Rosa maldita - A cápsula do tempo escrita por Selena Cullen


Capítulo 6
Capítulo 5 – Fé e razão




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Visão de Rosalie Hale

Tudo bem, não posso dizer que pensei no meu passado como um ponto ruim da minha vida que jamais retornaria... Eu sempre soube, que de uma maneira ou outra, ele voltaria para me fazer um inferno, eu só nunca pensei que seria com um irmão

Um irmão?

O quase nada que eu sei sobre meus pais, não faz sentido ter uma segunda criança nesta história. Meu estômago se revira ao pensar no que vou conhecer, e eu relutei em ir até o hospital. E se eu não gostar do que vou descobrir?

Porém a curiosidade misturada a minha estupidez fez com que eu pusesse meu casaco e pega-se um ônibus direto para meu fim de sanidade mental. Quem eu encontraria numa maca? Um garoto de olhos azuis, loiro, mais novo que eu? Um homem loiro e alto com uma história cheia de abraços?

Dentro de mim torço para que o tal Alistair Hale tenha tido uma vida pior que a minha, então eu sentirei menos raiva desse infeliz. Por que ele só me procurou agora que precisa do meu sangue?

Já estou com inúmeras hipóteses quando a enfermeira leva-me a seu quarto

–Ele esta em coma, sofreu um acidente de carro na madrugada de ontem, - a loira de olhos acinzentados explicou enquanto caminhamos pelo corredor branco – perdeu muito sangue, e precisa fazer uma cirurgia de emergência, seu sangue irá salvá-lo

–Isto este muito confuso. Como sabe que somos irmãos? Como ele disse?

–Os seus irmãos adotivos terão o trabalho de explicar melhor, - ela diz abrindo a porta de um quarto, eu não paro de caminhar e decido passar por isso como quem arranca um fio de cabelo, rápido e sem dor – estes são Charles e Makenna Condon

Sinto-me covarde, não consigo olhar para o homem na maca, e eu só sei que é um homem, por causa do tamanho, quase pondo os pés para fora

Para minha salvação, a garota, Makenna Condon chama minha atenção oferecendo sua mão, eu a aperto, e ela esta com um sorriso de alívio nos olhos. Os dois irmãos são de altura medial, com cabelos castanhos ondulados. O homem Charles tem olhos azuis, enquanto a garota tem olhos negros

–Que bom que esta entre nós! – Makenna diz com um sorriso quase partindo para um abraço, mas eu recuo

–Entendo que esteja confusa – Charles diz, enquanto a enfermeira sai pela porta sorrateiramente

–Confusa não é bem a palavra – eu respondo fria

–De qualquer forma Srta Hale, - Charles continua educado sem parecer intimidado com meu jeito, enquanto a garota parece menos feliz comigo – estamos gratos em você estar aqui, nosso sangue não é compatível ao nosso irmão Alistair

–Por que devo acreditar que somos irmãos?

–Temos documentos que comprovam a familiaridade com Lilian Hale. É filha dela, certo?

–Sim. Por que eu nunca soube de nada? Eu não achei que teria alguém da família vivo

–Foi uma decisão dele, vocês poderão conversar quando ele acordar

Finalmente olho para Alistair, e o analiso com um olhar calculista. Alto, magro, sem músculos fortes. Pele pálida com traços de apesar de eu querer ignorar, eram similares aos meus, barba a fazer, com lábios retos e nariz triangular, os cabelos são loiros, lisos, compridos a altura do queixo, seus olhos estão fechados, mas eu queria saber se são azuis como os meus. Tento ignorar, mas ele esta coberto de arranhões e hematomas do acidente, seu queixo esta inchado como uma balão, e a perna direita enfaixada e atada com gotas de sangue a mostra

Definitivamente Alistair é mas velho, por volta dos vinte e cinco anos, e isso me deixa encucada, eu imaginava ser alguém mais novo. Espremo os olhos e penso que já o vi em algum lugar de Forks

–É um bom homem, vai sempre à igreja, – Makenna diz aproximando-se com lágrima nos olhos arrumando os cabelos loiros do irmão que estão espalhados pelo travesseiro – ele não tem culpa de nada, Deus irá curá-lo

–Eu não acredito em Deus, acredito na razão – eu respondo

–Isso não quer dizer que ele não possa usá-la por isso, - Charles diz aproximando-se de mim – você não precisa de mais provas por enquanto, você já deve ver pelo rosto dele que são da mesma família, salve seu irmão

–Eu não disse que não iria salvá-lo... – eu suspirei – o que ele vai operar?

–O fêmur, o hospital não tem no estoque sangue o suficiente para fazer a operação, esperamos que faça essa doação e salve a vida dele, demoraria muito até conseguirmos outro doador, e ele pode perder o movimento da perna permanentemente

–Vou doar... Por que eu mereço respostas dele quando acordar

–Deus seja louvado...

Sem dúvida eu não achei que meu passado chegaria desse jeito para o meu presente. O que mais pode acontecer?

Visão de Alice Brandon

A característica que podia marcá-la era amor, tudo que ela fazia, não importava quão pequena fosse à ação, era cheia de amor e devoção. Tão harmoniosa, tão espiritual, acreditava que em tudo há um significado. Tão inspiradora que era impossível estar do seu lado e não sentir a paz

Não consigo lembrar-me de Mary Margaret Brandon de outra maneira, minha amada vovó. Nós costumávamos ir todos os domingos juntas a igreja, e quando voltamo-la fazia meus biscoitos favoritos, Cynthia sentava no seu colo, e nós ouvimos uma história nova, quando ela morreu, tudo ficou tão triste

Vó Mary Margaret morreu de câncer, mas nunca pareceu chateada e abatida, sua fé em Deus, de uma maneira que eu não entendo a tornou tão confiante que ela não temeu sua morte. Eu sempre quis ter essa mesma coragem, não recuar das coisas sombrias, ter fé que tudo teria significado... E por isso que eu voltei à cidade

Quando meus pais se separam, eu não cogitei a idéia de ficar com meu pai, Samuel e eu nunca fomos próximos, é policial e esta sempre trabalhando, grosso, mau humorado, mas é o único lugar que eu tenho para ficar, ele não se importa que eu more na mesma casa, contanto que eu arrume sua bagunça e fique calada. Ainda assim tenho fé que vou encontrar um significado para meus sonhos, esta cidade tem um mistério, e eu vou descobrir o que é

–Eu trouxe flores... – digo para o vento, enquanto ponho um buque de flores em cima da lápide do tumulo da minha avó, eu estou no único cemitério da cidade, um lugar de árvores, grama, fontes e muitos túmulos que parecem sumir a sua vista, um ponto bastante belo se você tiver olhos góticos – São azuis como o mar, eu sei que você gostava dessa cor

Eu me senti ridícula quando percebi que estava falando com alguém morto, mas de qualquer forma, era algo muito terapêutico

–Muita coisa mudou desde que você se foi, - eu suspirei olhando sua foto na lápide – outras nem tanto, papai continuou sendo um idiota, bem que você avisou a mamãe – eu ri com meu próprio comentário – mamãe ainda é maluquinha por decoração, esta trabalhando para uma empresa imobiliária em Los Angeles

Los Angeles... Nossa, eu nunca pensei que um dia eu me mudaria de Forks, - eu disse passando meus dedos pela pedra, sentindo o vento frio chicotear meus cabelos. O lugar este muito silencioso, e tudo que eu ouço é minha própria voz rompendo o silêncio de maneira quase melodiosa – é uma boa cidade também, a única coisa que eu realmente não sinto falta é o transito, ele faz qualquer um entrar em estado de ódio. Acho que Cynthia gosta mais de lá do daqui, só não consegue abrir mão do festival, e como abrir? É tão divertido

Mas não vim aqui por ele, eu vim por respostas. A senhora sempre disse que eu sou especial, e penso que talvez esteja certa, como sempre esteve, é claro. Acho que eu não tenho coragem como a sua, nem a sua fé... Mas espero não decepcioná-la, eu não sei como, mas um dia vamos nos encontrar de novo

Eu preciso ir, preciso por comida para o Bob, você sabe, eu não abro mão do meu gato

Respiro fundo antes de olhar a lápide uma última vez e me viro para seguir para longe dali, há alguns metros do portão principal, quando o cemitério que parecia tão silêncio ganha um ruído, não consigo evitar meu instinto de agarrar minha bolsa, porém não vejo ninguém

–Olá? – eu pergunto – Alguém esta aí?

Vejo um movimento vermelho a alguns túmulos a frente, movida a curiosidade, eu ando devagar em direção ao túmulo, continuo olhando em volta esperando que um ladrão ou a própria loira que vi hoje me ataque a qualquer momento

Meus dedos já estão dentro da bolsa onde eu guardei uma comum faca de cozinha caso eu visse algo ameaçador de novo, Maggie disse que eu estava sendo paranóia, porém pelo que estou sentindo agora, foi necessário

–Oi? Eu sei que tem alguém aqui

Ouço alguém bufar

Uma mão branca aparece em cima da lápide, e meu coração acelera imediatamente, antes que eu pudesse correr o quanto podia na direção contrária alguém levanta-se... Não é a moça loira, nem parece ser um ladrão, é só uma garota magra de óculos, parecendo tão assustada quanto eu

–Você me deu um susto, - eu ponho a mão no peito – por que não me respondeu?

–Eu sinto muito, - ela mostrou o fone de ouvido – eu não ouvi você chamando

–Afinal, o que esta fazendo aqui? – eu começo a ficar irritada andando em sua direção, a garota não se meche, ela esta ao lado de uma lápide com um caderno e uma caneta, eu até poderia julgá-la se não fosse pelo fato que eu estava falando com minha vó morta minutos antes – Quem é você?

A moça é magra, com curvas que se passam despercebida pelo jeans e a blusa vermelha frouxa, porém não para olhos treinados pela moda como os meus. Pele branca, quase pálida, lábios cheios, olhos castanhos chocolates coberto por óculos nerd, e um longo cabelo castanhos ondulados. Uma garota comum, que passa despercebida pelos corredores de uma escola, porém eu sei que já a vi em algum lugar

–Isabella Swan – ela se apresenta

–Swan? – meus olhos se arregalam – Eu me lembro de você! Fizemos o jardim da infância juntas, você sempre levava sanduíche de atum

–Sim... – ela deu um sorriso, pôs as mãos no bolso e pareceu desconfortável

–Não se lembra de mim?

–Não tenho certeza. Alice?

–Sim, Alice Brandon – eu sorri entendo minha mão, ela da um sorriso mais largo e nós trocamos um aperto de mão, ela já não parece tão desconfortável – o que você veio fazer aqui?

–Visitar o túmulo do meu pai, - ela explicou mostrando o túmulo onde estava – hoje é aniversário da morte dele, então eu vim aqui, e estava tão... Bonito, que eu comecei a escrever

–Ainda escreve poesias?

–Você lembra que eu escrevia? – ela ri – Elas eram horríveis

–Não era não, - eu começo a rir junto – muitas palavras erradas, mas sei lá, éramos crianças

–Bom, eu acho que melhorei

–Posso ver?

–Não, não. Não esta pronta

–Hum... Tudo bem. Eu já vou Isabella

–Pensando bem... – ela deu um meio sorriso – Me chame de Bella, alguém me deu um novo apelido

–Espero que tenha sido algum gatinho

–Talvez, - ela responde corada – até Alice

–Até Bella

Visão de Renesmee Cullen

Quando a casa de caça do meu pai queimou, não sobrou muito, e o que sobrou, eu trouxe para o meu quarto, em principal uma grande caixa de ferro, eu guardo no meu closet debaixo de algumas roupas, o lugar perfeito, pois é o único lugar do meu quarto que ninguém mais tem acesso, nem mesmo a empregada

Dentro da caixa de ferro, algumas armas, ele era apaixonado por elas, e usava seu dinheiro para fazer coleções milionárias, a maioria se perdeu, menos as armas que ele guardava em caixas como esta, porém esta arma que eu guardei no meu quarto é especial, por algum motivo era a sua favorita

Uma 9 mm Browning Curto, da década de 1900, carrega apenas oito balas. O cabo e o cano são personalizados com prata e detalhes em ouro, desenhos similares a ramos que sobem pelo cabo e transformam-se em rosas. Não sou a melhor atiradora, mas com certeza tenho coragem de apertar o gatilho

–Você vai pagar... – eu suspirei olhando a arma na minha mão – Mesmo se eu morrer no processo

O assassino não só matou meu pai, mas destruiu minha vida, tudo foi de mal a pior, e a vida de patricinha rica se tornou apenas concursos intermináveis explorando perfeição de mim, ele me destruiu, e eu vou fazer isso com ele

–Renesmee? – uma voz me chama, então eu escondo rapidamente a pistola de baixo das minhas roupas

–Oi – eu me viro arrumando o cabelo

–Eu tenho coisas a fazer, vou chegar tarde, - Edward diz com uma bolsa nas costas – não me espere a acordada, Carlisle vai fazer plantão, então não tem perigo

–É tão difícil chamá-lo de pai? – eu pergunto

–Não comece Nessie, - ele bufou – você vai sair?

–Sim, as meninas já estão me esperando. O que você vai fazer? Tem um monte de coisas dentro da sua bolsa

–Cuida da sua vida, e eu cuido da minha. É uma boa idéia, você não acha? – Edward deu um sorriso torto e piscou para mim

–É, talvez

Visão de Bella Swan

–Oi, meu nome é Isabella Marie Swan, tenho 17 anos, e meu pai morreu em julho de 2009, foi baleado no Supermercado, eu estava lá, e as coisas desandaram para mim depois disso, eu comecei a ver coisas que não existiam

Odeio esta introdução. Odeio esta sessão. Odeio ter que continuar passando por isso, mas se deixa minha mãe mais feliz eu não posso reclamar

Meu psiquiatra é Vladmir Romeno, um homem de cerca de quarenta anos, cabelos loiro prata e olhos castanhos avermelhados, é pequeno e usa óculos enormes, toda vez que o vejo esta com um livro na mão onde anota tudo o que seus pacientes dizem

–Bem vinda de volta Isabella, - ele sorriu – como você esta?

–Bem, eu acho, melhor do que nos últimos anos

–Tem visto... Fantasmas?

–Não, - eu menti - eles não existem – eu repeti a mentira. Afton que estava sentado em cima da mesa começou a rir como um idiota

–Isto é um grande progresso, você tem tido uma recuperação e tanta nos últimos meses, mais rápido do que qualquer paciente que eu tive

–Ele é mesmo muito pequeno,- Afton diz analisando o homem com um olhar – ele esta perdendo dinheiro, poderia atuar como anão da Cinderela

–Branca de neve, - eu corrigi Afton em um resmungo, Vladmir me olha desconfiado e eu me apresso em inventar algo – vamos fazer uma peça da Branca de neve na escola, eu vou compor para o musical

–Isto é muito bom! – Vladmir abriu um grande sorriso - Apesar de que acho que você seria uma ótima Branca de neve. Você não acha? Bate com a descrição do personagem

–Branca de neve e Cinderela, tanto faz – Afton deu de ombros – mas até que o nosso Dunga aqui tem razão

–Eu? Não, eu não atuo

–Mentirosa! – Afton apontou o dedo para mim muito perto dos meus olhos

–Ah sim, então faça um bom trabalho como compositora

–Obrigado

Eu não sou louca. Eu não sou louca. Eu não sou louca. Eu não sou louca. Eu não sou louca. Eu não sou louca. Eu não sou louca. Eu não sou louca...

Passei o resto da consulta repetindo isto mentalmente para mim, e isso só faz-me sentir mais ridícula. Estou mentindo para o psiquiatra enquanto vejo um fantasma metido a engraçadinho querendo me fazer explodir. Odeio, odeio essas sessões

Visão de Rosalie Hale

Quando cheguei ao Lobo Clear, eu já estava atrasada, devia estar passando de 19h, por sorte, o restaurante ainda não estava tão movimentado por ser noite de segunda

O lobo Clear é decorado com características da cultura de La Push. Um estabelecimento grande e divido em três partes, somos cinco garçonetes, três balconistas e alguns cozinheiros, não é um lugar chique e de nome, mas é do tipo que lota de adolescentes

Na primeira parte mesas de madeira e poltronas perto da janela, mas há mais mesas com cadeiras de madeira espelhados e um balcão de granito, decorado com marcas de garras de lobo nas paredes, quadros, vasos e um estoque de bebidas a mostra. A segunda parte é minha favorita, poucas mesas e uma iluminação mais pesada e duas mesas de sinuca, geralmente é onde os mais divertidos ficam, é legal para beber e paquerar clientes muito gatos

A terceira é a cozinha, claro

O sino da porta entrega minha entrada, e logo alguém vem em minha direção, Seth Clearwater, filho do proprietário, Harry Clearwater. Muito alto para idade, cerca de quase 1.80, magro, com músculos definidos. Pele morena, cabelo pretos lisos, olhos escuros e estreitos, quase sempre usando pequenos alargadores pretos. Primo e amigo de Jacob Black, uma família de gostosos provavelmente

–Atrasada Rosie - Seth me entregou meu uniforme e me puxou para um rápido beijo nos lábios

Sim, Seth é um amigo colorido, mas sim, um amigo

–Resolvendo coisas por aí, - eu respondo – minha vida de repente ficou pior. O que acha de um meio irmão desaparecido?

–Meu irmão? Você?

–É isso aí, vou me trocar, eu já ti explico

***

–Então Alistair é mesmo seu irmão? Tem certeza? – ele me pergunta sério, esta encostando ao balcão do lado de dentro para a cozinha

Já estou vestida com o uniforme, sentada em um banco olhando os clientes que já estão todos servidos depois de uma hora e meia do meu trabalho, Victoria Howard é uma colega, uma garota de olhos muito azuis, rosto com sardas e cabelos ruivos flamejantes, ela esta cuidando das mesas

–Ainda não ouvi nada, mas meu sangue é compatível, vão fazer a cirurgia esta noite

–É de risco?

–Não sei, contanto que ele fique vivo pra me explicar isso

–Credo loira, você é muito fria – ele brincou

–Quieto pirralho

–Você dormiu com este pirralho semana passada

Nós nos entreolhamos e começamos a rir. Apesar de Seth ser um pirralho bem grandinho, é estranho comparar que dormimos varias vezes juntos, por incrível que pareça este grandão ainda esta prestes há fazer dezesseis anos, seria bem menos estranho se as nossas idades fossem trocadas

Sou papa anjo... Que coisa bizarra

–Hale,-Victora diz andando lentamente em minha direção com uma bandeja suja – vou sentar um pouco, sua vez, estou cansada

–Ok, ruiva

Aperto meu rabo de cavalo, seguro minhas anotações e vou atender um cliente. Ainda estou anotando os pedidos, quando me viro em direção ao balcão e esbarro em alguém, imediatamente sou atingida com um copo de suco frio e meu uniforme quase todo é molhado

–O que você fez infeliz! – eu gritei

Levanto os olhos, e não é ninguém mais que Emmett Swan. Esse idiota fez de propósito

–Desculpe! – ele pediu tentando enxugar a bagunça espremendo minha blusa – Foi sem querer, é sério

–Para com isso, palhaço – eu o empurro de perto de mim, mas parece que estou empurrando uma montanha, então ele me solta, olho para minha blusa além de suja amarrotada – você é um idiota, quase estragou minha blusa espremendo

Não, eu não me importo com uniforme, eu quero que se ferre, e o maldito Emmett Swan também

–Eu já pedi desculpa!

O garoto decide bancar o herói e tira a camiseta branca para me ajudar a limpar. Não consigo evitar meu rápido olhar sob seus músculos enormes, ele é muito maior que Seth ou Jacob, e me faz me sentir absurdamente pequena

Mordo minha língua e tento me impedir de pensar comentários como o quanto o tal Swan era mesmo bonito, apesar de ouvir algumas garotas comentando, eu nunca parei para pensar nisso, afinal nós dois nunca nos demos bem

Eu o empurro outra vez e ele perde a paciência

–Garota grossa! Não vê que estou tentando ajudar? – ele jogou as mãos para o alto e para baixo para dar ênfase, seus olhos estavam escuros de raiva - Pois eu então já não vou fazer mais nada

–Grossa?!

–É, grossa, ignorante, ingrata, - ele numerou com os dedos - é por isso ta sempre sozinha. Ninguém ti suporta

–Sem show, crianças – quem eu menos queria que aparecesse surgiu, meu chefe Harry Clearwater, um homem de meia idade, gordo, com olhos escuros estreitos e cabelos castanhos quase grisalhos

Droga!

– isto já acabou, foi um acidente. – ele diz de maneira firme - Victoria arrume esta bagunça, e você Rosalie, tire esta roupa molhada

Victoria logo sai para executar o trabalho que o chefe pediu, mas eu fiquei parada, olhando de forma fulminante para montanha sem camisa que estava na minha frente, e ele fazia o mesmo, com os punhos cerrados, olhos estreitos e a boca em uma linha reta, desta forma e com esses músculos gigantes, ele parecia muito ameaçador, mas eu não me importei

Sem usar palavras, o senhor Clearwater me lançou um último olhar de aviso, sorriu para todos em volta, que por sinal, haviam visto a briga desde o começo, o senhor virou-se e foi embora

–Estou perdendo a paciência com você, Hale – Emmett diz como os dentes quase trincados

–Você vai se arrepender, Swan – foi à última coisa que eu disse antes de sair pisando firme

Não pensei direito, apenas fui até a cozinha e peguei uma faca afiada. Saí pela porta lateral e caminhei até a camionete vermelha velha, é o carro que Emmett dirige. Ajoelhei no asfalto e jurei o pinel do carro, fiz o mesmo com os outros pneus

Levantei e voltei para o bar restaurante com um sorriso no rosto

Visão de Bella Swan

–Onde seu irmão esta? – Minha mãe pergunta enquanto organiza uma sacola de compras dentro da geladeira – Eu precisei trazer tudo isso sozinha

–Ele saiu – respondo naturalmente

Estou sentada á mesma fazendo a tarefa de casa, enquanto torço para que minha mãe não pergunte sobre a sessão

–Iaí... – ela pareceu sem palavras encostando-se a pia – Como foi à sessão Isabella?

–Bella, por favor – eu pedi

–Bella? Eu gostei. Quem deu o novo apelido?

–Edward Cullen – eu respondi rapidamente a pergunta e me arrependi imediatamente, fechei os olhos e larguei a caneta

–Não acredito! – ela sentou-se a mesa – Ele é lindo, Bella! É um pouco desleixado, mas é lindo! Como já ficaram tão próximos, foi o trabalho?

–Não, nós ainda nem começamos, ele só me chamou de Bella – eu tentei parecer desinteressada, mas eu já estava corada de vergonha, se não falo isso com Angela, com certeza não será com minha mãe – e eu gostei, então agora é Bella, só Bella, bem menor, prático

–Ok, só Bella. Eu quero que me deixe a par de tudo, - ela levantou-se da cadeira – eu também vou sair, não vou demorar, diga a seu irmão que ele me deve uma

–Tudo bem

Esme saiu com um sorriso enorme nos lábios, provavelmente pensando que sua filhinha finalmente terá seu primeiro namorado. Desculpe mãe, mas não é ele que eu realmente gosto

Não que Edward não seja interessante... O jeito que ele me olhou na primeira vez que nossos olhos se cruzaram, e o jeito que me chamou de Bella, parecia até que já nos conhecíamos há muito tempo, isso me da arrepios, mas bons arrepios. Tem algo nele que me é muito atraente, e não estou só falando da sua beleza, é com certeza algo que eu não entendo

Porém de qualquer forma, Jacob também tem me feito sentir maravilhosa há muito tempo, e eu não posso dar as costas por que conheci um garoto bonitinho que me deu um apelido e não falou comigo o resto do dia

Ouço alguém bater na porta, mamãe deve ter esquecido alguma coisa

–Já vou – eu digo enquanto caminho em passos cansados, quando abro, não é ninguém menos que Jacob. Jacob! – Oi...

–Oi Isabella. Eu vim ver o Emmett

Quando ele termina a frase ele já esta entrando em casa

“Estou sozinha com Jacob... Ou quase sozinha” é o que eu pensei quando vejo Afton sentado no sofá com um sorriso pervertido.

O que fazer agora?

Visão de Renesmee Cullen

“Ele não vem, vamos embora” Tanya diz em um grupo de WhatsApp que fizemos para comunicação

Já passou às 19h, é noite, e o park infantil este quase vazio. Não há quase ninguém a vista, a não ser um pequeno carro prateado há uma distancia considerável , emprestado do vizinho, onde as três loiras estão sentadas e impacientes “ele não vem” é o que elas dizem

Não consigo culpá-lo por isso, pois com certeza eu não colocaria os pés no park quando visse aquele carro, é óbvio que elas estão me observando

Estou sentada em um balanço azul, uma mão no celular, e a outra pousada em cima da bolsa onde eu guardei a arma, por cima do pano eu massageio o cano e penso que eu poderia usá-la agora mesmo para descontar em uma maldita árvore

Sinto raiva, sinto ódio, de inúmeras coisas, principalmente por não poder não fazer nada. Onde esta aquele covarde?!

Respiro fundo e observo um vendedor de cachorro quente, minha barriga denuncia que estou aqui há tempo demais e estou com fome, depois de muito tempo, levanto-me do balanço e caminho para o vendedor, ignorando as mensagens das três loiras

O homem de olhos castanhos da um sorriso largo e brilhante

–Achei que a senhorita nunca viria – ele diz enquanto prepara um cachorro quente para uma pequena oriental, se ela não estivesse aqui, eu já teria disparado um tiro, é este o desgraçado

Finco os olhos nele. Meia idade com cabelos escuros, não há sinal de músculos, esta fora de forma, com uma barriga saliente

–Me pediram para passar um recado, - ele continuou falando – assim que você me ouvir vá, estão ti esperando na parada de ônibus

–Parada? – eu pergunto com a mão dentro da bolsa – Não é você que quer conversar?

–Não, não – ele riu, provavelmente não faz idéia que poderia ter morrido – mas deve estar a sua espera

–Obrigado

Viro-me para olhar o carro com as meninas, elas parecem agitadas, e eu apenas dou um sorriso em resposta, elas só tem atrapalhado, e é melhor deixá-las seguras do que informar que estou indo encontrar o assassino do meu pai, com certeza as loiras achariam um jeito de atrapalhar

Ando um pouco rápido demais para a parada de ônibus, estou entre algumas pessoas, olho em volta e procuro se existe alguém com cara de serial killer, é claro que não há ninguém do tipo que aparece na TV, a não ser um garoto pálido e magrelo usando capuz

É quando um carro preto para na frente da parada e porta se abre, eu não penso, apenas entro com a mão dentro da bolsa

–Olá Renesmee

–Dirija – eu tirei a arma da bolsa e apontei para sua cabeça

Não, não é um homem. É uma garota, e uma garota que eu já havia visto antes...

Corpo esguio, forte, baixa. Pele perfeitamente branca e pálida, quase sem coloração nas bochechas, lábios cheios, vermelhos, e cabelos loiros brilhantes, curtos, presos e postos para frente, não posso ver seus olhos, pois estão cobertos por um par de óculos escuros, sim, escuros, mesmo sendo de noite, posso imaginá-los sendo castanhos ou verdes

A pequena loira não perecia ameaçadora, a não ser pelas roupas de couro negras, não parecia nada como que imaginei, por começar em nem ser um homem

Quando eu apontei uma arma, ela decidiu nem ao mesmo me olhar, soltou uma risada e arrancou para fora dali, ela não parecia com medo de mim, e muito menos eu dela

–Quero respostas, agora. Quem é você? – eu pergunto com firmeza apertando o cano em sua fronte – Não tenho medo de atirar

–Eu sei, - ela deu de ombros virando em uma esquina – eu só não me importo

–O que? Qual é seu nome?

–Scorpioni, - ela respondeu – Jane Scorpioni. Eu tenho certeza que você tem muitas perguntas, mas não precisa me apontar uma arma para eu responder

–Aonde estamos indo?

–Um lugar seguro


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Notas finais do capítulo

Sim, é a Jane que é uma Vollturi em Crepúsculo, mesmo sobrenome do Afton haha