Apenas sonhe ~ sendo reescrita~ escrita por Sol


Capítulo 13
Capitulo 13




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Lucas rabiscava o papel abstratamente com o giz de cera, não sabia exatamente o que estava desenhando, mas o conjunto de linhas e círculos lhe parecia bem artístico.

Ao seu lado, Luna traçava um monte de retas coloridas e a, sua frente Stefan apenas encarava a folha em branco, mas sua atenção se desviou á porta quando Max entrou com o outro menino, ele disse algo para a professora, que sorriu animada:

— Turma, todos prestem atenção que o Max vai se desculpar pelo que fez.

O menino se colocou em frente aos colegas sem a menor vergonha, tentava esconder um sorriso soberbo:

— Queria me desculpar pelos meus modos e dizer que fui um menino muito mal. Isso não vai se repetir. – A professora elogiou a atitude do aluno, mesmo que não parecesse tão confiante assim, o menino se fingiu de tímido e colocou os braços sobre o rosto. — Eu não sabia que iria magoá-los, na verdade eu só queria ser amigo de vocês. – Ele concluiu tentando não rir e Lucas viu Stefan abaixar a cabeça, incomodado por Max o estar imitando.

— Pode se sentar Max, você fez muito bem. – A professora sorriu e o menino voltou ao seu lugar. — Agora vou até a secretaria e vocês fiquem quietinhos aqui.

Assim que a moça saiu, Max se levantou e se sentou em cima da mesa da professora com uma borracha na mão. — Luquinha. – Ele começou a chamar enquanto ria com o outro colega. — Olha para mim Luquinha, ficou com medo é? Por que não chama aquele bêbado do seu pai para vir aqui? – Ele riu, Lucas tentava manter-se concentrado no desenho e em não chorar novamente.

— Por que não cala a boca Max? – Luna interferiu, encarando-o com fúria.

— Por que não cala a boca Maria homem? – Max desceu de cima da mesa e andou até eles, todos da sala permaneciam em silencio, apenas observando a cena.

— Problemas. – Stefan murmurou, encarando os amigos com medo, Luna apenas encarou Max em desafio.

Max parou ao lado de Lucas, e encarou o pequeno, que permaneceu de cabeça baixa. Visivelmente assustado com a proximidade de Max, que começou a cutuca-lo com a borracha.

— Olha pra mim tampinha. Olha pra mim. – Max ria e Lucas ainda se mantinha rabiscando a folha de papel, ele se sentia acuado, mas, por mais que sua vontade fosse de fugir correndo, sabia que só iria piorar tudo, afinal o que o pequeno havia feito de mal para Max?

— Deixa ele em paz. – Stefan pediu, se colocando entre Lucas e Max.

— Sai daqui seu traidor. – Max o empurrou. — Seu covarde. Você é irritante de tão covarde. Por isso que nem seu pai te quis.

Stefan tentou chutar a perna de Max, mas o outro apenas desviou rindo. — SAI DAQUI MAX EU TE ODEIO. – Ele gritou e começou a chorar.

A professora surgiu e encarou as crianças como se fossem um monte de filhotes de alienígenas. — O que houve aqui?

Luna abriu a boca para relatar o ocorrido, porém Max foi mais rápido e segurou o ombro de Stefan, que encarou os amigos suplicando para que ninguém dissesse nada. — Meu Deus professora ele caiu feio. Mas agora ele está bem.

— Oh! Bem... Então de volta aos seus lugares, por favor. – Ela se ajoelhou em frente a Stefan enquanto Lucas e Luna se sentavam indignados.

— Vai ter troco. Se não fosse pelo pedido de Stefan eu já teria entregado a verdade. – Luna murmurou, voltando a rabiscar a folha, dessa vez com mais raiva.

~ ~ ~ # ~ ~ ~

Do lado de fora da escola, Lucas esperava sentado em um banco, ele já podia ir embora, mas não queria ser o único da turma a ir sozinho para casa, por isso esperava a maioria ir embora. Ao seu lado Stefan e Luna conversavam animadamente.

— Ei Lucas, amanhã você vai vir a aula? – Luna perguntou um tanto ansiosa, e então o menino se lembrou de sua ‘realidade’.

— Não sei. – O pequeno respondeu de cabeça baixa. — Se meu papai não beber e ficar estranho eu venho.

— Entendi. – Ela murmurou emburrada, na certa queria um sim concreto, mas um talvez era tudo o que Lucas podia oferecer no momento.

— Você conhece o vice-diretor fora da escola? – Stefan questionou, mudando o assunto para não piorar o animo de Lucas.

— Sim, ele é meu amigo.

— Uau.

— Verdade que ele vai casar com outro homem? – Luna disparou e Stefan a encarou como se a repreendesse. — O que? Eu só quero saber... Ele vai ou não?

Lucas encarou os amigos e riu. — Sim. E o Set é muito legal, ele ama torradas.

— Mamãe disse que isso é errado. – Stefan murmurou de cabeça baixa.

— O que? Amar torradas?

— Não seu lerdo. – O outro menino riu. — Amar outro homem.

— Mamãe ama o papai e ele é homem. – Luna resmungou.

— Mas ela é mulher. – Stefan retrucou. — Mamãe disse que isso vale pra homem que ama outro homem, ou mulher com outra mulher. Entendeu?

Luna permaneceu encarando Stefan e depois de um segundo balançou a cabeça negativamente.

— Ninguém nunca me disse nada disso. – Lucas interveio, não gostando nada do rumo da conversa, amava Cris e Set e não conseguia ver aquele casal como errado. — Explica melhor.

— É... Que eu também não entendi. – Stefan admitiu, sorrindo sem jeito. — Mas eu nunca vi dois homens juntos e nem duas mulheres. Por que eles vão se casar afinal?

— Porque se amam. – Lucas respondeu como se fosse óbvio, e era óbvio na verdade, os amigos pareceram pensar.

— Mamãe casou com papai porque se amam. – Luna resmungou ainda pensativa.

— Papai amava a mamãe. – Lucas completou, se lembrando de quando sua mãe e seu pai se beijavam completamente apaixonados, aquela lembrança deixou Lucas com uma pequena saudade, mas ele sabia que a saudade não trazia nada de volta.

— Meu papai... Deve amar a mamãe. – Stefan baixou os olhos. — Mesmo que eles não sejam mais casados e que brigassem antes. Eu espero que ele a ame, será que eles se amam ainda?

— Não sei, vai que sim. Se eles se casaram uma vez, foi por amor. – Luna esclareceu dando um tapa leve no ombro do menino.

— Então você se casa por amor? Se eu amar alguém eu vou ter que casar? – Stefan parecia um pouco desesperado, o que fez Lucas rir.

— Sim. – Luna respondeu, bagunçando os cabelos cor de mel do menino enquanto ria junto. — Vai ter que casar. Vai ter que casar.

— Vai ter que casar! Vai ter que casar! – Lucas entrou na onda.

— Não. Não vou casar, não vou amar ninguém, eu posso não casar não é?

— Não sei Stefan. Mas casar parece bom, Set e Cris são felizes. – Lucas comentou com doçura.

— Mesmo assim, prefiro nunca amar ninguém. – O pequeno percebeu que Stefan não estava mais brincando, pois suas palavras pareciam carregar certa mágoa. Já Luna não pareceu notar, ou se notou, ignorou.

— Ah! Stefan isso você não controla. – Luna zombou.

— Ei crianças! - Uma moça jovem de longos cabelos cor de mel se encaminhava até as crianças, Stefan correu e se jogou nos braços dela. — Ai está você, pensei que estaria com Max.

— Não estou mais falando com ele. Mas agora tenho novos amigos olha. – Ele apontou para Luna e Lucas, que sorriram sem jeito. — São meus amigos agora. Max é mal, não quero mais andar com ele.

A moça sorriu para as crianças, e parecia um pouco aliviada com o que acabara de ouvir. — Bem, isso é incrível, é um prazer conhece-los, infelizmente eu tenho um compromisso, vamos Stefan?

— Tá. Tchau gente, vem amanhã Lucas.

— Vou ver se dá. Tchau.

— Vou te esperar em, tchau Luna.

— Tchau Stefan.

Os dois ficaram observando o novo amigo se afastar, Lucas acabou ficando um pouco triste por ele ter que ir embora, estava gostando da conversa.

— É o carro do meu pai. – Luna comentou, olhando para um carro preto que parou perto deles. — Tenho que ir. – Ela abraçou o amigo e correu para o carro. Lucas suspirou e se levantou, olhando ao redor. Uma professora que estava no portão sinalizou para que ele se aproximasse e o pequeno correu até ela.

— Cristian pediu para ir a sala dele. – Ela disse e um sorriso iluminou o rosto de Lucas, que correu para dentro da escola e parou enfrenta a porta da sala de Cris, que estava aberta.

Ele entrou de fininho e viu Cris vestindo uma blusa de frio em um menino loirinho, O mais velho encarou o pequeno e sorriu docemente, enquanto caminhava em sua direção.

— Oi de novo fofo. – Cris se ajoelhou, puxando Lucas para perto e abraçando o menino. — Senti saudades.

— Também. – O mais velho se levantou, trazendo Lucas para o colo, o pequeno sorriu todo feliz.

— Ei Lucas, seu papai está lá em casa acredita? - Lucas permaneceu encarando Cris sem ter o que dizer, afinal aquela noticia era boa ou ruim? — Por isso vamos pra lá, eu só preciso terminar umas coisas, mas topa ir pra casa comigo?

— Claro.

— Ótimo, mas por enquanto quero que conheça alguém. – Cris sentou Lucas no sofá, ao lado do menino loiro, que o encarava com curiosidade. — Esse aqui é o Henrique, meu irmão. - Henrique acenou timidamente e sorriu. — E esse pequenino aqui é o Lucas, meu amiguinho.

— Oi. – Lucas o cumprimentou sorrindo igualmente, Cris deu um beijinho na bochecha de cada um e voltou a sua papelada. — Você fala? – O pequeno perguntou baixinho, para não atrapalhar Cris. Henrique sorriu com a pergunta besta do pequeno.

— Sim. – Respondeu para a alegria de Lucas.

— Quantos anos você tem?

— Doze.

— Legal! – Lucas se achegou para mais perto do outro. — Eu tenho oito, pelo menos é o que disseram. – Ele encarou os próprios dedinhos. — Não me lembro de como se conta número mais número.

Henrique encarou o pequeno e segurou suas mãos. — É só pensar que cada dedo é um numero, todos podem ser o um, e assim você soma.

Lucas encarou os dedos, tentando visualizar ali algum número, de um em um foi contando, até chegar ao numero oito, Henrique o elogiou, o que deixou o menino animado, Lucas pulou de alegria e abraçou o loirinho, logo seus olhos encararam os de Cris, que os observava com um sorriso bobo. O pequeno se encabulou ao perceber que o mais velho os observou o tempo todo.

— Cris para de rir. – Henrique implicou ao perceber o sorriso imbecil do loiro.

— Não me olhem assim. – Cris se defendeu, tentando não rir. — A culpa é de vocês por serem fofos. Ai eu quero um abraço também.

— Pensei que você tinha trabalho a fazer. – Henrique retrucou, com um bico e tentando não rir.

— Abraço. Abraço. Abraço. Abraço. Abraço.

Lucas começou a rir, o loiro era sem dúvidas o adulto mais criança que ele já conheceu na vida, pouco tempo depois correu até Cris, que só parou de pedir quando foi abraçado pelos dois pequenos que mais amava.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem c:



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