Do you love me? escrita por Aquarina


Capítulo 3
Chapter II – My terrible life


Notas iniciais do capítulo

Hei! Esse capítulo ta bem pequeno mas o vai ser maior!
Obrigada (pela milésima vez) à Lynda Di Angelo que fez essa capa pefecrt pra fic



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O animal caminhava lentamente pelos campos. Aquilo que um dia foi um reino, agora não passava de um lugar abandonado. Às vezes ele até pensava em fazer dali um museu quando voltasse a sua forma normal – se voltasse a sua forma normal. Ou talvez não pudesse. O reino tornara-se um lugar encantado, havia um toque de magia em cada canto. A Fera, porém, não podia desfrutar daquilo, afinal, que graça tem ser dono de um enorme castelo mágico e não ter com quem compartilhá-lo?

Parou então diante de uma enorme roseira. Havia rosas de todas as cores ali, uma mais bonita que a outra. Embora muito bela, a roseira não lhe trazia boas recordações. Ela lembrava-o quando todo o reino esvaiu-se com medo e só restou ele. Lembrava-o de sua amada e um casamento nunca realizado. Aquela roseira simbolizava o início de seus dias amaldiçoado, e simbolizaria o fim de sua maldição, se este dia tão esperado chegasse.

A Fera lamentava-se dia após dia e sentia pena de si mesma. Recusava-se a se olhar em um dos tantos espelhos que havia no castelo, onde agora vivia apenas uma criatura solitária.

Uma lágrima escapou de seus olhos e rolou por seu rosto. A noite já pairava e pequenos vagalumes iluminados rodeavam o jardim, sussurrando para o animal que observava a bonita planta.

“A Fera chora... Chega de lágrimas...” Sussurravam melodiosamente. Ele já tinha se acostumado com os sussurros impertinentes daquelas criaturinhas. “A Fera chora... Chega de lágrimas... Chega de lágrimas...!” Repetiam inúmeras vezes sem cessar.

Ele sempre tentara entender o que aqueles benditos vagalumes queriam dizer com os sussurros de toda noite. Chegara à conclusão de que só serviam para incomodá-lo, já que tentar encontrar o significado do ato nunca o levara a lugar algum.

Soltou um suspiro e voltou para o castelo. Aquela maldição já durava anos – era o que ele acreditava, pois perdera a noção do tempo. O silêncio e os livros da biblioteca de sua amada. Não era muito apto a ler, mas o que mais poderia fazer em um castelo solitário?

A Fera foi até a grande biblioteca do castelo e pegou um livro qualquer, temendo que já o tivesse lido. Então caminhou até seu quarto, sentou-se e pôs-se a ler. O livro falava sobre dragões, reinos e cavaleiros. Pensou ser a história do Rei Arthur, uma de suas favoritas. Sua mãe, a rainha Isabel, costumava ler para ele quando criança. Riu-se ao pegar-se imaginando qual seria a reação de uma pessoa quando ele dissesse que já fora um belo príncipe.

“Tolice.” Murmurou “Quem seria corajoso o suficiente para dialogar sobre o passado com uma fera como eu?”

Soltou um suspiro, ouvindo um barulhinho – com o qual já estava acostumado também. Apesar de ouvi-lo, nunca soube sua origem. De qualquer forma, não parecia ser nada perigoso, e se por acaso fosse, já teria atacado-o há anos atrás.

O animal espreguiçou-se e, antes de fechar o livro, usou uma fita para marcar a última página lida. Então, colocou-o sobre o criado mudo, analisando a capa lisa de couro. Então, ajeitou o travesseiro e deitou-se, sendo mais uma vez rodeado pelos vagalumes.

“Durma... Durma... Sonhe... Durma... Sonhe...”

A Fera fechou os olhos com força e logo relaxou. Os sussurros com tom de canto dos vagalumes acalmavam mais que o chá de camomila que as criadas preparavam para ele. Então, ele dormiu. E sonhou.

“Venha... Venha...” Os vagalumes sussurravam e a Fera seguia o som sem saber o porquê. “Mais rápido... Chega de lágrimas... Chega...” Ele ouvia os sussurros e desatava a correr, permitindo que as patas dianteiras tocassem o chão.

A enorme criatura corria sem nem mesmo saber onde estava indo, apenas seguia os vagalumes. Começava a cansar-se, mas recusava-se a parar. Já estava do lado de fora do castelo, correndo por um caminho de tijolos amarelos que agora estavam gastos e sujos por conta do passar do tempo. Então, ele chegou à roseira e adentrou àquele aglomerado de caules e espinhos. Parecia um labirinto de rosas, ma ele não estava perdido. Saberia muito bem pra onde ir enquanto pudesse seguir os sussurros dos vagalumes. Só esperava que não estivessem levando-o para o lugar errado.

Avistou uma grande pedra à sua frente e saltou, ficando de pé sobre ela. De lá, avistou uma garota. Tinha longos cabelos loiros, quase dourados. Trajava um vestido lilás simples, na altura dos joelhos. Não conseguia ver seu rosto, pois sua cabeça estava abaixada. Em suas mãos estava uma rosa branca. A Fera arregalou os olhos.

“Elisabeth...” Sussurrou antes de soltar um rugido.

“A flor dourada... A flor cura...” Os vagalumes sussurraram, mas a Fera continuou sem entender nada do que diziam.

De repente, tudo se misturou como se fizessem uma sopa com aquelas imagens. Então, a criatura acordou ofegante de volta à sua terrível vida.

...


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Notas finais do capítulo

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