Atlanta escrita por Luna Collins


Capítulo 31
Capítulo Trinta




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Na casa do lago, todos estavam lutando para se proteger. Penny estava indo entrar em um dos carros quando deu falta de Phillip que misteriosamente sumiu no meio da confusão. Carla e Logan estavam na linha de frente na defesa. Mas parece que a arma dela estava com pouca munição, e ela sentiu porque estava ficando leve. Ela rapidamente checou o cano do revólver, vendo que restavam apenas três balas. Ela tinha uma faca no cós da calça, e a qualquer momento partiria para a ação. Foi quando se ouviu um barulho de carros mais potentes. Eram Amy e Owen chegando com os carros fortes.

―Venham! Entrem logo! ―gritou Amy para os sobreviventes que se dividiram entre os dois grandes veículos.

―Ei... Onde está Penny? ― indagou Ivne verificando se todos estavam ali.

―Phillip também não está aqui... ―falou Grace.

―Oh meu Deus... Ela deve ter ido atrás dele. ― Judy colocou as mãos na boca, havia criado uma afeição pela menina que até se sentia responsável por protegê-la estando ou não na presença do pai. ―Tenho que ir buscá-la. ―Judy saiu do carro forte em disparada até a casa do lago para procurar por ela.

Levi estava no outro carro forte e deu falta da enfermeira.

―Cadê a Judy? ―ele observou em volta. Logan e Owen que estavam nesse carro com ele tentaram impedi-lo de ir até ela.

―Não, não vá! ―falou Owen. ―Não podemos perder tanta gente...

―Eu preciso ir. Só consegui avançar um pouco mais em minhas pesquisas por causa dela, que me ajudou. ―ele respirou fundo e saiu do carro. Owen e Logan se entreolharam.

―Tome cuidado. ―falou Logan.

―Vou salvar a Judy, mas se algo me acontecer. Diga à Grace que eu gostei de trabalhar com ela, e pra ela não desistir. Chegar com todos vocês até Savannah e concluírem as pesquisas. ―Levi respirou fundo e sorriu em despedida. Logo saiu correndo para encontrar Judy.

―Penny! ―gritava Judy com os olhos marejados procurando pela garotinha. Chegou até o outro lado da casa e viu que ela chorava em volta do corpo do pai, que havia sido mordido violentamente por alguns errantes.

―Judy... ―a garota chorava. ―Ele se foi... Primeiro a minha mãe, depois o Angelo... ―ela não conseguia falar direito.

―Vem comigo! Precisamos sair daqui agora! ―Judy estendeu a mão para a garota que se levantou cambaleando e ia em direção a enfermeira, mas um errante entrou no seu caminho, e Penny não conseguiu se desviar, sendo mordida por trás do pescoço. ―NÃOOO!!!

A enfermeira gritou em desespero e ali perto, Levi que procurava a mulher, reconheceu o grito e correu em direção a ele.

―Judy! Você está bem? ―perguntou ele.

―É a Penny... Ela foi pega. ―choramingou.

―Vá, você tem que se salvar. Eles estão vindo. ―falou o cientista.

―Eu não vou sem você! Não posso te deixar... ―Judy lamentou pelo colega de trabalho e agora um amigo. Já haviam perdido duas pessoas, perdas agora afetariam muito a defesa do grupo.

―Eles precisam mais de você... É enfermeira... Agora vá logo! ―suspirou o homem.

Judy correu relutante até a frente da casa onde o grupo estaria esperando já dentro dos carros fortes. Passou por dois errantes que pareciam entorpecidos por algum tipo de droga, estavam aéreos, Judy fez questão de parar antes que eles passassem e percebessem a presença da mulher ali. Um dos errantes era uma mulher de meia idade, vestindo um vestido longo de casamento, parecia ter sido madrinha. E o outro era homem, aparentando ser o marido que estava de smoking preto. Com a praga, estavam muito desgrenhados, roupas rasgadas e a mulher estava com a pele do rosto que parecia queimada, mostrando os ossos do maxilar. Judy se entristeceu lembrando-se da praga que tomou conta do mundo, mas logo que os errantes seguiram adiante ela correu o mais rápido que pode, torcendo para ainda estarem lá à espera dela.

―Vem! ―Grace estendeu a mão para a enfermeira que logo agarrou sua mão. Após entrar no carro, ela se sentou e Grace continuou pendurada na porta olhando para as feições assustadas de Judy. Ia respirar fundo para dizer alguma coisa, mas logo todos puderam escutar os gritos de Levi Benton, provavelmente agora sendo alimento dos errantes. Judy caiu no choro.

―Pisa fundo! ―gritou Ivne que estava no primeiro carro forte, e este foi seguido pelo carro que estavam Grace e Judy e os outros. A casa do lago agora estaria tomada de zumbis, e os sobreviventes haviam perdido mais três membros: Phillip, Penny e Levi. Cada vida ali era importante. Logo os carros pegaram a estrada principal.

―Não, não, não! ―falou Grace ao ver que Judy iria falar algo se sentindo culpada por ter deixado Levi se arriscar. ―Eu sei o que vai dizer, não se culpe. Eu conhecia o Levi, ele sempre queria fazer as coisas pelos outros. Eu também sinto o que você esta sentindo agora... ―a jovem cientista loira abraçou a enfermeira ao seu lado, confortando-a da dor.

―Agora só resta chegarmos logo a Savannah... Eu não aguento mais sofrer... ―isso foi tudo que Judy conseguiu dizer.

Amy dirigia o outro carro forte. Nele estavam também Carla, Gavin, Alicia e Jack. Enquanto a jovem pegava a estrada principal seguindo o carro forte a sua frente, reinou um silêncio constrangedor dentro do veículo. Gavin estava ao lado de Alicia que demonstrava um semblante preocupado em seu rosto. O homem sentiu que ela estava tensa e colocou suas mãos sobre as dela, fazendo-a se sentir mais tranquila.

―Acho que perdemos o Levi... ―disse Jack olhando algum ponto distante, logo voltando a se concentrar em colocar mais balas em seu revólver. Ele, juntamente com Grace que haviam sido os protetores de Penny e Phillip, pode ser que estivesse se sentindo culpado.

―Desculpe-me a sinceridade, Jack. ―Carla interrompeu os pensamentos de todos ali. ―Mas acho que foi escolha dele. Pelo que vi a parte dele foi feita. ―ela disse sem receio nenhum de ser chamada atenção por não ter sentimentos por um dos membros do grupo. ―É verdade. Podem até perguntar a Judy. Ela era mais próxima dele que todos aqui. Levi Benton era um homem decidido, o conheci pouco, mas deu para notar. ―Carla fitava atentamente os olhos de Jack, quase querendo avançar em cima dela. Alicia também tinha um bom senso de percepção.

―Eu concordo com a Carla. ―as duas trocaram um olhar combinativo. ―Aposto que as pesquisas dele estão seguras com Judy, ou foram mandadas para a base em Savannah. Ele não seria bobo de morrer sem deixar suas conclusões sobre a praga em mão seguras...

Gavin sorriu para a garota concordando também. Jack se se encostou ao assento, procurando relaxar ao máximo. Amy continuava em silêncio dirigindo. O soldado foi para o banco da frente, ficando ao lado da motorista.

No outro veículo que estava à frente, Owen dirigia e Ivne ia ao seu lado, ambos em silêncio, a ex-modelo observava a estrada escura e deserta. Era noite de lua cheia. O homem olhou atentamente para ela. Estava completamente distraída imersa em seus pensamentos, lembrando-se que um mês atrás estaria se preparando para um de seus melhores desfiles, estaria grávida, e até pensara nos nomes com seu falecido noivo. Owen a tirou de seus devaneios.

―Lembranças ruins ou boas? ―indagou ele, fitando-a rapidamente, logo voltando a olhar a estrada.

―Nem sei mais, Owen. ―ela suspirou pesadamente. ―Era tudo tão bom, e de repente virou essa desordem. ―lamentou ela com a voz sobrecarregada querendo chorar, mas se segurando. ―Mas a minha esperança continua viva. Que Savannah será um lugar bom, para viver.

―Porque sobreviver é difícil, pois a vida foi feita para ser vivida. ―ele sorriu e acariciou os cabelos da jovem modelo, fazendo-a soltar um suspiro acompanhado de um sorriso. Era um misto de emoções que talvez nem ela saberia explicar a si mesma.

Eles dirigiram mais alguns quilômetros. No primeiro carro forte, Ivne adormeceu no banco da frente. Grace e Judy continuaram apreensivas e Logan tentava dormir, o tédio estava consumindo-o. No carro de trás, Carla estava deitada cochilando no colo de Alicia, Gavin ficou entre os bancos para ver a estrada, não conseguia dormir. Jack não parava de montar e desmontar o revólver, o que logo irritou Amy.

―Dá pra parar com isso? ―indagou ela já sem paciência, sem tirar os olhos da estrada.

―Desculpa. ―murmurou Jack ainda tenso pelo que acontecera na casa do lago.

―Apenas relaxe. Sei que é difícil, mas às vezes Carla tem razão. ― ela dizia compreensiva, tentando quem sabe diminuir a tensão que pairava no ar. ―É preciso ser frio às vezes, para garantir a sobrevivência de mais vidas.

Jack olhou para Amy atentamente, ela era uma garota bem jovem, mas já sabia o que era a vida, principalmente no meio de todo esse caos que assolou o mundo.

À frente, Owen foi dirigindo mais lentamente, percebendo que havia uma placa logo ali.

“Bem vindo a Macon.”

Ele seguiu em frente, e Amy atrás não entendeu de início, só depois conseguiu ver a placa com o nome da cidade. A dez metros daquela placa, já no início da cidade, havia outra placa que interessou a Owen.

―Hum... ―murmurou Ivne ao lado dele. Abriu os olhos devagar e avaliou o local externo. Não sabia onde estava agora. ―Que cidade é esta?

―Macon. ―respondeu Owen dirigindo com cautela. Não podia ir muito para dentro da cidade, pois poderia haver uma horda de zumbis que mataria todos.

―Por que esta dirigindo pra este lado? ―perguntou Logan vendo que Owen estava beirando a cidade, indo para algum ponto específico.

―Base do exército. Fica a poucos metros. Quem sabe lá teremos ajuda, não é? ―disse o rapaz que dirigia, ainda esperançoso. A fonte dessa esperança agora era Ivne, que havia dito poucas palavras a ele, mas que o incentivou a não desistir.

―Está louco? ―Logan o reprimiu. ―Pode ser que tenham zumbis! Não vemos outra coisa nessa porra de mundo. Não mais.

―Relaxa, Logan. ―Ivne falou irônica. Sentindo o medo na fala dele. ―Agora eu aprendi a lutar. E outra coisa, podem ter sobreviventes escondidos lá. Eu sinto que sim. Espero que minha intuição esteja certa.

―Também espero, Ivne. ―disse Owen olhando nos olhos da modelo.


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