Honestly? I love you! escrita por Miss Vanderwaal


Capítulo 7
Sempre foi você


Notas iniciais do capítulo

Bem, uma romântica incorrigível entediada dá nisso :P



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Ainda era o primeiro dia delas em Newark. Bem, na verdade, a escuridão do quarto daquele confortável motel indicava que era tarde da noite, talvez madrugada até, e por um momento Hanna se assustou, não sabendo que horas eram ou mesmo que dia era.

Mona remexeu-se por entre os lençóis e a pele nua de suas coxas tocou a de Hanna, fazendo a loira esquecer-se por completo de toda e qualquer preocupação com o mundo exterior. Deixou um suspiro fraco de prazer escorregar por seus lábios e apertou a morena contra si.

— Isso é muito bom – Mona murmurou, ainda sonolenta, acariciando os antebraços de Hanna.

— Ninguém jamais saberá o quanto – Hanna concordou, beijando o ombro esquerdo da garota. Riu quando ela se contorceu e prendeu um gemido em sua garganta.

— Pronto – disse a morena, fingindo estar irritada – Você conseguiu. Agora não durmo mais.

Hanna gargalhou, virando o corpo pequeno da garota de frente para si.

— Não posso dizer que foi minha intenção – defendeu-se dengosamente – Mas estou feliz por isso.

— Deus, você me deixa louca – confessou Mona bruscamente em um suspiro e enlaçou seus braços ao pescoço de Hanna, buscando por seus lábios no breu do quarto.

— Uau – disse Hanna em resposta àquele elogio repentino – Você nunca me disse isso antes.

— Bem, estou dizendo agora – concluiu rapidamente, seus lábios pareciam estar sedentos pelos da loira.

Hanna deixou-se deliciar com o calor que era transpassado para si por meio daqueles lábios macios antes de abrir os olhos; pressionou seus próprios um contra o outro, como se quisesse que o gosto da morena nunca lhe saísse da memória.

— Meu Deus – suspirou ela, em parte por causa daquele contato que havia lhe sugado o ar dos pulmões – Estamos dormindo desde o meio da tarde?

— Você se surpreende? – indagou Mona, como se já estivesse esperando isso acontecer.

— Sim e não – respondeu Hanna, um tanto confusa – Céus, eu não durmo bem assim há muito tempo. Muito mesmo. A verdade é que eu ainda não acredito que seja você, aqui, tão perto de mim – ela agarrou Mona pela cintura mais uma vez – Estive tão perto de te perder, tantas vezes que... não sei. A Lei de Murphy me assombra.

— Shhh – Mona se apressou em recolocar um indicador rente aos lábios de Hanna, mas desta vez não havia malícia no gesto – Não mais. Está bem? É minha vez de dizer que estou aqui e que não vou a lugar algum.

A morena falava com tanta convicção que Hanna precisou conter a vontade de chorar.

— Promete?

Mona colou seu rosto ao da loira e respondeu baixinho e maciamente, como se o dia estivesse muito frio e ela quisesse esquentar a garota.

— Prometo – e selou os lábios dela com os seus mais uma vez – Agora me prometa que vai esquecer isso – pediu dengosamente, traçando círculos com dois dedos da mão direita ao redor do umbigo de Hanna.

A loira emitiu um doce aham em resposta e gemeu ao sentir os lábios de Mona beijarem o local onde seus dedos haviam estado. A garota trilhou-os até o pescoço de Hanna e, em meio a um riso ofegante, perguntou:

— Está com fome?

Hanna sentiu o estômago vazio de repente e lembrou-se de que não havia comido nada desde o meio-dia. Assentiu, ranzinza à ideia de terem que se afastar para pedir o jantar.

Vestiram os robes que haviam trazido de casa e deitaram-se na cama novamente com uma bandeja entre seus corpos que carregava porções individuais de lasanha e taças de vinho branco. Não devia ser tão tarde já que o serviço de quarto ainda estava disponível.

Hanna deu a primeira garfada feliz, como se nunca tivesse provado algo tão delicioso antes na vida.

— Sabe? – suspirou ela – Eu não poderia me preocupar menos com que horas são.

— Podemos dar a desculpa de que é o falso fuso horário acabando com a gente – disse Mona, preguiçosa.

Hanna deu risada e alcançou a mão dela por debaixo da bandeja alta. Acariciou-a com o polegar e permaneceu em silêncio por um tempo.

— Eu não devia estar comendo isto – choramingou ela, levando um pedaço de sua lasanha à boca da morena.

— Cale-se, nós estamos de férias.

— Mesmo assim – deu de ombros. – Preciso me cuidar se quiser continuar causando em você o que causei hoje mais cedo.

Hanna lançou a Mona um sorriso malicioso porém pareceu ser a única a achar graça no comentário. O garfo da morena fez barulho quando ela o deixou cair no prato quase vazio. Hanna percebeu que algo a incomodava.

— O que foi? – perguntou docemente.

— Não gosto quando você diz coisas assim – Mona balançou a cabeça sutilmente; seu olhar era de puro desapontamento.

— Assim como? – Hanna genuinamente não sabia o que havia falado de errado.

— Coisas sobre sua aparência, dando a entender que eu não teria ficado com você se você não tivesse se submetido à “transformação”.

Cruzando os braços, Hanna de repente se sentiu mais insegura do que nunca.

— E teria? – perguntou, não encontrando os olhos dela.

Mona deixou um riso irônico escapar, embora sua voz já soasse um tanto nasalizada, como se estivesse a ponto de chorar.

— Sabe, eu até me ofenderia com isso, mas você realmente não sabe o que está dizendo – a garota olhou para Hanna e via-se que ela estava magoada.

— Então me deixe saber o que estou dizendo – rebateu Hanna, firme.

— Eu me apaixonei por você antes de tudo isso – admitiu a morena, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo – Antes de você se preocupar em usar maquiagem, antes de você fazer hidratação nos cabelos, antes de você emagrecer, antes de querer ser uma versão da Velha Alison.

Hanna afrouxou os braços e não pôde evitar sorrir. Gostava muito quando Mona usava a expressão Velha Alison para falar de como Ali se comportara no passado, o que era sinal de que os laços muito tênues – quase transparentes – que estava formando com sua ex-inimiga estavam de fato estreitando-se. Voltou seu olhar para a morena e o desta suavizou-se novamente. Mona estendeu o braço por cima da bandeja e tocou o rosto de Hanna.

— A Hanna gordinha que você foi há alguns anos me dava tantas borboletas no estômago quanto a Hanna não-gordinha que você é agora – admitiu, como se fosse a primeira vez que o fizesse.

— Espere aí – disse a loira em voz suave, afastando delicadamente a mão de Mona de seu rosto. – Quer dizer então que é verdade? Você... sempre foi apaixonada por mim? Desde que nos conhecemos, no sétimo ano?

— Você pergunta isso como se não soubesse.

O coração de Hanna acelerou. Aquilo era de fato uma surpresa. Parou para puxar pela memória o jeito como Mona olhava para ela aos treze anos. Bem, sim, havia algo diferente em tais olhares, algo próximo a admiração. Mas Mona costumava olhar para todas do grupo assim, até mesmo para Alison. Eram olhares que claramente diziam “eu quero fazer parte da turma de vocês”. Até aí não havia nada de surpreendente e Hanna ficou sem saber o que responder àquele último comentário.

— Eu costumava observar você de longe antes de sermos amigas – respondeu Mona ao silêncio da loira. Sua voz soava nostálgica. – Pra mim, a mais adorável do grupo sempre foi você.

Hanna tinha sérias dúvidas a respeito daquilo. Na época, ela era tímida e sem graça, e geralmente falhava nas poucas vezes em que tentava ser engraçada. Mona continuou.

— Dia após dia eu dizia a mim mesma que o fato de Ali rejeitar você apenas por você ser do jeito que era te deixava mais próxima de mim, e que de algum jeito você ainda ia perceber isso. Mas eu via esse momento se afastando pouco a pouco, graças a Ali querer te ensinar a ser como ela. 

Mona soava genuinamente triste agora. Pois, claro, ela odiara a Velha Ali e com certeza a odiaria ainda mais se houvesse mais alguém igual àquela garota para persegui-la.

De repente, aquela bandeja entre elas começou a fazer Hanna sentir que não tocava a morena em horas. Calada, colocou-a no chão e puxou Mona para si.

— Por que nunca veio falar comigo na época? – a loira sussurrou calmamente – Eu não te conhecia ainda, mas com certeza não suportaria saber que você esteve sofrendo pelos cantos por minha causa.

— E o que eu diria? – ela encontrou o olhar de Hanna e deu risada – “Oi. Sabe, eu gosto de você. De um jeito meio gay. Pode começar a conversar comigo para que assim eu não me sinta tão miserável?”

Hanna achou graça em algo no tom da voz de Mona, mas rebateu séria e calmamente:

— Por que não?

A garota olhou-a por um momento e abriu a boca para replicar, porém calou-se e aninhou-se em Hanna, como se a pergunta fosse imbecil demais para se responder.

— Eu fiquei me revirando de um lado para o outro em minha cama depois que você finalmente resolveu falar comigo de verdade, no primeiro ano – confessou Mona, a voz leve. – Por bastante tempo fiquei sem acreditar. E quando você me beijou no dia seguinte, eu simplesmente não consigo descrever o que senti. Páginas e mais páginas de antigos diários meus relatam o momento.

Hanna apertou a morena ainda mais contra si. De certa maneira, saber que ela se sentira assim desde o início a fazia sentir-se ainda mais conectada a ela. Mas também doía muito saber que fora motivo de tamanha angústia para ela. Era um sentimento puramente agridoce. E de repente Hanna começou a se sentir culpada por ter aprendido a amar Mona daquele jeito apenas ao longo dos anos.

— Como você conseguiu suportar? – indagou – Ter apenas apenas minha amizade por tanto tempo?

Ela sorriu como se fosse dar em seguida um conselho sábio.

— No começo eu achei que seria impossível. Mas, ao longo do tempo, percebi que ter você por perto era a única coisa que importava, mesmo se fosse apenas como uma amiga. E os sentimentos de antes foram meio que suprimidos sem intenção. Nem eu me dava conta mais e fui cair em mim novamente apenas quando entrei para o Radley.

Hanna permaneceu calada por mais algum tempo, sem saber o que responder, acariciando as costas de Mona. Será que também reprimira seus verdadeiros sentimentos sem intenção? Bem, se reprimira, agora todos eles a atingiam de forma abrasadora.

— Posso te fazer uma pergunta? – Mona indagou ainda colada a Hanna, sua voz soava um tanto vaga.

Qualquer coisa, a loira pensou, assentindo e mais uma vez constatando que havia se entregado total e completamente a ela. Não haviam lacunas, não haviam mentiras, não haviam segredos. Não mais. Nunca mais.

— Se não tivesse sentido pena de mim naquele dia em que falou comigo pela primeira vez – começou a morena, calmamente –, acha que teríamos nos aproximado de alguma outra forma?

Hanna pensou em abrir a boca para dizer que não havia se aproximado de Mona devido a pena, mas não era bem verdade. E a garota com certeza sabia disso.

— Talvez? – suspirou – A verdade é que eu não sei o aconteceu naquele dia. Foi como se eu tivesse te notado pela primeira vez. Era como se névoa estivesse bloqueando a minha visão para o que a Ali fazia com você, e uma vez que percebi isso, só tive vontade de te proteger, de fazer você se sentir melhor.

Hanna sabia que parte daquela vontade ainda permanecia dentro dela só que, agora, aliada a um outro tipo de sentimento. Elas encontraram os olhares.

— Eu posso não ter estado apaixonada por você desde o início – continuou a loira – Mas eu soube, desde a primeira vez que nos damos os braços, que você seria mais do que uma amiga. Que seria minha interseção.

Diminuíram a distância entre seus lábios vagarosamente, entre sorrisos. Mona seria sempre a interseção de Hanna, só que desta vez Hanna sabia que a palavra não era sinônimo de dúvida, muito longe disso, aliás. Ela tinha certeza de que estava apaixonada por sua melhor amiga, e de que ela nunca seria apenas sua namorada. Era simples assim.

— Acho que podemos dizer que eu amo a Velha Ali por ter feito o que fez comigo – Mona se afastou minimamente, falando em voz baixa. – Se eu soubesse que teria você no final, enfrentaria tudo de novo, quantas vezes fosse necessário.

E mais uma vez Hanna ficou sem palavras, precisando de um tempo para dissipar as lágrimas que se formavam no fundo de seus olhos. Ela também enfrentaria tudo de novo, se tivesse seu final feliz garantido. Isto é, se tivesse tido a certeza de que tudo ficaria bem no final, ela teria ficado mais tempo com Mona no Radley e teria dado dois tiros em Bethany ao invés de apenas um, e talvez no coração, e não nas costas. Saber que teria Mona para sempre no final das contas a teria feito não ser tão covarde, em todo e qualquer sentido da palavra.

Guiou as mãos dela até sua nuca. Compartilhavam do mesmo ar, o que nunca deixaria de eletrizar a loira por completo. Beijou Mona no rosto e desceu vagarosamente os lábios para seu pescoço. A intenção de Hanna não era recomeçar o que haviam feito horas antes, apenas prosseguir com os gestos tranquilos e se perder naquele abraço e no perfume natural da pele dela até que caísse no sono outra vez.

Sentiu os braços de Mona envolverem seus ombros preguiçosamente, indicando que ela apreciava o que a loira estava fazendo. Eram carinhos intensos mas desapressados, quase que em slow motion, como se soubessem que teriam todo o tempo do mundo para curtir uma a outra, tanto fosse quando estivessem de volta a Rosewood ou em qualquer outro lugar.

— Valeu muito a pena esperar – Hanna sussurrou rente ao ouvido de Mona, e mais uma vez, a veracidade das palavras a abalava. Sentiu-a soltar o ar em um sorriso por trás de si.

Seus olhos semicerrados, talvez um tanto sonolentos agora, viam apenas a garota a sua frente e o jeito como ela tinha seus próprios olhos também semicerrados, aproveitando cada carícia. Hanna tinha seu mundo nos braços e tinha plena ciência disso.


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Notas finais do capítulo

Eu diria que a música tema principal da fic é Let Her Go, da banda Passenger, porque, bem, porque sim. Mas escrevi este capítulo ouvindo In my Veins, do Andrew Belle (que inclusive foi tema da primeira vez de Spencer e Toby na série, uma cena Linda com L maiúsculo, diga-se de passagem), que acho que deu uma vibe especial à bagaça toda :3