Bad Heroes escrita por Katreem


Capítulo 15
Times Square See


Notas iniciais do capítulo

Aqui está a segunda parte.



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Aquilo certamente não deixou Ezra nem um pouco feliz, muito menos os outros ao meu redor. Mas o momento “coitadinha da Aria” — felizmente — não durou muito tempo. Pneus cantaram no asfalto nova-iorquino com potência, como o relinchar de um cavalo furioso. Emily me segurou nas costelas com mais força, descontando o medo em mim.
— São eles! — Emily gritou. — Vieram atrás de nós!
Ela me colocou nos ombros enquanto Toby empurrava apenas com uma das mãos a porta de correr da van para que entrássemos. Entramos às pressas, comigo sendo chacoalhada nos ombros largos de Em enquanto ela se sentava e me escorregava para o banco ao seu lado. Hanna, Ali e Spencer nem tiveram tempo de se sentar quando a van arrancou perigosamente, fazendo com que poças de água espirrassem embaixo dos pneus. Com certeza havia sido um dia chuvoso em Nova Iorque. Eu fiquei tão assustada que até tinha esquecido a perca dos meus movimentos novamente e me permiti olhar os rostos assustados das meninas também.
Toby colocou a cabeça para fora da janela e olhou para trás.
— Mais rápido! Eles estão na nossa cola! — Ele esbravejou para Ezra, que apenas acelerava.
Voei pela van até as portas duplas no fim dela, onde olhei pelos pequenos quadrados cobertos por vidros. Uma outra van igualmente preta estava a pouquíssimos metros da de Ezra e logo atrás dela estava um carro de polícia. Ótimo, pensei, a polícia deve achar que somos cúmplices. Depois de um momento frio, Ali estava ao meu lado, olhando também. Foi então que eu vi um dos encapuzados saltar em cima do capô do carro da polícia, seu casaco preto estava manchado de sangue perto do ombro direito, o que me fez suspeitar que ele fosse o que se teletransportava e tinha sido atingido pelo machado de Ali. O veículo policial vacilou os pneus por alguns segundos antes de desaparecer junto com o mascarado e depois de meros segundos um estrondo no teto da van quase fez meus dentes saltarem da boca.
— Ele está em cima da van! — Bradou Spencer, tentando se manter em pé com as curvas que a van fazia por ruas estritamente vazias.
Toby colocou metade do corpo para fora da janela e puderam se escutar vários disparos. Ele estava atirando no carro de trás e no encapuzado em cima da van, mas parecia tão inútil quanto minha tentativa de pensar em algo a se fazer.
— Já chega, Toby! — A voz de Ezra soou trépida, enquanto o veículo pulava ao passar por uma lombada. Toby voltou para dentro.
Um baque ensurdecedor quase fez meus tímpanos irem pelos ares. Metade de uma lâmina afiada entrou pelo teto da van, brilhante como cristal, afiada como um caco de vidro. A metade de um machado. O mascarado em cima do carro o tirou e bateu de novo, fazendo um buraco ainda maior.
— Meu Deus! — Ezra gritou e os pneus rincharam de novo.
— Já chega! — Ali largou seu pé nas portas duplas no fim da van e elas se abriram com uma trovoada. Em suas mãos estava uma espécie de clava fina e apontada de gelo. — Eu cuido desses imbecis do carro — Disse ela quando outra machadada bateu no teto. — Quem se habilita com o bonitão aí?
— Eu. — Disse Hanna, virando uma chama brilhante.
Olhei para os lados, vendo outro arco dentro de uma cesta com muitos outros, apanhei-o decididamente e voei pela porta sem esperar outra palavra das meninas. Girei e fiquei de costas, colocando uma flecha na corda e vendo as costas sangrentas do encapuzado na beira da van. Muito insolentemente, ele se virou no mesmo segundo em que soltei a flecha em sua direção. Tudo parecia acontecer muito lentamente: minhas costas caindo contra o ar, as gotas de suor escorrendo das minhas têmporas, a flecha brilhando e girando mortalmente enquanto lançava fagulhas de eletricidade pelo vento, correndo até o peito do homem em cima da van. Ele sumiu se desfazendo como areia com um sopro de vento, a fumaça roxa se espalhando lentamente pelo ar enquanto o dardo passava reto por onde ele estivera segundos atrás.
Presumi que aquele cretino pretencioso já estava bem atrás de mim quando senti um pé grande no centro das minhas costas ardidas, me impelindo para frente com eficácia. Bem, eu meio que fui empurrada para frente e dei de testa na quina de ferro da van, caindo com um rugido doloroso no chão do veículo.
— Minha nossa! — A voz de Emily tinha ficado distante e eu me senti incrivelmente zonza. Sentia muitíssimo levemente as pontas dos dedos dela me puxando pelas pernas. Vi o vulto de Ali passar correndo do meu lado e logo em seguida Hanna. Olhei para o lado, vendo Spencer despejar toda a água dentro de uma garrafinha em seu rosto e mesmo com a visão embaçada pelo choque da minha cabeça, eu a vi sorrir divinamente. — Aria, está me ouvindo? — Emily deu tapinhas com a costa da mão no meu rosto. Barulhos altos vieram de cima da van.
— Ãnh? — Engrolei. — Talvez um pouco.
Fiz uma careta para mim mesma, me sentando com auxílio dos meus braços.
— Está se sentindo mal?
Aquela pergunta não tinha uma reposta exatamente certa, mas neguei.
— Ezra, está nos levando para o Upper West Side? — Spencer perguntou, se segurando no banco do motorista enquanto Ezra avançava cada vez mais rápido pelas ruas molhadas.
— Ah... Não sei onde fica este lugar. — Ele respondeu hesitante e nervoso.
Quando olhei para trás, vi o corpo de Ali em pé em cima da outra van que nos seguia, perfurando o vidro do para-brisa com sua clava de gelo. Ela parecia empenhada e ria enquanto o fazia. Vandalismo era mesmo a praia dela.
Uma chama que atravessou o buraco feito com o machado no teto chamuscou o cabelo negro de Emily.
— Que droga! — Ela estava muito brava. — Spencer, tome conta da Aria. Eu já volto.
Então ela correu e se atirou pela porta, voando para cima da van e gritando alguma coisa em filipino para o encapuzado. Spencer deu dois passos em minha direção, mas eu a parei com a mão.
— Estou bem e não preciso que tomem conta de mim. — Me ergui em um voo, olhando para trás e vendo Ali rolando em cima da van enquanto apertava a própria coxa, que sangrava. — Vou ajudar Ali, tente dar um jeito no motorista e seus comparsas. — Ela anuiu silenciosamente e eu voei até Alison rapidamente. Ela gemia com uma careta.
— Mas que droga de estilhaço maldito e nojento! — Ela guinchou se levantando com esforço.
— Você está bem? — Perguntei à ela, vendo seus olhos brilharem intensamente por trás da máscara que contornava seus olhos.
— É claro que estou! — Ela sorriu malvadamente. — Ezra está indo para a Times Square.
— O que? — Disse eu, não acreditando. — Ele não conhece Nova Iorque, não sabe que está indo para lá. Devemos avisá-lo.
A van em que estávamos tremeu e chegou mais perto da van de Ezra.
— Não devemos nada. — Disse Ali. Então percebi que seu ferimento na coxa não sangrava mais, uma camada espessa de neve ou gelo (eu não sabia dizer) tinha se formando por cima do corte, como uma casca de ferida. — É lá que faremos nosso show. — Completou. — Atire nos pneus! — Ela ordenou e deslizou por uma onda de gelo que ela mesma fez até a van de Ezra, onde as meninas ainda tinham problemas com o encapuzado que teletransportava.
Voei para trás e as flechas nos dois pneus traseiros. O carro fez uns barulhos estranhos e tombou em algumas lombadas pela rua, mas não parou de andar por nenhum segundo. A van de Ezra avançou por uma rua colorida e movimentada, a qual eu já havia visto diversas vezes em filmes, séries e na televisão. A Times Square estava cheia de gente de todas as idades e tipos, uma senhora com roupas claras e um tricô nas mãos me olhou como se eu fosse uma garota de cinco braços. Olhei para frente, tentando pensar em alguma coisa para nos tirar dali, mas eu simplesmente não conseguia. Vi o encapuzado chutar Spencer pelas costas, ela voou e quase caiu de cima da van, mas Ali a pegou bem a tempo. O mesmo maldito sumiu pelos ares de novo, Hanna estava voando mais a frente da van, atirando bolas de fogo a esmo e quase atingindo Emily, que conseguiu desviar no último segundo. O encapuzado apareceu de novo, mas junto com seu outro colega, que não parecia ferido. Eu percebi que esse novo coleguinha dele tinha muita força, pois deu um soco na cara de Emily que a fez voar por cima da van e cair em cima do chão molhado e brilhante pelos milhares de telas da Times Square. O bolo de pessoas se dispersou como várias abelhas zumbindo, assustados demais para se aproximar. Ver uma garota com botas voadoras voar com um soco e cair de cara no chão deveria ser realmente perturbador. A van de Ezra freou abruptamente no meio das pessoas, os pneus de trás levantaram com o impulso. O encapuzado superforte também saiu voando com a parada inesperada da van e caiu uns seis metros a frente. Infelizmente, Spencer e Ali também caíram. Spencer foi bem em direção à uma poça de água e Ali conseguiu se equilibrar por cima de suas ondas de gelo e sumiu por trás de telões. Hanna ficou paralisada no ar, assim como eu. O pior foi que o maldito que se transportava para os lugares sumiu e apareceu no volante da van deles, arrancando e saindo de vista mesmo sem os pneus traseiros funcionando direito. Eu não consegui fazer nada além de ficar parada no vento, respirando curtamente. As pessoas não sabiam para quem olhar, muito menos eu. Então o barulho do carro de Ezra arrancando pela rua desviando das pessoas me acordou, ele parecia estar seguindo a outra van, e então sumiu na rua fumacenta.
O encapuzado fortinho se levantou e caminhou tonto com os pés meio torcidos. Alguns telões cintilantes e coloridos tiraram minha atenção por alguns segundos: um telão rosa do Bank of America, um homem de cueca mordendo uma melancia. O encapuzado andava desnorteado, a aqueda tinha afetado seus sentidos. Um policial de pele escura o viu e logo chamou reforços pelo rádio colado ao ombro. E algumas pessoas se atreveram a se aproximar, mas o policial não deixou.
— Pessoal, cheguem para trás, por favor. — Disse ele, empurrando levemente algumas pessoas. O encapuzado se ajoelhou e arrancou uma tampa gradeada que protegia os fios de eletricidade da Times Square. — Saiam todos da frente! Por favor, saiam da frente! — Ele gritou acenando com a mão. As pessoas correram para os lados gritando e resmungando. O policial deu passos cautelosos em direção ao encapuzado. — Senhor, fique longe dos cabos agora! Senhor, coloque suas mãos longe dos cabos!
Eu me senti agradecida por ele estar nos ignorando, mas sabia que não seria por muito tempo. Eu já não conseguia enxergar nenhuma das outras meninas no meio da multidão.
O mascarado levantou a cabeça, o rosto coberto com um pano fino e preto. O policial sacou a arma.
— Fique parado onde está! — Ele gritou. — Não se mexa!
A ladrão pareceu se assustar e se levantando, ele virou e um caminhão pequeno vinha em sua direção, com uma buzina estridente. Quando pensei que ele fosse ser acertado em cheio, ele apenas agarrou o para-choque da frente e jogou o caminhão por cima do ombro como se ele fosse feito de brinquedo. A carro deslizou de cabeça para baixo, fazendo as pessoas próximas correrem como formigas perto de um pesticida. Sirenes ecoaram por todas as partes, vindo de todas as ruas perto da Times Square. O encapuzado tentou correr, mas fora encurralado por oito viaturas. A quantidade de carros me assustou enquanto um bolo enorme de pessoas se formava abaixo de mim, todas tentando se afastar do homem vestido de preto no centro da Times Square.
— Deita no chão agora! — Ordenou uma voz no megafone. — Deita no chão!
Abaixo de mim, um homem aparentemente velho segurava uma câmera profissional e filmava tudo. Ele tinha um crachá da imprensa e as pessoas ao seu lado nem piscavam prestando atenção.
— Senhor, eu preciso que deite agora! — Gritou a voz do policial. — Para sua própria segurança e de todos...
De repente, todos os telões possíveis mostravam o ladrão de preto. E ele ficou estático, olhando o próprio rosto mascarado nas telas faiscantes. Havia pessoas em cima dos prédios, parecendo tão perturbadas quanto as que estavam no solo. Eu voei para trás de um prédio, me escondendo da polícia e me perguntei se as meninas estavam fazendo o mesmo.
Os policiais não perderam muito tempo e lançaram bombas de gás lacrimogênio perto do mascarado e mirando suas armas para ele, atrás das portas dos carros. Ele se afastou gritando:
— Parem! — Ele dizia, a voz meio modificada, parecendo de um robô. — Não façam isso!
Ele dizia mais algumas coisas, sendo engolido pela fumaça tóxica.
— Falei para parar! — Ele gritou e então socou o chão com uma raiva fatal.
Os carros de polícia voaram junto com os policiais, e mesmo estando no ar, vi o chão tremer como em um terremoto. Corpos voando rapidamente, carros batendo nos prédios, atirados com força. O músculo sob meus olhos tremeu diante daquilo, me respiração encurtou visivelmente. Então vi algo a qual meu corpo não conseguiu reagir. Um policial corria para a escada vermelha olhando para trás, uma viatura vinha girando pelo ar para cair bem em cima dele. Meu coração pulsou em todas as partes que eu podia sentir, meu estômago vacilou. Vi que um corpo preto cortava o vento velozmente na direção do carro, passando por cima dele e pousando no chão. O policial caiu e Emily levantou os braços, torcendo o rosto de força. O carro parou no ar a centímetros perto dela e do policial, que a olhava surpreso e sem ar. Eu não sabia como me comportar por ela ter salvado o policial.
— Ainda bem que você não é da cavalaria. — Ela disse em um ar meio divertido.
Emily fez um movimento com as mãos e o carro caiu direitinho, com os pneus no chão e com um barulho leve no chão aguado. Os dedos dos policias pareciam coçar nos gatilhos, as armas apontadas para o homem e algumas para Emily. Meu sangue gelou.
— Não atirem. — Ordenou o policial que tinha sido salvo, puxando o rádio para perto da boca e olhando Emily. — Aguardem minha ordem.
— Atenção: não atirem. — Dizia outro policial aos diversos. — Repito: não atirem.
Vi alguns policias tirarem outros debaixo de alguns carros caídos. Então Ali apareceu surfando nas ondas de gelo e caindo de pé em cima do carro que Emily havia segurando com a força de pensamento segundos atrás.
— Ô, ladrãozinho! — Ela acenou com a mão. — Como vai?
— É você. — Disse o mascarado.
— É, sou eu. — Ali não pareceu se assustar pelo fato de que ele deveria saber quem era ela.
Como ele sabia quem era ela? Eles se conheciam?
— E quem é você? — Ali perguntou, o carro de seu congelou diante de seus pés.
— Não se lembra de mim? — Ele tornou a falar.
— Não. — Disse ela. — Eu deveria?
— Você falou que precisava de mim. — Ele disse, colocando as mãos sobre o peito.
Eu não poderia me sentir mais confusa.
— Ah, eu lembro. Claro. — Ela se sentou no carro. — Você é meus olhos e ouvidos. — Ela saltou para o chão e andou na direção dele. — Como é mesmo seu nome?
— Como pôde me esquecer?
Alison marchava em passos articulados até ele, como se tramasse um plano enquanto andava. Carros pegavam fogo perto de onde ele estava e fumaça preta saía. A Times Square havia se calado para ouvi-los. Emily fazia careta para os dois.
— Não reconheço você com esse... Está diferente. — Disse ela, mas minha atenção foi puxada para um atirador de elite que se posicionava na plataforma de um prédio próximo aonde eu estava escondida.
— É o novo eu. — Ele dizia. Ali olhou para Emily, como se dissesse que não fazia ideia de quem era ele.
— Eu espero que não queira machucar ninguém. — Emily se intrometeu na conversa, visivelmente séria e concentrada no homem.
O policial com a arma encostou o olho na mira acoplada. Meu coração disparou.
— Tenho o alvo na mira. — Disse ele, baixo no rádio.
— A não ser que eu leve mais tiros. — Disse o encapuzado, com a voz raivosa.
— Ei, galera! — Ali gritou. — Ninguém atira nele!
Ela sorriu falsamente.
— Se tentar fugir, atire. — Disse uma voz no rádio do atirador de elite.
Uma bola de fogo voou pela rua, acertando o pé do mascarado ferozmente. Ele se contorceu e rugiu alto. O policial com a arma de mira atirou e acertou o ombro dele. Ali se assustou e deu passos para trás. Droga, Hanna, pensei.
— Parem! — Emily levantou os braços, mas o mascarado já tinha se enfurecido de novo.
Ele pegou um carro em chamas só com uma mão e atirou em uma das telas com uma eficácia brutal. Ali lançou uma rajada de gelo nele, a qual ele partiu em pedaços com um soco. Ele correu até Ali e a arremessou longe. Ela deu um mortal no ar e caiu em pé em cima do carro de novo. Vi um telão atingido pelo carro estremecer lançando faíscas por todos os lados acima de um policial, os ferros que o seguravam se desprenderam com um piscar de olhos e a tela enorme caiu. Quando me dei conta, eu já estava indo até lá como se fosse uma flecha. Voei em uma velocidade arrebatadora e agarrei o policial, voando alguns metros rasos com ele. A tela do tamanho de uma de cinema caiu atrás de nós. Uma chuva de faíscas explosivas. Sentia meu coração estourando dentro do peito. Deixei o policial no chão e me afastei. As pessoas vibraram, gritando como se eu tivesse feito um gol em uma partida de futebol. Elas batiam palmas e sorriam felizes. O rosto do mascarado foi sendo substituído pelo meu rosto, o de Ali e o de Emily em todos os telões possíveis, vi que tínhamos nos ferido bastante. Emily tinha um corte profundo no canto dos lábios e arranhões roxos pelo rosto, Ali só tinha um corte na têmpora e eu tinha vários vergões roxos e vermelhos pela cara. Perguntei-me qual desculpa eu daria a minha mãe quando voltasse para casa. Ah, mãe, eu estava salvando Nova Iorque, sabe? O mesmo de sempre.
— Sua aberração ridícula! — Gritou um homem atrás de um ferro gradeado de proteção. A princípio pensei que fosse para mim, mas vi que seu olhar cheio de ódio era lançado ao homem de preto, que parecia horrorizado com as ofensas que recebia.
— Mascarado idiota! — Dessa vez, uma criança gritou.
Ele olhava para nossos rostos nas telas em todos os lugares, como se estivesse se perguntando o porquê.
— Saia daqui, seu monstro! — Outro homem gritou. Eu não os aconselharia a fazerem isso.
Uma tela do McDolnads piscava, destruída junto com os anúncios da Kodak.
— Calem a boca! — O mascarado gritou, fitando as pessoas através dos carros em chamas e da fumaça preta.
— Ei, perdedor! — Ali riu, zombando dele como se ele fosse Mona Vanderwall na escola. Mas o problema era que ele não era Mona e poderia nos matar com um soco.
— Ali, não faça isso. — Emily pediu a ela, tentando apaziguar a situação. Ela se voltou para o ladrão. — Não escute eles. Olhe só para mim. — Ela solicitou calmamente, fitando a escada vermelha cheia de pessoas e o carro atrás de si.
— Cale a boca! — Bradou ele, raivoso.
Ele se ajoelhou no chão.
— Não, não...
Um soco. O soco. Era mais potente do que uma bomba. Ele jogou as mãos contra o chão com uma energia forte e inabalável. O ar faltou, o chão chacoalhou. Meus olhos pareciam ver tudo em slow motion: O tremor indo de suas mãos até onde Emily estava, levantando o carro do chão e o lançando para a escada. Emily e Ali pulando juntas em um mortal por cima do carro. Emily olhando as próprias mãos, decidindo o que fazer enquanto dava um mortal lentamente pelo ar. As pessoas correndo para o topo da escada a fim de se safarem do pior. Um senhor de aproximadamente cinquenta anos de idade entorpecido no inicio da escada. Emily se encolhendo e colocando as mãos na frente de si, Ali se virando e deslizando sob seu próprio gelo até o topo da escada. Emily veio junto com a viatura pelo ar, caindo no meio da escada antes do carro e o congelando de novo no ar, somente com a força da mente. Ela lançou o carro para longe da escada enquanto Ali caiu de pé no topo e lançou várias estalactites de gelo no ladrão. Todas as pessoas na escada olhavam para Emily e Ali sorrindo agradecidas por não terem seus corpos esmagados por uma viatura e saíram imediatamente de lá. E as pessoas atrás das grades de proteção batiam palmas.
Muito infelizmente, ele rebateu de volta todas as estalactites que Ali atirou, mas as rebateu na direção das pessoas do lado esquerdo. Entretanto, ele não esperava que Hanna fosse aparecer voando na frente das pessoas e atirando suas lufadas de fogo nas estalactites que ele havia rebatido, transformando-as em água. Ele ficou furioso com isso e arrancou o capô de uma viatura que pegava fogo próximo a ele e atirou contra Ali. Ela saltou e usou o corrimão de ferro da escada para ter um impulso maior, deslizou sobre as suas ondas na direção dele, formando uma esfera grande e brilhante de gelo nas próprias mãos. Ela pousou no chão e atirou a esfera nele. Ela pegou em cheio no peito dele, fazendo voar para dentro de um telão no alto. Milhares de pixels explodindo para fora da tela e um buraco enorme se abrindo. Olhei para elas, sem saber o que fazer. Pessoas correndo aterrorizadas por todos os lados, Hanna em sua forma de chama, Ali olhando para a tela e Emily me olhando.
— E agora? — Ela perguntou.
Não precisei responder. Um rugido alto e colérico respondeu, vindo do dentro do telão. As pessoas gritaram mais ainda e o ladrão veio em um salto, caindo com força no chão, os pés firmes. Os telões que restaram, agora despencavam com um milhão de faíscas trovejando pelos ares. Caíram em explosões por cima dos carros e viaturas, as pessoas corriam ainda mais, tentando sair daquele fogo cruzado. Perguntei-me onde estaria Spencer. O encapuzado começou a pegar tudo que via e atirava nas pessoas que corriam, assustando-as ainda mais. Gritos e mais gritos zumbiam dentro da minha cabeça. Emily colocou as mãos nos ouvidos, os pensamentos aterrorizados das outras pessoas deveriam estar entrando em sua cabeça.
— Viram a Spencer? — Perguntei, me movendo pelo ar para perto de Em. — Alguém viu a Spencer?
— Eu não vi. — Hanna respondeu.
O encapuzado atirava mais pedaços de postes nas pessoas quando uma rajada forte de água o esparziu para o lado, caindo no chão molhando pela água.
— Ah... — Spencer continuou atirando água nele com suas mãos. — Tudo bem, já chega. — Ela abaixou as mãos e se aproximou da gente. — Aria. — ela estendeu a mão e eu bati. — Emily. — Ela fez o mesmo com Emily, que mesmo confusa, fez um high-five com ela. — Ali. Hanna. — as duas também bateram na mão dela, mesmo que parecessem ligeiramente confusas. E eu agradeci por não ter ninguém por perto quando ela disse nossos nomes.
— Mandou bem. — Hanna disse à ela.
— É um prazer trabalhar com vocês. — Spencer respondeu ofegante. — Ufa!
Assistimos enquanto um policial se aproximava do mascarado que se contorcia no chão, resmungando alguma coisa. Foi então que eu ouvi o que ele tanto resmungava: Alison DiLaurentis. Ele dizia trêmulo e vingativo. As meninas não perceberam, pois verificavam os ferimentos umas das outras. Quando o policial chegou perto o suficiente, eu tive vontade de morrer quando o encapuzado que se transporta apareceu ao lado de seu amigo no chão, o agarrou e sumiu de novo junto com ele. O policial atirou, mas eles não estavam mais lá.
— Que filho da mãe! — Hanna esbravejou e chamou a atenção do policial.
— Ei, vocês. — Ele chamou, dando passos em nossa direção. — Precisamos conversar. Eu peço que coloquem as mãos atrás da cabeça.
— O que? — Ali perguntou tão incrédula quanto eu estava. — Fizemos oitenta porcento do trabalho de vocês e é assim que agradecem?
— Moças, mãos ao alto. — Ele manteve a voz austera. Eu não pensei que ele fosse atirar, mas ele atirou nela. Ali desviou dos quatro tiros como se estivesse desviando de bolinhas de papel, ela correu e saltou por cima dele, tomando a arma de sua mão e caindo por trás dele.
— Não custa nada agradecer. — ela disse, se fingindo de ofendida enquanto jogava a arma longe. — Por isso vou chutar seu traseiro. — Ela disse e deu um chute na bunda do policial. Será que ela não tinha cérebro? Ele era uma policial!
Ele caiu no chão e chamou por reforços. Ali e Hanna riram enquanto eu, Spencer e Emily nos perguntávamos se ela tinha mesmo feito isso. No mesmo instante, vi mais policiais correndo até nós, mas ouvi um relinchar conhecido. A van de Ezra derrapou pela rua com as portas de trás escancaradas e batendo uma na outra.
— Vamos! — Ali chamou, correndo e fazendo suas ondas até lá.
Emily puxou Spencer rapidamente e saiu voando, Hanna acenou para os policiais que se aproximavam e se atirou no ar junto comigo. Voamos rapidamente e caímos uma por cima da outra dentro da van, que estava toda bagunçada e com um buraco no teto.
— Ai, você me deu uma cotovelada. — Spencer resmungou para Hanna, que riu enquanto se sentava. A van arrancou com tudo e Emily fechou as portas traseiras com seu pensamento.
Ezra se virou e vi que ele procurava por algo no amontoado de garotas, seus olhos pararam assim que me viu e ele sorriu. Notei que sua testa estava com um galo enorme.
— Como foi por lá? — Ele perguntou, avançando rapidamente por entre as ruas.
— Ah, foi ótimo. — Respondeu Spencer. — Quase fomos presas agora a pouco, o mesmo de sempre.
Toby riu, sua touca havia sumido.
— A verdade é que ele fugiu. — Emily explicou, se sentando. — Com a ajuda do que se transporta para os lugares, mas conseguimos fazer a segurança das pessoas.
Ela parecia satisfeita consigo mesma.
— Isso é bom. — Disse Ezra. A van deu um solavanco enorme e eu quase bati minha cabeça no teto. — Ele nos deu muito trabalho também, o seguimos por várias ruas. Toda hora ele se teletransportava para alguma rua diferente, naquela hora, antes que chegarmos na Times Square, ele transportou um carro de polícia para Denver.
— Denver? — Ecoou Spencer. — Como sabe disso?
— Acabamos de ouvir no rádio que um homem mascarado apareceu do nada junto com um carro de polícia de Nova Iorque em Denver. E depois o homem desapareceu no ar, deixando o carro e os policiais.
— Uau! — Hanna exclamou impressionada.
— Sem falar que tinha um nojento que escalava paredes. — Disse Toby, com raiva ao relembrar. — Ele se grudou em mim e não queria me soltar por nada, enfim, foi difícil e nem conseguimos pegá-los.
— Pelo menos impedimos o roubo ao banco. — Spencer disse.
— Pelo menos isso. — Emily repetiu.
— Ãnh... Ezra? — Falei, tentando não desmaiar de cansaço.
— Sim?
— Que horas são? — Perguntei temerosa. Meus pais iam me matar.
Ele olhou no relógio de pulso.
— Uma e meia.
Uma e meia? Eu vou morrer.
— Ata, obrigada. — Falei, sentindo meu corte nas costas se abrir e doer mortalmente.
— Não se preocupem, levarei vocês para casa. — Ezra disse, ligando o rádio e engatando a marcha para irmos mais rápido.
***
— Paintball? — Meu pai inclinou a cabeça para frente e olhou para mim, não engolindo nenhuma palavra que saía da boca de Ali. As mãos de Emily suavam e deslizavam sob a minha blusa fina, minhas mãos apertaram o ombro dela. Eu queria tanto que papai acreditasse. Porque ele não acreditava logo?
Estávamos as cinco na porta da minha casa. Depois de passarmos no laboratório de Ezra, fazermos curativos e trocarmos de roupa, ele quis me deixar em casa. Há essa hora ele já tinha partido pela rua vazia e escura enquanto Ali havia dito ao meu pai que estávamos todas machucadas por estarmos jogando paintball. Era assustadoramente divina a forma como ela dizia tudo como se fossem as maiores verdades do mundo.
— O pai de Spencer comprou um campo de paintball e ela nos convidou para jogar. — Ali disse calmamente, olhando Spencer e esperando uma reposta dela.
Emily, que me segurava nos braços, chutou a canela de Spencer.
— Ah é! — Disse Spencer, meio emburrada pelo chute. — Foi isso mesmo Sr. Montgomery. Meu pai comprou.
— Seu pai? — Meu pai repetiu.
— Sim, e eu as chamei para jogar. — Ela completou sorrindo pérfida.
— Jogar? — Papai ecoou. Eu odiava quando ele fazia isso, ele só o fazia quando não acreditava em alguma coisa. Ele sempre repetia a última palavra de nossa frase, mas em forma de pergunta.
— Sim, senhor. — Spencer disse. — Achei que seria divertido.
— Divertido? — Meu pai a olhou.
— Sim, pai. Divertido. — Falei irritada. Eu ainda me lembrava muito bem dele beijado aquela outra no carro dele. Ah, como eu lembrava.
— Eu até entenderia, mas olhe só... — Meu pai começou, olhando todas nós. — São quase duas da manhã, Aria! — Ele quase gritou. — Você tem noção do quanto eu e sua mãe estávamos preocupados? Eu demorei a atender a porta porque estava ligando para a polícia!
— Mas eu disse que ficaria na casa de Spence até as nove.
— Duas horas da manhã são nove horas para você?
— Aria! — Minha mãe apareceu atrás dele na porta. — Minha filha! — Ela veio até mim, tocando meu rosto e o beijando. Senti um calor gostoso ao vê-la. — Onde se meteu, querida? — Ela perguntou meio chorosa.
— Estou bem, mamãe. — Respondi, tentando sorrir, mas os braços de Emily estavam tensos e seus músculos apertavam meu corte nas costas.
— Onde está sua cadeira?
— Aqui! — Hanna levantou a cadeira com uma mão, como se ela fosse de plástico. Spencer a censurou com o olhar e ela abaixou a cadeira. — Um dos pneus murchou. — Hanna disse, explicando o fato de eu estar no colo de Em.
— Murchou? — Meu pai voltou com seu comportamento irritante.
— Byron, pegue Aria e a leve lá para cima. E deixe que eu converso com ela depois. — Minha mãe comandou severamente e ele me pegou dos braços de Em.
— Sua mochila. — Emily tirou minha mochila que parecia minúscula nas costas dela e deu para minha mãe. — Até amanhã.
— Tchau, Pequena Grande Aria. — Ali acenou sorrindo. E as outras fizeram mesmo até a porta se fechar.
Meu me levou para o quarto de meu um beijinho de boa noite. Depois minha mãe veio e me ajudou a vestir o meu pijama, mas eu tive cuidado para que ela não visse o corte gigante nas minhas costas. Eu me lembrava sensação da água quente caindo e queimando meu ferimento quando tomei banho no laboratório de Ezra. Ele tinha dito que eu só perdi os movimentos de novo porque perdi muito sangue, e meu sangue estava cheio do líquido que me fez andar. Falando nisso, eu tinha visto Ali entrar com sua mochila na sala especial de Ezra, onde ele guardava o líquido brilhante e depois ela saiu sem dizer uma palavra. Preferi não falar nada, vai ver ela só queria usar o banheiro de lá, que era um máximo.
— Então, você vai me contar o que aconteceu de verdade? — Minha mãe sentou na cama, onde eu já estava deitada e embrulhada. — Seu pai não quer engolir essa história de paintball.
— Então o problema é dele. — Falei com raiva. Eu também não estou engolindo o “atraso” dele, naquele dia na escola. — Nós estávamos jogando paintball, mãe. Se ele não quer acreditar, não posso fazer nada.
Minha mãe quis rir.
— Jogando paintball até duas da manhã? — Ela disse sugestiva. — Com Alison DiLaurentis e Hanna Marin? Desde quando Spencer e Emily são amigas delas duas? Desde quando Spencer convidaria Alison para jogar paintball?
— Ah, mãe. — Me virei para ela. — Elas não se odeiam mais.
— Não?
— Somos todas amigas agora. — Falei bocejando.
— Ah é? — Minha mãe sorriu. — Então me diga, Alison arrastou vocês até uma boate da Filadélfia, fez vocês fumarem e depois fez com que se metessem em uma baita briga?
— Mãe! — Falei, assustada com a visão que ela tinha de Ali. — Claro que não!
Mamãe riu.
— Tudo bem, querida. Vocês estavam no paintball. — Disse ela, afagando meus cabelos. — Nos ligue quando estiver viciada em jogar paintball e diga que chegará às duas da manhã, por favor. Eu quase morri de preocupação.
— Tudo bem, mamãe. — Ri.
— Boa noite, meu anjo. — Ela se inclinou e beijou minha testa, que começava a ficar arroxeada.
Depois que ela saiu, liguei a TV. Estava passando jornal, ao que parecia, algo havia acontecido em Nova Iorque. Aumentei o volume imediatamente.
— Nossa cobertura do caso começa com Jessica Abo, da NY1, no local. — Disse o âncora, um homem de cabelos brancos e terno preto e abaixo dele letras diziam: Terror na Times Square. A imagem cortou para uma mulher de cabelos castanhos com um microfone com a logo da NY1.
— E temos aqui duas testemunhas que nos dirão o que viram. — Dois garotos com cabelos lambidos para o lado e roupas antiquadas estavam ao lado dela. — Nos digam, como acham que aquelas garotas conseguiram derrotar aquele homem?
— Os uniformes eram coloridos, e elas tinham poderes. — Disse um garoto com aparelho. — Uma atirava fogo, outra gelo, uma voava, a outra atirava água e a outra tinha telecinese. — Ele falava empolgado, desembestando a falar que nem uma matraca. — Elas foram incríveis, os uniformes devem ser feitos de neopreme, é o que eu usaria, porque uma se transformava em fogo e isso...
— Sim, sim. Entendemos. — A repórter tirou o microfone da boca dele. — Agradecemos aos dois. Como veem, há muitas perguntas sem respostas. Mas traremos todas as últimas informações. Jessica Abo, da NY1. É com você.
Desliguei a TV com um clique, segurando minha têmpora inchada. As coisas tomaram proporções épicas. Tentando não pensar nisso, desabei no travesseiro e tentei me forçar dormir.


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Notas finais do capítulo

Quem será esse encapuzado fortinho, ein? Eu já tenho minhas apostas e vcs? Novamente, se não entenderam algo, me perguntem nos comentários e eu respondo. Beijos e até o próximo!



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