Guardians I - The Divine Stones escrita por G Menegatti


Capítulo 6
VI - The Spirit of Ares




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Os ciclopes se colocaram na frente de seu, provavelmente, líder. Era cerca de uma dúzia deles e eu tinha certeza que não iriamos dar conta de tantos assim, ainda mais que tivesse uma pedra que podia fazer coisas inacreditáveis.

– Vocês vão pagar caro por terem pego minha irmã! – Ameaçou Logan batendo o porrete contra sua mão.

Os monstrengos riram do comentário dele, partindo em direção ao ataque. Cada um estava armado com um próprio porrete e se dividiram para enfrentar a mim e Logan, que estávamos próximos.

Assim que o primeiro chegou, Logan girou seu porrete, passando próximo do ciclope, que aproveitou a guarda baixa de meu amigo, chutando-o logo em seguida.

Infelizmente acabei me distraindo ao vê-lo voar alguns metros de distância e derrapar com a cara no chão, o que me causou muita dor ao receber um soco de um dos ciclopes.

Senti minha boca encher de sangue com somente um golpe, que já havia me deixado atordoado. Em seguida comece a receber pontapés dos monstros, até que me libertei com um grito.

As sombras ao redor de mim se esticaram como tentáculos, jogando os ogros para longe.

Olhei de relance para o líder deles e percebi que ele me encarava intrigado, até encontrar a pedra em minha mão e arregalar seus olhos.

– A Pedra de Hades... – Ouvi ele sussurrar.

Exibi um sorriso.

– Isso mesmo! – Tentei ameaça-lo, mas creio que soou ridículo.

– Duvido muito que você saiba como usar isso em suas mãos. – Comentou ele levantando uma de suas sobrancelhas. – Duvido até mesmo que você saiba o que é isso em suas mãos.

Infelizmente ele estava certo, mas não demonstrei nenhuma expressão, apenas o encarei.

– Solte Luna ou... – Eu realmente era horrível em fazer ameaças.

O ciclope riu.

– Ou o que? – Zombou ele. – Eu sou Polifemo, acha mesmo que vai conseguir me derrotar?

Ele olhou para trás e exibiu um sorriso.

– A propósito, você não deveria virar de costas para o inimigo. – Avisou ele e no mesmo instante que me virei, pude ver o porrete de um de seus companheiros me acertar em cheio na cara, derrubando-me pela segunda vez.

Após aquele golpe eu realmente fiquei atordoado. Tudo girava ao meu redor e eu não tinha percepção de nada do que estava acontecendo, com exceção do gosto de sangue que preenchia minha boca.

Mesmo apanhando, eu queria levantar e proteger Logan e Luna daqueles monstros, queria ser forte e acabar com eles. Mas minhas forças não me permitiam isso, apenas a sobrevivência naquele momento era importante e eu estava batalhando comigo mesmo para resistir aos golpes do ciclope.

– Kevin! – Ouvi a voz de Logan soar distante, enquanto eu engatinhava, tentando me recuperar.

E mais uma vez fui atingido pelos chutes do ciclope, acertando meu estômago e me fazendo cuspir uma grande quantidade de sangue.

Pensei que tudo estava perdido para mim. Até que ouvi um grito familiar há alguns metros de mim. E então houve um clarão no parque, seguido de muitos sons de gemidos e urros dos ciclopes.

Não sabia o que estava acontecendo, ainda estava completamente zonzo, porém voltava a consciência de forma lenta. Percebi também que o ciclope havia parado de me golpear com chutes esmagadores.

No momento em que pude me recuperar o suficiente para ver o que estava acontecendo, avistei Logan correndo em minha direção.

– Você está bem? – Perguntou ele.

O garoto estava com um corte na testa, onde o sangue escorri por todo o rosto.

– Sim. – Sentei-me então e olhei para a cena espantosa ao meu redor.

Todos os ciclopes, com exceção do próprio Polifemo que também estava tentando entender o que havia acontecido ali, agora estavam caídos no chão, mortos.

Logan estendeu sua mão e me ajudou a levantar, mas assim que a toquei senti algo me queimar.

– Ai! – Murmurei balançando a mão para resfria-la.

Ele então abriu a palma de sua mão e me mostrou uma pedra idêntica a minha e a de Luna, porém era inteiramente vermelha. Uma pequena fumaça saia de sua superfície, mostrando o quão quente estava, mas pelo visto Logan não sentia absolutamente nada.

– Você irá pagar caro por isso, seu verme! – Ralhou Polifemo, largando Luna e correndo em nossa direção.

Meu amigo então me empurrou, pedindo que eu soltasse sua irmã. E foi o que fiz sem pestanejar, embora me distraísse de vez em quando com a luta entre o ciclope e Logan.

Polifemo desferiu um golpe com seu punho, mas Logan foi mais ágil, parando o ataque ao levantar seu braço e contra-atacando com um chute no estômago do ciclope, que recuou alguns passos. Enquanto ele tentava se recuperar, Logan aproveitou a chance e pegou o porrete de seu adversário, posicionando-o próximo a cintura até erguê-lo num só movimento, acertando em cheio a cara do ciclope.

Tudo isso ao mesmo tempo em que desamarrava a corda que prendia os braços e perna de Luna, e por fim a mordaça ao redor de sua boca.

– Obrigada! – Agradeceu ela, me abraçando forte.

Luna estava trêmula e demonstrava o medo que estava sentindo.

Me aproximei de Logan, que encarava o ciclope caído no chão. Polifemo ainda estava consciente, mas isso não iria durar por muito tempo, pois o golpe que Logan havia dado tinha sido muito forte.

– Zargron virá atrás de vocês. – O ciclope já estava revirando os olhos, ou no caso, o olho. – Suas Pedras Divinas não poderão salvar vocês quando ele chegar...

– Cale a boca! – Respondeu Logan, dando-lhe um golpe final certeiro.

Luna virou a cara para não ver a cena, mas eu acabei vendo, coisa que me arrependo muito. Ver o sangue jorrar do nariz de Polifemo me causou náuseas na mesma hora. Por pouco eu não vomitei, ainda mais estando um pouco atordoado pelos golpes que o ciclope havia desferido em mim.

– Você também... – Começou Luna, observando a pedra na mão de Logan.

Ele exibiu um sorriso.

– Graças a isso, pude fazer aquilo. – E então ele apontou para os ciclopes mortos no chão.

No mesmo instante fiz uma cara de surpresa e incredulidade.

– Você... – Não consegui terminar, pois estava surpreso demais com o que ele havia dito.

– Sim. – Respondeu com um sorriso orgulhoso. – E se a sua pedra possui um espírito, a minha também deve ter...

– Ares. – Foi Luna quem disse subitamente.

Logan e eu olhamos para ela sem entender o que havia acabado de falar.

– Esta pedra possui o Espírito de Ares, o deus da guerra. – Continuou, olhando para a sua própria pedra em seguida.

– Como sabe?

Luna arqueou a sobrancelha de forma irônica.

– Sério, Kevin? – Perguntou ela. – Ele conseguiu matar uma dúzia de ciclopes em questão de minutos assim que conseguiu a pedra. Acho que em situações normais ele não faria isso.

Logan pareceu magoado.

– E Atena acabou de me contar, o que faz sentido... – E então ela mostrou o objeto em sua mão. – Esta é a Pedra de Atena, a deusa da sabedoria e irmã de Ares.

Nos entreolhamos em seguida, pensando em como nossa vida havia mudado.

– E tem mais... – Tornou a falar ela. – Não existe nenhum tio chamado Barton Diamond. Papai e mamãe inventaram ele.

Suspirei, confuso.

– E o que faremos agora? – Perguntei enquanto olhava para tantos mortos no chão, pensando se a policia chegaria a qualquer instante e nos prenderia.

– Grécia. – Luna parecia diferente e mais séria do que o normal. – Atena disse que deveríamos ir à Grécia.

Logan rapidamente recusou a ideia.

– É muito perigoso, ainda mais com tudo o que está acontecendo. – Disse ele. – Sem contar que precisamos de passaporte.

– Eu topo! – Estava confiante, já que havia perdido tudo e só me restava meus amigos. – Precisamos descobrir o que são essas coisas.

Ele guardou a Pedra de Ares então, e franziu o cenho, olhando para o céu, sem saber o que fazer.

– Tudo bem! – Cedeu por fim, com um sorriso. – Próxima parada Grécia.

Infelizmente nossa próxima parada mudou de Grécia à Los Angeles, pois ainda precisávamos tirar nosso passaporte e já comprar as passagens no LAX.

– Acho que ele gostou de você. – Apontou Luna para um cachorro parecido com um labrador, com uma pelagem cor de creme e caninos afiados. Ele parecia um ótimo cão de caça.

Logan adorava cachorros, mas sabia que seria errado leva-lo já que embarcaríamos em um avião.

– Deve estar com fome. – Disse ele, dando de ombros.

Olhei novamente para o cão, que continuava nos seguindo, com sua língua para fora. O animal não parava de olhar para Logan, e cada movimento que meu amiga fazia, ele seguia.

Não havia nenhuma coleira em seu pescoço, o que me levava a crer que estava perdido ou fora abandonado.

– Vamos lá Logan... – Tornei a falar. – Leve-o com a gente até o aeroporto pelo menos.

Não precisou insistir muito para ele acabar cedendo.

– Vocês são muito chatos. – E então parou, se agachando para acariciar o cão, que lambeu seu rosto de felicidade. – Você parece ser bravo e assustador, vou te chamar de Bob.

Luna soltou uma gargalhada.

– Uau! – Disse por fim. – Bob... Que nome mais assustador.

– O cachorro estava seguindo quem mesmo? – E então prosseguimos com a caminhada, até o carro que estava estacionado no mesmo lugar que antes.

Decidimos fazer uma pausa e comer alguma coisa, pois já era tarde e estávamos famintos. Claro, fizemos isso depois de conseguir nos limpar da batalha contra os ciclopes em um banheiro público. Então fomos almoçar no mesmo restaurante que Logan e eu tomamos o café da manhã.

Luna nos contou que Polifemo a pegou na loja em que procurava pela lista telefônica. Ele pretendia leva-la para Zargron, nome no qual era referido muitas vezes pelos ciclopes.

– Ninguém pareceu perceber que aqueles homens possuíam um olho só. – Disse Luna intrigada enquanto mastigava uma coxinha de frango. – Assim como não notaram os lobisomens.

– É como se algo distorcesse a visão deles. – Comentei. – Note que somente nós conseguimos ver o que é verdadeiro.

Não havia muito movimento naquele restaurante, o que era bom, pois assim que fazíamos o pedido ele rapidamente chegava em nossas mesas.

– Talvez vemos porque possuímos o sangue de um lobisomem, sei lá. – Era uma hipótese aceitável. – Luna e eu herdamos isso de papai. Quanto a você...

E então algo iluminou em minha mente, fazendo-me lembrar do baú de minha mãe.

– Bruxa. – Sussurrei, fazendo meus amigos não entenderem. – Eu acho que minha mãe era uma bruxa.

– Por que diz isso? – Logan havia acabado de pedir mais um refrigerante para acompanhar o lanche tamanho jumbo.

Lembrei-me de como o baú havia sido concertado magicamente da noite para o dia.

– Ela tinha um livro de bruxaria. – Expliquei. – Está na minha bolsa, junto com algumas coisas que ela havia me deixado.

– E por que nunca nos contou?

– Sinceramente? – Minha voz falhou. – Eu achava que minha mãe era louca.

Saímos do restaurante, onde Bob havia ficado do lado de fora, esperando de forma silenciosa e paciente.

– Trouxe um pouco pra você. – Ofereceu Logan o resto de seu lanche.

O cachorro deve ter se apaixonado pelo novo dono, pois parecia muito contente com a comida.

E então seguimos em frente, em direção a caminhonete do vovô. Nossa próxima missão era Los Angeles e depois Grécia.


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