Bad Heroes escrita por Katreem


Capítulo 2
Get Serious Trouble


Notas iniciais do capítulo

Enfim consegui terminar este capítulo. Ele continua no ponto de vista da Aria, mas o próximo será narrado pela Emily. Enjoy!



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Já se sentiu como se tudo estivesse flutuando ao seu redor? Provavelmente não, entretanto essa era um experiência que eu sempre quis experimentar, mas não dessa forma. Meus braços doíam como se tivessem tido partes suas arrancadas brutalmente e meu abdômen parecia corrompido em dois. Minha cabeça latejava de forma incessante e um sino parecia bater incansavelmente dentro dela. Foram precisos mais alguns segundos doloridos e tortuosos para conseguir abrir os olhos que pareciam ter se colado nas pálpebras e enxergar figuras embaciadas ao meu redor.

— Será que ela morreu? — Uma voz conhecida, porém distante, entrou pelos meus ouvidos.

— O que? Claro que não! Não está vendo que ela está respirando? — Outra voz atravessou meus sentidos, parecendo irritada. Essa era... Spencer.

— Ela pode ter tido morte cerebral, idiota. — A primeira voz rebateu e desta vez a reconheci. Alison.

— Aria, está me ouvindo? — Minhas vistas se tornaram nítidas e enxerguei o rosto de Hanna. Ela tinha alguns rasgues no rosto e um corte bem acima da sobrancelha, mas não parecia sentir dor. Os cabelos louro-claro estavam sujos de terra e sua jaqueta ainda estava toda rasgada e suja, parecia assustada.

— Eu... — Parei de tentar formular uma resposta quando minha garganta pareceu se dilacerar por dentro. Ela me olhou preocupada. — estou bem, eu acho. — Sussurrei com dificuldade.

— Bem, não é o que parece. — Emily cruzou os braços e se agachou perto de mim. — Tem certeza? Podemos te levar para o hospital.

— Estou bem. — Murmurei contra seu olhar fatigado. — O que aconteceu?

— Houve uma chuva de sei lá o quê e nós saímos correndo, depois só lembro-me de te puxar para perto das outras, e em seguida apaguei totalmente. — Alison começou gesticulando com as mãos. Os cabelos cor-de-avelã também estavam sujos e sua camisa regata toda molhada e com manchas de terra estava com um buraco pequeno perto das costelas. Notei, porém, que a jaqueta de couro que ela usava mais cedo agora cobria o corpo de Emily, que batia os dentes de frio silenciosamente.

— Você foi a última a acordar. — Spencer completou ressentida. — Pelo menos estamos com as pedras. — Ela ergueu a enorme bolsa na qual estavam as pedras que recolhemos.

— Danem-se essas pedras, Spencer. Podíamos ter morrido! — Hanna se virou para Spencer com um olhar melindrado.

— Foi só uma... Uma chuva. — Spencer respondeu parecendo hipotética quanto ao próprio comentário. Ela passou as mãos pelos braços enquanto olhava para os lados de maneira nervosa.

— Uma chuva? — Emily a fitou como se Spencer fosse de outro mundo. — Eu nunca vi uma chuva que queima a pele como fogo! — Emily gritou e sua voz irritadiça embarcou pelos meus ouvidos como arpões perfurando os tímpanos. Cerrei os olhos e respirei fundo tentando desconhecer a dor crescente que se abrigava no interior da minha cabeça.

— Parem com isso! — Hanna corrigiu mantendo o equilíbrio na voz. — Aria ainda não está se sentindo bem. — Com isso a vozes delas pareceram cessar e apenas notei braços me empunhando pelas costas enquanto lutava contra a sonolência súbita que me acometeu de repente.

Sustentar os olhos abertos se tornava uma tarefa cada vez mais complicada a cada batida do meu coração e quando observei o rosto de Hanna, vi que era ela quem me carregava agora pelo bosque escuro. Seus olhos azuis pareciam brilhar como se dentro deles estivessem aprisionados os mais diversos tipos de diamantes e cristais, os de Spencer, Emily e Alison também não estavam diferentes. Cintilavam em suas cores mais vivas, iluminando a escuridão do caminho que seguíamos em direção à estrada. De repente me vi em um sono pesado, com a cabeça descansada no peito de Hanna.

— Aria? — Uma voz me chamava parecendo assustada. — Meu Deus! O que fizeram com minha filha? — Reconheci a voz austera e firme de meu pai. Abri os olhos lentamente, vendo-o encarar Alison com um ar desconfiado e acusador.

— Pai? — Gaguejei, erguendo a cabeça. Hanna apertou a mão nas minhas costas. — O que está fazendo aqui?

— Vim te buscar, Aria. — Ele se aproximou com um olhar árduo. — Céus! O que aconteceu com vocês? Foram bombardeadas? — Ele passou os olhos por cada uma de nós e parou o olhar em mim.

— A sensação foi parecida. — Hanna rebateu despreocupada. Meu pai olhou-a desacreditado.

— De qualquer forma, vim para levá-la, Aria. — Meu pai deu dois passos à frente e cuidadosamente me tirou dos braços de Hanna. — Como está se sentindo? Sente alguma dor? — Me olhou atribulado. Seus cabelos cor-de-caramelo voavam com a névoa fria que passeava pelo bosque.

— Estou bem, pai. — Olhei para as garotas e Spencer, que parecia estranhamente decaída. — Tchau, meninas. — Me despedi, ganhando acenos de cabeça em troca enquanto meu pai me colocava no banco de trás do carro.

— Eu salvei sua filha de ter o rosto queimado, Sr. Montgomery, mas não me importo se o senhor não quis agradecer! — Alison gritou quando meu pai se acomodou no banco do motorista, mas ele apenas revirou os olhos e deu a partida, deixando as quatro garotas na beira da estrada.

*****

A essa altura eu já conseguia experimentar o sol da manhã entrando pela janela do meu quarto e descansando na minha pele. O despertador finalmente soou com um toque qualquer e eu não me incomodei em abrir os olhos, apenas estiquei o braço direito para desligá-lo, porém, não tateei nada a não ser o vento.

Abri os olhos tentando ver o que tinha de inconveniente, esperando ter errado a direção do criado mudo onde ficava meu despertador azul-marinho. Mas o sobressalto que tomei ao fazer isso quase me proporcionou um ataque cardíaco. Eu estava com as costas quase tocando o teto do meu quarto, “flutuando” no ar.

O grito agudo que escapou dos meus lábios quando olhei para baixo e vi minha cama a alguns metros de distância havia sido consequência. Ouvi uma movimentação no andar de baixo e previ que meus pais já estavam acordados e que provavelmente tinham escutado meu berro.

— Aria! — Ouvi a voz de Mike ecoar do corredor, seus passos mais perto.

Foi no instante que ouvi a maçaneta girar que eu despenquei do alto e aterrissei na cama em um pouso nem um pouco suave. Mike apareceu na porta logo em seguida, segurando um taco beisebol nas mãos. Ainda estava com seu pijama quadriculado e os cabelos estavam desordenados, indicando que ele havia acabado de acordar.

— Porque está gritando? Ficou maluca? — Ele parecia alarmado, mas esse susto logo se tornou irritação.

— Eu... — Olhei para o travesseiro branco em cima da cama, tentando encontrar uma resposta rápida e com sentido. — tive pesadelos, isso pesadelos. — Mike anelou audivelmente, revirou os olhos e deu as costas, batendo a porta com força.

Minutos mais tarde, quando já estava me despedindo de meu pai em frente à Rosewood Day, avistei Emily afastar-se apressadamente do carro de Spencer, parecendo transtornada. Spencer a seguiu em passos firmes e decididos, e ao ver o rosto delas, me lembrei do acontecido nesta manhã e senti meu cérebro congelar. No caminho até o banheiro da escola, tentei me persuadir de que o que havia acontecido hoje não passava de um sonho e sem sucesso algum nas tentativas, entrei no mesmo me encontrando com duas garotas conhecidas.

— Tente tomar algum remédio, Em. — Articulou Spencer. — Deve ser só uma enxaqueca. — Tocou o braço de Emily afavelmente.

Emily, por outro lado, parecia visivelmente péssima. Com olheiras controladas abaixo dos olhos, que tinham uma coloração avermelhada, denunciando a falta de sono na noite passada. Os cabelos um pouco desgrenhados, mas ainda assim organizados no couro cabeludo; uma camiseta de manga comprida que passava dos dedos cobrindo-os e os tênis com os cadarços desamarrados.

Por um instante me perguntei mentalmente o que poderia ter acontecido com ela e então quando entrei por completo no banheiro, aparecendo para as duas, abri a boca para perguntar o que havia acontecido com ela, mesmo que não fosse da minha conta.

— Eu não sei o que aconteceu, Aria. — Emily irrompeu antes mesmo de eu formular minha primeira palavra. Spencer me olhou surpresa, suspirando profundamente em seguida ao fechar os olhos de maneira exaustiva. — Fiquei ouvindo vozes a noite inteira. — Emily explicou. — Imagens se projetavam na minha mente de forma aleatória, ouvi as vozes da minha mãe, do meu pai, e de outras pessoas. E agora ouvi a sua voz na minha cabeça, você se perguntou o que tinha acontecido comigo, mas eu não sei, Aria. Realmente não sei.

— Sério? — Espantei-me com as informações recebidas, contorcendo meu rosto em conflito aparente. Emily não respondeu de imediato, permaneceu olhando para mim incisivamente e depois seu rosto pareceu clarear em surpresa.

— Também aconteceu com você, não foi? — Ela se aproximou. — Acordou de manhã e estava flutuando pelo quarto. — Concluiu, fazendo Spencer a encarar com ligeiro assombro.

— Emily, você só pode estar delirando! — Spencer a puxou pelo ombro enquanto eu ainda continuava surpresa demais para dizer qualquer coisa. Como ela sabia?

— Não, Spencer! Eu consigo ver e ouvir! — Emily pareceu admirada com a própria afirmação. — A voz da Aria na minha cabeça, é como se estivesse vendo tudo que se passa na mente dela.

Spencer abriu a boca indignadamente, parecia que ela ia protestar quanto àquilo, mas alguém entrou no banheiro impedindo o ato. A figura de Hanna submergiu no banheiro num rompante, arrancando a camiseta cinza que tinha no corpo logo em seguida e ficando de frente para o enorme espelho na parede. Emily ficou observando com as sobrancelhas quase alcançando o couro cabeludo, assim como eu e Spencer.

De repente ela esticou os braços e abriu uma torneira, pegando a água com as mãos e passando-a nos braços rapidamente.

— O que está fazendo? — Spencer inquiriu duvidosamente.

— Vocês não estão sentindo um calor desgraçado? — Ela parou os movimentos e fitou Spencer. Todas negamos com a cabeça e Hanna bufou, mas algo nos braços de Hanna chamou a atenção de Spencer fazendo-a esbugalhar os olhos castanhos em maravilha. Aproximei-me para ver também.

— O que... — Hanna questionou quando nós três olhamos seus braços com aspectos admirados, parecendo ver coisas de outro mundo. E realmente era uma coisa de outro mundo.

Pequenas linhas que pareciam ser suas milhares de veias e artérias brilhavam num dourado intenso, parecendo que suas veias pegavam fogo dentro da pele. As linhas se alastravam pelos braços, indo até o pescoço. Se eu pudesse correr, eu teria o feito nesse momento e tenho certeza que Emily faria o mesmo.

— Digam que só eu estou vendo isso. — Spencer deu dois passos para trás, piscando lentamente.

— Onde está Alison? — Me dirigi à Hanna pela primeira vez no dia. Ela me olhou incerta.

— Está em casa. — disse ela. — Estava com muito frio.

— Frio? — Emily a olhou.

— Acho que deveríamos ir vê-la. — Destaquei, olhando para todas elas e vendo Spencer fazer careta.

— Não acho que deveríamos ir visitá-la. — Spencer colocou as mãos debaixo da torneira que Hanna havia deixado aberta, esfregando as mãos uma na outra.

— Spencer! — Hanna chamou fazendo Spencer olhá-la com as sobrancelhas erguidas. — Olhe suas mãos. — E quando nós e Spencer fizemos isso, Emily parecia que ia vomitar a qualquer momento.

Arregalei os olhos, vendo a água da torneira penetrar a pele de Spencer vagarosamente, entrando pelos pulsos enquanto Spencer sustentava a cena com um olhar horrorizado. Dessa vez foi Emily que falou:

— Nós definitivamente precisamos ver a Alison.


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Notas finais do capítulo

Enfim, no próximo vocês já devem imaginar o que acontecerá.



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