que estava estampado no rosto de Jay era o mesmo que estava no rosto de Voight. Jamais esperavam que ela fosse tão radical ao enfrentar o pai, aquela não era uma postura esperada por parte dela. E foi exatamente por isso que Erin se viu forçada a agir assim, porque descobriu no momento em que acordou naquela noite e pensou em ir embora, que não queria ir, que era com Jay que ela queria ficar. E se para isso tinha que mudar de agência e começar o zero... era exatamente isso que faria.