O Sequestro - Cobrade escrita por Keth


Capítulo 28
Doutor Charlie




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Abri meus olhos devagar, a luminosidade daquele quarto era forte, a luz
branca me incomodou mas finalmente puder ver onde estava. O quarto era
todo branco e parecia claro demais, no sofá perto de uma janela vi meus
pais cochichando, mal sentia meu ombro e meu braço esquerdo, ele estava
com um enorme curativo e o outro com uma agulha, aquilo era uma bolsa de
sangue? Eu ouvi aquele barulhinho da máquina ficar mais rápido quando me
assustei, foi então que meus pais perceberam que eu tinha acordado.

– Jade? – minha mãe veio até mim sorrindo – Ah finalmente você acordou!

– Mãe, onde está Cobra? – nem sequer me importei pelo fato de estar num
hospital, meu pai se aproximou e ele trocou olhares com minha mãe, como
se pedisse explicação e decidisse se explodiria agora ou depois.

– Querida, melhor falarmos sobre isso depois, o médico disse que você
precisa de repouso... – neguei com cabeça.

– Quero saber onde está Cobra mamãe – ela me olhou com ternura a
acariciou meus cabelos.

– Querida por favor, espere pelo menos o médico chegar ok? – mesmo
impaciente assenti, meu pai parecia uma pilha de nervos, deduzi que ele
apenas se continha porque eu estava naquele estado.

Minha mãe ficou conversando comigo sobre a cirurgia, sobre tudo o que
aconteceu e sobre o tempo que fiquei desacordada, meu pai não se
manifestara sobre nada ainda, observava e escutava tudo que minha mãe
dizia, acrescentando um detalhe ou outro, seu olhar era de reprovação.
Mamãe me contou que foi uma cirurgia delicada e muito demorada, a bala
ficou alojada no meu ombro e por causa dela perdi muito sangue, mas, o
médico conseguiu tirá-la e fiquei completamente fora de perigo. Ela não
disse nada sobre Cobra, mas, eu tinha uma vaga lembrança de que ele me
trouxera ao hospital, de quem foi ele quem me trouxe ali e eu queria
saber porquê ele não estava mais. Até então preferi me manter quieta,
meu pai não estava com uma cara de que seria bom tocar no nome dele
novamente, e eu já estava sentindo dor suficiente pra arrumar mais uma
dor de cabeça.

– Onde está o médico? – Perguntei ao me lembrar do meu bebê, será que
depois de passar por toda aquela situação estaria bem? Fiquei agoniada –
Chame o médico por favor mamãe – Minha mãe apertou um botãozinho ao lado
da minha cama, em poucos minutos o médico chegou.

– Chamaram? – O médico era novo e bonito, alto de cabelos bem escuros e
olhos azuis brilhantes, me pareceu vagamente familiar – Ah senhorita
Gardel acordou! – ele me lançou um sorriso caloroso e veio com sua
prancheta – Sou o Dr. Charlie, como se sente?

– Bem – respondi tímida – Com um pouco de dor no ombro na verdade.

– Isso é normal, o efeito da anestesia deve estar passando, logo será
aplicado novamente – ele chegou perto e observou o saco de sangue que
estava em seu fim – Ótimo, logo estará melhor e poderemos tirar essa
agulha horrível de seu braço, você foi uma paciente que me cortou o
coração ter de fazer isso – ele me observava, analisava o modo como eu
agia com o que ele falava, me olhava com um interesse visível e aquilo
estava me deixando desconfortável... hum... Seriam flertes? Ele estava
flertando comigo?

– Hãm... E quando poderei sair daqui? – eu estava constrangida, aquele
médico estava flertando comigo na frente dos meus pais! Se Cobra
estivesse aqui... Bem eu nem quero imaginar o que ele faria com aquele cara.

– Sua situação é delicada, não posso liberá-la tão cedo, você precisa
estar completamente recuperada para sair daqui – ele olhou para os meus
pais e depois para mim – Terá de ficar alguns dias aqui – suspirei irritada.

– Não fique assim meu bem, Doutor Charlie é um ótimo médico, filho de um
grande amigo de seu pai, ele cuidará bem de você e irá garantir que você
se recupere antes... – ela se interrompeu.

– Antes do que? – perguntei rapidamente

– Nada querida.

– Agora eu quero saber! – me exaltei e acabei sentindo dor.

– Jade isso é um assunto que você terá de saber depois, tente repousar
– meu pai foi mais grosso dessa vez, parecia realmente irritado.

– Por favor tentem não deixa-la agitada, isso pode piorar o estado dela
– Doutor Charlie estava delicadamente se intrometendo na discussão antes
que aquilo virasse uma guerra – Agora, peço que por favor me deixem a
sós com a paciente para que eu possa examiná-la - O medo me dominou,
aquele cara flertou comigo e agora queria ficar a sós? Isso não era nada
bom, mas, meus pais pareceram não se importar e se retiraram da sala
quietos, pelo visto aquilo geraria uma bela discussão fora dali –
Senhorita Gardel, se sente realmente melhor? – assenti.

– Gostaria de lhe fazer uma perguntar Doutor... Como está o meu bebê? –
eu estava terrivelmente assustada, precisava saber como estava meu filho.

– Fique tranquila, ele está bem, se demorássemos mais para atendê-la
você teria tido uma hemorragia e bem, eu não poderia garantir que tudo
ficasse bem – ele anotava coisas na prancheta enquanto me examinava.

– Ah graças a Deus! – suspirei aliviada, acariciei minha barriga com
grande alívio e alegria – Você não contou aos meus pais não é? –
perguntei assustada.

– Não, eu queria falar com você antes, nãos se preocupe, isso será um
segredo nosso– ele sorriu e me deu uma piscadela– Nossa, como consegue
ficar tão bem mesmo depois de tudo que lhe aconteceu? Acompanhei muito o
seu caso na televisão... Na verdade seu pai conversou muito comigo sobre
seu sequestro, ele me fez jurar a ele que se algo de ruim acontecesse eu
a salvaria de qualquer forma – ele riu – Por ironia seu sequestrador lhe
trouxe até aqui mesmo sem saber de nada – Fiquei surpresa, Cobra
realmente me trouxera até ali.

– O que aconteceu com ele? Ele está bem? – Doutor Charlie observou bem a
minha reação.

– Sinto muito senhorita, mas, não posso lhe dar nenhuma
informação sobre nada disso. São assuntos estressantes que podem piorar
seu estado, você precisa repousar e se manter calma, assim que estiver
melhor poderá saber o que está acontecendo – suspirei irritada e ele
riu - Seu jeito continua o mesmo, ainda é muito teimosa não é mesmo
Jade? – olhei para seus olhos azuis profundos e corei, quem era ele
afinal?

Doutor Charlie tirou a agulha de mim e colocou o pequeno curativo no lugar
do furo, depois chamou uma enfermeira para que ela me trouxesse o que
comer. Charlie me contou que era filho de um grande amigo de meu pai –
como minha mãe havia dito – disse que quando éramos crianças brincávamos
juntos e depois disso quase não nos vimos mais, porém ele disse que
jamais se esqueceu de mim. Vagamente as lembranças vieram a tona, a
última vez que vira Charlie fora no aniversário de seu pai quando eles
tinham 14 anos, ele era mais magrelo e mais tímido quando novo, porém
havia se tornado um homem de sucesso em sua profissão e muito bonito,
por isso não o reconheci a princípio. Ele fez questão de ficar no quarto
para ter certeza que eu comeria tudo, me disse sobre os remédios que eu
tomaria e disse que não permitiria outra visita o resto do dia, já que
eu precisava descansar, e fiquei muito grata por isso.

– Então... Me perdoe, mas, eu não me lembrava muito de você – fiquei sem
graça, ele negou com a cabeça e sorriu.

– Já fazia tanto tempo, eu esperava mesmo isso...

– Me desculpe, mas, eu não o reconheci, você mudou bastante, de um jeito
bom é claro – sorri para ele.

– Mudei como? – ele perguntou curioso.

– Você se tornou um grande médico, um homem de sucesso e muito bonito!
Tenho certeza que deve ter várias mulheres a seus pés, se já não tiver
uma namorada – ele riu constrangido.

– Na verdade estou solteiro, ainda não encontrei alguém que mexesse
comigo... – ele evitava olhar para mim enquanto falava disso.

– Vai encontrar, na hora certa. Bom, a pessoa que mexe com a gente de
verdade aparece quando menos se espera – Charlie então voltou a olhar para
mim e confirmou lentamente com a cabeça.

– Isso definitivamente é verdade – ele parecia ter dito aquilo mais para
ele do que para mim, me remexi na cama um pouco desconfortável com o
rumo que aquela conversa estava levando.

– Então está tudo certo, talvez amanhã tiraremos esse curativo e veremos
como está o seu ombro – Charlie se levantou e veio até mim, fiz uma careta
e ele riu – Vai ser chatinho, mas, farei o que for possível para que se
recupere totalmente – seus olhos brilharam ao dizer aquilo.

– Obrigada doutor Charlie.

– Me chame só de Charlie daqui pra frente ok? Como nos velhos tempos. Bom, descanse bastante e se prepare porque amanhã será um longo dia para nós
– ele piscou para mim e se retirou da sala.

Me ajeitei e relaxei, deitada de olhos fechados coloquei minha mão na
barriga novamente, meu bebê e eu estávamos bem, porém eu ainda não sabia
onde Cobra estava, se estava bem ou se tinha fugido, eu precisava dele,
precisava dizer a ele que estava bem, precisava que ele soubesse que eu
estava esperando por ele, que estava com saudades e principalmente,
independentemente de onde ele estava, e os problemas que arranjou, bem,
ele acabou de arrumar mais um e o nome dele é Charlie.


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