Cristal de Gelo escrita por DreamingAboutLife


Capítulo 6
Capítulo 5 - Para casa


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores (:
Trago mais um capítulo desta história. Já era para ter postado ontem, mas acabei por não ter oportunidade para tal.
O capítulo é mais pequeno do que os outros que já postei, mas é um capítulo de transição na história e que me foi, definitivamente tirado a ferros. O capítulo é do ponto de vista de uma personagem que ainda não tinha sido introduzida na história mas que é importante para o seu enredo. Tornou-se complicado de escrever porque, pessoalmente, é-me difícil perceber como a sua mente funciona.
De qualquer das formas, espero que vos agrade e prometo que o próximo capitulo será maior ^^



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Capítulo 5 – Para casa

A brisa era suave contra a sua pele. O ar cheirava a tinta, a madeira acabada de cortar e a suor. A atmosfera era preenchida pelo som de vozes masculinas, produzindo gritos de incentivo e ladrando ordens, e pelo som de martelos. A voz que mais se ouvia pertencia, ela não tinha quaisquer dúvidas, ao Almirante Groleo. Uma ferocidade que ela desconhecia brilhava nos olhos do homem. Tinha de novo uma frota para comandar, por mais que não fosse a ideal, e nada lhe poderia ter levantado mais o ânimo.

Também ela deveria ter a mesma ferocidade nos olhos, a mesma alegria no coração e um sorriso no rosto. Mas a culpa corroía-a, a dúvida dominava-a. Tomara a decisão certa? A sua mente dizia que sim, mas o seu coração batia fortemente no seu peito, parecendo mais pequeno do que aquilo que um dia fora. Eles chamavam-na Mãe, eles eram os seus Filhos, mas estava a deixá-los para trás. Mas se assim não fosse, quando voltaria para casa? E então surgia uma nova pergunta: onde era a sua casa?

Barristan Selmy encontrava-se a seu lado. Postura reta, manto branco e mão sobre o cabo de mão da espada que lhe pendia da cintura. Observava o trabalho que decorria à sua frente com um renovado brilho no olhar. A felicidade do cavaleiro era palpável para ela. Recebera o seu total e incondicional apoio perante a sua decisão de aceitar as treze galés que Xaro Xhoan Daxos lhe oferecera. Não o podia censurar, também ele queria voltar para casa. Mas ela sabia que, mais do que voltar a casa, o cavaleiro desejava o seu bem-estar, então não hesitou em colocar-lhe as suas dúvidas e receios.

– Será mesmo este o caminho certo?

Sor Barristan pareceu refletir durante um momento, os olhos fixos nas galés mercantes. O casco da Legítima Princesa recebia os últimos reparos, numa tentativa de que a galé se pudesse afastar mais da costa. O cordame e o leme da Narraqqa tinham sido trocados, bem como os remos da Lagarto Listrado.

– O Vosso verdadeiro trono aguarda do outro lado do mar, Vossa Graça. – o cavaleiro acabou por responder. – Não sois desejada aqui e estais rodeada de inimigos. Se me permitíeis, penso que está na hora de voltar a casa.

Está na hora de voltar a casa.

E aquelas palavras continuaram a entoar na sua mente quando o sol se começava a pôr no horizonte e ela estava de volta à sua pirâmide. No céu alaranjado acima de si voavam Drogon e Rhaegal, em círculos em volta um do outro. Podia ver a silhueta branca de Viserion enrolada no topo da arvore do seu jardim privado, o pousio que o dragão parecia recusar-se a abandonar. Ela não deixara de notar que o dragão se afastava frequentemente dos irmãos e que, quando se lhes juntava, entrava frequentemente em conflito com Drogon. O comportamento ambos preocupava-a.

– Missandei. – chamou a pequena escriba que, ela sabia, a observava à distância, de dentro do quarto.

Ouviu os seus pequenos passos no brilhante chão de tijoleira branca, que entoavam no silêncio dos seus aposentos.

– Vossa Graça. – a rapariga respondeu aproximando-se.

– Dentro de dias estarei a embarcar numa das galés que estão aportadas na baía. – começou Daenerys – Por muito que me custe dizê-lo, parece que este não é o meu lugar e devo partir para reclamar o meu trono. Não te quero impor nada. Isto deve ser uma escolha tua. Virás comigo?

Não houve silêncio ou hesitação.

– O meu lugar é ao Vosso lado.

E com uma pequena vénia a escriba retirou-se para o lugar que ocupava previamente. E a Rainha sentiu alguma da nevoa que rodeava a sua mente dissipar-se.

Deixou escapar um suspiro, ainda observando as cores do poente sobre si. O horizonte começava a escurecer, o horizonte que ela dentro de poucos dias tentaria alcançar. E no entanto não se conseguia sentir feliz, ou aliviada, ou qualquer sentimento positivo que seria esperado que ela sentisse. Mas também não encontrava em si arrependimento ou vontade de desistir. O seu velho cavaleiro branco tinha razão. O trono do seu pai e do seu irmão aguardava-a do outro lado daquele distante horizonte. Um trono feito de ferro e espadas, forjado de batalhas, dor, fogo e sangue.

Fogo e sangue.

E foi com esse pensamento que adormeceu naquela noite.

Apenas mais três dias decorreram até que as necessárias reparações fossem feitas nas galés. Os homens haviam trabalhado dia e noite para que a partida da sua comitiva ocorresse o mais rapidamente possível. A sua terra sangrava, não havia tempo a perder. Por isso recebeu com certo alívio um sorridente almirante que lhe informou animadamente que podiam partir assim que ela o desejasse.

Aquela seria a última vez que ela veria a paisagem do topo da sua pirâmide. A vida abaixo de si ocorria num frenesim de pessoas que levavam mercadoria para as galés. A vida acima de si consistia em pequenos fiapos de nuvens que navegavam com a leve brisa e em dragões que voavam preguiçosamente em volta do edifício, nunca se afastando. E isso reconfortava-a. Os seus dragões sempre a seguiriam, não importando as suas escolhas ou o caminho que tomasse. Eles seguiriam as suas galés e cairiam sobre os Setes Reinos consigo. Talvez, sonhou, ela pudesse chegar montada em Drogon, tal como os seus antepassados haviam aparecido um dia, soltando fogo sobre os que se lhe opusessem.

A brisa soprava forte de sul quando chegou à baía. Vozes enchiam o espaço enquanto ordens eram gritadas pelos capitães, embarcando passageiros e mercadorias nas respetivas galés. As treze embarcações alinhavam-se na baía, com novas cores e novos nomes. Orgulhosas, pintadas em negro, vermelho sangue e dourado Mãe, Rhaegar, Dracarys, Khaleesi, Drogo, Rhaego, Viserys, Valiria, Tormenta, Aegon, Não-queimada, Três Dragões e Sangue tinham as suas velas negras a balouçar ao vento.

Missandei encontrava-se à sua esquerda, observando contemplativamente a água embater nos cascos negros e vermelhos. O seu lado direito era ocupado por Barristan Selmy, como ela já se havia habituado. O velho cavaleiro tinha os olhos postos nos rapazes que embarcavam na Mãe, os mesmos rapazes que treinava à semanas com esperanças de que se tornassem dignos e nobres cavaleiros. Irri e Jhiqui encontravam-se atrás de si. Podia sentir os seus tremores de medo e inquietação.

– Cavalos não podem cavalgar a água salgada, é sabido.

– A água salgada envenena os cavalos, é sabido.

Tinham dito aquando da decisão de Daenerys de cruzar o Mar Estreito, mas decidiram acompanha-la mesmo assim quando, três dias antes, lhes havia perguntado se continuariam a seu lado. O mesmo não podia ser dito dos seus companheiros de sangue. Jhogo. Aggo e Rakharo haviam decido não a acompanhar, recusando-se a percorrer um caminho que um cavalo não poderia atravessar. E talvez fosse melhor assim, Daenerys refletiu, o estilo de luta dothraki, de corpo desprotegido em cima de um cavalo, não era sequer desafiante para os grandes cavaleiros de Westeros com as suas armaduras e espadas longas.

Perdera a conta ao tempo que permanecera ali, vendo os seus pertences, exércitos, capitães, comandantes e seguidores embarcarem. Os Corvos Temerosos ocupavam uma das galés mais robustas, de casco pintado de negro, com uma barra superior vermelha, Khaleesi, ao passo que os Segundos Filhos e os Imaculados, devido ao seu grande número ocupavam duas das maiores embarcações, Rhaegar e Dracarys. Por serem companhias de mais reduzidas dimensões, os Irmãos Livres e os Homens da Mãe ocupava galés mais pequenas, Drogo e Rhaego.

O sol já se erguia alto e quente, num céu azul limpo, de um tom amarelo canário, quando Daario Naharis, comandante dos Corvos Tormentosos, surgiu diante de si, com um sorriso troto debaixo do seu bigode azul.

– Minha Rainha, está tudo a postos para a partida.

Então, acompanhada pelas suas aias, a sua pequena escriba e o seu velho cavaleiro branco, Daenerys Targaryen, a Primeira de Seu Nome, Rainha dos Ândalos, dos Roinares e dos Primeiros Homens, Senhora dos Setes Reinos, Protetora do Território, dita Daenerys, Filha da Tormenta, a Não-Queimada e Mãe dos Dragões, subiu a longa rampa de madeira que a levaria a bordo da Mãe. Para trás deixava o título de Rainha de Meeren e de Khaleesi. Bem como muitos daqueles que um dia chamara filhos.

Ocupou a proa da embarcação, comtemplando o mar calmo à sua frente. A seu lado continuavam as presenças de Missandei e de Sor Barristan. Três sombras abateram-se sobre a galé, rodopiando no ar e umas sobre as outras. O som das suas asas e a sua presença espantando as gaivotas que antes ocupavam o céu.

Daenerys tomou uma respiração profunda, inalando o cheiro salgado do mar. Por fim disse:

– Vamos para casa.


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Notas finais do capítulo

AVISO: o ano letivo está à porta, começo para a semana o meu segundo estágio, que ira durante 3 semanas, sendo que depois começam as aulas que, felizmente não irão ocupar muito do meu tempo este ano. No entanto durante as próximas semanas vai ser mais difícil conseguir escrever, além de que amanhã tenho uma entrevista de emprego (façam figas por mim) o que, se todo correr bem, também vai consumir algum do um tempo. Então o espaço de tempo entre capítulos pode aumentar, peço desde já desculpas por isso.
Bem, só me resta dizer: um comentário não ocupa muito tempo e deixa uma autora feliz.



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