No capítulo anterior:

"Ficamos um tempo terminando de arrumar as nossas roupas e não dissemos mais nada, não estávamos tão íntimos assim, até porque tem algumas horas que estamos juntos, para falar a verdade, estou louca para ver como serão as aulas nesse colégio."

POV da Meiko

– Amanhã já temos aula? – Perguntei a Kaito que estava arrumando suas coisas distraidamente.

– Sim.

– Você está em que ano?

– Último e você?

– Também. – Ah, terei que estudar com ele em quase todas as matérias? Ninguém merece, sabem como é ruim dividir uma casa e ainda estudar com a pessoa? Quase nunca dá certo, e estamos falando sobre mim, aí que a parada não vai dar certo mesmo.

– Fala pra mim que temos pelo menos uma matéria que não vamos fazer juntos? – Pedi quase implorando.

– Não sei, deixe me ver seu horário. – Entreguei a ele o meu horário que havia retirado da minha bolsa.

– Não, em todas as matérias vamos estar juntos... Ah, você não faz literatura não é?

– Quem é que faz literatura? – Perguntei sorrindo e ele me olhou sério. – Não, não faço literatura.

– Então essa é a única matéria que não estamos juntos. – Entregou-me de volta o horário. Ok, sei que ele deve ser nerd, mas quem faz literatura gente?

– Porque você faz literatura?

– Eu sou bolsista, tem algumas matérias que sou obrigado a cursar, tipo literatura.

– Você é bolsista? Por isso o diretor queria colocar você para dormir em uma sala de aula! Nossa! Não acredito! Aquele filho da puta... – Disse e o escutei rir.

– É a vida.

– Você não pode aceitar isso como se fosse a coisa mais normal do mundo.

– Posso, porque é... Eu sou pobre, estou feliz por estar estudando aqui, ficaria em qualquer lugar que ele dissesse para eu ficar. – Ele disse e eu fiz uma careta.

– Será que há outros bolsistas aqui?

– Só se for de anos anteriores, porque aqui só tem uma vaga por ano.

– Absurdo! Nem pra isso essa escola serve... Então você deve ser bem nerd mesmo não é? – Ouvi ele rir novamente.

– Nem tanto assim.

Terminamos de arrumar nossas coisas e logo, um funcionário bateu na porta e nos entregou os nossos novos uniformes. A noite passou rápida e mal deu tempo de dormir direito, ouvi o celular do Kaito despertar, mas eu resolvi ignorar, meu primeiro dia de aula pode ser amanhã.

– Meiko, acorda. – Não, mentira que ele vai me acordar... Para! Não vou levantar.

– Se você não levantar vai chegar atrasada.

Eu não estou nem querendo ir... Ah, ok, vamos lá... Primeiro dia de aula Meiko, temos que ir, pelo menos no primeiro dia.

Comecei a me mexer na cama e finalmente me sentei, olhei para ele que estava arrumando sua gravata na frente do espelho e já estava com o uniforme, ele é rápido né? Enfim joguei minhas cobertas para o lado e caminhei até o guarda roupas, ao passar por trás dele meu reflexo pode ser visto por ele que estava de frente para o espelho, o ouvi engasgar.

– Você está bem? – Perguntei parando de andar e olhando para as costas dele.

– Uh-Uhum. Porque você está vestindo isso? – Ele disse enquanto tentava fazer o nó em sua gravata, mas ele parecia nervoso e um pouco corado, dei um passo para o lado para que pudesse olhar para o rosto dele pelo espelho.

– Essa é a minha roupa de dormir. Você não deve ter visto ontem à noite, porque quando saí do banheiro com ela você já estava dormindo.

– Não tem como você usar umas roupas mais comportadas?

– Como assim? Eu estou vestida com ela não estou? Então estou tentando ser comportada. – É verdade, normalmente durmo de calcinha e sutiã, ou sem nada, o fato de estar com roupa de dormir é para provar que estou tentando ser comportada.

– E não tinha como usar uma maior? – Ele estava com o rosto vermelho. Ah! Para, ele está com vergonha porque eu estou vestindo uma roupa de dormir? Nunca viu uma mulher não? Pelo amor né.

– Não, essa é a minha maior, precisa ver as outras que eu tenho aí. – Ao me ouvir dizer isso o menino quase morreu engasgado com a própria saliva... Foi engraçado vamos admitir. Aí vocês estão pensando: “Meiko você está colocando lenha na fogueira.” Sim! Quero ver até onde isso vai dar, eu não presto, eu sei disso, vocês sabem disso, todo mundo sabe disso.

Caminhei peguei meu uniforme e fui até o banheiro para me trocar, quando saí ele estava olhando para minha cara com os braços cruzados sobre o peito. Levantei uma sobrancelha. Ele fez um sinal para que o seguisse até a cozinha e em seguida abriu a geladeira.

– Porque tem sakê dentro da geladeira?

– Porque eu os coloquei aí

– Sabe que aqui é uma escola e não pode entrar bebidas alcoólicas, não é? – Ele me olhou sério com cara de poucos amigos... E eu com isso?

– Sim, por isso elas estão escondidas.

– Como você pode beber se é menor idade?

– Com a boca, oras.

– Você vai jogar isso fora. – Ele me disse ainda mais sério e me encarou, sério que ele vai fazer isso? Se formos brincar desse jeito, ele vai perder feio, como todo mundo.

– Óbvio que não, essas latas são minhas e elas só saem daqui depois que estiverem vazias.

– Se alguém entrar aqui e pegar essas latas a gente vai se ferrar, você vai sumir com isso daqui.

– Já disse que não, são minhas, vão ficar onde estão e foda-se quem as encontrar.

– Você vai me ferrar, se perder minha bolsa por causa disso, estou ferrado. – Ele disse ficando de costas pra mim e batendo a porta da geladeira que estava aberta com força.

– Não vai perder nada por causa dos meus amores, se alguém descobrir, digo que a culpa é minha e vai estar tudo certo com você. – Disse voltando para o quarto e o deixando sozinho na cozinha e voltei a me arrumar e quando percebi ele estava sentado na cama dele colocando algumas coisas em sua mochila.

Quando terminamos tudo, descemos para onde estavam localizadas as salas, era um amplo espaço com vários corredores com várias portas onde deveriam ser as salas de aula, ficamos um tempo procurando nossa sala, ao encontra-la entramos e sentamos um pouco no fundo. Bem, pelo menos não estou sozinha no primeiro dia de aula.

Os alunos foram chegando e sentando-se e logo a sala já estava com todas as suas carteiras ocupadas, em seguida a professora entrou caminhou até a sua mesa depositou vários livros, alguns cadernos e o notebook sobre ela e caminhou para o meio da sala. Ela era uma senhora de idade, com roupas formais que estava um pouco escondida pelo jaleco que usava o qual tinha um nome escrito nele “Sra. Takahashi”, possuía os cabelos muito bem arrumados em um coque baixo e usava um óculo preto.

– Bom dia. – Ela disse sem emoção e a turma respondeu imediatamente em um tom robótico. Meu Deus, onde estou? Não quero mais ficar aqui.

– Apesar de não ser o feitio da instituição aceitar alunos novos depois do início das aulas, hoje temos dois novatos.

Affeeee! Foram 2 dias depois do início das aulas, do jeito que ela fala parece que as aulas começaram já tem uns 6 meses.

– Por mais que eu odeie fazer apresentações, façam o favor de virem os dois aqui e se apresentarem para seus colegas. – Ela caminhou até sua mesa sentando com uma cara de tédio... Minha querida professora, eu estou mais entediada que você.

Eu e Kaito levantamos e caminhamos até a frente da sala, todos os alunos estavam olhando para nós, eu estava pouco me lixando pra isso, mas o Kaito parecia estar nervoso. Assim que chegamos lá na frente, uma menina de cabelos enormes e cor de rosa, levantou-se de sua cadeira.

– Olá, sou Megurine Luka a representante da turma, sejam bem vindos. – Ela disse séria, sem expressar um mísero sorriso. – Como se chamam?

– Eu sou Sakerune Meiko. – Disse sem interesse e com cara de tédio.

– Me chamo Shion Kaito, é um prazer conhecer todos vocês, espero que...

– Se precisarem de alguma coisa é só falar comigo. – A tal de Megurine disse e cortou a fala do Kaito no meio da frase... Mas agora sério, se ela não fizesse isso acho que ia enfiar uma bola de papel na boca dele, que apresentação ridícula, até parece que alguém ali estava interessado no ele estava dizendo.

Voltamos para os nossos lugares e sentamos, quando Kaito falou baixinho comigo.

– A representante de turma é um pé no saco.

– E você é um idiota.

– Por quê?

– Precisava fazer aquela apresentação ridícula?

– Só estava sendo amigável.

– Você estava pagando o maior mico da sua vida lá na frente, então agradeça à ela por não ter deixado você terminar aquela apresentação, agora fica quieto. – Disse e cruzei os braços e logo abaixei a cabeça e dormir, acordei com um sobressalto por causa do sinal avisando que aula havia acabado.

Estava arrumando minhas coisas, pois precisávamos mudar de sala, quando percebi que o Kaito havia sumido... Affe! Foda-se... Peguei minha mochila e caminhei para fora da sala quando dei de cara com duas meninas e um menino que sorriam para mim.

– Olá você é a nova aluna não é? Meiko certo? – Perguntou a morena com cabelos pretos e olhos roxos.

– Sim, eu mesma. – Eu disse e deveria estar parecendo um pouco assustada, porque eu realmente estava, o que esse povo quer comigo?

– Eu sou Lola, está é a Miriam e este é o Leon, seja bem vinda. – Ela disse alegremente para mim apontando para seus amigos um loiro alto com olhos verdes e uma garota com cabelos brancos compridos e olhos cinza que parecia meio séria.

– Obrigada, é um prazer conhecê-los.

– Desculpe a Megurine-san ela é um pouco estressada, mas é gente boa. – Disse o tal do Leon,

– Ah, tudo bem, eu imagino.

– A gente se vê por aí Meiko-chan. – Disse Lola acenando para mim.

– Vocês não vão para a aula?

– Ah Não, estamos exaustos dessa ultima aula, vamos matar essa próxima e depois quem sabe se estivermos no clima aparecemos nas outras.

Oi? Pode isso? Então ta, é desse grupinho aí que quero fazer parte, partiu tentar andar com eles... Caramba, será que já da pra ler na minha cara a minha falta de interesse nas aulas? Ok, vamos ter que camuflar isso.

Quando finalmente encontrei a outra sala sentei novamente no canto, perto de uma garota que estava com uma garrafinha de água, mas com cara de bêbada... Uhnnn estranho, quando acabei de sentar, senti um cheiro muito forte de álcool e olhei para ela. A menina sorriu e em seguida deixou escapar um riso desajeitado, típico de bêbados. Ela tinha os cabelos acinzentados e os olhos vermelhos.

– Quer um pouco? – Ela me estendeu a garrafinha.

Gente estou assustada, fiquei parada olhando para a cara dela cerca de 10 segundos sem piscar, no choque total... Depois disso eu balancei minha cabeça negativamente e ouvi ela resmungar algo e abaixar a cabeça sobre a mesa. Esse colégio, não era cheio de regras maravilhosas? Porque até agora só encontrei gente que descumpre essas mesmas regras? Como eu disse esse colégio é um lixo.

Quando olhei para a entrada vi o Kaito entregando os materiais de uma garota com longos cabelos cor água marinha que estavam presos em forma de maria-chiquinha, ela parecia ser mais nova, deveria estar no primeiro ano, eles ficaram conversando um tempo antes do Kaito entrar na sala. Olha aí, ele não é tão idiota quanto eu pensei que era.

Ele veio caminhando em minha direção e sentou-se ao meu lado com um sorriso no rosto, eu levantei uma sobrancelha para ele, meu deus o que deve ter acontecido, será que ela aceitou o pedido de casamento dele? Para ele estar com essa cara mais idiota que o normal.

– Olá Mei-chan.

Oi? Que história é essa de “Mei-chan”?

– Não me chame assim...

– Tranquila, tranquila. – Ele disse para mim tirando os cadernos de dentro da sua bolsa e os colocando em cima da mesa.

Eu fiquei olhando pra cara dele que estava com cara de drogado ou mais idiota que já pareceu antes.

– O que você andou fumando?

– O que? – Ele perguntou olhando para mim com uma cara assustada. Como ele não disse mais nada, percebi então que era eu quem estava precisando fumar ou beber alguma coisa pra aguentar essa cara dele, lembrei-me da garota ao meu lado.

Cutuquei o braço dela e ela gemeu levando o rosto dos braços que estavam em cima da mesa gemendo um pouco, ela estava com a cara toda marcada além de que estava babando.

– Oi, agora eu aceito a sua bebida. – Ela me olhou com uma cara estranha, quase podia ver um ponto de interrogação em sua cabeça, eu apontei para a garrafinha dela, ela ficou alguns segundos olhando para onde eu apontei e finalmente pegou a garrafinha e me entregou, peguei e a bebi, opaaaa era sakê, essa garota já virou minha melhor amiga.

– Haku. – A ouvi resmungar algo.

– O que? – Perguntei olhando para ela.

– Meu nome é Haku. – Disse com voz de bêbada.

– Meiko, é um prazer.

– O prazer é... – Ela não terminou a frase porque ela havia desmaiado voltando para a sua posição inicial, com a cabeça em cima da mesa.

Ok, ela é estranha, bebi mais um gole e coloquei a garrafinha dela tampada em cima da mesa dela, porque vai que eu coloco aberta ela se mexe e derruba tudo né? Melhor não correr o risco.

O restante da aula passou normalmente, eu estava um pouco mais animada do que o normal com as aulas, devo tudo ao meu amor, sim ele mesmo, o sakê! Até estava copiando algumas coisas que o professor colocou no quadro. Acho que vou fazer igual a Haku, vou trazer sakê escondido numa garrafinha de água para as aulas. Ótima ideia, essa garota é um gênio!