O que há de errado com Clark Kent? escrita por Maryusuke


Capítulo 5
Capitulo 5 (Final) - Nada a temer




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— Você?! – disse Metalo, surpreso. Superman continuava caído no chão atrás de Batman.

— Afaste-se dele. – ordenou Batman. E essa provocação só irritou Metalo ainda mais.

— Quem você pensa que é? – gritou Metalo. – E o que pensa que está fazendo aqui? Essa cidade não é sua!

— Está pode não ser minha cidade. Mas este é meu amigo. – disse Batman, apontando para Superman. – Por isso se afaste. Não vou mais repetir.

Metalo deu uma alta gargalhada. – Você acha que pode contra mim? Nem seu amiguinho ai está podendo. O que você, um humano de merda, pode fazer?

Batman não respondeu. Simplesmente ficou parado e cruzou os braços. Metalo entendeu isso como um desafio. A petulância de Batman só o irritava mais.

— Ora seu...! – O robô sai em disparada na direção de Batman, que mantinha a posição de braços cruzados. Quando chegava próximo ao herói sentiu um forte golpe o acertar no rosto. Ele caiu para trás com força. Ao se recobrar olhou em direção a Batman, achando que o golpe viera dele. Mas o mesmo continuava parado de braços cruzado.

Confuso mais ainda irritado, Metalo tentou uma nova investida contra Batman. Correu em sua direção, preparou o soco, e foi atingido mais uma vez no rosto, mas desta vez foi dois golpes seguidos. Metalo foi mais uma vez arremessado ao chão. Ao se levantar olhava confuso novamente para Batman, que mantinha a mesma pose imóvel. Começou a ficar assustado.

— Mas que maldito truque é esse?! – gritou.

— Já disse, não é truque. – falou Batman. – E eu não vim sozinho.

Após ouvir isso, Metalo foi golpeado mais uma vez e caiu sentado no chão. Ao olhar de novo para frente ele viu uma pessoa, mas não era Batman.

— E ai, como é que tá? – disse Flash.

A aparição súbita de Flash surpreendeu Metalo. Mas ele não se intimidou com o inimigo veloz em sua frente. Ele se levantado e diz:

— Você é um covarde Batman. Sabia que não poderia me enfrentar sozinho e chamou um amiguinho. Mas é preciso mais do que dois idiotas fantasiados para me encarar! Ouviu seu filho da...

De repente Metalo é acertado por um enorme martelo de cor verde.

— E que tal três? – perguntou o Lanterna Verde que estava flutuando no ar um pouco atrás de Metalo.

O gigante martelo some e deixa uma cratera com o seu alvo dentro e caído. Lanterna Verde se junta a Flash e Batman.

— Você percebeu que acabou de nós chamar de idiotas, incluindo você? – disse Flash ao Lanterna, que apenas sorriu.

Do nada, Metalo se levanta rapidamente e acerta Hal Jordan com um soco na espinha. Ele é aparado pelo Flash.

— Idiotas! – disse o robô enfurecido e visivelmente abatido. – Podem vim quantos quiser. Nenhum homem pode me derrotar, ouviram? NENHUM!!!

— Não seja por isso. – disse uma voz feminina que veio do nada.

Um laço dourado prende Metalo que em seguida é levantado rapidamente no ar. A Mulher Maravilha faz um movimento circular em volta de si mesma e gira o inimigo em alta velocidade, que em seguida é arremessado para uma longa distancia enquanto gritava de terror sumindo no ar.

Diana vai de encontro com os seus quatro amigos. Batman havia levantado Superman que ainda se encontrava machucado e abatido.

— Vocês... aqui? – disse Superman. – Como sabiam que precisava de ajuda?

— Depois da sua visita ontem a noite. – disse Batman. – Resolvi ficar de olho e avisei aos outros também.

— Sorte que a gente tem TV por assinatura na Sala de Justiça. – disse Flash sorridente.

—O...obrigado. – disse Superman.

— Você vai ficar bem? – perguntou Diana.

— Eu não sei...- respondeu cabisbaixo.

— Ele vai. – disse Batman. – Vamos, eu vou te dar uma carona.

— Batman apoiou Superman até o Batmóvel. Os outros membros da Liga se foram. Dentro do veiculo Batman dirigiu até a casa de Clark. Um silencio tomou conta do local por longos minutos. Até que um deles decidiu falar:

— Eu não sei o que está acontecendo comigo Bruce. – começou Clark. – Não conseguia me concentrar na luta contra Metalo. Minha mente estava confusa e pesada e minha visão borrada. Nem voar eu consigo mais. Devo estar morrendo. Não sei mais o que fazer.

— Não se preocupe eu sei quem pode ajuda-lo. – disse Bruce.

— Quem? – perguntou Clark, com um pouco de ansiedade.

— Hoje você descansa. Amanhã eu venho de buscar e te levar a um amigo meu em Gotham. E esteja de uniforme.

Sem dizer mais nada Batman chegou no prédio onde Clark morava. Estacionou em um beco e deu a Clark um pacote. Ao abrir havia roupas civis. Clark saiu do Batmóvel e se trocou enquanto o carro ia embora.

Ao entrar em seu apartamento, Clark apenas tirou os sapatos, jogou a roupa de herói ao lado e caiu com um baque na cama e lá ficou com um profundo sono causado pelo cansaço. Um redemoinho de cores e luzes dominava o sonho de Clark. Ele via amigos inimigos e lugares, estava tudo fora de ordem. Sua mente estava um caos.

***

No outro dia. Clark estava no mesmo beco onde Bruce o deixou dia atrás, vestido de Superman, como Batman pediu. O Batmovel chegou e a porta abriu automaticamente. Batman não disse nada e fez um sinal para Clark entrar, que o fez imediatamente.

—Para onde vamos mesmo? – indagou Clark.

—Quero que conheça um amigo. – disse Bruce.

O Batmovel disparou em direção a Gotham. E durante todo o percurso os dois passageiros nada falavam. Após algumas horas chegaram em Gotham e finalmente na Batcaverna. O carro estacionou e ambos saíram. Alfred estava esperando-os.

— Olá Senhor Kent. – disse o mordomo.

— Oi Alfred. – respondeu Clark.

— Alfred, o Doutor Willis. – disse Bruce.

— Por aqui senhores. – disse Alfred fazendo um movimento com a mão.

Os três adentaram a enorme caverna ate chegar em um local que não pareci estar na memoria de Clark. Havia apenas dois moveis. Uma cadeira e um divã. Na cadeira um senhor de meia idade sentava com um sorriso bondoso.

— Superman, este é o Doutor Sebastian Willis. – apresentou Bruce.

— Como vai Kal-El? – disse o bondoso doutor.

— O...olá. – respondeu Clark

— Doutor Willis é o chefe do Departamento de Psicologia de Arkham. Eu pedi a ele para conversar um pouco com você. – disse Batman.

— Perai! – dsse Clark, surpreso. – Ele é um Psicologo?

— O melhor que eu conheço. – disse Bruce.

— M...mas e aquela sua conversa de descobrir e vender minha identidade aos meus inimigos? – questionou Clark.

—Eu acho que estava meio paranoico. – respondeu Bruce com um sorriso. – E se ele descobrir e contar algo a alguém – cochichou no ouvido de Clark. – eu quebro a coluna dele.

Clark sorriu. Algo que não fazia a dias.

— Agora vou deixar vocês dois ficarem a sós. – disse Batman se retirando.

Clark ficou em pé alguns minutos sendo encarado pelo sorridente doutor.

— O que devo fazer agora? – perguntou Clark timidamente.

— Bem. Você pode fazer o que quiser. Mas que tal conversamos um pouco?

Clark se deitou no divã. Doutor Willis pediu para que ele contasse o que o incomodava. Clark disse tudo o que passara nas ultimas semanas e até mesmo antes disso quando tudo estava bem. Falou do mal estar que sentia e a vontade de abandonar a vida de herói. E assim foi por três meses. Batman toda semana levava Superman a Batcaverna e lá tinha sua sessão de psicoterapia. Enquanto isso os outros membros da Liga da Justiça vigiavam Metropolis contra alguma ameaça.

— E então Superman, como você esta essa semana? – perguntou Dr. Willis em mais uma sessão.

— Estou melhorando doutor. Estou menos irritado e durmo um pouco mais. Mais ainda tenho um problema.

— E qual é? – perguntou o doutor.

— Eu ainda não consigo voar direito como antes. – disse Clark.

— Bem Kal-El. Acho que no momento que estamos já é possível diagnosticar o que você tem baseado no que você me disse esses três meses.

—E o que é? – perguntou Clark apreensivo.

— É um típico caso de depressão. – respondeu o médico.

— Depressão. Eu? – disse Clark surpreso. – Mas como fui ficar assim?

— Isso é fácil de dizer. Você é considerado o maior herói da Terra. Querendo ou não é muita pressão. Sem contar quando precisar salvar outros mundos. Derrotar monstros e etc. Toda pessoa se sobrecarrega quando trabalha demais. Por que com você seria diferente? Ninguém é de ferro. Apesar de você ser chamado de Homem de Aço.

— Então é isso? – falou Clark, surpreso. – Uma simples depressão?

— Nenhuma depressão é simples Superman. Há algumas que incomodam menos e outras a um nível insuportável.

— Mas isso não explica porque eu não consigo mais voar. – questionou Clark.

— Me diga uma coisa. Você já nasceu com todos os seus poderes, incluindo o voo? – perguntou o doutor.

— Não. Acho que só com a superforça. O resto fui aprendendo aos poucos. Por quê?

— E o poder de voar foi fácil de aprender?

— Na verdade... – pensou Clark. – Acho que foi o mais difícil. Cai algumas vezes.

—Hum. – Willis pois a mão no queixo. – Posso estar errado. Mas acho que você não perdeu seu poder de voar. Você só não lembra mais como voar.

— Como assim?! – essa resposta foi surpreendente para Clark.

— Quando uma pessoa está extremamente em estado de desanimo, depressão e estresse, é comum que algumas reações físicas e mentais acontecem. A mais comum delas é a falta de memória. Um artista pode esquecer como pintar um quadro lindamente. Um matemático pode errar cálculos que para ele eram simples antes. Quanto mais complexo é a ação, mais difícil é de lembrar como fazer quando se esta com a mente abalada. – finalizou Willis.

— Então... Como faço pra voltar a “lembrar” como se voa? – questionou Clark.

— É meio simples, mas leva tempo. – respondeu o doutor. – Você só precisas tirar férias de herói da Terra. Até você precisa relaxar as vezes. Quando sua mente descansar ela voltara a funcionar como antes e você vai ser MELHOR que antes. Você com certeza já viu o mundo todo. Não há um lugar em que você se sinta em paz?

— Acho que há sim. – respondeu Clark com um sorriso.

Poucas horas depois, Clark Kent estava em Smallville. Resolveu passar um tempo na casa de sua mãe. Ele estava caminhando na fazenda de seus pais, parou no meio de um campo de grama longe de tudo e se deitou colocando as mãos na nuca. Ficou um bom tempo olhando o céu azul com poucas nuvens e pássaros. Fechou os olhos e sentiu o vento, o cheiro da grama e das pequenas flores. Lembrou de seu falecido pai e das coisas boas que aprendeu com ele. Lembrou dos amigos e dos bons momentos que passaram juntos. Lembrou das pessoas o agradecendo por coisas simples como tirar um gato da arvore. E lembrou de tudo que o doutor Willis disse a ele nesses três meses. Eu não sou perfeito, pensou Clark, e isso é ótimo! Ainda de olhos fechados ele deu um sorrisinho e adormeceu ali mesmo. Teve bons sonhos, ele se sentia em paz finalmente. E sem que percebesse, afogado em seu doce sono, flutuava a alguns centímetros do chão de grama.


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