Bad Heroes escrita por Katreem


Capítulo 12
Aria's New Hat


Notas iniciais do capítulo

Estou viva! A falta de comentários no último capítulo me desanimou um pouco, mas aí comecei a reler os comentários dos capítulos anteriores e me senti motivada a escrever novamente. Esse capítulo tem bastante Haleb. Está no ponto de vista da Hanna e talvez no próximo venha a primeira missão das meninas. Espero que gostem e comentem, por favor, porque isso realmente é uma injeção de ânimo para escrever.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/598475/chapter/12

As manhãs de outono se incidiram tranquilas enquanto eu queimava as folhas que insistiam em cair das árvores do meu quintal. Quando minha mãe não estava por perto eu apenas lançava uma rajada de fogo na direção do bolo marrom embaixo das árvores e tudo se transformava em cinzas. Às vezes, Ali assistia ao ato bebendo limonada e reclamando do sabor deitada na espreguiçadeira velha da minha mãe, como hoje, por exemplo, mas em sua companhia estavam Aria, Emily e Spencer sentadas no banco perto da espreguiçadeira e eu queimava as folhas do quintal dos Hastings, que pareciam estar em uma viagem a trabalho e a filha mais velha, Melissa, estava organizando os últimos preparatórios para seu casamento enquanto Spencer e Caleb tinham ficado em casa para curtir a manhã de sábado.
Spencer também reclamou da limonada que eu havia preparado enquanto as outras pareciam ter gostado — ou tiveram vergonha de reclamar caso tenham odiado. Já haviam se passado duas semanas desde que entramos no acordo com Ezra para salvar o mundo e blá-blá-blá e começamos a treinar semanalmente com o auxilio de Ezra e Toby. E depois da comemoração em alto nível do aniversário de Spencer, parecia que as coisas entre ela e Ali haviam finalmente entrado em bons termos, mesmo que ainda se estranhassem de vez em quando.
— Tem mais folhas ali, Han. — Aria apontou o monte de folhas secas que eu estava deixando de lado.
Eu apenas as juntei com os pés em outro monte, estendi meus braços na direção das folhas e lancei uma rajada de fogo. Depois de alguns segundos, as chamas acabaram aumentando gradativamente. Fiz um movimento com as mãos e elas se abaixaram até não existirem mais. Era bom ver que o treinamento com Ezra e Toby estava surtindo algum efeito.
— Eu quero voar. — Disse Aria. Seu olhar verde estava preso no céu azul acima de nossas cabeças.
— Eu tive uma ideia. — Ali disse logo em seguida, com um sorriso astuto no rosto.
— Diz! — Emily, que estava sentada ao lado dela, pediu impaciente.
— Vamos brincar na floresta! — Disse Ali, alegre como uma criança. — Aria vai voar pela floresta e nós tentaremos pegá-la.
— Parece uma ideia saudável. — Spencer concordou com um sorriso no canto dos lábios.
— Então vamos lá! — Disse Aria. Seu sorriso grande se espalhando pelo rosto redondo e pálido, que hoje parecia estritamente vivo.
Emily se moveu de onde estava com cuidado na direção de Aria enquanto eu apenas observava tudo calada, mas com um sorriso no rosto. Parecia uma brincadeira divertida. Embora Aria ainda não estivesse andando oficialmente, ela tinha treinado movimentos de voo com Toby na sala de treinos que ficava no subsolo do prédio de Ezra. Muitas vezes, Ezra costumava ficar ocupando calculando e fazendo melhorias em nossos trajes durante os treinos, mas quando chegava a vez de Aria treinar, ele sempre estava lá com um semblante apreensivo no rosto, e ele sempre vibrava toda vez que ela conseguia executar algum movimento perfeitamente.
Cuidadosamente, Emily tomou Aria em seus braços com uma facilidade alucinante, me dando a sensação de que ela era uma boneca de pano. Aria, por sua vez, sorriu estonteante para Emily e enlaçou seu pescoço com os braços pequenos fortemente, a pele branca dela se destacando no cabelo escuro de Emily.
— Não me jogue muito alto, Em. — Aria pediu docemente, enquanto Emily começava a dar curtos passos em direção às folhagens do quintal de Spencer, que davam até a floresta.
— Claro, Aria. — Emily garantiu, se enfiando na floresta com Alison e Spencer atrás de si.
Eu estava prestes a fazer o mesmo quando Caleb apareceu no quintal com uma bermuda e uma camiseta branca cortada nas mangas.
— Gosto do que fez no nosso quintal. — disse. — É melhor do que um jardineiro.
— Posso fazer um desenho se me pagarem. — Brinquei e ele riu.
Caleb pegou um punhado de seu cabelo grande com uma mão e o jogou para trás num gesto que eu julguei se tratar de puro charme masculino, as mechas castanhas e lisas caíram para trás em perfeitas maretas que escorregavam. Era um truque covarde fazer aquilo com um sorrisinho nos lábios finos enquanto suas bochechas fundas ficavam em evidência, mas ao mesmo tempo em que era covarde, era inteligente, pois ele ficava belo fazendo isso.
— O que elas estão aprontando? — Indagou jogando o polegar para trás dos ombros magros na direção para onde as meninas haviam corrido.
— Brincadeiras. — Dei de ombros.
— Que tipo de brincadeira? — Ele olhou a cadeira vazia de Aria, que estava perto do banco onde ela esteve sentada.
— Pega-pega estilo voador. — Falei.
Caleb assentiu olhando para os lados.
— Escute, você não quer... Sei lá... Dar uma volta um dia desses? — Perguntei sentindo minhas bochechas esquentarem. Lembrei-me que no dia em que ocorrera aquela terrível cena de bullying com Aria na escola, Caleb tinha sentado ao meu lado na sarjeta e pedido desculpas por ter ficado encostado no meu armário. Eu não disse nada, apenas apertei o chapéu amarelo e destruído de Aria nas mãos, então ele sugeriu que comprássemos um chapéu novo para ela, naquele dia tinha olhado por alguns segundos para seus olhos castanhos antes de assentir afirmativamente e sorrir fraco.
— Tipo um... — Ele pausou, parecendo pensar se deveria continuar. — encontro?
Enrubesci imediatamente.
— Não, quero dizer que podemos comprar o chapéu de Aria. — Contornei com toda calma possível, tentando não demonstrar meu embaraço. — Lembra?
— Oh! — Exclamou. — Mas é claro!
Ele sorriu envergonhado, evidentemente da mesma maneira que sua irmã. Trocamos nossos números de telefone depois disso, sendo descontinuados por Spencer em seguida.
— Hanna! — Ela abrolhou entre os arbustos toda suada, algumas folhas verdes coladas nos seus braços e pescoço. — Aria conseguiu voar até uma árvore e agora está com medo de sair de lá! — Riu como se fosse patético.
Por alguns segundos imaginei Aria atracada num galho de árvore, as duas pernas pequenas presas uma na outra, o corpo pequeno se agarrando na superfície do tronco para não cair.
— Seria cômico se não fosse trágico. — Caleb comentou sorrindo. — Onde ela está? Preciso ver isso!
— Venham comigo!
***
— Mas que droga de piano idiota! — Ali exclamou, batendo forte nas teclas do piano preto de sua sala de estar. Ri fraco do seu estresse enquanto voltava para a sala com um biscoito roído entre os dedos e me sentava em cima do piano.
— Desaprendeu? — Debochei com um sorriso presunçoso bailando entre minhas feições, mordendo um pedaço do biscoito de polvilho em seguida.
Alison apenas ergueu os olhos para mim com uma aparência assassina, me lançando um olhar cortante quanto a minha insinuação de ela ter desaprendido a tocar piano.
— Acho que essa porcaria está com alguma corda solta. — Comentou cruzando os pés no chão e voltando a posicionar os dedos pálidos nas teclas brancas, para logo em seguida começar a tocar suavemente.
A casa de Alison, fosse o que fosse, sempre parecia um lugar de respeito quando ela começava a tocar My Fair Lady, ela adorava aquele musical. As paredes pareciam mais limpas, o chão mais estável, o ar mais puro e tranquilo. Diferente das vezes em que Jason colocava o som no máximo e a casa ficava parecendo um antro de perdição, com os amigos estranhos dele mexendo nos objetos de enfeite da Sra. DiLaurentis.
No sofá espaçoso, Harry lia um livro com as orelhas tampadas por fones de ouvido, absorto na bolha imaginária que ele mesmo havia criado. Parecia estar bastante entretido no conteúdo das páginas, tanto que nem parecia que eu e Alison estávamos ali, e isso me deu uma brecha para começar a falar sobre Caleb com ela.
— Vou sair com o Caleb hoje. — Soltei diante da expressão concentrada que ela sustentava enquanto tocava.
De repente sua melodia saiu do ritmo.
— Mas que... — Ela parou de tocar e ficou olhando para o piano, como se quisesse esfaqueá-lo com os olhos. Cogitei a hipótese de ela não ter escutado o que eu disse.
— Ouviu o que eu disse?
— Não. — Respirou fundo e voltou a tatear as teclas brandamente.
— Vou sair com Caleb hoje. — Repeti insegura.
Ela parou de tocar quase que imediatamente.
— Johnny Depp?
— É. — Concordei. — Vamos comprar um chapéu novo para Aria.
— E desde quando você precisa da ajuda dele para isso? Ele é algum tipo de expert dos chapéus? — Me assustei com sua indignação repentina.
— Ele que teve a ideia. — Dei de ombros.
— Hanna... — Começou repreensiva. — Ele é irmão da Spencer, e você sabe que ela nunca aprovaria algo assim.
— Não tem nada para ser aprovado.
— Sei que você gosta dele. — Afirmou com convicção. — Mas entenda, Marin não está para Hastings.
— Agora me senti desvalorizada. — Balancei minhas pernas, mas os dedos frios de Ali as pararam.
— Você não vai, certo? — Ela me olhou com um beicinho proposital e olhos de cachorrinho.
— Ali, só vamos até o King James dar uma olhada em alguns chapéus.
— E daí? — Perguntou. — Enquanto você vai ao King James e me larga pelo amor da sua vida, eu posso sofrer uma depressão repentina e tentar me matar me afogando na privada do banheiro, apesar do grande desperdício que seria.
— Caleb não é o amor da minha vida.
— Caleb ainda não é o amor da sua vida. — Ela corrigiu, levantando o dedo indicador em um gesto comum.
Era engraçado, e até mesmo raro o modo como ela estava sendo dramática.
— Ele deve chegar daqui a pouco. — Voltei a balançar minhas pernas enquanto Ali fitou o piano a sua frente e soltou um suspiro cansado.
— Você só pode ir com uma condição. — Ela determinou, me olhando séria. A fitei de volta, pedindo silenciosamente que continuasse. — Vai me contar tudo sobre seu encontro com o amor da sua vida quando chegar.
Dei uma risadinha leve, cobrindo minha boca com a mão.
— Alison Lauren DiLaurentis — Comecei, ainda rindo. —, o Caleb não é o amor da minha vida e isso não é um encontro.
De repente meu celular, que descansava sobre o piano, começou a vibrar rapidamente. Apanhei-o e vi a mensagem de Caleb se abrir na tela.
Você está em casa? Quer que eu te pegue?
Digitei rapidamente uma resposta, dizendo que estava na casa de Ali. Logo sua resposta de volta veio:
Ok. Vou passar aí.
— Ele está vindo. — Avisei, saindo de cima do piano de Ali, que me fitou ainda com um beiço pidão nos lábios.
— Traidora. — Ela cruzou os braços sobre o peito, como uma criança emburrada.
— Eu vou te contar tudo quando eu chegar. Prometo. — Me aproximei dela, que se manteve indolente diante das minhas palavras.
— Vou arranjar algo para me distrair. — Ela deu de ombros, fazendo uma careta de desgosto.
— Agora dá um sorriso. Caleb está me esperando. Beijo. — Baguncei seus cabelos antes de me dirigir até a porta, mas sem antes ouvi-la dizer:
— Boa sorte no encontro com o amor da sua vida, Han! — A olhei por cima do ombro com os olhos cerrados, somente para vê-la dar de ombros, sentar-se no sofá e começar a cutucar Harry para que ele acordasse de seu sono, dando leves tapas em sua bochecha pálida.
Assim que fechei a porta de carvalho dos DiLaurentis e ouvi seu som batendo rente as minhas costas, avistei Caleb escorado na porta de seu carro grande e espaçoso, que estava em frente a casa de Ali. Ele trajava um jeans frouxo, botas e um adorável casaco de moletom, semelhante aos que Aria sempre usava, e em sua cabeça estava uma touca. As mãos estavam enfiadas nos bolsos e os pés estavam cruzados. Um sorrisinho ameaçava surgir em seus lábios finos como os de uma menina.
E enquanto eu descia os pequenos degraus na varanda da casa de Alison, Caleb se desencostou do carro lentamente. Isso rapidamente me fez lembrar o costume que ele tinha de ficar escorado nos armários dos alunos de Rosewood Day, e no dia em que o vi pela primeira vez. Antes, ele não parecia ter nada de especial, mas agora, seus olhos castanhos e galantes me convidavam a um envolvimento maior, a uma aventura... O sorriso que chantageava surgir no rosto angular dele acabou aparecendo no meu, até que ficamos frente a frente.
— Você sempre deveria usar essa jaqueta. — Disse Caleb, num tom divertido.
Olhei para minha jaqueta caramelo com a gola grande que estava sob meu busto, meus cabelos estavam em um comprimento grande agora, quase do mesmo tamanho que os de Ali, porém mais escuros.
— E você sempre deveria usar touca. — Olhei para o acessório na cor cinza que cobria seus cabelos castanhos, deixando apenas algumas mechas de fora. — Tipo, sempre mesmo.
Caleb riu, uma risada doce. Seus olhos chegaram a ficar fechados e, olhando de perto, eles pareciam bem puxadinhos, como os dos asiáticos.
— Pronta? — Perguntou, me olhando em cada centímetro do rosto.
— Sempre estive.
Caleb não se preocupou em abrir porta do carro para mim, como os cavalheiros faziam. Ele apenas deu de ombros e foi até o banco do motorista sem dizer mais nada. E mesmo que muitas meninas fossem achar isso uma completa falta de descaso, eu percebi que era só o jeito dele. Caleb — assim como eu — achava que qualquer um conseguia abrir uma simples porta de um carro facilmente, não era como se só ele conseguisse fazer aquilo. Eu também conseguia, e não era necessário que ele viesse fazer isso por mim.
— Eu acho engraçado que, às vezes, você se parece muito com a Spencer, mas depois vejo que não se parecem tanto.
— Como assim? — Ele perguntou confuso, manobrando o volante com agilidade.
— Vocês se parecem fisicamente, e até mesmo em personalidade, mas em alguns momentos, esqueço que são irmãos pela falta de familiaridade. — Esclareci rapidamente, me sentindo intelectual por ter dito algo tão coerente.
— Falta de familiaridade? — Ele tirou os olhos da estrada por um segundo. — Bem, não crescemos juntos, e como você pode notar, eu cheguei de São Francisco faz pouco tempo.
— E por que você foi para lá?
— Fui morar com minha avó, ela estava sozinha e precisava de alguém depois da morte do vovô. — Comentou rapidamente, sem me olhar.
— E porque voltou agora?
— Porque ela morreu, Hanna. — Ele disse sem rodeios, como se dissesse qualquer outra coisa.
Eu abri a boca por alguns segundos, chocada.
— Oh... — Eu não sabia o que dizer. — Sinto muito...
— Não sinta. — Caleb ergueu o canto esquerdo da boca. — Estou melhor agora, os tempos ruins já se foram. — Disse solidário consigo mesmo. — Quanto à falta de familiaridade com Spencer, deve ser porque sou adotado, ou... Não sei.
Aquela informação me pegou desprevenida, pois eu nunca tive conhecimento desse pequeno detalhe. Eles eram tão parecidos fisicamente que qualquer um acreditaria facilmente que eram irmãos de sangue.
— Acha que ela te rejeita por isso? — Perguntei, inclinando a cabeça para poder olhá-lo melhor. Seus olhos brilhavam faiscantes com a luz que atravessa as janelas do carro.
— Não, de forma alguma. — Ele negou com a cabeça. — Ela sempre foi madura o suficiente para superar qualquer tipo de ciúmes bobo de irmão.
É, mas infelizmente não superava o ciúme de amiga, Hanna pensou.
— Então porque acha que falta familiaridade entre os dois? — Tornei a falar.
Caleb virou a cabeça para mim por um momento.
— Você quer mesmo falar sobre minha familiaridade com Spencer? — Ele parecia ligeiramente incrédulo.
Sorri.
— Não, só estava esperando você mudar de assunto.
***
— Olhe só! — Caleb me chamou, cutucando meu ombro delicadamente. — Eu sou o Johnny Depp.
Olhei por um segundo, ele usava uma cartola de tamanho médio na cabeça e um terno vinho lindíssimo, aberto e com a gravata frouxa.
— E eu sou a Madonna! — Exibi meu chapéu praiano gigante, que cobria parcialmente meu rosto. — Oh, por favor, me deixem em paz fotógrafos irritantes! — Coloquei minha mão sobre meu rosto, fazendo uma voz dramática que deveria soar como Madonna sendo perturbada pela imprensa.
— Ai meu Deus! Madonna, é você? — Caleb também entrou na onda, segurando meus ombros como se um fã da Madonna.
Rimos juntos. Já fazia mais de uma hora que estávamos na boutique da Mandi, brincado com as roupas e correndo entre os cabides. Caleb gargalhava a cada comentário sem noção que e fazia, seu sorriso me trazia imensa satisfação.
— Tudo bem, Madonna, temos que comprar o chapéu da Aria. — Caleb avisou, cessando o riso e tirando a cartola da cabeça e substituindo-a por sua touca. Eu não saberia dizer em qual dos dois acessórios ele ficava mais bonito.
Depois que ele foi até o provador e voltou vestido com suas próprias roupas, saímos a procura do chapéu de Aria. Ao chegarmos à seção, eu me deliciava com os chapéus mais bonitos que eu poderia usar. Mas isso ficou só no deleite mesmo, Ali nunca permitia que eu usasse esse tipo de roupa, eu deveria me vestir parecendo com ela. Segundo Ali, eu tinha que ser o que ela tinha me treinado para ser.
— Esse ficaria lindo em você. — Caleb apanhou o chapéu grande e preto, que me parecia com um Fedora, com uma linha cinza em seu contorno. Em seguida, os dedos finos de Caleb afastaram meus fios louros para trás com delicadeza enquanto ele olhava em meus olhos, para então repousar o chapéu na minha cabeça. Senti-me envergonhada, mas Hanna Marin não se deixava intimidar por nenhum garoto, então recompus minha postura e fitei-o.
— É claro que ficaria, Caleb. — Sorri altiva.
— Todos estes, na verdade. — Ele sorriu.
— Mas a questão aqui não são os chapéus que ficariam bem em mim, mas sim em Aria.
— Claro, acho que ali talvez tenha algum que caiba na cabecinha pensante dela. — Ele apontou com o dedo alguns chapéus coloridos mais a frente. Tirei o Fedora da minha cabeça e entreguei a ele, seguindo em passos decididos até lá.
No meio do caminho, distingui o chapéu que definitivamente iria ser comprado, não só por sua cor, mas sim porque no momento que o vi, avistei-o sob a cabeça viajante de Aria.
— Aquele está lido! — Comemorei me movendo em direção ao chapéu instantaneamente, pronta para pegá-lo do suporte, assim que notei o veludo roçar na minha palma, senti uma mão tocar a minha por cima suavemente, causando o aumento do meu nível de batidas cardíacas por minuto. Caleb. Olhei-o rapidamente, vendo-o sorrir e então recolher a mão.
— Eu ia pegar para você, desculpe.
— Tudo bem. — Sorri complacente, sentindo meu rosto inteiro esquentar. Isso era um péssimo sinal.
— Gostou desse?
Assenti rapidamente, pegando o chapéu e entregando a ele.
— Vamos logo, Caleb, estou começando a esquentar e isso não é nada bom.
Saímos da loja às pressas, com Caleb logo atrás de mim. Eu tinha que me acalmar, mas não tinha como com a causa do nervosismo bem ao meu lado.
— Eu fiz alguma coisa de errado? — Caleb perguntou quando já estávamos em seu carro.
— Não, Caleb. — Respondi secamente. Eu havia arruinado nossa tarde no shopping, poderíamos ter ido tomar sorvete depois da loja, poderíamos comer pipoca no Donalds, mas eu havia acabado com essas chances pelo simples fato de ter ficado nervosa. Eu não sabia se me culpava por ser tão estúpida por ficar inquieta com um simples toque de pele, ou se culpava Caleb por ficar me tocando e sorrindo daquele jeito lindo o tempo todo. — Eu só estou com medo de colocar fogo no banco do seu carro.
— Eu não me importo com isso. — Ele disse rapidamente, parecendo resignado. — Você vai treinar com o tal do Thomas agora?
— Thomas? — Franzi o rosto. — Eu não conheço nenhum Thomas, a não ser Ian Thomas, o noivo de sua irmã.
— Não estou falando dele, estou falando daquele que foi acusado de tentar cegar a irmã...
— Toby?
— Esse mesmo. — Ele concordou, parando o carro na frente da casa de Ali. — Você vai treinar com ele agora?
— Sim. — Falei. — Como sabe sobre os treinos?
Ainda bem, pensei, longe de você sua criatura irritantemente irresistível.
— Spencer fica tagarelando o dia todo sobre como Troy é incrivelmente bom em lutar e se move como um bailarino treinado para a guerra. — Ele disse imitando ridiculamente a voz de Spencer.
— Na verdade, o nome dele é Toby. — O corrigi gentilmente.
— Que seja. — Ele balançou a mão como se espantasse uma vespa insistente. — Eu posso ir junto?
Absolutamente não!
— Não sei se Ezra iria gostar... — Cocei a nuca, rezando para que ele desistisse da ideia.
— Quem é Ezra? — Ele parecia confuso. — Achei que o nome dele fosse Tommy.
— Toby. — Corrigi-o novamente, qual era o problema em decorar um nome tão fácil e curto quanto Toby? — E Ezra é o cientista que está nos ajudando com os poderes. Ele também orienta os treinos. — Só os da Aria, na verdade, refleti comigo.
— Porque você... — Caleb começou, mas eu não deixei.
— Estou atrasada para o treino. — Menti, agarrando a sacola com o chapéu de Aria nas mãos. — Tchau, Caleb. A tarde foi muito divertida. Beijos.
Sai do carro rapidamente, sentindo a alça da porta amolecer na palma da minha mão como se estivesse derretendo. Corri até a casa de Ali rapidamente, entrando com tudo na sala. Os pais dela provavelmente estavam no trabalho, e não chegariam agora.
— Cuidado ai, Marin! — Jason estava assistindo televisão no sofá com uma lata de cerveja na mão. — Quer me matar do coração?
— Não seria má ideia. — Rebati ríspida, sem olhá-lo nenhuma vez sequer.
Em resposta, ele mostrou a língua.
— Quer um pouco? — Estendeu a lata de cerveja na minha direção com um sorriso mordaz.
— Não obrigada, não quero estragar minha vida e ficar por aí que nem você. — Cuspi com voracidade. Jason ergueu as sobrancelhas, nitidamente não dando à mínima.
— Se não quisesse estragar sua vida, não estaria andando com Alison.
Ignorei seu comentário ofensivamente camuflado para com Alison.
— Onde ela está, afinal? — Bati com os braços nas laterais das minhas coxas, bufando irritada em seguida.
— Não sei. — Ele deu de ombros. — Talvez esteja no banheiro e, se eu tiver muita sorte, morreu afogada na privada.
— Eu tenho nojo de você. — Me irritei mais ainda e subi as escadas com pressa.
Rezava baixinho para que a sacola contendo o chapéu de Aria não entrasse em chamas com tanta raiva e nervosismo dentro de mim. Olhei o banheiro rapidamente só para ter certeza de que Ali não teve uma depressão repentina e se suicidou se afogando na privada — como ela mesma havia dito mais cedo. Ao ficar de frente para seu quarto, bati na porta fortemente, para que, se ela estivesse dormindo, acordasse. Uma, duas, três, quatro batidas insistentes e nada de Ali aparecer. Gritei por seu nome duas vezes, até que a resposta veio em forma de resmungos estressados.
— Droga! É a Hanna. — Ouvi-a praguejar do outro lado da porta. Imediatamente, notei que ela falava com alguém e colei meu ouvido na porta. — Eu estou apresentável?
— Acho que sim. — Respondeu uma voz baixa, a qual não soube distinguir.
Escutei os passos pesados de Ali se aproximarem da porta e tirei meu ouvido de lá. A porta se abriu rapidamente, e lá estava Alison DiLaurentis, com seu All Star cano longo, jeans e jaqueta jeans escuro. Ali amava aquela jaqueta que tinha os dizeres JOGO E ROUBO bordado de branco nas costas.
— Hanna! — Ela me saudou com um belo sorriso uniforme se delineando em seu rosto com formato de coração. — Que bom que chegou! — Eu conseguia enxergar a grande mentira que estava sendo proferida pela boca dela. Era óbvio, pelos resmungos que ela deu atrás da porta, que não queria minha presença ali.
Entrei no quarto sendo seguida por ela, apenas para me sobressaltar ao ver uma garota sentada na beirada da cama dela. Tinha cabelos escuros, um rosto quadrado e olhos negros intensos e profundos. Um olhar marcante e difícil de esquecer. Vestia um short jeans marrom e um colete por cima de uma regata com estampas, colares feitos de miçangas escuras enfeitavam seu pescoço, a pele morena brilhava com a luz do entardecer.
— Emily?
— Olá, Hanna. — Emily sorriu tímida, se levantando da cama.
— O que está fazendo aqui? — Perguntei diretamente, percebendo a pele macia de suas bochechas se avermelharem.
— Ela estava esperando eu me arrumar para irmos ao treino, Han. — Ali respondeu tranquilamente, se olhando em seu espelho e fazendo caras e bocas.
Emily nada disse. Ela apenas segurou um sorriso de canto.
— Porque demoram a...
— Ai, Hanna, vamos logo para o treino. Já estamos atrasadas.
Alison pegou as chaves de seu carro e saiu com Emily e eu atrás dela.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Bad Heroes" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.