A Esperança - Peeta Mellark escrita por Nicoly Faustino


Capítulo 45
Epílogo




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Me afasto um pouco, afim de observar o desenho em minha tela. Tiro minha camisa que está ensopada de suor, e sorrio, contente pelo resultado. Talvez essa seja a pintura de Katniss mais linda que eu já fiz. E olha que fiz várias, no cômodo dos fundos há um monte de telas com ela retratada. Se ela um dia ver isso, achará que eu sou um maníaco. Mas, é algum tipo de crime, achar alguém tão linda assim?

Subitamente sinto uma tontura, vou até meu quarto, vasculho meu armário repleto de remédios, e tomo um comprimido. Tomo mais um, só para garantir. Daqui a pouco irei até a casa de Katniss, tenho que me controlar. Ás vezes me pergunto, se ela percebe todas as vezes que eu tenho que segurar com força a beirada da cadeira, afim de controlar meu impulso assassino de lhe fazer algum mal. Se ela percebe quando fecho os olhos demoradamente afim de afastar as imagens distorcida que insistem em se infiltrar em minha mente. Se ela percebe quando meu corpo começa a tremer enquanto ela dorme em meus braços. Se ela percebe como fico ofegante com a enormidade da angustia que me invade algumas vezes, quando seus lábios colam nos meus. Toda a felicidade tem um custo. E se para mim ficar ao lado de Katniss, finalmente poder beijá-la sem receios, e dormir ao lado dela, for custar toda essa exaustão e angustia na luta contra o veneno em mim, é um preço pequeno a se pagar. Mínimo. Porém eu sempre fico pensando... E se um dia eu não conseguir afastar isso? E fazer algo realmente ruim contra ela? Bem no meio dessa nuvem turva de pensamentos que sempre me assolam, escuto um barulho, da porta da minha casa sendo escancarada. Desço as escadas correndo, e encontro Katniss, paralisada em frente ao retrato dela que eu estava pintando. Logo percebo que algo não está bem, quando vejo a trilha de lágrimas em seu rosto. E ela raramente vem até a minha casa. Algo muito grave deve ter acontecido.

– Katniss? – chamo. – Está tudo bem?

Ela pisca aturdida, virando seus olhos vidrados da tela, para mim. Ela olha para minha pele, agora exposta, sem a camisa. Eu coloco minhas mãos em frente ao peito, e barriga, afim de disfarçar a aparência medonha de minhas cicatrizes.

– Porque, Peeta? – ela rompe o silencio entre nós, aparentemente nervosa. – Porque você não me contou?

– Mas... é.. – gaguejo. – Do que você está falando, exatamente, Katniss?

– Você... você tem salvado minha vida... não uma, duas... Mas, várias vezes – ela diz, e mais lágrimas começam a correr pelo seu rosto.

– Eu não sei do que você está falando... – começo, e sinto novamente uma tontura.

– Você quer que eu comece por onde? – ela grita. – Quando você me deu aqueles pães, você salvou minha vida. E nem obrigado eu te disse. Quando fomos para os jogos, você se juntou aos carreiristas, para salvar minha vida, você sofreu tanto, apanhou, passou fome, frio... por mim. Foi ferido, e quase morreu, por mim... Você ia sangrar até morrer... para que eu ficasse viva...

– Katniss... por favor... pare – suplico.

– Quando fomos forçados a ir para a arena de novo – ela continua, ignorando meus apelos. – Você se voluntariou, para não permitir que eu morresse. Você matou o maldito macaco que estava quase me matando... isso quase causou sua morte... Você foi para o massacre, crente que iria morrer... mas fez de tudo para que eu ficasse viva...

– Katniss, pare – eu grito.

– Você queimou, quase até a morte, comigo... Para evitar que eu fosse linchada – ela continua, sua voz baixando num sussurro. – Você depôs a meu favor naquele julgamento, e graças ao seu depoimento, eu ainda estou viva...

Ela abraça seu próprio corpo, enquanto as lágrimas não param de fluir em seu rosto.

– Quem te contou essas coisas, Katniss? – pergunto, sentindo meu corpo estremecer com a familiar ânsia de sensações ruins provocadas pelo veneno.

– Haymitch – ela responde. – Ele me seguiu até a floresta, quando fui caçar. Conversamos praticamente o dia todo. Ele disse que eu precisava saber disto.

– Pois ele estava errado.

– Errado? Não Peeta. Eu realmente precisava saber...

– Para que? – grito. – Para me olhar dessa maneira? Como se tivesse uma dívida comigo?

Ela franze a testa, confusa.

– Você não se lembra? Quando Tresh não te matou, você disse que teria uma dívida eterna com ele. Não compreendi o que você quis dizer naquela época, mas depois eu entendi. E não queria que você achasse ter uma dívida comigo.

Ela balança a cabeça, enquanto morde seu lábio inferior.

– Não existe isso de dívida...Eu só queria entender... Por que, eu? – ela pergunta, e esfrega os olhos.

– Você não entende, nunca? Porque eu amo você – respondo, e de repente me dou conta de que não conseguirei me controlar por muito mais tempo. O veneno irá me vencer desta vez?

Katniss cobre a distância entre nós.

– Eu não sou digna do seu amor. Eu não mereço ser amada dessa maneira – ela sussurra.

– Não diga bobagens – eu replico, e dou um passo para trás, a proximidade me fazendo ofegar.

Ela se aproxima ainda mais, e toca meu peito com suas mãos quentes. Estremeço.

– Katniss, acho melhor você ir – eu digo, soando o mais calmo possível, mesmo com o desespero me consumindo.

– Não – ela dispara. – Eu não quero desperdiçar mais um segundo da minha vida, longe de você. Eu custei a reconhecer esse sentimento. Uma guerra aconteceu entre a gente, eu perdi quase tudo. Mas eu não perdi você.

Meus braços, se agitam, e quando percebo estou segurando seus pulsos, e afastando-os do meu peito.

– Por favor, Katniss – sussurro.

– Eu não posso te perder, Peeta.... Eu vou lutar com você. Contra esse veneno.

– Você não entende – começo.

– Você que não entende – ela me interrompe. – Eu amo você.

E então ela avança sobre mim, e me beija. Enquanto sua boca traça caminhos ainda desconhecidos, entre meus lábios, percebo que estou apertando fortemente seus pulsos. Mas eu simplesmente não consigo parar.

– Por favor, Peeta. Fique comigo. Não deixe essa coisa vencer – ela sussurra, entremeado aos seus beijos.

– Eu preciso de você, Katniss – eu replico, tentando afastar os sentimentos ruins.

– Você me mostrou como é ser verdadeiramente amada. E me ensinou a amar. A superar a dor. Eu vou te ajudar a passar por isso – ela diz.

Consigo afrouxar um pouco o aperto no pulso de Katniss. Ela guia minhas mãos até sua cintura. Eu a puxo junto ao meu corpo. Enquanto meus lábios percorrem seu pescoço, ela acaricia meu peitoral, meu abdômen, minha barriga, suas mãos passeiam pelo meu corpo, se agarrando a ele, como se eu fosse uma ancora mantendo-a firme, quando na verdade é ela, que me traz a lucidez. Todas as sensações ruins vão se dissipando, enquanto minhas mãos passam por suas costas, abrindo caminho por baixo do seu casaco, tocando em sua pele. Seus pelos se arrepiam ao meu toque, meu corpo produz reações que eu nunca havia sentido antes, sinto membros se enrijecerem, e o ódio do veneno se extinguir completamente sendo substituído por outra coisa. Desejo.

Fico paralisado.

– Katniss – sussurro. Minhas mãos atrevidamente, roçando os botões de seu agasalho. – Eu quero você.

– Peeta – ela diz, sua voz trêmula. – Eu nunca fiz... isso...

– Eu também não – respondo, e dou um leve beijo em seus lábios. – Se você quiser, podemos descobrir, o que se faz, juntos.

– É tudo o que eu mais quero – ela responde e sorri, corando.

Subimos para o meu quarto, eu segurando sua mão, meu corpo fervendo, de paixão.

Quando chegamos, eu fecho a porta e vou até ela. Desabotoo todos os botões de seu casaco, e o tiro. Ela tira sua blusa de seda, eu olho para seus seios á mostra, e deixo meus instintos falarem mais alto. Eu toco neles, delicadamente, enquanto Katniss deixa escapar um leve gemido. Nos despimos totalmente, e ficamos frente a frente. As mesmas cicatrizes pelo corpo. Os mesmos traumas, vivências. Pela primeira vez, não sinto vergonha da minha aparência, pois há alguém no mundo que é como eu. Katniss se deita em minha cama, eu beijo cada centímetro do seu corpo. E por fim, meu corpo está sob o seu, e mesmo sem saber o que fazer, ou como fazer, nós acabamos nos encaixando um no outro, perfeitamente, e nesse momento, nos tornamos um só. Eu beijo ardentemente seus lábios, ela arranha minhas costas, enquanto tudo flui, num ritmo só nosso. É extasiante, estar dentro de Katniss. Sinto uma explosão de prazer eclodindo, então perco a noção do tempo ou de qualquer coisa ao meu redor. Só existe Katniss e eu, vivenciando esse momento, descobrindo a paixão juntos. Acompanhando esse prazer inexplicável, vem uma felicidade serena. Eu saio de cima de seu corpo, e me deito ao seu lado. Ela está corada, ofegante, e me olha de forma enigmática.

Quero perguntar, se ela gostou, se ela se sentiu tão bem quanto eu... Mas antes que eu reúna coragem, ela se levanta, e começa a juntar suas roupas, como se estivesse arrependida. Eu me sento na cama, nu, a vergonha de repente se abatendo sobre mim.

– O que você está fazendo? – pergunto.

Ela usa seu casaco para cobrir parcialmente o corpo. Percebo que ela está tremendo.

– Acho que... – ela começa, enquanto seus olhos marejam. – Acho melhor eu ir.

– Você não gostou do que acabou de acontecer? Eu a machuquei? – pergunto, enquanto me levanto e vou até ela, segurando seu braço.

– Não é isso, Peeta... É só que...Foi tão... maravilhoso.

– Então porque está fugindo de mim?

– É assim que eu ajo. Quando sinto algo muito forte, eu fujo. É mais fácil do que encarar. E poder se perder – ela responde.

– Foi isso que você fez todo esse tempo? Fugiu de mim, por não saber lidar com seus sentimentos?

Ela assente. E dessa vez, as palavras saem da minha boca, e não da dela.

– Katniss, fique aqui comigo.

Espero segundos aterradores por sua resposta. Ela solta o casaco que segurava em frente ao corpo, e me envolve num forte abraço. Nossos corpos se colam, pele com pele. Seus lábios se aproximam de meu ouvido, e então ela sussurra:

– Sempre.

FIM!


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Notas finais do capítulo

Obs: Gratidão é a palavra que resume o que eu sinto por todas vocês, minhas leitoras maravilhosas. Sim, estou chorando aqui. Muito obrigda por cada comentário, curtida, palavras de incentivo, críticas, enfim tudo! Eu amo vocês.

Obs 2: Não reclamem que eu não detalhei algumas coisas nesse epílogo. Eu pretendo logo logo, começar uma fic, a partir da gravidez da Katniss, por isso não segui o epílogo narrado no livro. Vocês gostaram de como eu fiz? Opiniões!!!!

Obs 3: Enquanto outras fics não saem, porque vocês não leem o meu original? Eu aposto que vocês vão se apaixonar por Jack e Emy esse casal que eu criei e que mora no meu coração junto com Peetniss.
Segue o link: http://fanfiction.com.br/historia/549047/E_se/