Na quarta-feira depois da escola, nossa mãe anunciou uma coisa maravilhosa:
- Como vocês respeitaram muito bem o castigo... Estão livres! – Ela disse. Eu e Sue pulamos igual loucas. Depois, minha mãe devolveu meu violão, nossas guitarras e nossos laptops. E, saiu do nosso quarto. Para comemorar, Jeremy me convidou para andarmos de patins na praça perto da praia, só nós dois. Aceitei super feliz. Naquele momento nada estragaria a minha felicidade.
A praia estava linda e a praça estava lotada. Foi muito divertido.
- Isso me lembra da nossa infância. – Disse Jeremy, me dando um sorriso maravilhoso. Infelizmente, aquele sorriso me distraiu e eu bati em uma árvore, caindo sentada.
- Meu Deus! Você está bem? Cara, como você é desastrada... – Jeremy comentou, sentando ao meu lado.
- Ai, minha cabeça está doendo. – Eu reclamei.
- Claro, você foi direto naquela árvore. – Ele disse, apontando a árvore. – Mas, não se preocupe. Só tem um pequeno corte na sua testa.
Depois, ele pegou um band-aind em seu bolso e colocou na minha testa. Eu não conseguia tirar meus olhos dos seus.
- Pronto. Agora está melhor. – Ele disse, quando terminou de fazer o curativo. Então, percebeu meu olhar e também me olhou nos olhos. Percebi seus lábios se aproximando do meu, mas meu coração me dizia para eu não interromper. E, bem no fundo da minha mente, algo me dizia que era isso que eu queria. Fiquei bastante confusa, mas me deixei levar. E seus lábios se encontraram com os meus. De repente, me perdi do mundo como em nosso último beijo. Ali, Jeremy não era apenas meu amigo. Algo em meu coração gritava que eu não queria que ele fosse apenas meu amigo. Mas, o que eu estava fazendo? Eu gosto do Danny, não gosto?
Então, fomos interrompidos.
- Epaa! Eu sabia que vocês tinham algum caso. – Disse Joe, segurando um sorvete.
- Uhuu! Quer dizer que Jeremy e Lilly estão namorando? Ai, que Mara! Adooro namorados! – Gritou Brian ao lado de Joe. Sue, apenas ria da situação.
Eu fiquei bem constrangida de ter sido pega no flagra. Jeremy me olhou, deu de ombros, levantou e me ajudou a levantar.
- O que vocês estão fazendo aqui? – Eu perguntei para o trio.
- O que? Não podemos interromper o casal? Ah, me desculpe. – Disse Sue. Eu revirei os olhos e Joe respondeu à minha pergunta:
- Ah, Brian foi lá em casa e insistiu para sairmos porque ele não queria ficar sozinho. Então eu trouxe Sue porque não viria sozinho com esse louco.
- Ah ta. Acho melhor voltarmos para casa, daqui a pouco anoitece. – Disse Jeremy.

Na sexta – feira, eu estava no meu laptop e Sue ouvindo música quando nossa mãe entrou no quarto.
- Meninas, eu preciso conversar com vocês. É um assunto sério. – Ela disse, sentando em minha cama. Eu e Sue fomos sentar perto dela, atentas ao que ela iria dizer. – Bom, desde domingo eu estou saindo muito, como vocês devem ter percebido. O caso é que, eu suspeitava de uma coisa e ela se afirmou. Eu fiz uns exames e eles disseram que... Eu estou com câncer de mama.
Eu não esperava que ela fosse dizer aquilo e me surpreendi extremamente.
- Eu sei que pode ser difícil para vocês conviver com isso. – Ela continuou. – Mas, eu vou fazer de tudo para que tenhamos uma vida normal. Fiquem tranqüilas, porque eu já iniciei ao tratamento e eu tenho certeza que vou ficar curada e nós três vamos aproveitar muito a vida ainda.
Eu estava em estado de choque e não conseguia dizer nada, Sue devia estar igual a mim.
Chorando bastante, eu assenti e puxei Sue e minha mãe para um abraço conjunto. Ficamos mais de 5 minutos abraçadas. Então, também chorando, minha mãe disse:
- Amanhã eu vou raspar a cabeça e semana que vem, eu vou ter que ficar internada. Depois, eles vão tentar tirar o tumor.
Eu assenti e passei a mão pelos lindos fios negros de seu cabelo. Não acreditava que ela teria que perder tudo aquilo.
Depois, ela nos deu um beijo na testa e foi para a sala.
Eu e Sue nos abraçamos, deixando nossas roupas encharcadas de lágrimas.
Então, eu tive uma ideia que poderia nos confortar.
- Vem comigo. – Eu disse para Sue. Descemos as escadas e, eu perguntei para minha mãe que via novela:
- Mãe, podemos ir na casa dos Humphrey?
- Claro, filha. Se isso as faz se sentirem melhor... – Ela concordou.
Eu passei pela porta e 5 passos depois, estávamos em frente à casa dos Humphrey. Eu encarava a porta de madeira. Era uma das únicas vezes que fomos à casa deles pela porta da frente.
Toquei a campainha e logo a porta se abriu.
- Olá meninas. O... Que houve? – Sarah Humphrey perguntou, vendo nossas aparências.
- Nada. Podemos subir e falar com os meninos? – Eu perguntei.
- Claro, entrem. – Ela falou, apontando para o interior da casa.
Entramos na casa. Ela era tão perfumada, tão limpa. Todos os móveis brilhavam e o chão era bem encerado. Estava na cara que a sra. Humphrey era uma ótima dona de casa.
Subimos as escadas e, em frente ao quarto dos meninos, bati na porta.
- Ai, Mãe, já fizemos as lições de casa, fica tranqüila! – Gritou Joe do outro lado da porta.
- Não, somos nós. – Eu disse, abrindo a porta.
- Meninas? Entrem. – Disse Jeremy. Entramos e nos sentamos nas camas. Jeremy lia um livro e Joe passava o tempo batucando os objetos com suas baquetas.
- Cansaram de andar pela árvore e vieram pela porta? – Perguntou Joe.
- Não, é que... Bom, temos um problema em casa e precisamos desabafar
– Sue finalmente falou.
- Problema? Podem contar. – Jeremy nos incentivou a continuar.
- Bom... Nossa mãe está com câncer. – Eu disse, provocando total espanto nos dois irmãos.
- V-verdade? – Perguntou Jeremy, assustado.
- É e... Nós precisamos muito da ajuda de vocês. – Disse Sue indo abraçar Joe.
Eu olhei para Jeremy e ele abriu os braços me convidando para um abraço. Eu corri e o abracei. Ele afagou meu cabelo e apoiou sua cabeça em meu ombro. Eu comecei a chorar desesperadamente, ensopando sua camisa.
- Como eu te disse, vou sempre estar do seu lado. Aconteça o que acontecer. – Jeremy sussurrou em meu ouvido.
- Obrigada. – Eu disse, chorando. – Você é o melhor amigo que uma pessoa pode ter.
Ele beijou meu rosto e me abraçou mais forte.
Mais tarde, não conseguimos voltar para casa e pedimos para dormir ali. Eles concordaram e arrumaram dois colchões no chão do quarto para a gente. Mas, eu não consegui dormir e passei a madrugada inteira conversando com Jeremy em sua cama. Até que peguei no sono ali mesmo.
De manhã, acordei às 10:00h com Jeremy e Joe conversando no chão. Fingi que continuava dormindo para ouvir o que eles falavam:
- Elas são lindas, não são? – Joe perguntou para Jeremy.
- São. A Lilly é a melhor coisa que aconteceu na minha vida. – Jeremy respondeu.
- Own. Meu irmãozinho bocó ta apaixonado! – Disse Joe, gargalhando.
- Sempre fui apaixonado por ela. Ela é linda por dentro e por fora, sabe? – Ele disse e eu fiquei lisonjeada com os elogios. – Mas, vamos parar de falar de mim e vamos falar de você. Afinal, você e Sue estão namorando?
- É... Estamos. Ela queria que eu mantesse segredo, mas não da pra ficar perto dela e não sentir vontade de agarrar ela na frente de todo mundo e beijá-la. Ela é maravilhosa. – Joe disse, provocando várias risadas em Jeremy.
- Mas... Você ta apaixonado? – Perguntou Jeremy.
- Eu não sei, cara... A minha vida toda eu só namorava garotas porque elas eram bonitas e tal... Nunca me apaixonei, mas acho que agora é diferente. – Joe disse.
- Você percebe o que está dizendo, cara? Viu, no fundo você é sentimental. Nossa, que bela dupla de irmãos nós somos. Somos dois apaixonados que não conseguem se declarar direito por elas. – Jeremy disse.
- Deve ter alguma coisa de errado conosco. – Joe disse e os dois riram, encerrando a conversa.
Dali, achei que era melhor “acordar”. Me espreguicei e bocejei. Depois sentei, olhando para os meninos.
- Bom dia, flor do dia. – Disse Jeremy. – Dormiu bastante, hein?
- Pois é. Mas, minha mãe deve estar preocupada. Precisamos ir pra casa. – Eu disse. Depois taquei um travesseiro na cabeça de Sue que dormia tranqüilamente em seu colchão no chão e disse: - Anda, acorda Sue. A gente tem que ir embora.
- Humm. – Ela gemeu, virou para o lado e voltou a dormir. Acordar Sue era a coisa mais difícil do mundo, mas eu não estava com paciência e pedi a Joe:
- Por favor, tenta acorda ela.
Ele assentiu, pegou uma pena e começou a passá-la no pé de Sue. Não funcionou. Tentou de novo e, nada. Então, resolveu fazer uma coisa inesperada. A beijou como em beijo de cinema. Ela imediatamente correspondeu ao beijo. Então, levantou.
- Anda, calce os sapatos e vamos embora. – Eu disse. Ela obedeceu e na hora de ir embora, eu abracei Jeremy.
- Muito obrigada por tudo. – Eu sussurrei em seu ouvido e o beijei na bochecha. Depois fui para casa. Vi que ele ficou parado, surpreso com a minha atitude.