Certas coisas nunca mudam escrita por Isamu H Ikeda


Capítulo 1
Certas coisas nunca mudam


Notas iniciais do capítulo

* Fanfic escrita a base de 9Goats Black Out, Sukekiyo e alguns baseados. ( Mentira, eram incenso de morango )

* Não sei o que me deu para fazer uma fic assim, ambientada no conturbado "futuro" que nos foi mostrado no Episode G... Ah é, foi a minha revolta. q Então, pois é. O Shun virou médico, gente. E aqui usei as cores do mangá mesmo :3

* Tenho que dizer que: O Shun mais velho dá trabalho. Aaahh e como dá. A_A bom, vamos ver se vocês adivinham quem é o outro. UHSAHSAUSASA.

* Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/596878/chapter/1

Tokyo estava sempre movimentada, e sempre seria. Cidades grandes são assim. Infestadas de habitantes precipitados e inquietos.

Durante o mês de fevereiro, o inverno ainda perdurava. Entretanto logo findaria e daria inicio a primavera, com as flores de cerejeira desabrochando e criando aquela chuva de pétalas rosadas que tanto encantava os estrangeiros. Entretanto essa noite, além de iluminada e colorida, era fria. Bastante fria. Mas tal clima podia ser aconchegante também. Afinal era uma época do ano especial para muitos.

Saindo de um bar exatamente as 03:49 da manhã, um rapaz de cabelos castanhos, um pouco compridos, olhava para o céu noturno com um sorriso saudosista no rosto. Parecia lembrar-se de alguma coisa naquele momento, ou de alguém.

Não iria demorar muito para amanhecer, contudo ainda havia pessoas ativas na rua. O bar só encerraria seu expediente pouco depois das seis da manhã. Riu ao constatar que o negócio do amigo ia bem. Porém logo se sentiu triste. Sabia que os homens que dormiam nas mesas do estabelecimento estavam e eram perturbadoramente solitários.

Shun era observador por natureza. Podia estar conversando sobre um assunto específico e pegar detalhes minuciosos ao seu redor com rápidos olhares. Enquanto estava lá dentro, viu um homem chorando e segurando a foto de uma mulher, um senhor que dormia em cima do balcão e um rapaz que devia estar fugindo de casa. A única companhia que tinham era dos drinks em suas mãos, ou espalhados em vários copos.

Apesar de ser um adulto, constantemente era preciso confirmar a idade dele em alguns lugares que ia. Até mesmo no trabalho continuava sendo confundido com um Residente, ao invés de um Médico. Não estariam, de fato, enganados, afinal ele saíra da residência há poucos dias. E como estava de folga, resolveu fazer uma visita a um amigo de longa data, um mestiço chamado Hyouga, para conversar sobre algo que o preocupava. Recentemente coisas estranhas estavam acontecendo na cidade. Coisas que não deveriam, em hipótese alguma, ocorrer. E isso dizia respeito ao outro trabalho de ambos.

Por hora, nada mais podia fazer. A não ser voltar para casa. Um apartamento pequeno, mas aconchegante, que não ficava muito longe de onde se encontrava. Não se fosse de carro... E cansado como estava, andou o suficiente para ir até o final da esquina e chamar um táxi. Era muito tarde para pegar o metrô também. Tarde ou cedo demais, na verdade.

Dentro do veículo, nada foi dito entre ele e o motorista. Shun afundou-se em seus pensamentos até ser deixado no começo da rua que dava para o prédio. Após pagar o taxista e desejar-lhe uma “boa noite” de descanso, outra vez o japonês olhou para cima e suspirou.

— Definitivamente não gosto de beber. – Ele disse. Mas era um pouco contraditório.

Ele não era mais um adolescente de dezesseis anos, mas admitia que preferiria beber suco de morango para sempre do que esses drinks alcoólicos que lhe davam dor de cabeça. O irônico era que isso o alentava um pouco. E odiava ter consciência disso.

Uma lágrima sorrateira escapou de seus olhos claros. Ah, é mesmo. Seus olhos tinham uma cor severamente incomum para um asiático sem nenhuma mistura. Eram de um azul esverdeado belíssimo que contribuía para sua feição infantil.

Droga, ele pensou. Percebeu que sentia falta de algumas pessoas. Continuou andando, calmamente até a frente do domicílio. Remexeu no bolso do casaco atrás da chave. Notou-se tonto no elevador e atribuiu isso ao álcool que ingerira. Devia parar, mas tinha que aprender a beber para poder sair com seu irmão mais velho. E claro... Tinha que conseguir beber sem fazer caretas quando estivesse com um certo alguém.

Seus passos ecoavam pelo corredor. Eram pesados e exaustos, loucos para um repouso. E faltava pouquíssimo para amanhecer.

Ao abrir a porta, observou algo estranho. A varanda estava aberta, com o vento esfriando a sala pequena e de lá vinha também o cheiro de cigarros. Em cima da mesa, uma caixa de chocolates foi cuidadosamente posta de modo que fosse rapidamente notada.

— Você demorou. – Disse uma voz familiar vinda da sacada. Seu dono, então, fez-se presente.

— Estava fumando? – Shun perguntou trancando a porta do apartamento. Não gostava de ver o outro prejudicando a própria saúde. Mesmo que fosse comum fumar para se aquecer.

— E você? Aprendendo a beber de novo?

Perante esse contra-ataque, o japonês inflou suas bochechas demonstrando que estava emburrado com a “resposta”.

— Certas coisas nunca mudam. Mesmo adulto, continua tendo esse rostinho de criança... – O segundo homem riu. Ele era loiro, de olhos azuis bem claros e possuía um forte sotaque. Um sorriso enfeitava sua face também bastante delicada para a idade que tinha. – Desculpe por chegar sem avisar, mas queria te fazer uma surpresa. – Falou apagando o cigarro no cinzeiro, que ficava na mesinha da varanda. Mesmo que Shun não fumasse, ele tinha um apenas para o mais velho usar.

— Se tivesse avisado, eu teria vindo mais cedo... – O jovem médico desviou o olhar, mas não estava realmente chateado.

— Você costuma ficar manhoso quando está com sono. E quando bebe, fica ainda mais. – Se aproximou o envolvendo em um longo e forte abraço. – Mas confesso que esperava poder tomar um pouco de vinho contigo hoje.

— Já disse que se tivesse avisado eu teria vindo antes... – Mesmo dizendo isso, Shun retribuiu o abraço com a mesma intensidade. – Eu...Senti sua falta...

Ich vermisse dich auch.

Os dois estavam aliviados pelo reencontro e ficaram no abraço silencioso por mais alguns segundos. Shun quase adormeceu com a cabeça escondida no ombro europeu. Mesmo com aquele cheiro sufocante de cigarro que sobrepujava o aroma acanelado que geralmente tinha nas roupas do outro. O sentiu puxando o elástico que prendia seus cabelos castanhos, soltando-os.

— Fique mais a vontade. Já estais em casa. – Ele disse apartando o abraço, com um leve carinho nos fios pardos.

— Verdade... – Shun removeu seu casaco e o paletó azul que usava, afrouxou a gravata e a retirou, deixando tudo pendurado na cadeira mais próxima. Em seguida guardou os sapatos que nem ao menos havia tirado ainda. – Oh... Agora que notei seus sapatos aqui... E o seu agasalho... – Olhou na direção do sofá e viu uma pequena mala junto a um estojo de flauta transversa. – Nossa... Não reparei nem em suas coisas...

O mais novo permanecia, ligeiramente, sem jeito. No fundo, estava envergonhado de ter aparecido meio bêbado e tonto. Sua cabeça doía quando lembrava que o maior não gostava que saísse para beber sozinho. Não por haver ciúmes, mas sim certa preocupação. Principalmente por ele não poder estar ao seu lado.

— Seus olhos foram diretos para a caixa de chocolates. Certo ou errado? – O conhecia tão bem...

— Você não costuma ser do tipo romântico, sabe... Logo ver uma caixa de chocolates assim do nada chama atenção. – Shun sorriu satisfeito. Olhou para os doces e perguntou. – Vai comer comigo?

— Vou.

Pegaram a caixa e sentaram-se no sofá. Conversavam. Fazia muito tempo desde que se viram pela última vez. O maior o puxou para mais perto de si e resolveu descansar a cabeça no ombro dele, enquanto o via provando os doces recheados, já que não era muito chegado a esse tipo de guloseima.

— Você cresceu desde aquela vez. Já não posso mais te chamar de Kleiner.

— Mas eu ainda sou menor do que você.

— Só que você era bem menor antes.... – Riu fechando os olhos – Os doces estão bons?

— Sim. Tem recheio de morango!

— Certas coisas nunca mudam. – Repetiu e respirou fundo. Podia dormir a qualquer momento.

Começou a chover. Ouviam o barulho da água e isso os relaxava.

— Manhã chuvosa. – Disse Shun.

— É boa para dormir...

O japonês virou devagarzinho o seu rosto e beijou o topo daquela cabeça dourada.

— Estava na Grécia ou na Áustria? – Ele perguntou.

— Áustria. Participei de um festival de música.

— Foi bom?

— Foi, mas...

— Mas...?

O flautista levantou o rosto e olhou para o seu “pequeno médico” sem dizer nada por longos segundos. Os olhos de Shun eram extremamente bonitos, como notas perfeitas.

— A pessoa para quem eu mais amo tocar é você. Ninguém me aplaude e entende a minha música como você.

Dito isso, trouxe com as mãos o rosto do menor para mais perto e o beijou. Um beijo cheio de saudades. Não eram do feitio deles demonstrarem afeto desse jeito, mas de vez em quando não tinha problema.

— Feliz dia de São Valentim, Shun.

— Feliz dia de São Valentim, Sorento.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

* Ich vermisse dich auch - Eu senti sua falta também em alemão.... EU ACHO.

* Kleiner - Pequeno em alemão.

* Espero que tenham gostado 8D