Pov autora

Era a 10° vez nessa semana que eles brigavam. Não é fácil para uma garota de apenas 6 anos presenciar as brigas de seus pais e continuar vivendo como se nada tivesse acontecido. Mas era engraçado, Ally não ligava muito para as brigas, para ela, o importante é que seu pai ainda estava dentro de casa com ela.

–Eu não aguento mais Lester!

–Cale a boca Penny, você vive para perturbar meu juízo!

–Como se atreve? Pelo o que eu me lembre, não foi eu a infiel, que foi cair nos braços de outro!

–Olhe aqui sua...

–Sua o que? Vamos Lester, mostre o monstro que você escondeu por anos!

Sentada no chão entre os sofás estava Ally, assistindo tudo atentamente, abafando com sua mãozinha um soluço.

Ela engatinha para as escadas e sobe correndo para o seu quarto.

Ela pega uma mochila, uma caixinha cheia de dinheiro, resultado de suas economias, coloca roupa, algumas guloseimas e pula na grande árvore em frente a sua janela.

Estava chovendo muito, não se via ninguém na rua além daquele ser pequeno.

–Socorro! Alguém me ajude, por favor!

Ally se assusta mas vai em direção a voz. Ela sabia que era um idoso caído no chão, então, segundo ela, não havia nenhum problema em ajudar alguém.

–Tudo bem com a senhora?

– Oh meu Deus, o que faz na rua garotinha? Está ventando e chovendo muito! Você se perdeu?

Ela abaixa a cabeça envergonhada e responde:

–Eu fugi de casa.

A senhora dá um sorriso e tenta levantar, ela cai no chão, mas Ally à ajuda.

–Deixe-me ajudar!

–Obrigada minha jovem

As duas dão um sorriso. Elas sabiam que aquilo seria o início de uma grande amizade.

(...)

–Então Ally, quer me contar o porque de ter fugido de casa?

As duas tinham ido para a casa da senhora, como uma forma de agradecimento. A mulher deu um casaco para a garotinha se esquentar e prometeu ajudar.

– Eu, eu fugi porque meus pais vivem brigando, eu não aguentava mais. Toda semana é assim, gritos e escândalos são ouvidos toda semana!

–Você é bem esperta Ally. Nunca tinha ouvido uma garota de 8 anos falar assim...

–Vovó Olga, eu queria ser feliz! Minhas coleguinhas vivem falando de como elas amam suas vidas e seus pais. Os meus passam tanto tempo brigando que esquecem de mim.

A essa hora, a garotinha estava chorando e tremendo. Era de partir o coração ver uma garotinha frágil e tão nova sofrer por conta dos erros de seus pais.

–Oh Ally não chore! Eu tenho um presentinho para você.

–Sério?! E o que é?

–É um diário, eu ganhei de minha avó quando tinha a sua idade, eu nunca usei, mas acho que você precisa mais do que eu. Aceite, por favor!

– Mas vovó...

–Aceite minha pequena. Sempre que se sentir sozinha, pegue-o e escreva o que bem quiser, não ligue se rirem de você por escrever em um diário velho, seja apenas você e coloque tudo pra fora.

–Tudo bem, obrigada!

Depois de alguns minutos a garota termina adormecendo e a senhora acha melhor a levar pra casa.

Depois de 20 minutos, os pais a encontram na rua nos braços da estranha:

– Vocês são os pais da Ally?

–Sou a Penny e esse é o Lester...ela está bem?

– Sim, só está Dormindo...eu estava levando ela para casa de vocês.

–Muito obrigada...

–Olga. Olha, vocês tem um grande tesouro na família, essa garota é muito especial, tomem cuidado para não quebrar essa jóia rara. Pegue-a, e quando ela acordar dê esse diário.

Eles acenam e a senhora vai embora.

–Até breve Ally.

Os pais dão meia volta e vão para casa. A senhora os assiste caminhar. Ela sorri e diz

–Não se preocupe pequena, nada dura para sempre.

Então ela vira e volta para casa.