Bad Heroes escrita por Katreem


Capítulo 6
No Control


Notas iniciais do capítulo

Olá! Demorei para postar, eu sei, mas aqui estou.



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Às vezes é bom tomar certas precauções para atalhar situações desagradáveis. Não estou ponderando de levar sempre um absorvente reserva na bolsa caso algo acontecesse, nem de voltar no tempo para não chamar Mona Wanderwall de perdedora (talvez eu quisesse voltar no tempo e não fazer isso), também não estava falando de não colar de Spencer Hastings na prova de geografia, porque maioria dessas coisas eu faria de novo sem pestanejar. Exceto o caso de Mona, que ainda era uma probabilidade que aceirava na minha cabeça. Mas se Alison me visse pelo menos exalando algum olhar que representasse compaixão ou arrependimento na direção da pobre garota de óculos e presilhas, ela provavelmente deixaria de falar ou sustentar qualquer contato comigo por, pelo menos, um mês. E eu dependia muito de Ali para algumas coisas e não poderia nem sonhar em ficar tanto tempo sem falar com ela. Portanto, eu mantinha a aspereza em relação à Mona, mesmo que, às vezes, fosse quase impossível não chegar perto e dizer-lhe que ela não era uma perdedora, e sim uma garota corajosa por aguentar toda a perturbação que Alison lhe proporcionava. Quando olhava para seu rosto perfeitamente redondo depois de alguma piadinha feita por Ali, tinha o anseio de me aproximar. Mas quando pensava melhor, a coragem se esvaía tão rápido quanto água no deserto.

Mas agora, gostaria de ter tomado a precaução de olhar para trás e constatar se tinha alguém olhando enquanto eu acalorava em chamas uma página de “A estação do ano”, o livro de Spencer. Isso teria impedido a situação completamente brusca de um garoto provavelmente imbecil, me reparando como se eu fosse um E.T.

— Caleb, não é o que você acha que viu... — Spencer principiou angustiada.

— Eu sei o que eu vi, Spencer! — O tal Caleb rasgou, parecendo amolado por aquela tentativa de enganá-lo. — Essa garota colocou fogo no papel! Eu vi!

— Fala baixo, Caleb. — Emily ajuizou de maneira inteligente. — Isso é segredo.

— Bem, vocês são péssimas nisso. — Ele acasalou os braços. — Guardar segredos, quero dizer. — Ele explicou e Alison deu um riso abafadiço, debochando internamente. Quando olhei seu rosto em formato de coração, ele parecia lavado de suor e este fluía sem parar de sua testa, alcançando seu queixo dividido rapidamente. Ela estava ao meu lado e eu experimentava o calor irradiar de mim com uma força arrebatadora, se arraigando no corpo delicado e pálido dela.

Foi em questão de segundos que Ali pareceu ficar zonza, caindo para o lado e se segurando no ombro de Spencer.

— Alison. — Spencer chamou agarrando os antebraços de Ali para mantê-la de pé. Não houve resposta. — O que foi? — Spencer inquiriu e eu conheci uma pontinha de desespero petiscar em sua voz, desesperança que me atingiu também.

— Eu me sinto muito fraca... — Ali tinha os olhos desfocados para o céu azul acima de nossas cabeças, o que me assustou mais ainda. Emily estava controlada e Caleb tinha descruzado os braços. Aria tirou o chapéu amarelo e correu a mão pelos cabelos atormentada.

Dei alguns passos para trás lentamente, sentindo minhas costas embaterem com o peito de Caleb, que estranhamente estava praticamente grudado em mim.

— Ai garota! — Ele se apartou e passou as mãos pelo torso. — Você me queimou!

— Se você não estivesse aqui isso não teria acontecido. — Rebati inquieta.

Spencer ergueu a mão direita e a movimentou lentamente no ar, me fazendo franzir as sobrancelhas. Em seguida eu entendi o que ela tinha feito. A água que estava dentro da garrafa de plástico que Caleb segurava, agora se movia lentamente pelo vento até alcançar o rosto de Ali. O garoto de cabelos longos olhava a cena de boca aberta e olhos ressaltados enquanto Spencer despejava uma quantidade pequena de água na testa de Ali com cuidado. A loira piscou algumas vezes com força e depois de alguns segundos pareceu recuperar as forças, se erguendo rapidamente da grama.

— Valeu. — Ela agradeceu, espanando a grama do jeans preto e olhando de Spencer para Caleb.

— Agora podem me explicar o que foi isso? — Ele voltou a atravancar os braços descarnados.

— Caleb, agora não. — Spencer se aproximou e segurou os ombros dele. — Quando eu chegar em casa, prometo que te conto tudo. — Garantiu com um tom manhoso e tudo que ele fez foi deixar um suspiro derrotado no ar. — Agora temos que resolver um pequeno problema. — Fez um aceno com a cabeça, me indicando. Abri a boca embravecida. Como ela ousa me chamar de “pequeno problema”?

— Vamos, Aria. — Emily se abordou a cadeira dela. Mas Aria parecia incerta quanto à ir conosco.

— Acho que vou ficar, Em. — Ela agarrou o chapéu nas mãos fortemente. — Tenho prova de Literatura no próximo período.

— Tem certeza que não quer ir? — Ali irrompeu, ficando ao lado de Emily e Aria assentiu.

— Espere, onde estão indo? — Caleb segurou o braço esguio de Spencer quando ela ameaçou se mover na direção da rua.

— Estamos indo resolver um problema, Caleb. Já te falei isso duas vezes!

***

— O que aconteceu? Porque estão em quatro já que são cinco? Cadê a Aria? Porque ela não veio com vocês? Está tudo bem com ela? E com vocês? Estão se sentindo bem? Vieram atrás do resultado do exame? — Ezra desembuchou rapidamente enquanto passava os olhos nervosamente por todas nós. Eu fiz uma careta com a quantidade absurda de perguntas que ele conseguiu fazer em um espaço tão curto de tempo e Spencer também pareceu espantada.

— Calma aí, Ezra. — Falei controlando um riso. Ao que parecia, ele tinha feito uso exagerado de cafeína, já que sua bancada estava abarrotada de copos de café com a etiqueta do The Brew. — Você está bem?

— Eu tive que passar a noite inteira acordado para examinar o sangue de vocês. — Passou a mão pelo rosto levemente castigado pelo sono.

— Isso explica tanto café. — Emily apontou a bancada.

— Então, o que estão fazendo aqui? — Ezra deu dois passos para frente lentamente.

— É a Hanna. — Alison gesticulou com a cabeça na minha direção. — Está muito quente.

— Hm... — Ele deixou fugir como se esperasse por isso, algo que me deixou levemente encabulada. — Isso se dá ao descontrole natural de vocês, como ainda não aprenderam a conter seus poderes é normal que isso aconteça.

— E como fazemos para controlar? — Emily cruzou os braços. Ela estava muito mais séria do que Spencer.

— Eu passei a noite estudando isso, Emily. — Ele voltou para sua bancada e pegou o laptop. — Acontece quando estão com raiva ou nervosas demais, o stress do dia-a-dia pode ocasionar esse tipo de acontecimento. — Disse simples.

— E porque quando a Alison fica perto da Hanna, ela perde as forças? — Spencer olhava para ele com seriedade, mas sua cabeça não parecia estar naquele laboratório com cheiro de alvejante exalando das paredes brancas e sem vida.

— A força com que o calor radia do corpo da Hanna acaba afetando o metabolismo da Ali, que agora é movido por células de nitrogênio. E como vocês bem sabem, o gelo derrete se ficar em um local muito quente. — A brandura com que as palavras fluíam de sua boca apenas reforçava a minha ideia de que Ezra sempre quis dizer e fazer esse tipo de coisa.

— Então quando eu estiver dessa forma não devo ficar perto dela? — Me pronunciei diante de todo aquele discurso nerd. Ezra disse que sim e depois perguntou se queríamos saber o resultado dos exames, mas minha cabeça viajou por vários lugares antes de encontrar o rosto dele novamente.

Eu não fazia ideia do motivo pelo qual essas coisas estavam acontecendo comigo, Alison parecia estar apreciando a ideia de ter algo que ninguém mais tem. Mas para mim, isso era um enorme fardo a ser carregado nas minhas costas. Ter que me esconder, ter que me limitar para que as pessoas não soubessem de tal anormalidade. Mas eu sabia que isso iria passar, Ezra cuidaria de tudo.

— O DNA de cada uma agora é formado por uma mistura de células que acarretam as coisas que podem fazer. — Ele revezava seus olhos entre a tela do computador e nós. — Suas células possuem proteínas desconhecidas, que unidas às células de comando cerebral, trazem essas reações.

— Mas como isso pôde acontecer? — Spencer abriu os lábios incrédulos.

— Spence, lembra-se daquele dia na reserva Lakers? — Uma explicação parecia ter saltado no cérebro de Emily. — Depois daquela chuva de um líquido estranho que nós começamos a ter esses poderes!

— Exatamente! — Ali concordou erguendo o dedo indicador em um gesto clássico.

— Espere... Que chuva? — O cientista se meteu no nosso pequeno momento Scooby-Doo.

Depois disso Spencer começou a detalhar tudo que aconteceu naquele dia sinistro em que fomos coletar granitos na reserva. Emily, que antes parecia concentrada em Ezra, olhava alguns frascos com Ali em seu encalce. As duas cutucavam os frascos com o deslumbre faiscando em seus olhos enquanto meus pensamentos corriam pelos olhos castanhos de Caleb me fitando de forma estranha. Ele parecia curioso à meu respeito quando me viu colocando fogo naquele papel, mas ao mesmo tempo parecia espantado pelo mesmo motivo. Mas sua intimidade com Spencer me deixava a pensar se eles eram namorados ou algo do tipo. Nos anos que a conheço, nunca vi Spencer com algum cara pudesse chamar de namorado. Eu e Ali tínhamos nossas suposições quanto à ela e Andrew Campbell, mas eram suspeitas. Spencer sempre foi focada demais nos estudos para se perder em paixões adolescentes, eu bem que queria ser como ela ou como Alison, que apenas se divertia ao brincar com os corações dos garotos idiotas e estúpidos que faziam tudo por ela. Mas infelizmente eu era do tipo sentimental e nunca conseguiria fazer isso com alguém.

Eu parei de pensar sobre essas coisas com medo de que Emily fosse ler minha mente e contar tudo para Spencer. Não que eu tivesse medo dela, mas não queria brigar nesse momento, e quando olhei para Emily ela ainda sorria e olhava atenta para os ratinhos brancos que Ezra utilizava para fazer experimentos. Pobres bichinhos.

— Porque a Aria não veio com vocês? — Ouvi Ezra perguntar casualmente.

— Ela tinha prova de Biologia. — Ali respondeu rapidamente, parando de importunar um rato dentro de um pote.

— Literatura. — Spencer corrigiu revirando os olhos.

— É tudo a mesma porcaria. — Ali tornou a falar. Emily respirou fundo e olhou para Spencer como se dissesse “Não ligue para ela.”

— Isso me faz lembrar que temos que voltar para a escola. — Emily teve a infeliz frase saindo de sua boca.

— É mesmo. — Spencer concordou. — Obrigada, Ezra. — Apertou a mão dele gentilmente antes de se virar em direção à porta. Despedimo-nos dele com singelos acenos de cabeça e passamos em uma fileira comandada por Spencer pela porta.

O carro da filha mais nova dos Hastings se locomovia em uma morbidez agoniante, mas para ela, dirigir que nem uma lesma transparecia suavidade e segurança no trânsito. Coisas as quais eu não estava acostumada, já que eu e Ali habituávamos dirigir no estilo Velozes e Furiosos. Ultrapassando os sinais sempre que possível e em velocidades alucinantes. Eu ia no banco de trás junto com Alison já que Spencer decretou que Emily e Ali se sentassem longe uma da outra. Minha amiga riu com as palavras ditas por Spencer e lançou uma piscada para Emily, que apenas revirou os olhos com um meio sorriso querendo aparecer.

— Han, se liga nessa. — Ali me chamou e eu percorri meus olhos pelos seus dedos que descansavam no estofado de couro do carro. Uma camada de gelo consideravelmente grossa corria dos seus antebraços até seus dedos e uma ponta fina de gelo e aparentemente resistente se colocava na ponta de seu indicador. O mesmo se moveu para trás, rasgando o estofado do banco. Spencer não percebeu e eu nem queria estar por perto quando isso acontecesse.

O carro parou no meio fio de Rosewood Day e os vários alunos saindo pela porta principal indicavam que as aulas já haviam terminado. Saímos do carro para notar um aglomerado de pessoas fuxicando perto da calçada, Alison foi a primeira a marchar em passos rápidos até os adolescentes sendo seguida por nós. Porém uma imagem fez meu coração dar cambalhotas dentro do meu peito e todas paramos de andar no mesmo segundo. Uma cadeira de rodas estava estraçalhada no meio da rua, parecia ter sido pisoteada e agredida por bastões ou algum objeto.

Minhas esperanças de a cadeira não ser de Aria despencaram montanha abaixo quando enxerguei um chapéu amarelo todo amassado e sujo de lama ao lado da cadeira.


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Notas finais do capítulo

Spencer e Caleb namorando? Eu hein! Só a Hanna mesmo, não é?



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