Honestly? I love you! escrita por Miss Vanderwaal


Capítulo 1
Encarando os fatos




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Hanna esperava Emily e Alison em um banco em frente a uma sorveteria com um pequeno copo de sorvete de pistache e flocos em mãos. O sol estava começando a se pôr, o que diminuía em grande escala o calor.

As duas amigas haviam passado o primeiro mês de verão curtindo as praias do sudeste da Geórgia juntas. Elas provavelmente haviam estreitado seus laços em tal viagem e Hanna ansiava pelos detalhes.

Um carro azul-escuro estacionou ao meio-fio e chamou a atenção de Hanna. A mãe de Emily, Pam Fields, estava ao volante e acenou para ela, e ela acenou de volta. Emily emergiu do banco de trás do veículo primeiro, com Ali atrás de si. As duas, de mãos dadas e com colares coloridos em volta do pescoço, deram grandes sorrisos para Hanna.

— Meu Deus, eu senti tanto a sua falta! – Ali deu um abraço apertado em Hanna. A garota estava eufórica e Hanna não lembrava de tê-la visto tão bronzeada antes na vida. Mas ela estava linda, como sempre.

— Eu preciso saber de absolutamente tudo – disse Hanna, tentando retribuir a força do abraço de Ali, sem sucesso.

— Bem, por mim, agora, você não saberá – Ali se desprendeu de Hanna – Minha mãe diz que tem uma surpresa para mim em casa. Uma surpresa de quatro patas e coberta com pêlos. Prometi que iria direto para casa do aeroporto mas eu precisava passar aqui para pegar um sorvete e ver você – Ali beliscou a bochecha de Hanna e depois tomou fôlego para indicar que havia falado demais.

Antes de entrar na pequena lojinha, Ali tocou o ombro de Emily dizendo que já voltava. Emily assentiu e tudo o que ela e Hanna puderam fazer depois foi rir e abraçar uma a outra.

— Você está tão bem! – exclamou Hanna, dando uma boa olhada em Emily e nas pontas levemente clareadas de seus cabelos castanhos – Sei lá, parece tão... feliz. E Ali também.

— Eu sei – Emily sentou-se no banco de madeira ao lado de Hanna – Nós realmente estamos, eu realmente estou. Na verdade, acho que não me sinto assim desde, bem, muito tempo.

— E como foi tudo?

Emily suspirou e o brilho que se manifestou em seus olhos foi intenso.

— Foi simplesmente maravilhoso! – ela deu um sorriso que ia de orelha a orelha e estava claro que não estava somente se referindo a viagem em si – Nós passamos cada semana em uma praia diferente e eu honestamente não sei dizer qual delas tinha a areia mais branca ou a água mais cristalina. Nem sei o que estamos fazendo aqui, aliás.

— Grande amiga você, hein? – Hanna ironizou, arrancando de Emily uma gargalhada – Mas eu sei muito bem que tem alguém fazendo você enxergar a areia mais branca, a água mais cristalina e o sol mais dourado.

— E desde quando você virou expert em sentimentalismo? – Emily fingiu desdém.

Hanna olhou para as unhas.

— Eu apenas sei – e ergueu o canto do olho para Ali, que já tinha um copinho de sorvete de morango em mãos – E falando no diabo.

— Ei – Ali tocou o ombro de Emily novamente, levando uma colherada de seu sorvete à boca dela – Você vem comigo?

— Eu avisei minha mãe que ficaria um pouco para manter a Hanna informada – explicou Emily depois de provar o sorvete da colherzinha plástica que Ali segurava.

— Ah – Ali pareceu decepcionada – Bem, acho que vejo vocês duas depois, então – ela segurou levemente o queixo de Emily e deu-a um selinho – Até mais, amor.

Enquanto via Alison andar depressa de volta para o carro, Hanna suspendeu uma sobrancelha, tentando não rir.

— “Amor”? Uau, ela se entregou a você tão rápido assim?

— Cale-se – ordenou Emily, lutando contra o riso também.

Foi a vez de Hanna gargalhar.

— Qual é? – ela deu um tapinha no braço de Emily – Ainda não estou acostumada a ver vocês duas juntas assim, abertamente, mas você sabe que eu apoio qualquer coisa que te faça feliz, não é?

— Eu sei – Emily se virou para Hanna com um olhar preocupado – É só que está tudo sendo ainda muito surreal para mim. Estar com ela foi o que eu sempre quis desde o sexto ano. Não fazem nem vinte e quatro horas que estamos de volta e eu já sinto falta de acordar com ela ao meu lado.

Emily disse a última frase numa voz mais suave que fez o coração de Hanna encher-se de ternura.

— Eu imagino – disse ela, de um jeito um tanto entristecido. E, de alguma forma, ela imaginava mesmo.

Elas passaram um tempo em silêncio.

— Você rompeu com o Caleb, não é? – perguntou Emily cautelosamente.

— Como você sabe? – questionou Hanna, com uma ponta de estranheza na voz. Emily já estava fora quando tudo acontecera.

Emily deu de ombros.

— Eu apenas sei – ela repetiu o que a amiga havia dito minutos atrás, mas no momento o clima era outro.

— Você faz o verbo “romper” soar tão brutal – Hanna se encolheu, repentinamente se lembrando de que haviam meios para se comunicar à distância.

— Mas foi o que aconteceu, não foi?

— Bem, não exatamente – Hanna cruzou os braços como se estivesse com frio, de repente se sentindo um pouco desconfortável.

— Então o que aconteceu exatamente? – Hanna baixou o olhar e Emily insistiu – Isso tem a ver com Mona?

— Eu acho que sim – replicou Hanna, um tanto sem voz.

Emily tocou o joelho de Hanna para que a garota a olhasse nos olhos.

— Você sabe que, dentre todas as garotas, você sempre foi com quem eu mais me abri. Você foi a primeira para quem eu contei sobre minha paixão pela Ali. Por favor, me diga o que está te angustiando.

Emily usou o verbo “angustiar” certeiramente, no entanto como ela poderia saber que algo a estava angustiando?

Hanna levantou o olhar, e lágrimas já escorriam por seu rosto.

— Ei, o que foi? – Emily observava-a preocupada.

— Nada – Hanna sorriu humildemente, secando suas lágrimas – Eu estou bem. Ou ao menos acho que estou. A questão é que eu amo o Caleb. Realmente amo. E, se eu precisasse escolher um pai para meu futuro filho, seria ele. E ele seria um pai perfeito!

Mais lágrimas rolavam pelo rosto de Hanna e Emily achou que um abraço era do que ela mais precisava.

— Hanna, você está me assustando – disse ela, acariciando as costas da amiga – O que há com você?

Elas se afastaram e, depois que Hanna se recompôs, finalmente olhou para Emily com os olhos secos.

— Lembra de quando você me disse, no primeiro ano em Rosewood High, que eu ainda iria descobrir, mais cedo ou mais tarde, o que sentia pela Mona?

Emily assentiu docemente e Hanna continuou.

— Bem, faz quase quatro anos desde que tivemos essa conversa e eu nunca descobri – admitiu ela, segurando o choro desta vez – Eu a beijei no hospital em Nova York.

Hanna não sabia da onde havia tirado coragem para confessar aquilo. Olhou em seguida para Emily. Ela parecia um tanto surpresa, mas não havia um mal julgamento em seus olhos. Ao contrário, a garota sorriu.

— E como você se sentiu depois?

— Culpada? – chutou Hanna – Principalmente porque Caleb estava me esperando em casa e eu estava...

— Não – Emily a cortou – Esse não é o momento para você se martirizar, está bem? Culpada, você diz. O que mais? Algo mais?

— Confusa – ela conseguiu sorrir – , balançada. Nunca pensei que nos conectaríamos dessa maneira, eu e ela. É estranho. Eu a vi mudar tanto. Da nerd que tinha vergonha de mostrar os próprios braços em uma regata ela passou para A Garota de Rosewood High; depois ela mostrou só para nós seu lado... terrorista; depois ela foi totalmente desconstruída naquele hospital psiquiátrico e agora ela, finalmente, parece estar demonstrando o seu verdadeiro ser. Eu sinto que a conheço mais do que ninguém e amo cada parte dela. Até mesmo sua versão encapuzada, afinal, se não fosse por ela, creio que o grupo não teria se reaproximado do mesmo jeito, não é? – ela buscou pela mão de Emily e a apertou, suspirando antes de continuar – A questão é que eu a amo. Sempre soube disso. Mas isso tudo começou a se presenciar com mais força em mim desde Nova York. E foi isso que eu disse ao Caleb. Disse que estava tendo dúvidas e que, mesmo que eu ainda não soubesse direito o que sinto por ela, não seria justo com ele. Ele precisava saber e eu... precisava de um tempo.

— E ele?

— Ele... – Hanna fez uma pausa, dizendo as seguintes palavras com cuidado – me abraçou e disse que eu não deveria me sentir culpada por algo que não está em meu controle. Depois disso, eu me senti a pior vadia vivendo na face da Terra.

— Eu realmente me sinto aliviada por você – Emily sorriu, complacente, decidindo ignorar a auto ofensa de Hanna.

Hanna sorriu também em agradecimento, sem saber o que mais dizer.

— E agora? – perguntou Emily – O que vai fazer?

— Eu... eu não sei. Demorei mais do que devia para esclarecer as coisas com Caleb. Talvez seja por isso que Mona e eu nos afastamos de repente. Talvez ela tenha vergonha de me ver de outro jeito. Eu também tive. Achava que melhores amigas deveriam continuar para sempre melhores amigas. Mas às vezes eu penso que só quero andar de mãos dadas com ela na rua sem que as pessoas assumam coisas sobre nós, sem que esse gesto diga coisas sobre nós que podem não ser verdade – Hanna fitou Emily com um olhar pidão. – Você me entende?

— Perfeitamente – Emily riu, e olhou em seguida para o celular que estava visível no bolso frontal dos shorts jeans de Hanna – Mas sabe? Às vezes, a felicidade está a uma discagem rápida de distância.

Com isso, Emily beijou a testa de Hanna e se despediu.


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Notas finais do capítulo

Hannily, melhor amizade da vida ♥