Honestly? I love you! escrita por Miss Vanderwaal


Capítulo 21
O começo da mais assustadora batalha


Notas iniciais do capítulo

O bom filho à casa torna, não?
Ah, eu estava com saudades de escrever aqui!
E aí, ansiosos pra finale, meu povo? Eu, honestamente, estou roendo-me. :3



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Mona esfregou as mãos uma na outra, pois formigavam devido à ansiedade. Ela realmente devia ter sentado para aquilo, mas agora parecia tarde demais. Ela seguia o movimento dos olhos da mãe, que iam de um lado para o outro enquanto terminavam com a análise do texto contido nas três folhas de papel grampeadas que ela segurava. De repente, Mona soube que a mulher havia terminado de ler, pois seus olhos não se moviam na horizontal como antes. Leona, porém, passou alguns segundos em silêncio e levantou devagar o olhar para a filha.

— Você não está mesmo... querendo que eu deixe você fazer isso, está? – a mulher por fim perguntou calmamente, parecendo estar de fato confusa.

Mona congelou por um considerável tempo, sem saber direito o que deveria responder. Ela não havia ensaiado um discurso e não pensara em nada especificamente enquanto caminhava de volta da casa de Hanna. Na verdade, ela pensava que não precisaria realmente pensar em algo para dizer. Ela pensava que sua mãe apenas a compreenderia, como sempre fizera.

— Sim – disse ela, sentindo-se ainda travada – Sim, estou.

— Bem, acho que você já sabe qual é a minha resposta, não é? – Leona largou as folhas sobre a mesinha de centro e deu as costas à filha simplesmente.

Como se tivesse recebido finalmente um sopro de vida ou um copo de água gelada no rosto, Mona sentiu outra vez o sangue correr em suas veias.

— Não – ela seguia a mãe apressadamente até a cozinha –, não sei. Não mais. Quer dizer, por quê?

— Mona! – a mulher apoiou as mãos nas laterais da pia – Como você espera que eu permita que você faça algo assim? Você chega aqui e em dez minutos me conta que pretende ser doadora renal em doze horas? E aliás, com permissão de quem você simplesmente decide fazer aquele exame de sangue? Você pode já ter dezoito anos, mas só vai ser legalmente emancipada aos vinte e um. Não podia ter feito isso sem antes ter falado comigo.

Leona falava como se a filha tivesse feito uma simples travessura que a deixaria de castigo. Sentindo-se finalmente de mãos atadas, Mona começou a se desesperar internamente. Parecia que a mãe não iria mudar tão cedo de ideia. Mas, droga, uma vida dependia daquilo! Ela não podia deixar que sua mãe a fizesse dar para trás.

— Eu precisei... – disse ela fracamente.

— Precisou? – Leona virou-se para a filha com uma mão na cintura – Diga-me, desde quando Alison DiLaurentis passou a ser uma parte importante na sua vida?

Mona calou-se outra vez. Tal pergunta era a mais abrangente que poderiam fazer-lhe na vida. Envolvia... tanta coisa! Iniciar uma sessão “verdade” com a mãe ali, naquele momento, tomaria tempo demais. Tempo esse de que Alison dependia. Ela não podia estender aquilo, embora doesse de um modo indescritível o fato de que ela tivera uma vida dupla atá algum tempo atrás e nunca poderia falar disso com Leona. Arriscar perder a mãe estava fora de cogitação para Mona.

— Esqueça que se trata de Alison – disse a garota finalmente, tentando manter-se calma – Se fosse Hanna quem precisasse de uma parte de mim para sobreviver... o que você diria?

— Isso é completamente diferente. Vocês duas se amam. Eu percebi isso no primeiro dia que você a trouxe para cá. – a mulher fez uma pausa e sorriu docemente – Não tem comparação quanto a se arriscar por causa dessa garota.

Pelo jeito como Leona falava, era quase como se ela nutrisse algum tipo de repulsa por Alison dentro de si. Por que, afinal? Nunca, durante todos aqueles anos, Mona se queixara para a mãe a respeito dos insultos diários de Alison. Até onde Mona sabia, Leona sempre pensara em Alison como a jovem impecável cuja amizade a filha sempre almejara.

— Como “me arriscar”, mamãe? – Mona rebateu, sentindo os músculos do abdome tensionados devido ao esforço que ela fazia para se fazer escutar – Não é uma ação suicida. Eu e Ali vamos estar nas mãos de pessoas que sabem o que estão fazendo, que fazem esse tipo de coisa todos os dias!

— Certo, mesmo assim. – Leona sobrepôs sua voz à de Mona – Você está ciente de que, depois que fazer isso, vai ter que passar a tomar remédios pelo resto da vida?

— Não. – a garota corrigiu, firmemente – Ali terá. Eu não. O doador geralmente recebe alta depois de alguns dias e é como se nada tivesse acontecido.

Leona pregou seus olhos castanhos nos da filha por um tempo consideravelmente longo. Estavam ainda ríspidos, rígidos por pura preocupação – Mona entendia e apreciava isso –, mas era quase como se estivessem querendo entregar-se à doçura usual novamente.

— Você não vai fazer isso. – disse ela num tom baixo e cortante – E essa conversa acaba aqui.

E a mulher virou-se, andando em direção a um dos armários da cozinha para realizar algum trabalho mundano. De cabeça baixa, Mona ouviu o barulho dos sapatos de saltos curtos da mãe até que tal cessou e deu lugar apenas ao silêncio igualmente cortante. O silêncio que indicava que ela provavelmente havia perdido a batalha. Isto é, nunca que iriam deixá-la fazer aquela cirurgia sem que Leona fosse com ela à clinica para os exames pré-operatórios em primeiro lugar. É claro, se isso não fosse necessário era só questão de falsificar uma assinatura, e Mona já havia sido muito boa nisso.

Mas nada seria mais tão fácil e, sentindo a primeira lágrima escorrer, Mona subiu as escadas que davam para seu quarto. Como diabos ela iria encarar Emily depois daquilo? Depois de ter ouvido a voz emocionada dela no início daquela mesma tarde ao telefone? Como ela poderia quebrar um coração até agora cheio de esperança? Como ela poderia dizer a Emily que o plano falhara?

Já em sua cama, Mona abraçou as pernas e deixou que o choro viesse. Grande parte de si precisava desesperadamente de Hanna e desejou ligar para a loira e dizer apenas que estava com medo. Dizer também que, se Ali estava indo para a fila de espera, era por culpa sua.

Ela não sabia dizer por quanto tempo ficara ali, encolhida na mesma posição colocando para fora tudo o que a estava angustiando, mas já havia parado de chorar e tinha seu celular em mãos – e uma louca vontade de apertar o botão de discagem rápida e intimar Hanna a vir até ali para vê-la – quando sentiu a presença de alguém à porta de seu quarto.

— Oi, coelhinha – Ned cumprimentou-a docemente, como se ela ainda estivesse na pré-escola, sorrindo.

Mona devolveu o sorriso tímido, embora ainda estivesse com o rosto úmido.

— Eu acabei de chegar – disse ele calmamente, sentando-se ao lado da garota e passando um braço pelos ombros dela – e de saber sobre o que você pretende fazer.

— Acho que não pretendo mais. – replicou ela, ríspida – E acho também que ela já deve ter te envenenado para que assim você concorde com ela, não é?

— Qual é, você a conhece – disse ele ainda com sua calma inabalável – Sabe que ela é de tudo, menos venenosa.

Mona sabia. Mas ela realmente estava com raiva. Sua mãe sempre a apoiara, nas situações mais inimagináveis. Quer dizer, uma filha namorando outra outra garota normalmente era um pesadelo para quase todo o tipo de família, mas não para aquela em particular. E agora, no momento em que Mona realmente, do fundo de seu âmago, desejava fazer algo de bom à alguém, Leona bancava a do contra. Era indecifrável, e Mona sentia que não tinha nada a ver com o fato de ela se “arriscar” em uma mesa cirúrgica. A aversão era ainda mais ampla, como se fosse uma ofensa para Leona a filha se voluntariar para salvar Alison.

— Ela não entende – disse a garota fracamente, sentindo a voz embargada outra vez – Eu preciso fazer isso.

Ned ficou em silêncio por algum tempo. Ajeitou uma mecha do cabelo de Mona atrás de sua orelha e sorriu novamente.

— Falando assim, sabe de quem você me lembra?

Mona permitiu-se relaxar no colchão e sorrir também.

— Quem?

— James – disse ele, parecendo estar bastante orgulhoso.

Mona sentiu seu sorriso alargar-se. Ela quase nunca escutava o nome de seu “primeiro pai”, como costumava dizer para falar de James quando era pequena. Era de fato difícil pensar em si mesma tendo outro pai além de Ned, o tio que sempre estivera nas apresentações de Dia dos Pais no jardim-da-infância.

— É mesmo?

Ned riu levemente.

— Você pode ter saído fisicamente parecida com a sua mãe, mas tem o gene de James, com certeza. Ele era um moleque quando você nasceu. No começo eu não achava que ele ia dar conta de vocês duas e ainda do trabalho dele. Mas o cara me surpreendeu. E você é igualzinha a ele. – Ned tocou o queixo de Mona – Forte e destemida.

Mona recostou a cabeça no ombro dele.

— Eu sei que parece meio impossível, mas eu me lembro de certas coisas. Coisas pequenas, flashes dele. Como as vezes em que ele me dava banho e eu ficava brincando com os cachinhos dele – ela concluiu com uma risada.

— Ele era louco por vocês duas – informou Ned em uma voz nostálgica.

— Mamãe diz que eu tinha onze meses na época do acidente.

O homem assentiu.

— E especialmente agora eu olho para você e parece que ele ainda está aqui – ele encontrou os olhos da garota – James era o tipo de cara que arrancaria um rim de si próprio para doar a um completo estranho se ele pedisse.

Mona respirou fundo de olhos fechados, por um breve momento permitindo-se pensar em si mesma como uma pessoa boa o suficiente para receber aqueles elogios.

— Alison não é uma completa estranha, pai – alegou, saboreando dizer a última palavra.

— Eu sei que você deve ter ótimos motivos para dizer isso – ele continuava a acariciar o ombro de Mona.

— Pode, por favor, ao menos tentar falar com ela?

Um comprido silêncio se seguiu e Ned virou o rosto para a direita.

— Acho que não vai ser preciso que eu faça isso.

Mona seguiu o olhar dele e viu Leona parada ao vão da porta, sorrindo timidamente.

— Conversem – Ned instruiu e levantou-se da cama, deixando a irmã a sós com Mona.

Leona ocupou o lugar do irmão ao lado da garota e permaneceu quieta por um longo tempo também.

— Você quer que eu implore mais? – perguntou a garota, ainda sem olhar para a mãe.

— Não. – garantiu calmamente – Eu quero que você me faça entender por que isso é tão importante para você.

— Por que é tão difícil para você acreditar que Alison seja de fato importante para mim?

Mais silêncio. Leona baixou a cabeça e então finalmente respondeu.

— Você ainda estava no Radley quando Hanna veio até aqui para tentar me convencer a não deixar que te levassem para Nova York. Ela conseguiu. Me convenceu e usou argumentos ótimos para fazer isso. Disse que Alison, antes de desaparecer, costumava... implicar com vocês duas. Disse que Alison zombava dela por causa dos distúrbios alimentares e de você por ser, bem, você. – ela sorriu para a filha – Eu cruzava com a garota pelas ruas algumas vezes e, Deus, ela realmente parecia ser esse tipo de pessoa.

Mona também demorou para replicar. Quase não acreditava na inocência daquela desconfiança. Era mesmo com aquilo que sua mãe se preocupava? Riu baixinho para si por um segundo e depois fitou Leona, confiante.

— Realmente houve uma inimizade. Nós não nos dávamos bem há anos atrás. Eu já tive muita raiva dela. Desejei que ela estivesse morta. E isso certa vez chegou a ser tão grande que eu acabei... descontando nas meninas, sem razão nenhuma. Até mesmo em Hanna.

Mona já sentia os olhos marejados. Doía demais lembrar daqueles tempos, mas acima de tudo ela se sentia feliz por estar finalmente contando um pouco daquele segredo para sua mãe. Leona assentiu.

— Hanna me disse mesmo que vocês estavam brigadas na noite do baile de máscaras.

Mona riu silenciosamente outra vez.

— Acho que podemos dizer isso.

— Mas Hanna também disse que foi por causa de Alison que você afundou naquela depressão no Radley. Por causa dela e das ofensas dela. Como você quer que eu não me preocupe com isso?

— Não, mãe. – Mona balançou a cabeça, sentindo a voz embargada mais uma vez – Foi minha culpa. Eu não soube me controlar e a minha raiva fez aquilo comigo. Sim, Alison me deixou quebrada antes, de certa forma, mas isso nunca devia ter sido uma desculpa para eu descontar nas meninas. Eu as quebrei também, Hanna principalmente. E a depressão veio quando achei que as tinha perdido de vez – ela suspirou. Até que estava sendo bastante fácil contar tudo deixando A de fora – Mas e se eu disser que nós realmente fizemos as pazes? Que minha inimizade com Alison acabou porque o que ela viveu enquanto desaparecida a mudou de verdade? Que eu quero vê-la feliz tanto quanto eu sei que ela também quer me ver feliz? – ela fez mais uma pausa – E se eu disser que ela é especial? Que desta vez eu não quero que ela morra? Você acreditaria?

Mona não se surpreendeu com mais um período de silêncio. Leona ainda continuava com o olhar baixo e o rastro de uma lágrima era visível em um lado de seu rosto.

— Não ficaria com nenhuma dúvida – ela sorriu finalmente.

Sentindo o coração martelar contra o peito, Mona empolgou-se.

— O que me diz então?

Leona enxugou a lágrima que ainda descia por seu rosto, ainda com um sorriso sutil nos lábios.

— Eu digo desça e traga-me os malditos papeis.


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