Apenas sonhe ~ sendo reescrita~ escrita por Sol


Capítulo 2
Capitulo 2


Notas iniciais do capítulo

Olá, capitulo novo saindo kk
Espero que gostem...



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Daquela singela passarela que ligava um bairro a outro Cristian olhava para a lua, tentando acalmar os sentimentos, mas era complicado, ele estava emburrado e remoendo as coisas que a mãe havia dito mais cedo, ele sabia que não deveria mais se importar com as opiniões alheias, já não era mais um adolescente, mas ainda assim não podia evitar se ressentir, sentiu as mãos de Set em seu ombro, o coitado tentava convencê-lo a mudar de ideia há quase meia hora.
— Cris... Ela é sua mãe, dê um tempo. – O ruivo tentou argumentar.
— Não pode deixar que ela fale assim da gente, como ela ousa dizer que não conseguiremos adotar uma criança? - Cris estava inconsolável e abraçou Set com uma necessidade que há muito desconhecia. — Como ela ousa dizer que nunca poderemos cuidar de uma?
— Não liga pra isso, nós sabemos que conseguimos não é mesmo?
— Sim.
Set passou as mãos pelo ombro do menor e ambos recomeçaram a andar, seus passos desencadeando ruídos do chão de concreto, mas com o amado ao lado Cris pouco se importou com o medo de altura.
Quando pisaram em ‘terra firme’ caminharam silenciosamente pela rua que os levaria de volta para casa, tudo estava calmo e poucas pessoas passavam por eles, Cristian respirou o ar fresco, ainda estava chateado com a mãe, mas decidiu seguir o conselho do noivo.
Ele olhou no relógio, já era meia noite.
— Estou cansado. – Admitiu, pensando no quanto discutir com a mãe havia lhe alterado o humor. — Tudo culpa daquela lá. – Ele resmungou e Set sorriu, beliscando a bochecha do outro.
—Você não tem jeito mesmo, não se preocupe que já estamos chegando.
Ao olhar para frente Cristian percebeu que era verdade e reconheceu o velho ponto de ônibus, ambos estavam a poucos passos de casa, o que era bom porque o jovem já estava congelando de frio e precisava de um banho para se livrar do stress, se é que um banho resolveria de verdade.
— O que é aquilo? – Perguntou set, apontando para a casa de ambos, os dois aceleraram o passo, o loiro estreitava os olhos para poder reconhecer e notou que era uma pessoa.
— É alguém, não sei.
— Vamos nos aproximar mais.
Quando chegaram mais perto perceberam que era um pequeno menino que estava deitado em frente à porta da casa, Cris se desesperou ao se lembrar do menino do ponto e correu até a criança o mais rápido, sendo seguido por Set.
— Meu Deus, Set ele ainda está um pouco molhado!– Exclamou se ajoelhando ao lado do menino e tocando a testa dele. — E acho que está com febre.
— O que ele faz aqui? Pensei tê-lo visto correr para o outro lado. – Set comentou enquanto pegava o menino em seu colo, Cristian apenas deu de ombros, não importava o motivo naquele momento, ele retirou o casaco e cobriu o corpinho frágil e pequeno do menino, a rua estava completamente deserta e não havia sinal de nenhum adulto que poderia ser o responsável pela criança. —Vamos leva-lo para dentro.
E assim entraram em casa, levando o menor para um quarto simples no segundo andar, Cristian abriu um pouco da janela para arejar o quarto, um pequeno rastro de brisa tocou em seu rosto, aquilo o aliviou de um pouco da pressão que sentia, mas o jovem, preocupado com a saúde do menino, rapidamente tornou a fechar a janela e correu para pegar alguns edredons.
Set deitou pequeno, que ainda dormia, na cama, ele tremia um pouco, certamente de frio.
— Será que ele está bem? – Cris perguntou sentindo o coração apertar, aquela pequena criança parecia tão frágil.
— Vou dar um banho quente nele, será que pode ir ver se a Lucy tem alguma roupa para emprestar a ele?
— Certo.
Cristian lançou mais um olhar ao menino quando Set o pegou e caminhou até o banheiro com ele, tentando acorda-lo, o loiro suspirou uma vez e se pôs a descer as escadas rapidamente, a luz da sala ainda estava apagada, por isso ele teve que tomar cuidado para não esbarrar em nada.
Ao abrir a porta teve de ignorar o frio ou e simplesmente sair, indo em direção à casa verde ao lado da sua, bateu na porta umas duas vezes, olhando em volta, ainda estava tudo deserto e nenhum sinal de alguém procurando alguma criança perdida, isso o revoltou, a imagem daquele menino tremendo não saia da sua cabeça.
Um segundo depois ele foi atendido por uma mulher jovem de pele morena que sorriu ao ver de quem se tratava.
— Olá Lucy. – Começou a falar meio sem jeito por estar incomodando a amiga a essas horas. — Se não se importa eu gostaria de saber se não tem alguma roupa que o seu filho não use mais ou que possa me emprestar e também algum remédio para febre. – Pediu com educação, o filho dela deveria ter a mesma idade do menino, ou quase a mesma, Lucy encarou o vizinho com um misto de confusão e curiosidade.
— Claro, mas... Por que quer?
— Ah... Bem, não vai acreditar, encontramos um menino dormindo na porta da nossa casa, ele estava todo encharcado e com febre, não pude deixar ele naquele estado... Fiquei com pena.
— Oh! Coitadinho, vou pegar alguma roupa, só um segundo. – Lucy saiu apressadamente, subindo as escadas com cuidado, o quarto do filho era no fim do corredor, delicadamente a jovem abriu a porta e entrou, indo em direção ao guarda roupa e pegando um conjunto que achou que serviria bem, calmamente escolhendo peça por peça.
Cris, na sala de estar da casa da vizinha, tentava não se desesperar, sempre gostou muito de crianças, sempre cuidou dos irmãos mais novos, não conseguia ver um menino sofrer assim.
—Encontrei esses. – A voz de Lucy o surpreendeu, a jovem sorriu e lhe entregou tudo.
—Muito obrigado, mesmo! Set já deve estar dando um banho nele, acho que a febre deve ser fraquinha. – Admitiu, tentando tranquilizar a si mesmo.
—Não se preocupe Cris, ele deve ser um menininho forte. – A amiga o abraçou e sorriu novamente. —Agora vai logo antes do seu noivo achar que te roubei. – Cris sorriu e se despediu da amiga, novamente se dirigindo até a rua, dessa vez sem procurar por ninguém.
Quando chegou em sua casa rapidamente caminhou até o quarto, por sorte eles haviam deixado como quarto de hóspedes.
— Conseguiu? – O ruivo questionou e sorriu ao receber uma resposta positiva, ele estava secando o menino e pegou as roupas. —Devem servir. – Ele o vestiu com uma blusa azul, uma calça polo preta, um moletom branco e um par de meias azuis.
O menino os encarava com receio e curiosidade, o que era de se esperar, Set tocou em sua testa e ele se afastou, engatinhando para o canto da cama e encostando se na parede.
— Tudo bem, não tenha medo.
— Como está a febre? – Cristian se aproximou de ambos, entregando o remédio ao noivo.
— Fraca, mas pode piorar, vou pegar um pouco de água, me espere aqui.
— Ok. - Quando Set saiu, Cris se sentou ao lado do menino e sorriu ternamente. — Não tenha medo, queremos ajudar, posso saber seu nome?
— Lucas. – O pequeno murmurou, ainda encarando o mais velho como se fosse um E.T.
— Que nome lindo, o meu é Cris e o do meu parceiro é Set. Quantos anos você tem?
Lucas ergueu oito dedos, embora tenha olhado bem para conferir se era isso mesmo.
—Uau, já é um homenzinho. – O menino apenas permaneceu em silencio, que, novamente, Cris optou por respeitar e é claro que o silêncio durou apenas meio segundo. — Mas me diga, veio me trazer o guarda-chuva? -Lucas assentiu sem jeito e recebeu um belo sorriso em troca. —Você é muito honesto, mas poderia ter esperado até amanhã. Seus pais devem estar preocupados.
Lucas encarou bem os olhos verdes de Cristian e negou a ultima afirmação, fazendo com que o maior ficasse confuso.
— Como assim não? Você tem família Lucas?
— Sim.
— Eles se importam com você, não é?
O menino permaneceu em um silêncio significativo, o que deixou o loiro inquieto, Set logo surgiu com o copo de água com remédio.
— Aqui está Lucas, vai te ajudar a melhorar. – O menino encarou o copo e negou. — Vamos senão você vai piorar, venha aqui, eu te ajudo a tomar.
Lucas pareceu pensar, mas acabou persuadido pelo sorriso do mais velho e se arrastou até bem pertinho de Cristian, que o envolveu em seus braços e o sentou em seu colo, pegando o copo e fazendo com que Lucas bebesse bem devagar.
No fim, o menino fez uma careta de desgosto que tirou risos de Set. Cris deitou o pequeno em seu colo e começou a passar a mão em seu rosto com delicadeza, observando os olhinhos castanhos dele e o cabelo negro bagunçado.
— Eu posso fazer um chocolate quente e umas torradas. – Set propôs ao notar a preocupação de Cris com o menino. — Quer me ajudar?
— Ok.
Cristian deitou Lucas na cama e saiu de mãos dadas com Set.
— Ele disse alguma coisa sobre a família? - O ruivo perguntou quando chegaram à cozinha e recebeu um olhar triste do Loiro.
— Não, só disse que não se importam com o fato de ser... – Cris olhou no relógio da parede. — Meia noite e meia e ele ainda estar na rua. Que tipos de pais são esses? Ele tem oito anos Set... Apenas oito.
Cristian pegou o leite quente e o achocolatado e começou a misturar distraidamente, ver a forma como aquele menino estava sendo ignorado pela família fazia-o lembrar- se de si mesmo e isso o incomodava fortemente, por mais que tentasse não conseguia não se comover com Lucas e a cada segundo sentia uma absurda vontade de chorar e de abraçar aquele menino.
— Ele é bem novo mesmo. Se ao menos soubéssemos onde ele mora.
— Sim. – Cris sorriu ao receber um abraço de Set. — Sabe...
— O que?
— Ele veio devolver o guarda-chuva, ele é tão pequeno e honesto. Tão fofo também.
— Já vi tudo, daqui a pouco vou ser trocado. – Set ironizou e Cris riu.
— Nunca. – O loiro envolveu os braços no pescoço do noivo, que gentilmente selou os lábios nos do menor.
— Ah! Mas eu não abriria mão dele sem nenhum luta! – O ruivo brincou, puxando Cris para mais perto e o enchendo de beijos no rosto e no pescoço, beijos que causaram arrepios no loiro.
— Set!
— O que foi? – Set riu. — Quero ver se você me venceria em uma partida de UFC!
Cris o empurrou de leve, rindo do seu comportamento infantil. — Mas seria bom, sabe... Cuidar dele.
— É, mas ele tem família e não podemos mudar isso.
— Uma família que não se importa. – Lembrou, voltando a mexer o chocolate.
Set suspirou e correu para pegar as torradas. — Você é a teimosia em pessoa, mas com uma coisa eu tenho que concordar, ele parecia cansado, estava sujo e encharcado, além de parecer faminto, eu jamais diria que ele possuiu uma família.
— Viu! Até você concorda! – O loiro parecia orgulhoso de si mesmo. — Tenho que fazer alguma coisa, não posso deixa-lo assim, pelo menos temos que saber como ele saiu tão tarde de casa.
— Ok! Ok! Acho que já chega de misturar. - Cris notou que ainda mexia o achocolatado e riu da própria distração, Set deu um peteleco na testa dele e sorriu de leve, enquanto caminhava de volta às escadas. — Vem coisa teimosa, seu novo amor nos espera.
— Vai zoando, que eu te largo mesmo.


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Notas finais do capítulo

Como ficou?



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