Psycopath escrita por Koini


Capítulo 1
Psicopata




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Naruto abriu os olhos, sentindo os mesmos pesados. Na posição em que estava, já nem sentia mais seus braços.

Levantou a cabeça minimamente ouvindo o barulho das correntes que prendiam seus pulsos, erguendo os braços para cima. Lamentou-se por ainda estar vivo.

Era dificil respirar ali. O lugar era abafado, a iluminação precária que entrava por uma pequena e única janela jogava os raios solares que conseguiam entrar diretamente numa bancada de concreto, onde havia um lâmina muito afiada e ensanguentada.

Haviam duas estantes de madeira velha encostadas nas paredes frias daquele porão. Ele não sabia ao certo o que tinha nelas, pois não conseguia enxergar, a luz que entrava era fraca demais. Porém tinha total certeza de que nada naquele lugar era usado para o bem.

O ar pesado agora tinha um cheiro que começava a ficar pior. Ao seu lado, havia uma pessoa acorrentada do mesmo jeito que ele, porém morta. Ele fazia muito esforço para não olhar para seu lado esquerdo, se recusava a ver o defunto.

Seus devaneios foram interrompidos pelo som do rastejar de ferro no chão. Era ela de novo. O Uzumaki sentiu seu coração pesar. Daria tudo pra não ver a cara dela denovo. Seu maior sonho dentro daquele porão infernal era receber a noticia de que ela havia morrido. Da pior forma possível, de preferência.

Ouviu a porta de sua prisão ser destrancada, e a viu descer as poucas escadas: os cabelos azuis indigo caindo-lhe sobre a pele de um branco fantasmagórico, os olhos perolados com um brilho cruel. Na mão direita, um machado jazia batendo nos degraus e na outra, algo como um vidro de picles. Naruto não conseguia identificar o que havia dentro dele, além de um liquido amarelado.

- Bom dia, Naruto-kun. - Disse com a voz perigosamente doce. Colocou o vidro num canto escuro onde ele não conseguia ver. - Está abatido hoje, o que há?

- Você ainda me pergunta? - Balbuciou, a voz falha e baixa, devido a falta de uso e hidratação. - Por que não me mata logo? Porquê?! – Continuou, gritando o ultimo "porque", logo sentindo a garganta arder. Há horas não via uma gota de água.

A mulher forçou uma expressão triste.

- Naruto-kun, não grite assim comigo! - Falou manhosa a Hyuuga, enquanto seguia para perto da garota acorrentada ao lado do loiro.

- Hina, porque me deixou vê-la assim? – Perguntou o Uzumaki num murmurio.

- Bem, você precisava conhecer sua esposa de todas as formas, mesmo estando feia e fedida. – A mulher respondia calmamente, deslizando o dedo indicador pelo rosto da falecida. – Mas não reclame, vou despertá-la hoje. Vou fazer o sangue dela pular nas veias! – Dizia animada a psicopata, enquanto o loiro assistia incrédulo ela levantar o machado acima do pescoço daquela que havia sido sua noiva durante uma semana.

Deixou sua cabeça pender para baixo, apertando os olhos fortemente. Não queria ver o que viria a seguir. Hinata desceu o machado com toda força que tinha sobre ela. Como estava morta há poucas horas, seu sangue morno espirrou para todos os lados, e a cabeça foi ao chão, os cabelos róseos tingidos pelo vermelho de seu próprio sangue, que também manchara a pele alva da assassina e pequena parte dos cabelos loiros de Naruto.

- Olha como ela se faz presente entre nós, Naruto! – Gritou Hinata apreciando a cena, referia-se à todo o sangue que pintara as paredes. Aquela praga cor-de-rosa jamais a deixaria em paz. – Sakura nunca vai nos abandonar. – Continuou num tom baixo e frio. – Ela nunca vai te abandonar.

Naruto mordeu os lábios trêmulos tão forte que chegara a fazer um corte. O horror tomava conta de todo seu ser, o paralisando por completo.

- Não gostou? Ela está presente por todos os lados. Isso não é bom? – O loiro crispou os lábios, havia chegado ao seu limite.

- Você está louca Hinata! – Bradou com toda voz que tinha, sua raiva era tanta que jogou o corpo para frente, como um animal querendo ser liberto. Seus olhos marejaram. – Louca! Você não vai sair impune dessa! Se eu sair daqui, eu mesmo faço questão de te matar! Irei pra cadeia feliz! – Continuou gritando com todo fôlego, logo sentindo as consequências de seu corpo debilitado.

- Ora por quê? Me disseram para aceitar o relacionamento de vocês, e é o que estou fazendo. Trouxe vocês aqui onde estão seguros e unidos, para sempre! – Disse sorrindo genuinamente. – Ninguém poderá atrapalhá-los. – Explicou-se naturalmente.

Naruto se surpreendia mais a cada segundo. Ela parecia acreditar fielmente em sua loucura. Aquilo tudo era normal em seu ponto de vista, era certo. Parecia até que ela não enxergava o que ele via. Como se o sangue fosse purpurina no mundo dela e um ácido mortal no dele.

- Ah, lembrei-me que te trouxe um presente! – Exclamou animada, indo até o canto onde havia deixado o vidro. – Sakura estava grávida não era? Ontem quando a tirei daqui, foi para fazer o parto. – “E a trouxe praticamente morta”, pensou o loiro.

Havia sido horrível ver sua amada agonizar ao seu lado. Lembrava-se muito bem.

Estavam encarcerados ali há cinco dias. Nos primeiros três dias, antes de toda a tortura realmente começar, Hinata apenas mantinha-os presos ali. Os alimentava e ficava horas conversando com eles, como uma verdadeira louca.

Porém no quarto ela começou a fazer coisas desumanas, mas não era com o loiro, era com Sakura. Arrancara todas as unhas dela na frente dele, havia queimado a pele dela com cigarro, ficara horas espetando a rosada com agulhas. E então ela pareceu se cansar da tortura, Sakura já estava fraca demais para lutar contra, então a psicopata aplicou uma injeção de calmante que fez a rosada ficar praticamente desacordada, e a levou. O que se passou entre as duas ele não soube, mas Hinata trouxe Sakura de volta ainda viva, a beira da morte, mas viva. A prendeu novamente com os braços para cima ao lado dele e saiu, trancando-os de novo.

Quando a viu, ele logo imaginou o quê a Hyuuga teria feito, mas preferiu não acreditar. A Haruno respirava com enorme dificuldade, o sangue pingava da região de seu baixo ventre. Com dificuldade, iniciara um pequeno diálogo com seu noivo que logo ficaria viúvo.

Naruto… Você precisa… ir embora daqui…”

Ele havia ficado desesperado. Se sentia um lixo, a garota que amou durante a vida toda estava morrendo na sua frente e ele não podia fazer nada, só assistir. Ele via a pele marcada de cortes, ela estava coberta de sangue, as queimaduras, a pele inchada pelas agulhadas…

Sakura, me perdoa.” Disse aos prantos.

Não chore, Naruto. Apenas… Apenas tente sair daqui, não importa como…”

Logo ela não falara mais nada. Concluía-se então que havia morrido. Pelo resto do dia tentara soltar-se das algemas, mas ficara tão desgastado que adormecera, e agora estava ali, com aquela louca lhe dizendo que havia trazido um presente.

– Então, trouxe o filho de vocês também. Agora a família está completa! – Terminou com um sorriso que beirava a fofura, como uma criança que fez uma boa ação; mas ele sabia que não.

Quando viu o real conteúdo do vidro, que ela segurava sorrindo, não conseguiu conter o grito alto de terror e desespero: era o feto mal formado que há quatro meses vivia no útero de sua amada Sakura. Aquele era seu filho.

A ânsia de vômito apoderou-se dele, que acabou por jogar fora o suco gástrico que havia em seu estômago, já que comida ele não via há mais de um dia. A expressão de Hinata virou-se em decepção.

- Poxa, o achou tão feio assim? Pensei que ficaria feliz em ver seu filho, Naruto-kun. – Grunhiu a psicopata, que havia deixado o vidro de conserva no balcão de concreto e agora se aproximava da porta.

- Hinata… - Gemeu o loiro, sentindo como se seu corpo se desmanchasse por dentro.

A morena parou com a porta meio aberta, o corpo meio de fora do porão, pronta para ir embora.

- Bom, acho que agora vocês irão ficar bem. – Disse com ar sincero. Tomou uma lufada de ar. – Que família linda! Desejo muitas felicidades. – Falava enquanto saía e trancava a porta. – Apodreçam. – Murmurou para si mesma, com total frieza e descaso.

Abriu um litro de gasolina e foi até a porta da casa derramando o liquido. Trancara a porta e começou a dar voltas ao redor da casa, ainda espalhando o liquido.

Naruto, quando se viu só, entrou em desespero. Tudo que via ao seu redor era sangue, morte e terror.

A cabeça de Sakura caída no chão mantinha os olhos arregalados diretamente sobre ele. Gemeu temendo aquele olhar que parecia culpá-lo. Que dizia que ele havia sido fraco, que havia deixado ela morrer daquele jeito deplorável. Sua cabeça pendeu e o olhar vidrado no chão, os lábios secos e o desespero dominante. O peso da culpa era dez vezes maior do que ele podia suportar.

- Socorro. – Sussurrou com a voz falha, pedindo ajuda ao sobrenatural, pois já não havia mais esperanças para ele. Apodreceria ali.

“Naruto…” Ele começou a ouvir a voz de Sakura. “Naruto, socorro”. E então começou a se mesclar a voz dela e de uma criança que chamava continuamente a palavra “Papa”.

- Pare! – Gritou, chacoalhando a cabeça, ciente de que estava enlouquecendo. As vozes, porém não pararam.

Enquanto ligava o carro para ir embora, Hinata pôde ouvir um urro de desespero vindo do porão. Os lábios pintados de vermelho curvaram-se satisfeitos.

- Que belo som. – Admirou, riscando um fósforo, que foi jogado na trilha de gasolina que havia espalhado.

Entrou no carro com sensação de missão completa, enquanto via pelo retrovisor a casa em chamas.

Estava selado ali o fim daquilo que seria a família Uzumaki.


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Notas finais do capítulo

Se leram até aqui, não custa deixar um review, todo autor precisa né, pf ^~^

Gostaria já de agradecer a quem leu, eu particularmente gostei de escrever essa one, apesar de achar que ficou fraca para o gênero. Mas é minha primeira experiência, dêem desconto ahuahau

Beijão da Koini :*



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