Apaixonada Por Um Lobisomem escrita por RebOS


Capítulo 9
A Caçada


Notas iniciais do capítulo

LOBINHOOOOS )o) Aqui está o capítulo mais fodástico que eu fiz na minha vida. Bem, como ele é meio que MEGA dramático, eu tive que usar todo o drama do meu coraçãozinho azul e fazer uma coisa mais "filósofa" . MAAAAAS calmaê! O texto não está chato...na verdade, como eu disse, está fodástico.
OK, OK, OK....ABRAÇOS PELUDOS DE LOBISOMEM E ATÉ LÁ EMBAIXO *u*



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Meus pais aceitaram ir para a casa do Sr. Jones durante o fim de semana. Saímos cedo de casa para chegar lá antes do almoço. Meu olhar se fixava no mato selvagem que ficava nas laterais da estrada. Uma tontura momentânea atingia minha cabeça e eu precisava deitar a cada cinco minutos. Meu pai e minha mãe conversavam entre si nos bancos da frente, enquanto eu tentava não morrer no banco do fundo. O Monster, meu coelhinho preto, estava inquieto. Acho que alguém precisa fazer urgentemente as necessidades.

No momento, eu estava no carro ouvindo musica, esperando o enjoo e a fome passar. Minha mãe estava levando para a fazenda do Sr. Jones uma variedade de comidas feitas por ela.

–Pai, falta quanto?

–Acalme-se, estamos quase chegando.

–Quase tipo três minutos, ou quase tipo três horas?

–Sei lá, Rebecca.

Bateria do celular em 3%. INFERNO.

–A fazenda do Sr Jones tem energia elétrica?

–Nunca fomos lá, é a primeira vez.

–Disso eu sei, mas eu preciso carregar meu celular.

–Celular, celular, celular... Os jovens só pensam nisso?

Aff...que papo.

–Não, eu também penso na minha barriga que está quase virando um buraco negro de fome.

–Rebecca... –minha mãe falou com voz ameaçadora.

–Não sou só eu! O Monster está aqui quase tendo uma convulsão!

–O que você fez com ele?

–Nada! Ele quer fazer necessidades!

–Ele tem essa jaulinha toda para isso.

Olhei para o meu coelho dentro da jaulinha.

–Se ele fizer mais necessidades ali, vai acabar se afogando na própria bosta.

Meus pais se calaram, acho que meu argumento convenceu.

–É aquela fazenda ali?

–Fazenda da Bela? Não acho que isso seja do Sr. Jones.

–E aquela?

–Rebecca você quer parar de... É ali.

Meu pai parou na frente do portão e mandou eu tocar o interfone. Apertei o botãozinho e esperei o Sr Jones responder.

Alô?

–... Senhor Jones?

Quem é?

– Sou eu, Rebecca. Com meu pai e minha mãe.

Rebecca? Quem é Rebecca?

Porra, isso é Alzheimer?

– Rebecca, a garota do armazém. –respondi tentando me mostrar calma.

Aaaaah, claro. Pode entrar.

Um barulho soou nos nossos ouvidos e o portão se abriu. Voltei ao carro e meu pai seguiu o caminho. A estrada até a casa da fazenda era de terra, dava para ver vacas (ou bois, sei lá) se alimentando numa imensidão verde. Uma grande lagoa apareceu ao lado direito da estrada, com vários patinhos boiando na água escura. Dois cachorros enormes estavam bebendo água no lago e os patos não davam muita importância.

Uma casa foi se aproximando no meu campo de visão, até estarmos na frente dela. Era enorme. As paredes de fora eram brancas e o telhado tinha telhas alaranjadas. Tinha dois andares. O segundo andar exibia uma varanda que dava para ver o lado de fora. O Sr Jones estava parado na porta.

–Meus amigos! Que bom que chegaram!

–Olá, Sr Jones! –meu pai estava sorrindo.

–Eu trouxe uma panela enorme de feijoada. –minha mãe pegou a panela no porta-malas do carro.

–Opa! Pode levar para a cozinha, a casa é de vocês.

Eu peguei o Monster no colo, ficando atenta para o traseiro assustadoramente movimentado dele.

–Ah, pequena Rebecca, eu fiz uma casinha de madeira para seu coelho.

–Sério? Muito obrigada, Sr Jones. Você salvou a vida desse coelho, ele não tinha nada alem da jaulinha.

–Ho ho ho –não ele não era o papai Noel, mas a risada tinha um tom forte.

–Vou ficar por ai, Monster precisa se aliviar.

–Nós te chamamos na hora do almoço.

Eu saí correndo pelo mato até chegar num gramado. Algumas florzinhas apareciam no meio do mato verde e eu ficava vidrada na cor branca delas.

O Monster estava se movendo muito, aquilo devia ser muito urgente. Sentei-me no gramado e soltei-o.

O efeito calmo das florzinhas durava pouco, fazendo meus pensamentos voltaram logo para minha mente. Eu pensava na minha tarefa, num plano para que tudo desse certo e exclusivamente, pensava no Rudolph.

O que ele estaria fazendo agora? Ok, tudo bem que seja sexta de manha e que a escola esteja funcionando, mas eu tenho certeza que o Rudolph não estaria na escola nesta manhã.

Eu olhei ao redor, uma densa floresta rodeava a fazenda. Será que ele estaria rodando por toda a floresta neste momento? Passando pelas arvores que eu observava?

Voltei a olhar para o Monster que cheirava as florzinhas, às vezes comendo-as sem pensar duas vezes. Segurei e o coloquei sobre meu colo. Minha visão voltou para a floresta, de onde saia um homem. Por um momento, meu coração se encheu de alegria que durou pouco. Não era o Rudolph, era um homem que vinha em minha direção.

Eu levantei desesperada com o meu coelho na mão. Minhas pernas ficaram bambas e meus dentes batiam como caveirinhas de brinquedo. Eu ignorei a tremedeira de minha perna e comecei a correr.

Meu coração estava disparado e meu cérebro gritava: CORRE GAROTA, CORRE PARA SUA VIDA.

Eu corri mais e mais, pingos de suor caíam do meu rosto. Até que uma câimbra atingiu o meu músculo da perna e eu desabei.

*****

Meu corpo estava totalmente dolorido e a câimbra atingiu o ponto máximo de dor. Eu me contorci, fazendo com que minha perna ficasse reta. A dor aumentava mais e mais. O homem se aproximou de mim, observando a cena.

–Você está bem?

Eu agarrei o primeiro pedaço de pau que vi na minha frente e apontei para ele, que ergueu as mãos como forma de rendição.

–O que você quer? –perguntei tentando esconder meu medo.

–Calma, eu não vou te fazer mal.

–Por que estava me seguindo?

–Eu sou ajudante da fazenda.

Eu respirei fundo, a dor estava diminuindo.

–Ainda não respondeu minha pergunta.

–Achei que fosse uma intrusa, eu nunca te vi aqui.

–Eu sou convidada, não intrusa.

Ele ergueu a sobrancelha.

–Você também não respondeu minha pergunta.

–Que pergunta?

–Se estava bem.

–Bem? Na verdade, não.

–Câimbra?

–Acertou em cheio.

Ele deu um pequeno sorrisinho e estendeu a mão para me ajudar. Eu não recusei a ajuda.

–Meu nome é Nick.

–Rebecca.

–Acho que você vai precisar de um daqueles sprays para dores musculares.

–Sim, eu também acho.

–Eu... Vou te acompanhar até a casa grande.

–Obrigada.

Mesmo que eu não precisasse de ajuda, não recusei que ele me acompanhasse. Nick tinha um estilo simples, que era próprio para o campo. Mesmo assim, deixava visível sua beleza.

O cabelo dele era mais ou menos na altura dos ombros e estava penteado para trás. Ele era heterocromático, um dos seus olhos era vermelho e o outro era amarelo. Como eu caminhava ao lado direito dele, só dava para ver o vermelho, mas às vezes ele virava o rosto e dava para ver o amarelo também. Nas suas bochechas se destacavam covinhas adoráveis.

–Posso te fazer uma pergunta?

–Claro.

–Hã... –eu tentei arrumar a pergunta de jeito que não fosse ofensivo- Seus olhos são de verdade?

Ele franziu a testa, pelo visto a pergunta soou ofensiva do mesmo jeito.

–Eles são reais sim. A cor é muito diferente, eu concordo.

–Eu gosto de cores diferentes para os olhos. Pelo menos, você quebra o padrão de castanho, castanho e castanho.

–Nisso você tem razão. –ele disse sorrindo.

A conversa parou momentaneamente. O silencio me incomodava e a curiosidade fazia meu cérebro formular perguntas. Então ele resolveu se pronunciar.

–Quando eu era criança, os meus colegas não viam essa diferença como algo positivo.

–Todos têm colegas assim na infância. Garotos ridículos que zoam com a cara dos outros, mas que são mais ridículos que...

–Mais ridículos do que um castor vestido de papai Noel.

Eu não pude deixar de sorrir ao imaginar a cena.

–Você tem quantos anos? –ele perguntou, para puxar o papo.

–Quinze... Quase fazendo dezesseis.

–Eu tenho dezessete.

–Tão novo e já está trabalhando?

Ele olhou para o céu azul e voltou a me encarar.

–Eu tive algumas complicações quando tinha quatorze anos, e me mudei para cá para sustentar minha irmã.

–Irmã mais velha ou mais nova?

–Mais nova... Se fosse mais velha eu já tinha largado ela na rua.

–Ué, e por quê?

–Se eu não a suporto pequena, imagine grande.

–Ela tem quantos anos?

–Sete, mas têm uma mente maligna três vezes mais avançada.

–Credo, ainda bem que eu não tenho irmãos.

–Bem, depende muito do irmão.

–É...

Silencio novamente. Essas faltas de assuntos são perturbadoras.

–Rebecca, você sabia que o Sr Jones vai matar um...

–Lobisomem? Sei sim...

–O que você acha?

–Na verdade eu sou contra. Vou ter que achar um jeito de convencê-lo a não fazer essa estupidez...

–Estupidez? Acha que é uma estupidez?

–Acho estúpido e desnecessário.

–Em alguns pontos eu concordo contigo, mas tenho que informar que o Sr Jones está super preparado para essa caçada. Você não vai convencê-lo tão facilmente.

–E se você me ajudar?

–Eu? Mas por que eu?

–Por favor, você precisa me ajudar a...

–Não.

Eu paralisei. A resposta não foi agressiva, mas foi pesada.

–Como assim “não”? Você é contra e vai lutar do lado de quem está a favor?

–Estou sendo pago para isso.

–Mas...

–Rebecca, desista. Se tivéssemos alguma chance para tirar essa idéia da cabeça dele, eu até ficaria do seu lado.

–Que traição, cara. Se você fosse alguém digno, lutaria para erguer a sua idéia.

–Mas se a minha idéia é uma perca de tempo, eu prefiro não usar minha dignidade.

–Salvar uma espécie é uma perca de tempo?

–Espécie? Você...

–Sim, eu sei do babado todo! E... E eu não vou abandonar minha esperança. Se não quer lutar ao meu lado, lute contra mim então!

Ele suspirou meio nervoso e voltou a se pronunciar.

–E por acaso, como eu poderia te ajudar?!

Eu o encarei, tentando me manter alguém firme que sabia tudo o que fazer. Mas a minha mente esvaziou de idéias.

–...

–Diga! Vamos!

–Eu não sei, ok? Mas... Mas eu...

–Está vendo? Não me chame de alguém sem dignidade se não sabe nem o que fazer.

–Mas eu sei o que fazer!

–Então, conte-me.

–Não. Você pode contar para o Sr Jones e me colocar numa encrenca. Mas eu sei como você pode me ajudar.

–Ah é? Como?

–Você precisa dizer como vai acontecer a caçada.

–O que?! Você não conta os seus planos e eu tenho que contar os meus?

–Claro. No momento você está que nem os seus olhos.

Nick parou no tempo para analisar a minha afirmação. Ele franze a testa confuso.

–Hã? Como assim?

–Você está no meio termo, contra e ao mesmo tempo a favor. Essa vai ser a sua parte do acordo.

–Essa vai ser a minha “ajuda”? –ele fez as aspas com os dedos no ar.

–Exatamente. Agora, você que decide. Ou usa sua dignidade, ou não.

Ele se deu por vencido, fazendo um pequeno sorriso aparecer nos lábios e desaparecer em pouco tempo.

–E então?

–Ok, você venceu.

*******

Era depois do almoço. Minha barriga ainda estava cheia de comida e meu estomago fazia digestão lenta. Eu desci as escadas de madeira até a sala de estar, onde o Sr Jones fumava um cigarro lendo um livro de capa grossa. A sala tinha um estilo meio rústico, com estantes, mesas e cadeiras de madeira. Era de forma quadrada e tinha um sofá preto no meio com uma mesa de centro cheia de jornais. Um pouco distante do sofá e da mesinha, uma estante cheia de coisas (plantas, livros, jornais, revistas... tinha de tudo). Um grande tapete verde militar, ficava esticado debaixo de uma mesa redonda de madeira, com quatro cadeiras livres. O Sr Jones estava numa cadeira de balanço no canto da sala.

–Hã... Sr Jones?

Ele fechou o livro com rapidez e me olhou com os óculos na ponta do nariz.

–Pode falar.

–Sabe onde está o Nick?

–Nick... Nick...

Ele falava como se estivesse pensando “Quem é Nick, afinal?”.

–Ah, sim! –agora ele recordou quem era- O Nick está dando comida na lagoa dos patos. Por quê?

–Eu queria... Pedir uma lanterna para ele.

–Lanterna? Para que?

–Ler... Ler a noite!

–Ah...

–O Sr pode dizer onde achar uma?

–Eu acho que tenho uma ali encima da mesa, pode pegar para você.

Eu fui até a mesinha redonda e peguei a lanterna. Apertei o botão para acender a luz, mas a lanterna não dava nenhum sinal de vida. Tentei; tentei; tentei.

–... Droga. –murmurei baixo.

Sr Jones virou o rosto e voltou a me olhar.

–O que foi?

–Essa não funciona.

–Eu jurava que tinha carregado essa aí, ontem...

Ele olhou para o teto. Provavelmente estava pensando sobre sua velhice que batia na sua porta cada vez mais.

–Bem, já que essa não funciona, vá ao armazém de caça e pegue uma para você. Aproveite e carregue esta com as pilhas que estão sobrando numa caixa.

Ele mexeu no bolso da calça e tirou um molho de chaves prateadas.

–Essa aqui abre o armazém. –ele destacou uma das chaves, separando-a do restante do grupo.

–Obrigada, eu volto mais tarde para devolver suas chaves.

–Ok, não se apresse.

Mas eu estava apressada. Saí correndo da casa em direção ao armazém. Nick me contou que lá guardavam as armas da fazenda, tanto para caçadas como para defesa própria. Girei a chave na maçaneta e entrei. As espingardas para a caçada ao lobisomem de hoje à noite, estavam num canto separadas das outras.

Tirei as pilhas da lanterna do Sr Jones do bolso. Sair do almoço e tirar as pilhas da lanterna dos outros de propósito não é algo recomendável, mas no meu caso foi extremamente necessário.

Para a primeira parte funcionar, eu precisava entrar no armazém de caça, e consegui. Fui até as espingardas, perto delas tinham facas de prata e uns saquinhos de pano. Peguei o primeiro saquinho que vi na minha frente e olhei o que havia dentro. Balas. Balas de prata.

Felizmente, eu sabia o que fazer. Fui até uma caixa enorme cheia de balas diversas. Troquei as balas de prata com essas dentro dos saquinhos.

Bem, se lobisomens só morrem com coisas de prata, então outras balas não vão matá-lo.

Depois de ter trocado as balas dentro de todos os saquinhos, peguei uma lanterna para mim e saí do armazém. Voltei à casa grande e devolvi as chaves e a lanterna do Sr Jones.

–Conseguiu pegar a lanterna? –ele perguntou.

Fiz que sim com a cabeça e mostrei a lanterna. Ele deu um pequeno sorriso e eu voltei para o andar de cima. Os quartos ficavam na lateral do corredor e um banheiro no final. Entrei no meu quarto, o segundo a direita e fechei a porta.

Deitei na cama pensando nas possibilidades do plano dar certo. Meu celular começou a vibrar. Ligação da Amanda.

–Alô? –perguntei.

–Rebecca, eu liguei para saber por que você não foi para a escola hoje.

–Ah, eu estou na casa do Sr Jones.

–Na roça?

–Basicamente sim, mas é uma roça mais...

–Legal?

–Exatamente.

Um silencio surgiu pela falta de assunto, até a Amanda voltar a falar.

–Eu estou querendo saber sobre aquele papinho entre você e o Rudolph.

–Que papinho?

–Lobisomens. Planos. Ajudas.

–Amanda...

–Rebecca...

–...

–Vai, desembucha.

Eu respirei fundo e comecei a contar sobre tudo o que eu sabia, afinal ela é uma pessoa confiável. Sobre lobisomens, espécies, a caçada... Tudo. Quando eu acabei a Amanda ainda ficou em silencio.

–Amanda...? Alô?

–E-Eu ainda estou aqui, calma.

–Ficou muda.

–É muita informação ao mesmo tempo!

–Eu sei...

–Você vai ajudar mesmo o Rudolph?

–Vou.

–E se... E se isso te colocar numa furada?

–Eu prefiro pensar que nada vai acontecer.

–É, eu também.

–...

–Se quiser ajuda, pode contar comigo.

Eu não pude deixar de sorrir

–Valeu. Você é mesmo uma gostosa!

–Que isso, jovem!

Nós gargalhamos.

–Rebecca, hora do jantar! –minha mãe bateu na minha porta.

–Vou ter que desligar, hora do jantar.

–Tchau e boa sorte.

–Tchau, valeu pela força.

Despedimos uma da outra, depois do jantar era hora do plano ser colocado em prática.

*******

Já estava tarde, eram onze e quarenta da noite. Desci as escadas com a lanterna nas mãos e liguei, mirando a luz pelo caminho. Eu estava com minhas práticas calça jeans larga e meu tênis. Coloquei um casaco, estava fazendo frio.

De acordo com o que Nick me contou, ele estaria na frente da casa enquanto Sr Jones e seus “capangas” rodeavam a fazenda chamando atenção do lobisomem.

Esbarrei na mesa, enquanto me perdia nos meus pensamentos. O medo tomava conta da minha mente.

De repente, algo segura o meu braço. Eu virei rapidamente deixando a lanterna cair no chão.

–O que está fazendo aqui?

–Nick... Meus deuses! Quer me matar de susto?

–O que está fazendo aqui? –ele repetiu me encarando.

–Vim buscar água.

–De calça e tênis?

–Lógico! Queria que eu descesse como? Pelada?

Ele fechou os olhos tentando conter o riso.

–Você... Você não pode ficar aqui, é perigoso.

–Perigoso?

–ELE ESTÁ AQUI!

A voz do Sr Jones soou pelos nossos ouvidos, ele estava na frente da casa. Nick segurou sua espingarda e foi na frente. Eu o segui; ele me impediu; eu tentei passar mesmo assim; ele continuava impedindo minha passagem; eu o empurrei.

–Rebecca, não!

–Você não manda em mim!

Eu o empurrei mais e mais até conseguir passar para o lado de fora. Lá estava ele.

****************

Meu coração se acelerou ao ver o meu maior medo. Era alto, com pelos castanhos e alguns fios pretos. Os dentes apareciam enquanto ele rosnava. Os olhos brilhantes e amarelos encaravam o rosto do Sr Jones com as pupilas retas como a de um gato. Eu paralisei.

Sr Jones pegou a espingarda e recarregou com uma bala que tirou do saquinho. O lobisomem não se intimidou, partiu para cima com garras e dentes, fazendo o Sr Jones gritar de medo. E agora? Será que ele desiste?

–Nick! Nick! –ele gritava enquanto encarava o rosto de seu inimigo.

Nick estava gélido com os olhos heterocromáticos arregalados. Seu corpo perdeu o bronzeado, estava branco como uma vela.

–NICK! –Sr Jones voltou a gritar.

Ele não atendia o chamado, ficava parado respirando ofegante.

O velho Jones desistiu de chamá-lo e largou a espingarda. O lobisomem investiu o conjunto de garras dos seus dedos contra a pele velha do Sr Jones. Uma; Duas; Três vezes.

O homem gritava apavorado e caiu no chão com o rosto cheio de cortes, que escorria sangue. O lobisomem parou de atacá-lo e ergueu seu peitoral soltando um uivo. Três uivos foram soando nos nossos ouvidos, um atrás do outro. Havia mais lobisomens? Eles estavam respondendo ao uivo do vencedor?

O bicho virou de costas, pelo visto iria voltar para a mata. Mas o Sr Jones não se deu por vencido. Abriu o seu casaco e tirou da lateral da calça uma arma.

Provavelmente estava carregada com balas de prata. Ele ergueu com apenas uma mão, mirando no animal.

–NÃO! –gritei.

O lobisomem ergueu suas orelhas pontudas e se preparava para virar, quando um tiro atingiu suas costas. Um uivo, desta vez diferente do outro, soou pelos nossos ouvidos. Os outros não responderam.

Os pelos, as garras, as orelhas... Tudo sumiu, transformando-se em um corpo humano, que caiu de joelhos na grama. Não demorou muito para o homem cair com a face na terra, mostrando o que havia virado. Um morto.

Eu caí de joelhos na terra. Uma lágrima escorreu, ardendo em minha face. Senti uma pontada de dor no meu coração... Como se eu tivesse perdido alguém importante para mim.


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Notas finais do capítulo

...



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