Tempos modernos escrita por Florrie


Capítulo 13
Bonifer - Amor


Notas iniciais do capítulo

Felicidade sempre?
Assim não tem graça.
:)

Os comentários acabaram me estimulando a terminar esse capitulo e decidi postar hoje mesmo. Espero que gostem.



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Perseguindo sombras ao luar
Através do deserto em uma noite quente
E por um segundo nós ganhamos
Sim, nós éramos inocentes e jovens.



Ela foi a criatura mais linda que já pisou naquele mundo e Bonifer Hasty teve a chance de tê-la, mesmo que por tão pouco tempo.

A primeira vez que ele viu Rhaella Targaryen ela estava com algumas amigas comendo em uma daquelas docerias caras com varias sacolas de lojas igualmente caras ao seu redor. Bonifer tinha acabado de sair de uma das lutas clandestinas que seu primo arrumava, ele era bom em bater e precisa do dinheiro para a família. Estava pensando no oponente que quase lhe tirou um dente quando a avistou no outro lado da rua.

Seus cabelos eram como prata derretida e seu sorriso poderia iluminar a cidade inteira. No momento em que pôs os olhos nela soube que jamais ficaria ao seu lado, mas isso não impediu seu coração de desejá-la ardentemente. Foi nesse momento, como que por destino, ela riu de alguma coisa que sua amiga falou e olhou para o lado encontrando assim os olhos dele. Púrpura contra azul. Ele imaginou o que ela estava vendo, um rapaz largado e suado com roupas gastas e cabelos desgrenhados. Estava horrível, mas mesmo assim ela sorriu.

Ele se lembrava de seguir seu caminho crente de que jamais a veria de novo.

Como estava errado.

Uma semana depois ele conseguiu um trabalho como garçom em uma festa de gente rica. Estava servindo comidas que não sabia pronunciar o nome para um monte de pessoas bem vestidas e esnobes. Odiou cada segundo até que a viu em um lindo vestido vermelho. Rhaella – nome que viria a descobrir mais tarde – estava sozinha no canto observando as pessoas com seu olhar perdido. Com o coração na mão ele se aproximou.

– A senhorita quer? – Perguntou tão nervoso que poderia facilmente ter deixado a bandeja cair no chão.

A menina levantou os olhos para ele e foi como se algo explodisse dentro do seu peito. Ela parecia solitária naquele lugar, queria poder sentar e conversar com ela, uma princesa nunca vai falar com um plebeu que nem você.

– Não, obrigada.

Era sua deixa para sair, mas ele não conseguiu mover um músculo. Deuses, ele queria conversar com ela, queria saber por que aquele olhar melancólico, saber qual era o seu nome e o que andava fazendo. Queria saber tudo sobre ela e queria que ela soubesse tudo sobre ele.

– Você está bem? – Ela perguntou tocando o seu braço. Seu toque espalhou uma corrente elétrica por todo o seu corpo.

– Desculpe senhorita.

– Pode me chamar de Rhaella. – Ela sorriu. Seu sorriso continha à luz de milhares de estrelas. – Qual o seu nome?

– Bonifer.

Rhaella, o nome lhe caia bem.

Ela teria falado mais alguma coisa caso um rapaz bem vestido não tivesse se aproximado. Ele era alto como Bonifer, mas tinha os cabelos claros de Rhaella e os mesmos olhos púrpuros.

– Você está bem Rhaella?

– Sim primo.

Bonifer viria descobrir depois que aquele rapaz bonito se chamava Aerys Targaryen. Os dois eram primos e foram criados juntos desde criança. Aegon passou a mão pelo ombro da menina de maneira possessiva e olhou o olhou como se ele não fosse nada.

– Ele está te incomodando.

– Não, estava me oferecendo um doce e eu lhe perguntei qual tipo era. – Rhaella pegou um doce e colocou na boca. – Delicioso. Obrigada.

Apenas acenou a cabeça e saiu com o coração pesado.

Tempos depois voltaram a si ver. Ela tinha sido arrastada por uma amiga até o clube onde ele treinava para as lutas. Ariella Martell convenceu a amiga a ir com ela encontrar um rapaz em quem estava interessada – o filho do dono do clube –, Rhaella tinha ficado sentada no sofá vermelho olhando para o ringue deslocada. Ela era como um peixinho fora d’água.

Ele subiu para lutar e logo a notou. Ela também o reconheceu, pois sorriu e acenou timidamente.

– Quem é aquela? – Seu oponente perguntou malicioso.

– Alguém que eu conheço.

Naquela tarde ele lutou como nunca tinha lutado na vida. Tudo para impressioná-la. Quando venceu um garoto magro subiu no ringue comemorando e perguntou:

– Para quem você dedica essa vitoria? – Ele estava imitando o sotaque de um famoso apresentador de esportes.

Bonifer não falou nada, apenas olhou na direção dela.

Rhaella corou e sorriu.



Foi depois daquela luta que ele a convidou para sair. Dias depois foram até um cinema que só passava filmes estrangeiros, ela queria assistir a perdição de valíria, um filme antigo protagonizado por um galã de outra época. Os dois sentaram lado a lado no fundo da sala e enquanto esperava começar, Rhaella lhe contava tudo o que sabia do filme.

– Não é nada parecido com o épico que lançaram um tempo atrás, ele é inspirado em um conjunto de contos escritos no século passado. – Ele não entendia muita coisa do que ela falava, mas ouvia mesmo assim, o som da sua voz era como musica para seus ouvidos.

Naquele dia descobriu que Rhaella amava cinema.

No segundo encontro descobriu que ela amava dançar.

Foram até o cais onde sempre tinha bares e musica ao vivo. Eles sentaram e beberam um pouco antes dela o puxar para junto dos outros casais que dançavam ao som de musicas alegres. Ele a rodopiou varias vezes e amou sentir seu corpo delicado tão próximo do dele. Também amou a forma como os olhos dela brilhavam tão intensamente.

– Você é a coisa mais linda que eu já vi na vida.

– Deixa de ser bobo.

– Estou falando sério. Eu sou o cara mais sortudo do mundo.

Ela adorava quando ele falava coisas daquele tipo.

Os dois continuaram a se encontrar. Ela o levava para a grande biblioteca do centro onde ela lia poesia sentada no chão junto dele. Ele a levava de moto para os arredores de Porto Real; corriam pelos campos floridos e tomavam banho nas praias esquecidas pelos turistas. Tiravam varias fotos, Rhaella amava fotos. Sua predileta – aquela que ele guardou para sempre em sua carteira – era uma em que os dois estavam abraçados na praia enquanto o vento fazia o cabelo dela voar. Um senhorsinho tirou a foto da maquina velha dele, o homem disse que os dois formavam um belo casal.

E eles formavam.

Mesmo quando brigavam. Rhaella não gostava de vê-lo lutar e tinha sido uma péssima ideia chamá-la. Aquele ambiente não combinada com a sua namorada. Ela destoava completamente do cenário com seu suéter rosa e cabelos trançados com fita. Houve uma noite em que Bonifer quase perdeu e ficou bastante machucado, ela ficou louca e implorou para que ele parasse.

– Eu preciso Ella, é para a minha família.

– Olhe só para você!

– Eu juro que não vai ser para sempre. Um dia poderei ajudar meus pais de uma forma diferente e mais segura, – ele pegou seus dedos delicados e os beijou, – eu juro.

Ela o beijou de volta.

Na noite seguinte ele ainda estava com o rosto inchado, mas ela não se importava. Eles se encontraram no bairro dele, os dois subiram no telhado de um dos prédios baixos que compunham o lugar e deitaram-se no cobertor que ele tinha trazido. Fizeram um piquenique a luz da lua.

Ela trouxe uma torta de chocolate que tinha feito e ele trouxe o resto da comida – lanches que sua mãe preparou. Os dois comeram e riram, depois passaram a olhar as estrelas. Naquele dia tudo estava perfeito. Ela estava ao seu lado, abraçada contra o seu corpo cantarolando alguma musica antiga que falava de amor.

Ele a amou completamente.

Eles haviam ganhado. Eles tinham tudo.

Ficariam juntos para sempre.



A pratica de casamento arranjado não existia mais naquela parte do mundo. Pelo menos na teoria. Os dois estavam juntos em segredo por mais de um ano, fugindo e se escondendo pelos cantos, trocando beijos quando não havia ninguém que ela conhecia para olhar. Era temporário, era o que dizia a si mesmo, chegaria um dia em que eles ficariam juntos para todo mundo ver. Bonifer acreditou nisso até ver a mulher da sua vida casar obrigada com o primo Aerys Targaryen.

Ele ainda podia visualizar a cerimônia. Ainda tinha pesadelos com isso.

Quando ela lhe contou ele quis morrer. Pediu para que fugissem, mas antes que tivesse a chance, ela foi trancada em casa pelos pais e só saia acompanhada para escolher o vestido e a decoração. A cerimônia foi realizada pouco tempo depois sob os olhos da mídia e da alta sociedade.

Bonifer e seu amigo Orton Merrywheather estiveram no Septo escondidos. Os pais dela – que tinham descoberto tudo – mandaram-lhe um convite como forma de aviso, nossa filha não é para gente como você, era o que aquela merda de convite dizia. Provavelmente esperavam que ele não aparecesse.

Mas ele foi e no cantinho da igreja viu quando Rhaella entrou em um belíssimo vestido de noiva. Parecia à própria Donzela encarnada, nunca esteve tão bonita, mas também nunca esteve tão triste. Não sorriu uma vez sequer, parecia estar caminhando para a própria forca.

Bonifer odiou quando viu o pai dela – todo sorridente – entregar a filha para Aerys que também sorria. Os dois ajoelharam diante do altar e a cerimônia prosseguiu. Orton queria ir embora, mas ele precisava ficar. Precisava ver tudo. No momento do sim Aerys respondeu rápido, mas Rhaella olhou ao redor hesitando. Diga não, quis gritar, eu estou aqui. Quando ela aceitou foi como se um tiro tivesse atravessado o seu coração.

Orton o puxou para fora e eles foram embora.

Bonifer jurou a si mesmo que nenhuma mulher tomaria o lugar da sua amada Rhaella.

Nenhuma seria capaz.



Os anos se passaram. Ele parou de lutar como ela sempre quis e começou a trabalhar em empregos temporários. Varias mulheres se aproximavam dele, mas Bonifer jamais tocou outra mulher. Rhaella era a única nos seus pensamentos.

Ele ainda a via nas revistas de fofoca. Ela caminhando com seu filho Rhaegar, ela acompanhada do marido em uma festa, ela sorrindo para a câmera exibindo algum vestido caro. Nenhum daqueles sorrisos era verdadeiro.

Nenhum.

Em algum momento os sorrisos que antes eram ensaiados se tornaram ainda mais forçados. Aerys Targaeryen parecia estranho e sombrio. Ele odiava aquele homem com todas as suas forças e passou a odiar ainda mais quando o viu com Rhaella em um evento beneficente da Fé que ele tinha ajudado a organizar. Bonifer não teve coragem de aparecer na festa com medo da possibilidade de ficar frente a frente com a mulher que amava depois de tanto tempo. Ele não confiava no seu autocontrole.

Bonifer então ficou andando pelos corredores nos fundos pensando que talvez fosse uma boa ideia aparecer entre os convidados. Foi então que, ao quase virar um dos corredores, viu o casal Targaryen em pé perto dos banheiros tendo uma aparente discussão.

– Você foi longe demais com esse seu flerte com Joanna.

– Quem é você para me criticar mulher? – Ele apertou o braço de Rhaella com uma força exagerada. – Lembre-se do seu lugar sua mulher inútil.

– Eu não sou inútil.

– Todos os bebês que você perdeu... Nem serve para o seu propósito e ainda fica querendo me dar ordens? Não tenho mais paciência para essas suas idiotices, quando chegar em casa eu irei lhe lembrar como uma boa esposa deve agir. – Seu corpo esquentou e seus olhos ficaram nublados. Ele viu quando as lagrimas começaram a descer pelo o rosto alvo de Rhaella e como seu corpo se comprimiu de medo ao ouvir tais palavras do marido. A bonita e brilhante garota que ele tinha conhecido estava apagada graças aquele monstro. – Engula esse choro e volte para a festa, estarei lhe esperando.

Ele beijou a bochecha dela e saiu andando calmamente.

Bonifer correu até a mulher. Quando o viu Rhaella o reconheceu imediatamente. Depois de tanto tempo separados o efeito que ambos causavam um no outro continuava intacto.

– Ella.

– Bonny. – Ela usou o apelido que ele odiava. Seu sorriso foi fraco, mas ainda assim era verdadeiro. – Faz muito tempo.

– Anos.

– Como você está?

Ela parecia tão frágil, como uma boneca de porcelana prestes a quebrar.

– Como você está? Eu... Eu sonhei tanto com esse momento Ella.

A mulher olhou para o chão tremendo, quando ele tocou no seu braço ela se retraiu. Com o movimento seu decote entortou e ele pode ver um pedaço de um hematoma encima do seu seio. A raiva novamente o atacou.

– O que ele faz com você Rhaella?

– Nada.

– Não minta para mim.

– Nada Bonifer. – Seus olhos brilhavam por conta das lagrimas. – Não faça nada estúpido.

– Eu... Se você quiser eu o mato. O mato agora mesmo. Passaria minha vida na prisão se isso significasse a sua liberdade.

Ela sorriu de novo.

– Não seja tolo Bonny.

– Estou falando sério Ella, se você quiser pode considerá-lo morto. – A mulher enxugou as lagrimas com as palmas das mãos.

– Eu tenho que voltar, Aerys vai vir me procurar se eu demorar muito.

– Não volte para aquele monstro. Venha comigo. Eu vou mantê-la segura, eu prometo.

Ele estava quase chorando. Imploraria de joelhos se fosse preciso.

– Eu te amo Rhaella. Eu te amo do mesmo jeito que antes. Nunca estive com outra pessoa, nem a própria Donzela seria capaz de lhe roubar o lugar no meu coração.

– Nós éramos apenas jovens Bonifer.

– Não duvide dos meus sentimentos por você.

Ele tocou os seus fios prateados com as pontas dos dedos calejados.

– Eu te amo Rhaella, eu te amo para sempre.

A mulher tocou o seu rosto e lhe deu um breve beijo nos lábios. Rápido, mas capaz de fazer seu corpo ficar em chamas do mesmo jeito que ficava anos antes.

– Adeus Bonny.

E ele a deixou ir.



Só vieram a se reencontrar anos mais tardes. Rhaella já era uma avó, mas não tinha a aparência de uma. Na verdade, ela parecia tão jovem como da ultima vez que a viu. Ainda a mulher mais bonita que já viveu.

Bonifer estava sentado em um banco observando a praia que ele costumava ir com Rhaella quando jovens. Ele ainda pensava naqueles dias. Na única mulher que amou. Segurou a antiga foto dos dois nos dedos e desejou vê-la novamente, os Deuses devem ter lhe ouvido, pois nesse momento ele notou uma figura solitária não muito longe de onde estava.

A reconheceu assim que se aproximou.

Rhaella vestia um vestido azul e um sobretudo marrom. Seus cabelos estavam soltou e voavam junto com o vento. Seu coração bateu descompassado e suas mãos tremeram. Ela parecia ainda mais perdida do que anos atrás. O que aquele maldito fez? A imagem de Aerys a machucando nunca saiu da sua mente. O arrependimento por deixá-la ir nunca parou de atormentá-lo.

– Ella?

Ela se virou assustada.

– Bonifer?

Depois de tantos anos ele não sabia o que dizer ou o que fazer. Deveria falar alguma coisa? Deveria dizer que ele ainda continuava fiel a ela? Que nunca, nem por um segundo, deixou de amá-la?

– Você continua bonita. – Foi o que saiu da sua boca.

Ela sorriu.

– Você também, nem parece que se passaram tantos anos.

Ele aproximou mais um passo.

– Esse lugar não mudou muita coisa, mas nós dois... Pelos Deuses, olhe para nós dois. – Ela riu. – Mudamos tanto.

– Meu amor por você nunca mudou.

– Como pode me amar depois que casei com outro?

– Eu nunca seria capaz de esquecê-la. Nunca.

Ela o olhou.

– Estou cansada.

– Cansada?

– De Aerys, dessa eterna infelicidade que eu vivo. Não passou um só dia que eu não tenha pensado em você. Em como seria minha vida se eu tivesse ficado com você. Minha única alegria são meus filhos, mas até eles Aerys diz que vai tirar de mim.

Ela começou a chorar compulsivamente e Bonifer a abraçou desejando que pudesse retirar toda a dor que a amada sentia. A guiou até o banco que estava sentado antes e ouviu sua historia. Preciso controlar a raiva quando Rhaella lhe contou sobre como Aerys a tratava, de como a loucura pareceu ter se apossado dele.

Suas lagrimas ensoparam a manga da sua camisa, mas não se importou.

– Por que não se separa dele?

– Aerys é um homem influente e poderoso, é mais difícil do que você pensa.

– Fuja comigo. – Aquela era a terceira vez que ele lhe pedia isso.

– Eu tenho filhos.

– Rhaegar já é um homem e você pode trazer Viserys.

– Viserys adora o pai.

– Não vai adorar quando souber o que aquele monstro faz com você.

– Eu queria que fosse simples assim.

– Pode ser.

– Não, não pode.

Mesmo negando fugir ela o chamou para que ficassem juntos naquela noite.

Ele amou cada parte dela como sempre fez. A segurou em seus braços e sussurrou o seu nome. Beijou cada lagrimas que caiu do seu rosto e sentiu o peito aquecer quando viu um sorriso verdadeiro se formar nos lábios dela. Rhaella gritou o seu nome no final e o abraçou com força como se ele fosse sumir caso soltasse.

Mas ele não sumiria. Era só ela pedir que ele estaria pronto para ficar naquele quarto para sempre.

– Eu te amo. – Ela suspirou. – Para sempre vai ser só você.

Para sempre seria só ela.



Rhaella lhe disse sobre a gravidez um mês depois da noite deles. Encontraram-se escondido no antigo prédio onde fizeram o ultimo piquenique. Ela lhe disse que tinha certeza que o bebê era seu.

– Não tem como ser de Aerys, claro que ele não lembra, mas as poucas vezes que tentou deitar comigo estava bêbado demais para fazer alguma coisa.

Bonifer sentiu o corpo flutuar de felicidade.

– É mais um motivo para ficar comigo.

– Não posso, não agora. – Ela segurou suas mãos com demasiada força. Parecia nervosa. – Contratei um advogado escondido, estou juntando provas das traições de Aerys, assim, independente do poder que ele tem, jamais terá chance de ter a guarda de Viserys.

– Mas...

– Vai demorar um pouco, meu marido, apesar de tudo, é um homem cauteloso. – Ela sorriu como não sorria há muito tempo. Era algo cheio de esperança. – Assim que tudo acabar, assim que eu me separar daquele homem nós ficaremos juntos. Claro, se você ainda quiser.

Ainda quiser? Ela era louca?

– Poderiam se passar mil anos e eu ainda iria querer você como um louco.

Os dois se beijaram apaixonados e juraram que no fim acabariam juntos.



Mas os Deuses eram cruéis.

A gravidez de Rhaella se mostrou complicada e de alto risco. Bonifer acompanhou nas noticias o momento em que ela foi transferida para o hospital com uma febre altíssima. Ele sabia que ela não tinha condições de continuar com seus planos no momento... Assim que o bebê nascer ela vai ficar boa e nós vamos poder ficar juntos. Ele, ela, Viserys e a menininha que estava para nascer.

Não pôde vê-la no hospital. Seguranças estavam em todos os lugares. A família jamais permitiria que ele se aproximasse.

Restou observar de longe. Rezar nos Septos para que sua amada ficasse bem.

Por favor, deixem que fiquemos juntos dessa vez.

Ele implorou para que os Deuses o ouvissem.

Rhaella Targaryen, esposa do empresário Aerys Targaryen faleceu essa tarde devido a complicações no parto. – A repórter anunciou em uma tarde chuvosa.

Essa foi a resposta deles.

Perder Rhaella foi como perder uma parte da própria alma. Ele bebeu e xingou os Deuses e o mundo. Não era justo. Não era justo. Eles chegaram tão perto. Tão perto. Ela ia ficar comigo, nós íamos ser felizes. Bonifer chorou por dias enquanto definhava em dor.

Aquele vazio no seu peito parecia estar prestes a matá-lo.

No dia do enterro ele parecia um morto-vivo. Viu de longe o caixão ser enterrado no cemitério. Sua vontade de viver foi enterrada junto com o corpo de Rhaella.

Por dias seus amigos e familiares acharam que ele estava doente – só Orton sabia a verdade – e visitaram sua casa com remédios e sopas milagrosas. Bonifer aceitava tudo sem reclamar, não tinha forças para negar nada. Na verdade ele não tinha forças nem para levantar um dedo.

Ficaria naquela cama até que os Deuses o chamassem. Ficarei com a minha Rhaella nos sete céus.

– Acho que devíamos chamar um medico, – certa tarde sua mãe, ajoelhada ao seu lado, disse para o seu pai que assistia em pé a TV do seu quarto, – ele não está nada bem... Ora homem, desligue essa maldita TV, não vê que o seu... Oh, espere, essa não é a garotinha daquela mulher que morreu? Pobrezinha, tão novinha e já órfã de mãe.

Ele levantou os olhos e olhou para a TV subitamente interessado. Na tela pequena viu a foto aparecer de um bebê dormindo nos braços de uma mulher desconhecida. A garotinha já tinha ralos cabelos prateados no topo da cabeça e estava alheia a toda confusão que lhe cercava.

É a minha filha.

Sim, era sua filha. Sua e de Rhaella.

Logo depois apareceu uma foto de Aerys a segurando. Ele estava sério como se fizesse aquilo por pura obrigação.

Daenerys Targaryen foi o nome escolhido pelo o senhor Aerys...

Daenerys.

– Que garotinha mais adorável. – Sua mãe comentou.

– Sim, ela é. – Ele respondeu.



De longe pôde ver quando Daenerys chegou ao aeroporto com duas malas na mão. Ela olhou ao redor procurando por alguém. Bonifer quis se apresentar e dizer-lhe toda a verdade. Eu sou o seu pai. Contar como ele a mãe dela se amaram na juventude e como o destino interferiu na felicidade deles.

Todos esses anos depois da morte de Rhaella foi aquela garota que o fez seguir em frente. Pensar nela era seu combustível. A esperança de que um dia poderia lhe contar a verdade era o que lhe fazia passar o dia.

Logo reconheceu Aerys Targaryen se aproximando com o rosto duro. O ódio por aquele homem só aumentava, às vezes ele fechava os olhos pensava em formas de matá-lo. Não posso fazer isso, não agora, tinha que pensar na sua garota.

Dany disse algo agradável para o pai, mas tudo que recebeu foi uma resposta curta e grossa. O homem, sem nem ao menos olhar no seu rosto, a mandou que o seguisse. A menina perdeu o sorriso e o brilho no olhar, igual à mãe, pensou dolorosamente.

Mas dessa vez seria diferente. Dany era uma garota crescida e poderia lidar com a verdade.

Bonifer falhou com Rhaella, mas ele não iria falhar com a filha deles.

Não.

Ele não deixaria que Aerys a destruísse também.

Eu te prometo Ella, eu não vou deixar esse homem ferir a nossa filha.



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Notas finais do capítulo

Meu coração clamava por um pouquinho de tristeza sabe... O trechinho no inicio é da musica miss atomic bomb - adoro essa musica e terminei de escrever esse cap ouvindo ela.

Esse capitulo ficou bem grande.

Comentários?

Beijos ;*